Originalmente publicado no AASA
Um rápido panorama do adventismo
No Brasil são 1.561.071 membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD) em 2010 sob a coordenação de sete Uniões que administram as Associações e Missões. As instituições da IASD do Brasil e de sete países latino-americanos formam a Divisão Sul Americana, com sede em Brasília, Distrito Federal.
O adventismo chegou no Brasil em 1884 através de publicações que chegaram pelo porto de Itajaí com destino à cidade de Brusque no interior de Santa Catarina. Em maio de 1893 chegou o primeiro missionário adventista, Alberto B. Stauffer que introduziu formalmente através da colportagem (venda direta de livros) os primeiros contatos com a população. Em abril de 1895 foi realizado o primeiro batismo em Piracicaba, SP, sendo Guilherme Stein Jr o primeiro converso. A primeira Igreja Adventista do Sétimo Dia em solo nacional foi estabelecida na região de Gaspar em Santa Catarina, em 1895, seguida por congregações no Rio de Janeiro e em Santa Maria de Jetibá e no Espírito Santo, todas no mesmo ano.
Com a fundação da gráfica adventista em 1905 em Taquari, RS (atual Casa Publicadora Brasileira, localizada em Tatuí-SP), o trabalho se estabeleceu entre os brasileiros e se expandiu em todos os estados. A primeira escola adventista no Brasil surgiu em 1896 na cidade de Curitiba. Em 2005 somam-se 393 escolas de ensino fundamental e 118 do ensino médio com o total de 111.453 alunos e seis instituições de Ensino Superior (IES) com mais de cinco mil alunos que tem no Centro Universitário Adventista de São Paulo, sua matriz educacional. O UNASP, como é conhecida esta IES, surgiu em 1915, no Capão Redondo, SP e hoje conta com três campi: na cidade de São Paulo, em Engenheiro Coelho, e Hortolândia.
O erro profético que deu origem ao Adventismo do Sétimo Dia
Os adventistas surgem no mundo a partir de um erro gravíssimo de Guilherme Miller, um pastor batista do estado de Nova Iorque. Ele gostava de estudar as profecias bíblicas e chegou a conclusão de que as palavras registradas em Daniel 8.14 se referiam à vinda de Cristo para “purificar o santuário”. Depois, calculando que cada um dos 2.300 dias representava um ano, tomou como ponto de partida a carta de regresso de Esdras e seus compatriotas a Jerusalém e 457 a.C., e chegou à conclusão de que Cristo voltaria à terra em 1843. Ele fez esses cálculos em 1818, ou seja, 25 anos antes do que ele acreditava que seria o ano da volta de Cristo.
Miller pregou ardorosamente que a volta de Cristo se daria em 1843. O resultado foi que milhares de crentes decidiram se preparar para o “fim do mundo” doando suas lavouras (as pessoas ainda estavam muito concentradas no meio rural). Ele chegou a determinar o dia: 21 de março de l843.
Quando o dia tão esperado chegou, nada acontece. Miller, então, decidiu revisar seus cálculos, concluindo que havia errado em um ano. A data certa devia ser no dia 21 de março de l844. O dia chegou, e nada. Novamente, ele estabeleceu uma nova data: dia 22 de outubro de mesmo ano. E, é claro, falhou de novo.
A falha fundamental é pensar que um morto ressuscitou e esta no céu esperando a ordem de papai para voltar como uma diva rodeada de anjos e com “efeitos especiais” que fariam inveja a qualquer diretor de Hollywood. Não haverá volta de Cristo em data alguma. Ponto.
Apesar de arrependido e tendo confessado seu erro em tentar calcular a volta de seu mestre, Miller não pode compensar as milhares de pessoas que tiveram prejuízos irreparáveis por seguirem sua estupidez.
Esse momento de espera frustrada foi chamado de “dia da grande desilusão”. Acontece que Hiram Edson, um fervoroso discípulo e amigo pessoal de Miller, teve uma “revelação”. Nela compreendeu que Miller não estava equivocado em relação à data, mas sim em relação ao local. Disse que Cristo havia entrado no dia anterior no santuário celestial, não no santuário terreno, que seria o dos judeus e estava destruído, para fazer uma obra de purificação ali. Edson partilhou com outros membros de seu grupo as “boas-novas”. Outros dois grupos se uniram a essa nova revelação: um dirigido por Joseph Bates que dava ênfase a guarda do Sábado e outro dirigido por Hellen G. White, que dava ênfase aos dons do Espírito.
As revelações de Helen White colaboraram muito para a formação das doutrinas dos adventistas, e seus escritos prolíficos contribuíram grandemente para a expansão da Igreja. Ela e seu esposo disseminaram amplamente seus ensinos proféticos e doutrinários por meio de revistas e livros. Embora a Igreja adventista afirme que a Bíblia é sua autoridade doutrinária, ainda crê que Deus inspirou Helen White em sua interpretação das Escrituras e em seus conselhos, conforme se encontram em seus livros.
De suas obras, a que é considerada obra-prima foi o livro “o grande conflito”. Entre outras obras, as mais importantes são: Vida de Jesus, Patriarcas e Profetas, Veredas de Cristo, O desejado de Todas as Nações.
Os adventistas do sétimo dia já usaram através dos tempos os seguintes títulos: Igreja Cristã Adventista (1855); Adventistas do Sétimo dia (1860); União da Vida e Advento (1864);Igreja de Deus Adventista (1866); Igrejas de Deus Jesus Cristo Adventistas (1921); Igreja Adventista Reformada; Igreja Adventista da Promessa; Igreja Adventista do sétimo dia ( Atual). Existem outros grupos como Igreja Adventista da Promessa, Igreja Adventista do pacto, etc, porém o mais importante é a Igreja Adventista do Sétimo dia, porque a guarda do sábado como dia santo é doutrina fundamental para essa igreja.
ADVENTISTAS E SEXODIVERSIDADE
Evento em 23 de março de 2014
Em 23 de março de 2014, na Cidade do Cabo, África do Sul, a Igreja Adventista do Sétimo Dia noticiou em seu
site oficial a realização de um painel de três adventistas do sétimo dia que, segundo o site,
“viveram um estilo de vida homossexual”. Como acontece com outras igrejas fundamentalistas, a abordagem é sempre negativa, ou seja, o ‘homossexualismo’ (sic) é pecado e deve ser deixado, e geralmente existe uma história dramática de abuso sexual para enfatizar a ‘anormalidade’ do que eles chamam de ‘comportamento’. O site reproduz a fala de um dos oradores:
“Estamos aqui para ouvir os crentes contar as histórias de como Deus os redimiu.”
E acrescenta: “Knott convidou os membros do painel a compartilhar suas experiências em vários estágios diferentes da vida. Woolsey disse que ele cresceu em um ‘bom lar adventista’, mas foi molestado quando criança por um amigo da família. A partir de então, ele se achou cada vez mais focado em relações do mesmo sexo.”
A maioria das pessoas gays, lésbicas, bissexuais ou transexuais nunca foi molestada. E muita gente que já foi molestada nunca se sentiu atraída por pessoas do mesmo sexo. É de uma desonestidade sem limites querer associar uma violência cruel como essa a afetividade e identidade de pessoas que amam e desejam construir suas vidas ao lado de quem amam como qualquer outro ser humano. Nenhuma violência pode ser pior para alguém que é LGBT do que essa heteronormatividade que as próprias igrejas trabalham incansavelmente para sustentar. Nenhum abuso é pior o do que esse, e ninguém vai se tornar heterossexual por causa dele.
Artigo em 1 de novembro de 2013

Apesar de todo disfarce de gentileza que palavras bem ensaiadas para despistar o preconceito possam oferecer, Rafael Rossi em um artigo sobre
casamento e homossexualidade para o site oficial da Igreja Adventista do Sétimo Dia diz:
“Torna-se perigoso quando a homossexualidade é usada como uma ideologia sexista para se propagar por todo o mundo, querendo fazer a cabeça dos outros para seguirem e quem se opor a essa ideologia torna-se um alvo a ser perseguido do jeito que os militantes repudiam a perseguição contra eles. A homossexualidade não é o ideal de Deus para a vida humana. Por isso, é contrário ao pensamento bíblico fazer apologia de uma condição que não foi estipulada por Deus no inicio da criação do mundo e nem mesmo autorizada pela Bíblia.”
Um momento, quem disse que os homossexuais e o movimento LGBT pretendem propagar uma ideologia sexista? É justamente contra o sexismo que gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros vêm lutando há anos.
“A homossexualidade não é o ideal de Deus para a vida humana”, diz ele, e “por isso, é contrário ao pensamento bíblico fazer apologia de uma condição que não foi estipulada por Deus no inicio da criação do mundo e nem mesmo autorizada pela Bíblia.”
Existe coisa mais retrógrada? Por outro lado, como esperar de gente que quer controlar tudo na vida alheia, da dieta diária ao dia de descanso, que houvesse menos neurose no campo da sexualidade?
O autor do artigo continua:
“Homossexualidade e os princípios bíblicos são incompatíveis. Toda a pessoa que busca apoio e auxílio na Igreja Adventista do Sétimo Dia é bem acolhida. Deixamos claro a todos os que nos procuram que orientamos aos membros que sigam fielmente os preceitos bíblicos e que confiem em Deus para uma mudança de vida espiritualmente. Acreditamos que Deus é quem converte as pessoas e que pode efetuar uma mudança significativa, mas esta decisão é individual.”
Em outras palavras, você é bem-vindo desde que esteja disposto a se submeter aos ‘tratamentos’ da igreja para a mudança de seu desejo, identidade, afetividade, etc. É tipo: Igreja Adventista não é lugar de gente gay, lésbica, bissexual ou transgênero, mas se eles vierem e quiserem ser como nós, os “normais”, “santos”, “puros”, temos como dar um jeito em sua “perversão”.
Uma postura, porém, que eu quero destacar como correta, e que outras igrejas deveriam seguir é a que ele coloca no final do artigo:
“Com relação ao casamento homossexual, não estimulamos e nem aprovamos, mas não buscamos qualquer recurso jurídico junto às autoridades governamentais para impedir que leis específicas para estes grupos sejam criadas. Tampouco, por outro lado, fazemos movimentos para que estas leis existam.”
É isso aí. Vocês podem crer e agir como desejarem em relação à doutrinas de vocês em suas comunidades, mas não podem impedir que o Estado contemple a todos nas garantias jurídicas que todos os cidadãos e cada um deles, individualmente, merecem desfrutar.
Agora, vale lembrar os dados no início do artigo. Com tantas escolas de ensino fundamental e médio, assim como centros universitários, imaginem o estrago que os adventistas fazem na cabeça de crianças, adolescentes e jovens em todos esses espaços sob o comando da igreja. Isso sem falar na pseudociência que eles adoram divulgar: criacionismo, homeopatia, etc.
E para quem quiser ler mais sobre por que toda essa teologia anti-gay é furada, seja ela adventista, pentecostal, reformada, etc., sugiro a leitura de
Em Busca de Mim Mesmo. O livro também será útil para quem já passou por esses procedimentos e ministérios de “conversão gay” ou quem ainda tem dúvidas sobre se deveria experimentar tais procedimentos ou não. Esse livro nasceu de minha experiência e observações enquanto atuava em um desses ministérios de “cura gay”. O conteúdo tem sido bem recebido tanto por pessoas LGBT como por pessoas heterossexuais. Fica a dica, então.
Assista também:
AS FALÁCIAS DA REVERSÃO SEXUAL
Sugiro o uso de fones de ouvido, porque o som do vídeo está bem baixo, mas com fone fica perfeitamente audível.
ANTES DE ENCERRAR, QUERO DEIXAR UMA MENSAGEM INADIÁVEL:
VOCÊ NÃO PRECISA DE RELIGIÃO PARA VIVER BEM E FELIZ. PELO CONTRÁRIO, PERTENCER A UMA RELIGIÃO COMO ESSA PODE LEVA-LO A DEPRESSÃO, ANSIEDADE E BAIXÍSSIMA AUTOESTIMA. CUIDADO: RELIGIÃO PODE FAZER MAL À SUA SAÚDE, ESPECIALMENTE SUA SAÚDE MENTAL.
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* Sergio Viula foi pastor batista, é formado em filosofia, administrador do blog Fora do Armário www.foradoarmario.net, autor de Em Busca de Mim Mesmo, livro que fala sobre religião, sexualidade e ateísmo, é membro da Liga Humanista Secular do Brasil, e pode ser encontrado no Twitter em @SergioViula
Os poderosos mórmons e os gays
Por Sergio Viula
Originalmente publicado no AASA
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, popularmente conhecida como Igreja Mórmon, tinha no Brasil, em 31 de janeiro de 2015, de acordo com seu
site oficial, 1.289.770 membros e contava com 06 templos.
Vale lembrar que os mórmons não funcionam como as típicas igrejas neopentecostais que se abrem em quaisquer garagens e “puxadinhos” em qualquer cidade do Brasil.

Apesar de sua beleza e organização, o que as pessoas geralmente chamam de templos são apenas capelas, como esta em Uruguaiana, RS (foto à direita)
Existem muitas dessas por todo o Brasil, mas o seis templos são obras faraônicas e estão presentes em seis capitais brasileiras, como você pode ver abaixo:

Templo de São Paulo

Templo de Recife

Templo de Porto Alegre

Templo de Campinas

Templo de Curitiba

Templo de Manaus
E pensar que esse império começou com a chegada de Roberto Lippelt e sua esposa, Augusta, ao Brasil em 1923.
Procedentes da Alemanha, eles se concentraram em alcançar aqueles que falavam alemão. Os primeiros “élderes” (equivalentes a pastores) vieram de Buenos Aires e falavam alemão também. Em 1929, os primeiros membros ingressaram na igreja. Dois anos depois, a primeira capela de propriedade da igreja mórmon na América do Sul foi dedicada em Joinville, precisamente em 25 de outubro de 1931.
O material de ensino da Igreja foi traduzido para o português em 1937. Seus principais livros, os que são considerados sagrados, são: a Bíblia, só que na Versão Inspirada, organizado pelo fundador da religião Joseph Smith; o Livro de Mórmon; Doutrinas e Pactos ou Doutrinas e Convênios, que são 163 “revelações” recebidas por Smith; e A Pérola de Grande Preço.
Os missionários começaram a ensinar mormonismo na língua portuguesa em 1938.
Em 1959, havia cerca de 3.700 membros no Brasil.
O templo de São Paulo, o primeiro de todos, foi dedicado em 30 de outubro de 1978 pelo Presidente Spencer W. Kimball. A partir de 1995, com 23 missões, o Brasil passou a ser o país com o maior número de missões fora dos Estados Unidos.
Em apenas 56 anos (1937 a 2015), a igreja mórmon cresceu de 3.700 para 1.289.770 membros, ou seja, mais que 348 mil por cento. Poucos negócios no mundo podem se gabar de tamanha façanha, seja em número de clientes ou em cifras.
Riqueza
A Igreja dos Santos dos Últimos Dias é bilionária. A agência
Reuters publicou o seguinte recentemente:
Confiando firmemente nos registros da igreja em países que requerem muito mais transparência do que os Estados Unidos, Cragun e Reuters estimam que a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias receba 7 bilhões de dólares anualmente em dízimos e ofertas.
Ela é dona de templos e capelas que valem certca de 35 bilhões de dólares a redor do mundo, e controla fazendas, ranchos, shopping centers e outros investimentos comerciais que valem muito outros bilhões de dólares.
Quem são eles
A revista
Super Interessante também já dedicou espaço a essa religião, como você poderá ver abaixo:
Os mórmons são orgulhosamente americanos. Tanto quanto o McDonald’s e a Coca-Cola. Eles acreditam, inclusive, que Jesus Cristo deu as caras, em carne e osso, na terra de Tio Sam logo depois de ressuscitar em Jerusalém.
Quem disse isso foi o então adolescente nova-iorquino Joseph Smith, em 1820, o primeiro profeta mórmon. Cristo, após a crucificação, teria subido ao céu e retornado, dias depois, ao seu corpo. Ficou aqui na Terra mais 40 dias, tendo reaparecido nos EUA, na região do Missouri. Smith jura de pés juntos que ouviu de um anjo a informação de que povos que viveram séculos atrás nos EUA receberam esse Cristo ressuscitado. O período teria ficado registrado em placas de ouro escritas por profetas que acompanharam Jesus no continente. Essas placas desapareceram – elas teriam sido levadas de volta a Deus pelas mãos do mesmo anjo. Um dos profetas, chamado Mórmon, compilou todos os relatos das placas e Smith, 18 séculos depois, teria recebido a missão divina de reescrever essa intrincada narrativa. Ele demorou 10 anos para publicar seus escritos, que deram origem ao Livro de Mórmon, impresso que, ao lado da Bíblia, orienta a religião até hoje.
Plano de salvação
A esperança mórmon de recompensa não é igual a dos cristãos católicos e protestantes. O plano de salvação deles inclui três níveis diferentes de glória, mas eles também reservam um lugar de trevas para satanás e seus colaboradores. A informação abaixo vem do site
Missionários Mórmons:
Os Três Graus de Glória
Toda a humanidade é diferente. As pessoas não são apenas boas ou más, mas elas diferem uma da outra por diferentes graus de bondade e maldade. Por isso, Deus recompensará cada pessoa de acordo com o bem que tiverem feito e com a fé e confiança que mostrarem em Jesus Cristo. As pessoas que são valentes e fiéis e se arrependem de seus pecados receberão a maior recompensa, chamada de Vida Eterna, ou seja, voltar – literalmente – à presença de Deus, enquanto aqueles que não se arrependerem e que não tem fé em Jesus Cristo receberão graus de glória menores.
Esses graus são chamados pelos Mórmons de Os Três Graus de Glória. O Apóstolo Paulo mencionou sobre esses graus em 1 Coríntios 15:40-42: “E há corpos celestes e corpos terrestres, mas uma é a glória dos celestes e outra a dos terrestres. Uma é a glória do sol, e outra a glória da lua, e outra a glória das estrelas; porque uma estrela se difere em glória de outra estrela. Assim também é a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo em corrupção; ressuscitará em incorrupção”.
O Profeta Joseph Smith revelou mais sobre esses graus de glória. Essa visão está registrada no livro de Doutrina e Convênios na seção 76. Os Mórmons chamam esses três graus de Reino Celestial, Reino Terrestrial e Reino Telestial.
O Reino Celestial
O Reino Celestial e o grau de glória mais elevado. É o que é geralmente chamado de “céu”. Aqueles que vão para lá são aqueles que aceitaram Jesus Cristo, acreditaram em seus ensinamentos, foram batizados e guardaram os Seus mandamentos. Eles arrependem de todos os seus pecados e através de sua fé eles são limpos de seus pecados. Eles herdam a vida eterna, o qual Jesus ensinou que é conhecer a Ele e a Deus (João 17:3). Essas pessoas recebem toda a glória e podem progredir e se tornar perfeitos assim como Deus e Jesus Cristo.
No Reino Celestial, as famílias podem viver juntas para sempre. Maridos e mulheres podem permanecer juntos para sempre. Eles habitam na presença de Deus e Seu Filho, Jesus Cristo. Esse Reino é simbolizado pela glória do sol.
O Reino Terrestrial
O Reino Terrestrial é o segundo grau de glória. Este é o local final para aquelas pessoas que não foram valentes na vida, mas ainda assim foram pessoas boas. Eram pessoas honrosas e justas, mas que não aceitaram Jesus Cristo como o seu Salvador. Esse Reino é simbolizado pela glória da Lua.
O Reino Telestial
O menor grau de glória é o Reino Telestial. Este é o local onde aqueles que rejeitaram Jesus Cristo e seu evangelho e que não se arrependeram de seus pecados ficarão. Aqueles que vão para esse lugar são os mentirosos, assassinos, fornicadores e todos aqueles que não se arrependeram de seus pecados. Esse Reino é simbolizado pela glória das estrelas.
Trevas Exteriores
Satanás e seus anjos serão lançados nas trevas exteriores, onde não há luz ou glória de Deus. Um pequeno grupo de pessoas, que rejeitam Jesus Cristo conscientemente e lutaram contra Ele, não receberão nenhuma glória ou salvação de Deus. Eles serão lançados nas Trevas Exteriores juntamente com Satanás. Essas pessoas são chamados de “Filhos da Perdição”.
Mórmons e Gays
Tradicionalmente, assim como outras doutrinas nascidas do monoteísmo judaico, a igreja mórmon condena a homossexualidade como comportamento pecaminoso. Os mórmons também acreditam que gays possam se tornar heterossexuais, atraindo as bênçãos de Deus através do casamento e da procriação – nada muito diferente do que dizem algumas igrejas evangélicas fundamentalistas por aí.
Mas em termos de mormonismo, isso é ainda mais previsível, uma vez que a doutrina de salvação deles inclui o povoamento de planetas através do relacionamento entre mórmons e suas rainhas-esposas.
Entretanto, existe um movimento de abertura dentro da própria Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Cito apenas alguns exemplos.
Negros já foram oficialmente desprezados como malditos
Gays não são o único grupo discriminado. Afrodescendentes já foram considerados malditos e excluídos da igreja mórmon, como diz o
blog IBC, um site de apologética cristã. O mais engraçado é que esses apologetas enxergam os absurdos alheios, mas não os seus próprios. De qualquer maneira, a informação é muito interessante:
Segundo a doutrina mórmon, uma só gota de sangue africano era suficiente para manter a maldição que recai sobre as pessoas de pele escura e desqualificar um possível candidato ao sacerdote. Qualquer um que fosse ordenado por engano estaria administrando ordenanças inválidas, assim atrapalhando seriamente a ordem da igreja. A igreja, explicou Richards, foi forçada a reconsiderar sua posição porque um “templo sagrado”, no valor de quatro milhões de dólares, estava para ser inaugurado em São Paulo em agosto daquele ano e a igreja teria de negar a entrada aos membros de origem africana.
Como resultado da decisão de 1978, a igreja tem crescido maciçamente no Brasil (em 1978 havia 55 mil membros; cinco anos depois a igreja alcançou 200 mil membros) e aberto novos trabalhos missionários em pelo menos dez países anteriormente fechados na África e no Caribe, além de trabalhos mais amplos entre os negros nos Estados Unidos e África. Na verdade, a Igreja Mórmon mudou a prática do sacerdócio em relação ao negro, contudo a sua doutrina continua racista. O público e os membros da igreja têm o direito de saber a verdade tal qual ela é (Jo 8:32).
Vale ressaltar que para quem é ateu ou agnóstico, nada disso faz o menor sentido. Algumas perguntas que ateus e agnósticos naturalmente se fazem:
- Por que as pessoas se submetem a esses jugos religiosos castradores?
- Por que acreditam em fábulas, sendo capazes de sacrificar a própria juventude a serviço desses mitos?
- Pior: como podem negar a si mesmas, querer ser algo diferente, negar o próprio corpo, renegar as alegrias e as dores da vida em nome de uma existência pós-mundana que nada mais é do que a negação da própria vida? – niilismo disfarçado de virtude.
Tudo isso é mera construção humana, fruto de mentes profundamente infelizes que ganharam respeito por meio da mitificação e da sublimação do medo, da culpa e do ressentimento contra tudo o que é terreno, corporal, humano.
Joseph Smith, assim como outros líderes religiosos nunca fizeram nada pela humanidade. Seu maior talento foi o parasitismo social. O fato de serem vistos como os mais dignos dos seres humanos só demonstra o perigoso grau de miopia que caracteriza uma esmagadora maioria dentre os seres humanos. E não é com essa miopia que contam todos os tipos de sacerdotes, pastores, anciãos, “élderes”, etc para seguirem parasitando comunidades e indivíduos?
Diante disso, sempre gosto de dizer que se não for possível livrar as pessoas do domínio religioso, então que pressionemos essas mesmas religiões a se tornarem mais humanas, menos preconceituosas e, consequentemente, menos destrutivas.
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* Sergio Viula foi pastor batista, é formado em filosofia, administrador do blog Fora do Armário www.foradoarmario.net, autor de Em Busca de Mim Mesmo, livro que fala sobre religião, sexualidade e ateísmo, é membro da Liga Humanista Secular do Brasil, e pode ser encontrado no Twitter em @SergioViula