Justiça por Carol Campelo: quando a memória se transforma em força coletiva

Justiça por Carol Campelo: quando a memória se transforma em força coletiva



Na última quarta, 5 de novembro de 2025, quase dois anos depois do assassinato brutal de Carol Campelo, jovem lésbica de apenas 21 anos, a justiça finalmente reconheceu o que sua família, suas amigas e toda a comunidade LGBT disseram desde o início: Carol foi vítima de lesbocídio.

Ana Caroline Sousa Campelo (conhecida como Carol Campelo), de 21 anos, ocorrido no dia 10 de dezembro de 2023. Ana Caroline teve a pele do rosto, couro cabeludo, olhos e orelhas retirados, o que indica que foi torturada antes de morrer. De acordo com a Polícia Militar, Carol já foi encontrada morta no Bairro Novo, em Maranhãozinho, cidade a 232 km de São Luís, no Maranhão.

O Ministério Público identificou três qualificadoras: motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima. Esses elementos, somados às evidências de que a violência foi dirigida ao fato de Carol ser lésbica, levaram o caso a ser reconhecido como crime de ódio.

O júri condenou o assassino por crime de ódio triplamente qualificado, com pena de 27 anos e 8 meses de prisão. A sentença representa mais do que o desfecho de um processo difícil; é um marco simbólico e político na luta contra a violência lesbofóbica no Brasil.

Memória que não se apaga

Graças ao empenho da All Out e de outros ativistas, um abaixo-assinado reuniu mais de 125 mil assinaturas do mundo todo e lançou um mar de 20 mil pétalas de rosas vermelhas em homenagem a Carol, tornando evidente que seu nome não seria empurrado para o silêncio. Cada gesto, cada assinatura, cada voz recusa o apagamento que tantas vezes recai sobre mulheres lésbicas.

Não foi apenas um ato de solidariedade. Foi uma afirmação coletiva de que vidas lésbicas importam, contam e não serão esquecidas.

Quando a comunidade entra no plenário

As assinaturas do abaixo-assinado foram anexadas aos autos do processo, e a carta de entrega foi lida em plenário pela advogada da família, diante de juradas e jurados. Era como se cada pessoa que assinou estivesse ali, respirando dentro daquele momento histórico.

Esse eco da comunidade ajudou a construir o caminho que levou à condenação. Não apenas juridicamente, mas moralmente.

A luta continua: Projeto de Lei Luana Barbosa

Mesmo com a sentença, a mobilização segue viva. A All Out continua recolhendo assinaturas até que o Projeto de Lei Luana Barbosa seja aprovado no Maranhão, reconhecendo e criminalizando o lesbocídio. O objetivo é simples e urgente: garantir que outras jovens lésbicas possam viver, amar e existir sem terem suas vidas interrompidas pelo ódio.

Por Carol, por todas

Não podemos trazer Carol de volta. Mas podemos fazer com que sua memória se transforme em um farol. E podemos garantir que nenhuma vida lésbica seja tratada como descartável.

A memória de Carol permanece viva. E com ela, seguimos.

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