O que você precisa saber sobre a 4ª Conferência Nacional LGBTQIA+

Brasil faz história: o que foi a 4ª Conferência Nacional LGBTQIA+ e como nasce a Política Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+




Por Sergio Viula

Em um momento em que direitos LGBTQIA+ sofrem ataques ao redor do mundo — com a volta da retórica anti-LGBT de Trump nos EUA e com os ecos da intolerância do bolsonarismo no Brasil — uma outra história também está sendo escrita: a da reconstrução democrática e do avanço civilizatório.

Entre 21 e 25 de outubro de 2025, Brasília sediou a 4ª Conferência Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+, um evento histórico que reuniu milhares de pessoas, movimentos sociais e representantes do poder público para discutir políticas públicas e fortalecer a cidadania LGBTQIA+.

A Ministra dos Direito Humanos  Macaé Evaristo (de vermelho)



E foi ali, diante de representantes de todo o país, que um passo decisivo ocorreu: a Ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, assinou a Portaria nº 1.825/2025, que institui oficialmente a Política Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+.

Trata-se de um marco histórico. Pela primeira vez, o Brasil organiza uma política nacional permanente para garantir dignidade, proteger vidas e promover oportunidades reais para a população LGBTQIA+.

Agora, o próximo passo está nas mãos do presidente Lula: assinar o decreto que consolida essa política como política de Estado — protegendo-a de retrocessos e garantindo sua continuidade ao longo dos anos.

O que foi a 4ª Conferência Nacional LGBTQIA+

A conferência foi um espaço democrático e participativo para:
  • formular propostas concretas de políticas públicas
  • fortalecer o debate sobre direitos humanos e diversidade
  • ouvir movimentos sociais e especialistas
  • aprovar diretrizes a serem implementadas nacionalmente
O tema foi direto:

“Construindo a Política Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+”

Os debates foram organizados em quatro eixos:
  • Enfrentamento à violência contra pessoas LGBTQIA+
  • Trabalho digno e geração de renda
  • Interseccionalidade e internacionalização dos direitos
  • Institucionalização permanente da política nacional
A mensagem central: direitos LGBTQIA+ não podem depender do humor político de cada governo. Precisam ser garantidos por Estado e sociedade.

Por que essa política importa


A Política Nacional dos Direitos LGBTQIA+ estabelece:
  • diretrizes permanentes
  • metas e ações concretas
  • mecanismos de financiamento público
  • instrumentos de monitoramento e avaliação
  • articulação entre União, estados e municípios
E impacta áreas essenciais, como:
  • combate à violência LGBTfóbica
  • educação inclusiva
  • acesso ao trabalho e renda
  • saúde integral, com atenção às necessidades específicas de pessoas trans
  • cultura, assistência social e direitos civis
  • produção de dados e indicadores públicos
O Brasil se coloca, assim, na contramão da onda global de retrocessos e reafirma que direitos humanos são inegociáveis.


Como essa conquista foi construída
  1. Antes de 2024 — a luta que abriu caminho
  2. Décadas de mobilização do movimento LGBTQIA+
  3. Conferências nacionais anteriores (2008, 2011 e 2016)
  4. Decisões históricas do STF (casamento igualitário, identidade de gênero, adoção, criminalização da LGBTfobia)
  5. Resistência e sobrevivência durante o período de retrocesso institucional (2019–2022)
  6. Reabertura e fortalecimento da agenda de direitos humanos no atual governo
  7. Janeiro de 2024 – Maio de 2025: Conferências municipais - Debates locais, coleta de propostas, eleição de delegadas e delegados
  8. Janeiro de 2024 – Agosto de 2025: Conferências estaduais - Sistematização das propostas dos municípios
  9. Formação das delegações estaduais: Janeiro – Fevereiro de 2025 - Conferências livres - Debates organizados por movimentos, coletivos, universidades, grupos trans, lésbicos, bissexuais, intersexuais, indígenas e quilombolas LGBTQIA+
  10. 21 a 25 de outubro de 2025: 4ª Conferência Nacional em Brasília - Mais de 1.500 participantes
  11. Votação de diretrizes nacionais
  12. Entrega de abaixo-assinado internacional com milhares de assinaturas
  13. Assinatura da Portaria nº 1.825/2025
Próximo passo

Assinatura do decreto presidencial para consolidar a política como política de Estado

O que vem depois

Com o decreto presidencial, virão:
  • regulamentação e plano nacional com metas
  • instâncias permanentes de participação social
  • ações transversais entre ministérios
  • monitoramento público e relatórios periódicos
  • implementação articulada com estados e municípios
É o início de uma nova etapa: a do compromisso institucional contínuo com a vida e a dignidade LGBTQIA+.

Farol para o mundo

O Brasil pode ser um farol de esperança pro mundo e referência na defesa dos direitos LGBTQIA+. 

Assine essa petição para que o presidente Lula usa a 4ª Conferência Nacional LGBTQIA+ como base para criar a Política Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+. Vamos fazer pressão e não deixar o que já foi realizado se perder pelo caminho. 


Uma conquista da luta coletiva


Nada disso aconteceu por acaso. É resultado de:
  • décadas de militância
  • movimentos de base
  • mães e familiares na linha de frente
  • ativistas trans e travestis que abriram portas com o próprio corpo
  • articulação política e jurídica
  • participação social ampla durante todo o processo
A construção de políticas públicas para pessoas LGBTQIA+ não começou em 2025 — mas este momento marca sua consolidação como compromisso de Estado.

O futuro que queremos se constrói agora: com memória, com coragem e com políticas reais que garantam vida e dignidade.

O Blog Fora do Armário seguirá acompanhando cada passo, celebrando avanços, denunciando ameaças e defendendo, sem hesitar, que pessoas LGBTQIA+ têm direito de existir plenamente, viver com liberdade e ocupar o país que também é delas.

A história está sendo escrita — e nós seguimos nela, vivos, presentes e inapagáveis.

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Comentários

  1. A luta, a resistência, nunca finda. Helena Mendonça 🙋🏻‍♀️

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    1. Verdade, Helena. Obrigado pelo comentário carinhoso. ❤️🏳️‍🌈❤️

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