🌹 Sara Millerey: Um nome que a Colômbia não pode esquecer
🌹 Sara Millerey: Um nome que a Colômbia não pode esquecer

Em um país que carrega a marca da desigualdade e da violência, a vida de uma mulher trans chamada Sara Millerey González Borja, de apenas 32 anos, foi brutalmente interrompida no dia 4 de abril de 2025, no município de Bello, departamento de Antioquia, Colômbia. Seu assassinato, classificado corretamente como transfeminicídio, chocou não apenas a nação, mas também comunidades LGBTQIA+ e defensores dos direitos humanos em toda a América Latina.
Uma morte anunciada pelo preconceito
Naquele dia, Sara havia saído da casa de um tio, onde fora pedir ajuda financeira. Ao sair, foi abordada por um grupo de homens. O que se seguiu foi uma sucessão de atrocidades inimagináveis: ela foi agredida, estuprada, teve os braços e pernas quebrados e foi jogada ainda consciente na quebrada La García – um barranco onde agonizou à vista de moradores locais que tentaram ajudá-la, mas foram impedidos pelos próprios agressores.
Como se não bastasse a brutalidade, os criminosos filmaram a cena e divulgaram as imagens nas redes sociais, expondo a dor de Sara num ato sádico de desprezo pela vida humana e pela dignidade das pessoas trans. O vídeo de Sara tentando sobreviver viralizou, provocando revolta e comoção. Ela foi finalmente resgatada pelos bombeiros e levada ao Hospital La María, em Medellín, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu horas depois.
Sara em vida
Sara não era uma desconhecida. Era uma mulher trans forte, presente nas lutas contra a discriminação, e uma figura atuante dentro da comunidade LGBTQIA+ local. Sua vida, marcada por desafios comuns a tantas pessoas trans – como a exclusão social, dificuldades de acesso a emprego e saúde, e a constante ameaça de violência – era também um símbolo de resistência.
Infelizmente, como muitas outras, sua luta pela sobrevivência e por dignidade terminou em tragédia. Mas seu nome não será esquecido.
Reações e mobilização
Após o crime, protestos foram organizados em várias partes da Colômbia. As redes sociais explodiram com mensagens de indignação e luto. Autoridades locais, como a prefeita de Bello, Lorena González Ospina, condenaram o crime como um ato de ódio, mas defensores de direitos humanos exigem mais do que declarações: exigem justiça e políticas públicas reais que protejam pessoas trans e travestis da violência estrutural que enfrentam diariamente.
A violência contra pessoas trans na Colômbia (e no mundo)
O caso de Sara não é um fato isolado. A Colômbia tem um histórico alarmante de violência contra pessoas trans, que raramente recebem a devida proteção ou atenção do Estado. De acordo com organizações de direitos humanos, a expectativa de vida de uma mulher trans na América Latina gira em torno de 35 anos. É uma média que grita por mudanças.
Sara Millerey agora é mais um nome em uma longa lista que jamais deveria existir.
Que a memória de Sara inspire justiça e mudança
Aqui no Blog Fora do Armário, nos solidarizamos com a família de Sara, com a comunidade trans colombiana e com todas as pessoas que se mobilizam por justiça. Que a morte de Sara não seja apenas mais um número. Que seja um chamado à ação.
A transfobia mata. O silêncio também.
Não vamos esquecer Sara Millerey.










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