Quando as mulheres queer terão o seu momento Me Chame pelo Seu Nome?
Quando as mulheres queer terão o seu momento Me Chame pelo Seu Nome?
por TRACY E. GILCHRIST
23 de JANeiro de 2018
Fonte: The Advocate
O Oscar está finalmente ficando mais diverso,
mas a Academia falha em premiar estórias sobre mulheres queer.
por TRACY E. GILCHRIST
23 de JANeiro de 2018
Fonte: The Advocate
https://www.advocate.com/commentary/2018/1/23/when-will-queer-women-get-their-call-me-your-name-oscars-moment
Tradução: Sergio Viula
As indicações ao Oscar foram anunciadas nas primeiras horas da manhã de terça-feira e logo se viu que o juri — anteriormente, tão limitado em sua visão que acabou desencadeando, dois anos antes, a campanha #OscarsSoWhite (#OscarTãoBranco) — verdadeiramente, acertou em algumas coisas.
Entre as razões para celebrar, estão o diretor estreante Jordan Peele, que conquistou aprovação por sua direção com o Get Out (sua pré-ciente estória de terror sobre raça), enquanto o filme emplacava uma indicação como Melhor Filme. A legendária Mary J. Blige tornou-se a primeira pessoa a duas ganhar indicações no mesmo ano, uma como Melhor Atriz Coadjuvante e outra como Melhor Música Original no filme Mudbound, e Greta Gerwig tornou-se a quinta mulher indicada na história do Oscar para um prêmio na categoria direção. Dee Rees, uma mulher queer de cor, foi indicada para melhor roteiro em Mudbound (que ela também dirigiu). Ao mesmo tempo, Rachel Morrison, que também é parte da comunidade LGBT, tornou-se a primeira mulher queer a conquistar aprovação no campo da cinematografia também por Mudbound. Se todas estas não forem boas notícias o suficiente, vale lembrar que o filme de Sebastian Lelio, A Fantastic Woman (Uma Mulher Fantástica), estrelado por uma mulher transgênera, Daniela Vega, fazendo um papel transgênero, foi indicado na categoria de filme estrangeiro.
Porém, existem ainda outras boas notícias para as indicações do cinema queer desse ano. Timothée Chalamet recebeu uma indicação muito merecida para Melhor Ator pelo seu papel como Elio, um homem jovem descobrindo o desejo homoafetivo em Call Me by Your Name (Me Chame pelo Seu Nome), ao mesmo tempo em que o filme, belissimamente produzido, conquistou simpatia como Melhor Filme, ainda que seu diretor assumido Luca Guadagnino tenha sido ignorado. Também foram deixados de fora na corrida por Call Me by Your Name o ator Armie Hammer, que atuou como o escultural amante de Elio no filme, e Michael Stuhlbarg, que desempenhou o papel do pai de Elio, apresentando um monólogo fundamental.
Se o desdem da Academia em relação à direção e atuação no filme Call Me by Your Name (Me Chame pelo Seu Nome) surpreendeu aqueles que se destacaram nesse exuberante filme mostrando o despertar sexual de um jovem durante as preguiçosas férias do verão italiano em 1983, ainda resta o fato de que o juri da Academia recompensou a obra através de um aceno positivo como Melhor Filme. Ao mesmo tempo, o juri da Academia, no ano da igualdade feminina, ignorou completamente o biográfico Battle of the Sexes (A Guerra dos Sexos), que relata como a grandiosa tenista Billie Jean King lutou por pagamento igual e por respeito pelas mulheres, ao mesmo tempo em que se apaixonava por uma mulher pela primeira vez.
Mas ignorar estórias sobre mulheres apaixonadas que não se arrependem, nem pagam por suas transgressões por meio da morte ou de desgraças sem fim, ou que não dormem com um homem em algum ponto da narrativa, não é nada novo entre os jurados da Academia. Battle of the Sexes (A Guerra dos Sexos), dos diretores Valerie Faris e Jonathan Dayton, estrelando Emma Stone como King e Steve Carell atuando como seu rival Bobby Riggs na quadra — ambos os atores receberam acenos positivos no Globo de Ouro, e Carell foi indicado para a Premiação do Screen Actors Guild. Stone se transformou de uma tripinha de atriz na fisicamente formidável King e entregou uma performance mais nuançada e desafiadora em Battle of the Sexes (A Guerra dos Sexos) do que em La La Land, filme com o qual ela ganhou o Oscar no ano passado, mas a Academia não viu por que recompensar o filme com quaisquer indicações para seja lá qual fosse a categoria.
Pode parecer injusto sentir pena de Battle of the Sexes (A Guerra dos Sexos), um filme tocante e fácil de ser lido se comparado ao decididamente mais europeu e sensatamente lento Call Me by Your Name (Me Chame pelo Seu Nome), mas sua exclusão é notável, uma vez que existe mercado para ele naquilo que a Academia ama — uma biografia com uma mensagem sociológica importante que estrela adoráveis queridinhos de Hollywood. Mas o enredo central da história de amor de Battle of the Sexes (A Guerra dos Sexos) exclui homens cisgêneros, heterossexuais, e o filme termina com o triunfo de sua protagonista lésbica, não com alguma forma de castigo pelo pecado de ser queer.
Quando será que as mulheres queer terão o seu próprio Call Me by Your Name? (Me Chame pelo Seu Nome?) Para muitas mulheres lésbicas e bissexuais, essa oportunidade surgiu há dois anos, quando a Academia indicou nove dos dez filmes alocados porque o mesmo juri que inspirou a campanha #OscarSoWhite por não nomear uma única pessoa de cor num ano cheio de opções, também não conseguia enxergar por que premiar Carol do diretor Todd Haynes. A razão para esnobar o calmo e ricamente detalhado filme sobre o caso de amor entre duas mulheres em 1952 pode ter sido a exibição sem desculpas do desejo entre elas. As protagonistas tinham olhos somente uma para a outra, tornando os homens em suas vidas acessórios e desnecessários para além de criar conflitos, coisa que os jurados machos, heterossexuais e brancos da Academia não conseguiram deixar passar num ano em que indicaram o insignificante The Martian (Perdido em Marte) para Melhor Filme.
No ano passado, a Academia fez história ao conceder seu prêmio máximo com justeza ao importante e tocante Moonlight (uma história sobre um homem queer de cor que foi dirigido por um homem de cor). Mas, excetuando-se Moonlight, o juri do Oscar tem geralmente honrado mais as histórias sobre homens queer do que as de mulheres queer através de sua história, apesar dos homens nem sempre terem finais felizes também. De qualquer modo, a Academia, ao longo dos anos, fez indicações para Melhor Filme às seguintes obras: The Imitation Game (O Jogo da Imitação), Milk (Milk, a Voz da Igualdade), Capote, Brokeback Mountain (O Segredo de Brokeback Mountain), Kiss of the Spider Woman (O Beijo da Mulher Aranha), e Cabaret (que apresenta um personagem bissexual como personagem principal).
A predileção da Academia por honrar filmes sobre homens queer e deixar de fora filmes de mulheres queer não chega a ser chocante, considerando que esse é o mesmo juri que amplamente premia as histórias feitas por homens sobre outros homens. É uma boa hora para lembrar que Greta Gerwig foi a quinta mulher indicada como Melhor Diretor(a) em aproximadamente 450 indicações para Melhor Diretor concedidas pela Academia em seus 90 anos de história. E através da história, a Academia nomeou um terço a menos de filmes sobre mulheres queer do que o fez em relação aos filmes sobre homens queer.
Entre os filmes que chegaram lá, estão o The Hours (As Horas), de 2002, no qual duas mulheres queer tentam suicídio, com uma delas conseguindo, e o The Kids Are All Right (Minhas Mães e Meu Pai), de 2010, uma comédia dramática de Lisa Cholodenko que gira em torno de um casal lésbico encenado por Julianne Moore e Annette Bening, em conexão com seu doador de esperma para a gestação das crianças (Mark Ruffalo). Este foi um filme que os críticos adoraram e que inspirou ideias e revoltas da parte de mulheres queer confusas por causa de um ponto específico do enredo em que a personagem de Juliane Moore trai a esposa dela com o doador de esperma. A despeito da reação de quem quer que seja àquele ponto específico do enredo, a Academia sentia-se claramente mais confortável nomeando um filme no qual um homem heterossexual cisgênero desestabiliza as vidas de uma família dirigida por duas mulheres do que premiando o talento de Carol, no qual os homens são deixados de lado por todo o enredo. Além disso, Carol recebeu 95 por cento na classificação do Rotten Tomatoes, enquanto The Kids Are All Right (Minhas Mães e Meu Pai) alcançou 93 por cento na mesma classificação. Não que a pontuação de Rotten Tomatoes realmente importe, mas passa a importar quando destaca um ponto diante do qual a Academia mostra-se tendenciosa.
Existe uma exceção na história dos filmes sobre mulheres queer e a Academia. Mais de 30 anos atrás The Color Purple (A Cor Púrpura), uma estória na qual a personagem principal, Celie (Whoopi Goldberg), termina feliz com a mulher amada, Shug (Margaret Avery), obteve uma indicação para Melhor Filme. Mas o a estória de amor no filme de Steven Spielberg foi bastante heterossexualizada em relação à óbvia homoafetividade no romance de Alice Walker.
Nos dois anos desde que #OscarsSoWhite (#OscarTãoBranco) inflamou o Twitter e que as mulheres queer se revoltaram e lamentaram a respeito do modo como Carol foi esnobado, a Academia, então sob a liderança de Cheryl Boone Isaacs, trabalhou para corrigir isso, começando por seu juri que era constituído por 91 por cento de brancos e 76 por cento de homens, convidando um grupo mais diverso para a Academia e estabelecendo novas regras, exigindo que os votantes estejam ativos na indústria nos 10 anos anteriores a qualquer ano de votação. Não se pode garantir que essas mudanças na Academia tenham favorecido Moonlight, um filme com temática queer e com um final esperançoso sobre homens de cor, mas também não atrapalharam, e as pessoas LGBT e as pessoas de cor precisam de muito mais do que isso.
É um ganho para a representação LGBT que Call Me by Your Name (Me Chame pelo Seu Nome) seja o representante das estórias sobre o amor homoafetivo na premiação da Academia esse ano. Mesmo que os jurados tenham desdenhado Battle of the Sexes (A Guerra dos Sexos), que agradou multidões, existe a esperança de que as mudanças no juri do Oscar permitirão que um dia, num futuro próximo, as mulheres queer tenham seu momento Carol. Porque, como disse a própria Carol a Therese no filme: "O círculo sempre se fecha."
TRACY E. GILCHRIST é a editora feminista de The Advocate. Você pode segui-la no Twitter: @TracyEGilchrist.
Tradução: Sergio Viula
As indicações ao Oscar foram anunciadas nas primeiras horas da manhã de terça-feira e logo se viu que o juri — anteriormente, tão limitado em sua visão que acabou desencadeando, dois anos antes, a campanha #OscarsSoWhite (#OscarTãoBranco) — verdadeiramente, acertou em algumas coisas.
Entre as razões para celebrar, estão o diretor estreante Jordan Peele, que conquistou aprovação por sua direção com o Get Out (sua pré-ciente estória de terror sobre raça), enquanto o filme emplacava uma indicação como Melhor Filme. A legendária Mary J. Blige tornou-se a primeira pessoa a duas ganhar indicações no mesmo ano, uma como Melhor Atriz Coadjuvante e outra como Melhor Música Original no filme Mudbound, e Greta Gerwig tornou-se a quinta mulher indicada na história do Oscar para um prêmio na categoria direção. Dee Rees, uma mulher queer de cor, foi indicada para melhor roteiro em Mudbound (que ela também dirigiu). Ao mesmo tempo, Rachel Morrison, que também é parte da comunidade LGBT, tornou-se a primeira mulher queer a conquistar aprovação no campo da cinematografia também por Mudbound. Se todas estas não forem boas notícias o suficiente, vale lembrar que o filme de Sebastian Lelio, A Fantastic Woman (Uma Mulher Fantástica), estrelado por uma mulher transgênera, Daniela Vega, fazendo um papel transgênero, foi indicado na categoria de filme estrangeiro.
Porém, existem ainda outras boas notícias para as indicações do cinema queer desse ano. Timothée Chalamet recebeu uma indicação muito merecida para Melhor Ator pelo seu papel como Elio, um homem jovem descobrindo o desejo homoafetivo em Call Me by Your Name (Me Chame pelo Seu Nome), ao mesmo tempo em que o filme, belissimamente produzido, conquistou simpatia como Melhor Filme, ainda que seu diretor assumido Luca Guadagnino tenha sido ignorado. Também foram deixados de fora na corrida por Call Me by Your Name o ator Armie Hammer, que atuou como o escultural amante de Elio no filme, e Michael Stuhlbarg, que desempenhou o papel do pai de Elio, apresentando um monólogo fundamental.
Se o desdem da Academia em relação à direção e atuação no filme Call Me by Your Name (Me Chame pelo Seu Nome) surpreendeu aqueles que se destacaram nesse exuberante filme mostrando o despertar sexual de um jovem durante as preguiçosas férias do verão italiano em 1983, ainda resta o fato de que o juri da Academia recompensou a obra através de um aceno positivo como Melhor Filme. Ao mesmo tempo, o juri da Academia, no ano da igualdade feminina, ignorou completamente o biográfico Battle of the Sexes (A Guerra dos Sexos), que relata como a grandiosa tenista Billie Jean King lutou por pagamento igual e por respeito pelas mulheres, ao mesmo tempo em que se apaixonava por uma mulher pela primeira vez.
Mas ignorar estórias sobre mulheres apaixonadas que não se arrependem, nem pagam por suas transgressões por meio da morte ou de desgraças sem fim, ou que não dormem com um homem em algum ponto da narrativa, não é nada novo entre os jurados da Academia. Battle of the Sexes (A Guerra dos Sexos), dos diretores Valerie Faris e Jonathan Dayton, estrelando Emma Stone como King e Steve Carell atuando como seu rival Bobby Riggs na quadra — ambos os atores receberam acenos positivos no Globo de Ouro, e Carell foi indicado para a Premiação do Screen Actors Guild. Stone se transformou de uma tripinha de atriz na fisicamente formidável King e entregou uma performance mais nuançada e desafiadora em Battle of the Sexes (A Guerra dos Sexos) do que em La La Land, filme com o qual ela ganhou o Oscar no ano passado, mas a Academia não viu por que recompensar o filme com quaisquer indicações para seja lá qual fosse a categoria.
Pode parecer injusto sentir pena de Battle of the Sexes (A Guerra dos Sexos), um filme tocante e fácil de ser lido se comparado ao decididamente mais europeu e sensatamente lento Call Me by Your Name (Me Chame pelo Seu Nome), mas sua exclusão é notável, uma vez que existe mercado para ele naquilo que a Academia ama — uma biografia com uma mensagem sociológica importante que estrela adoráveis queridinhos de Hollywood. Mas o enredo central da história de amor de Battle of the Sexes (A Guerra dos Sexos) exclui homens cisgêneros, heterossexuais, e o filme termina com o triunfo de sua protagonista lésbica, não com alguma forma de castigo pelo pecado de ser queer.

Andrea Riseborough e Emma Stone em Battle of the Sexes (A Guerra dos Sexos)
Quando será que as mulheres queer terão o seu próprio Call Me by Your Name? (Me Chame pelo Seu Nome?) Para muitas mulheres lésbicas e bissexuais, essa oportunidade surgiu há dois anos, quando a Academia indicou nove dos dez filmes alocados porque o mesmo juri que inspirou a campanha #OscarSoWhite por não nomear uma única pessoa de cor num ano cheio de opções, também não conseguia enxergar por que premiar Carol do diretor Todd Haynes. A razão para esnobar o calmo e ricamente detalhado filme sobre o caso de amor entre duas mulheres em 1952 pode ter sido a exibição sem desculpas do desejo entre elas. As protagonistas tinham olhos somente uma para a outra, tornando os homens em suas vidas acessórios e desnecessários para além de criar conflitos, coisa que os jurados machos, heterossexuais e brancos da Academia não conseguiram deixar passar num ano em que indicaram o insignificante The Martian (Perdido em Marte) para Melhor Filme.
No ano passado, a Academia fez história ao conceder seu prêmio máximo com justeza ao importante e tocante Moonlight (uma história sobre um homem queer de cor que foi dirigido por um homem de cor). Mas, excetuando-se Moonlight, o juri do Oscar tem geralmente honrado mais as histórias sobre homens queer do que as de mulheres queer através de sua história, apesar dos homens nem sempre terem finais felizes também. De qualquer modo, a Academia, ao longo dos anos, fez indicações para Melhor Filme às seguintes obras: The Imitation Game (O Jogo da Imitação), Milk (Milk, a Voz da Igualdade), Capote, Brokeback Mountain (O Segredo de Brokeback Mountain), Kiss of the Spider Woman (O Beijo da Mulher Aranha), e Cabaret (que apresenta um personagem bissexual como personagem principal).
A predileção da Academia por honrar filmes sobre homens queer e deixar de fora filmes de mulheres queer não chega a ser chocante, considerando que esse é o mesmo juri que amplamente premia as histórias feitas por homens sobre outros homens. É uma boa hora para lembrar que Greta Gerwig foi a quinta mulher indicada como Melhor Diretor(a) em aproximadamente 450 indicações para Melhor Diretor concedidas pela Academia em seus 90 anos de história. E através da história, a Academia nomeou um terço a menos de filmes sobre mulheres queer do que o fez em relação aos filmes sobre homens queer.
Entre os filmes que chegaram lá, estão o The Hours (As Horas), de 2002, no qual duas mulheres queer tentam suicídio, com uma delas conseguindo, e o The Kids Are All Right (Minhas Mães e Meu Pai), de 2010, uma comédia dramática de Lisa Cholodenko que gira em torno de um casal lésbico encenado por Julianne Moore e Annette Bening, em conexão com seu doador de esperma para a gestação das crianças (Mark Ruffalo). Este foi um filme que os críticos adoraram e que inspirou ideias e revoltas da parte de mulheres queer confusas por causa de um ponto específico do enredo em que a personagem de Juliane Moore trai a esposa dela com o doador de esperma. A despeito da reação de quem quer que seja àquele ponto específico do enredo, a Academia sentia-se claramente mais confortável nomeando um filme no qual um homem heterossexual cisgênero desestabiliza as vidas de uma família dirigida por duas mulheres do que premiando o talento de Carol, no qual os homens são deixados de lado por todo o enredo. Além disso, Carol recebeu 95 por cento na classificação do Rotten Tomatoes, enquanto The Kids Are All Right (Minhas Mães e Meu Pai) alcançou 93 por cento na mesma classificação. Não que a pontuação de Rotten Tomatoes realmente importe, mas passa a importar quando destaca um ponto diante do qual a Academia mostra-se tendenciosa.
Existe uma exceção na história dos filmes sobre mulheres queer e a Academia. Mais de 30 anos atrás The Color Purple (A Cor Púrpura), uma estória na qual a personagem principal, Celie (Whoopi Goldberg), termina feliz com a mulher amada, Shug (Margaret Avery), obteve uma indicação para Melhor Filme. Mas o a estória de amor no filme de Steven Spielberg foi bastante heterossexualizada em relação à óbvia homoafetividade no romance de Alice Walker.
Nos dois anos desde que #OscarsSoWhite (#OscarTãoBranco) inflamou o Twitter e que as mulheres queer se revoltaram e lamentaram a respeito do modo como Carol foi esnobado, a Academia, então sob a liderança de Cheryl Boone Isaacs, trabalhou para corrigir isso, começando por seu juri que era constituído por 91 por cento de brancos e 76 por cento de homens, convidando um grupo mais diverso para a Academia e estabelecendo novas regras, exigindo que os votantes estejam ativos na indústria nos 10 anos anteriores a qualquer ano de votação. Não se pode garantir que essas mudanças na Academia tenham favorecido Moonlight, um filme com temática queer e com um final esperançoso sobre homens de cor, mas também não atrapalharam, e as pessoas LGBT e as pessoas de cor precisam de muito mais do que isso.
É um ganho para a representação LGBT que Call Me by Your Name (Me Chame pelo Seu Nome) seja o representante das estórias sobre o amor homoafetivo na premiação da Academia esse ano. Mesmo que os jurados tenham desdenhado Battle of the Sexes (A Guerra dos Sexos), que agradou multidões, existe a esperança de que as mudanças no juri do Oscar permitirão que um dia, num futuro próximo, as mulheres queer tenham seu momento Carol. Porque, como disse a própria Carol a Therese no filme: "O círculo sempre se fecha."
TRACY E. GILCHRIST é a editora feminista de The Advocate. Você pode segui-la no Twitter: @TracyEGilchrist.
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