Da África à América Latina, do Oriente ao Ocidente: nós sempre estivemos aqui
Da África à América Latina, do Oriente ao Ocidente: nós sempre estivemos aqui
A presença LGBTQ+ não é um fenômeno moderno — ela atravessa milênios, culturas e continentes. De faraós a filósofos, de poetas a conquistadores, a diversidade sexual e de gênero sempre fez parte da experiência humana. Conhecer essas histórias é resgatar vozes silenciadas e mostrar que a luta por visibilidade e respeito não começou ontem: ela é tão antiga quanto a própria civilização.
Neste post, revisitamos figuras históricas e textos clássicos que comprovam que o amor e o desejo entre pessoas do mesmo sexo — assim como identidades de gênero não conformes — sempre existiram, apesar de tantas tentativas de apagamento.
O rei egípcio Neferkare

O faraó Neferkare, provavelmente Pepi II, passava madrugadas com seu general favorito Sasenet. Embora os registros sejam escassos, esse episódio é lembrado como um exemplo de relações homoafetivas na história do Egito Antigo.
Safo de Lesbos (Grécia, séc. VII a.C.)

Poetisa da ilha de Lesbos, Safo amava e escrevia sobre mulheres. Seu nome deu origem ao termo "lésbica". Seus poemas, embora fragmentados, sobreviveram ao tempo e continuam a inspirar gerações com suas celebrações do amor e da beleza feminina.
Alexandre, o Grande (Macedônia/Grécia, 356–323 a.C.)

Rei da Macedônia e conquistador de um dos maiores impérios da Antiguidade, Alexandre teve uma relação afetiva profunda com Heféstion, seu general e amigo de infância, além de esposas. A figura de Alexandre tornou-se símbolo de poder, conquista e também de ambiguidade sexual, desafiando noções rígidas de masculinidade.
Mizi Xia e o Duque Ling de Wei (China, séc. IV a.C.)
.png)
Na China Antiga, Mizi Xia era o jovem favorito do duque de Wei. Um episódio famoso conta que ele mordeu um pêssego e deu a metade ao duque, que interpretou o gesto como sinal de amor. Essa história deu origem à expressão “o amor do pêssego mordido” para designar relações homoeróticas na literatura chinesa.
O Kama Sutra e a diversidade na Índia Antiga

Escrito entre os séculos III e IV d.C. por Vatsyayana, o Kama Sutra vai muito além das práticas sexuais: é uma obra sobre amor, estética, comportamento social e papéis de gênero. Surpreendentemente, reconhece explicitamente relações homoafetivas e identidades que hoje associamos à diversidade sexual e de gênero.
No Livro II (“Sobre a União Sexual”), há uma seção intitulada “Sobre os toques e carícias mútuas entre homens”. Vatsyayana descreve dois grupos principais:
Homens que se comportam como mulheres (comparáveis a pessoas trans femininas ou efeminadas).
Homens que têm desejos por outros homens, mas mantêm aparência e comportamento masculinos.
Um trecho adaptado afirma:
“Há homens que praticam a arte [do amor] como as mulheres. São chamados de klibas. Eles imitam os gestos e falas das mulheres e ocupam o papel feminino no ato sexual.”
O Kama Sutra também menciona relações entre mulheres, descrevendo as Sváyambhú, mulheres que se ligam romanticamente e sexualmente a outras mulheres, e usa o termo Sahaja, traduzido como “natural”, sugerindo que esse desejo era visto como parte da natureza humana.
Outro trecho interpretado diz:
“Algumas mulheres se satisfazem mutuamente com carícias e beijos, ou usando objetos. Essas mulheres são chamadas de svayambhú, e seu desejo é inato.”
Além disso, o texto reconhece o “terceiro gênero”, chamado Napumsaka, categoria que incluía pessoas intersexo, trans, eunucos e outras identidades de gênero não tradicionais.
Conclusão: a história não nos apagará
Essas narrativas mostram que o amor e o desejo entre pessoas do mesmo sexo, assim como identidades de gênero diversas, não são invenções modernas nem “modismos”. Elas existiram em diferentes épocas e lugares, apesar das tentativas de apagamento impostas por moralismos, religiões e regimes políticos.
Recuperar essas histórias é um ato de resistência. É afirmar que nós sempre estivemos aqui — e continuaremos a estar.
Por Sergio Viula
A presença LGBTQ+ não é um fenômeno moderno — ela atravessa milênios, culturas e continentes. De faraós a filósofos, de poetas a conquistadores, a diversidade sexual e de gênero sempre fez parte da experiência humana. Conhecer essas histórias é resgatar vozes silenciadas e mostrar que a luta por visibilidade e respeito não começou ontem: ela é tão antiga quanto a própria civilização.
Neste post, revisitamos figuras históricas e textos clássicos que comprovam que o amor e o desejo entre pessoas do mesmo sexo — assim como identidades de gênero não conformes — sempre existiram, apesar de tantas tentativas de apagamento.
O rei egípcio Neferkare

Imagem do Faraó e sua mãe
O faraó Neferkare, provavelmente Pepi II, passava madrugadas com seu general favorito Sasenet. Embora os registros sejam escassos, esse episódio é lembrado como um exemplo de relações homoafetivas na história do Egito Antigo.
Safo de Lesbos (Grécia, séc. VII a.C.)

Safo
Poetisa da ilha de Lesbos, Safo amava e escrevia sobre mulheres. Seu nome deu origem ao termo "lésbica". Seus poemas, embora fragmentados, sobreviveram ao tempo e continuam a inspirar gerações com suas celebrações do amor e da beleza feminina.
Alexandre, o Grande (Macedônia/Grécia, 356–323 a.C.)

Alexandre e Heféstion
Rei da Macedônia e conquistador de um dos maiores impérios da Antiguidade, Alexandre teve uma relação afetiva profunda com Heféstion, seu general e amigo de infância, além de esposas. A figura de Alexandre tornou-se símbolo de poder, conquista e também de ambiguidade sexual, desafiando noções rígidas de masculinidade.
Mizi Xia e o Duque Ling de Wei (China, séc. IV a.C.)
.png)
Mizi Xia e o Duque Ling de Wei
Na China Antiga, Mizi Xia era o jovem favorito do duque de Wei. Um episódio famoso conta que ele mordeu um pêssego e deu a metade ao duque, que interpretou o gesto como sinal de amor. Essa história deu origem à expressão “o amor do pêssego mordido” para designar relações homoeróticas na literatura chinesa.
O Kama Sutra e a diversidade na Índia Antiga

Kama Sutra
Escrito entre os séculos III e IV d.C. por Vatsyayana, o Kama Sutra vai muito além das práticas sexuais: é uma obra sobre amor, estética, comportamento social e papéis de gênero. Surpreendentemente, reconhece explicitamente relações homoafetivas e identidades que hoje associamos à diversidade sexual e de gênero.
No Livro II (“Sobre a União Sexual”), há uma seção intitulada “Sobre os toques e carícias mútuas entre homens”. Vatsyayana descreve dois grupos principais:
Homens que se comportam como mulheres (comparáveis a pessoas trans femininas ou efeminadas).
Homens que têm desejos por outros homens, mas mantêm aparência e comportamento masculinos.
Um trecho adaptado afirma:
“Há homens que praticam a arte [do amor] como as mulheres. São chamados de klibas. Eles imitam os gestos e falas das mulheres e ocupam o papel feminino no ato sexual.”
O Kama Sutra também menciona relações entre mulheres, descrevendo as Sváyambhú, mulheres que se ligam romanticamente e sexualmente a outras mulheres, e usa o termo Sahaja, traduzido como “natural”, sugerindo que esse desejo era visto como parte da natureza humana.
Outro trecho interpretado diz:
“Algumas mulheres se satisfazem mutuamente com carícias e beijos, ou usando objetos. Essas mulheres são chamadas de svayambhú, e seu desejo é inato.”
Além disso, o texto reconhece o “terceiro gênero”, chamado Napumsaka, categoria que incluía pessoas intersexo, trans, eunucos e outras identidades de gênero não tradicionais.
Conclusão: a história não nos apagará
Essas narrativas mostram que o amor e o desejo entre pessoas do mesmo sexo, assim como identidades de gênero diversas, não são invenções modernas nem “modismos”. Elas existiram em diferentes épocas e lugares, apesar das tentativas de apagamento impostas por moralismos, religiões e regimes políticos.
Recuperar essas histórias é um ato de resistência. É afirmar que nós sempre estivemos aqui — e continuaremos a estar.










Comentários
Postar um comentário
Deixe suas impressões sobre este post aqui. Fique à vontade para dizer o que pensar. Todos os comentários serão lidos, respondidos e publicados, exceto quando estimularem preconceito ou fizerem pouco caso do sofrimento humano.