O PASTOR DO PALETÓ UNGIDO FOI EM CANA

O pastor Marcos Pereira, preso por estupro, 
chega para audiência no Fórum do Rio de Janeiro 
(Daniel Ferrentini-Ag. O Dia-01-07-2013/VEJA) 


Do paletó ungido que derrubava pessoas com o suposto poder de Deus na Assembleia de Deus dos Santos dos Últimos Dias ao uniforme básico da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro, o pastor Marcos Pereira acumula acusações de estupro, lavagem de dinheiro, orgias sexuais com fiéis e envolvimento em atividades criminosas do tráfico no Rio de Janeiro.

A lista de amigos influentes do pastor Marcos Pereira, preso por estupro na noite de terça-feira, é extensa e vai muito além dos templos da Baixada Fluminense. Desde a última quinta-feira, quando foram expedidos os mandados de prisão pela Justiça do Rio, policiais da Delegacia Especial de Combate às Drogas (DCOD) monitoraram os passos do pastor. De acordo com o delegado Márcio Mendonça, ao longo de toda a última segunda-feira, Marcos Pereira ficou dentro de um templo em São João de Meriti, na companhia de outro pastor ilustre: o deputado Marco Feliciano (PSC-SP), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara e alçado à fama tanto por suas declarações quanto pelas reações desmedidas que suas frases provocam.

Na noite em que foi preso, Pereira imediatamente telefonou para amigos influentes – entre eles, alguns deputados da bancada do Rio. Chamou também fiéis da Assembleia de Deus dos Últimos Dias (ADUD) para protestar contra sua prisão. Pelo menos um deputado atendeu prontamente ao chamado: o deputado Geraldo Pudim, do PR fluminense, aliado e braço direito do deputado e ex-governador Anthony Garotinho, esteve na delegacia ainda de madrugada.

A influência de Pereira sobre traficantes e o domínio que exerce em áreas controladas da Baixada Fluminense sempre intrigaram aqueles que acompanham de perto esses assuntos. Nunca havia sido provado, no entanto, que ele tivesse ido além do papel de líder religioso. Em março do ano passado, entretanto, a VEJA tornou públicas as acusações formais contra ele, em uma reportagem que detalhava inquéritos por estupro e a relação próxima com traficantes. Há mais de um ano, portanto, quem se aproxima de Pereira tem noção exata das acusações que pesam contra ele.

Um vídeo publicado no YouTube mostra Marco Feliciano, em 19 de fevereiro deste ano, fazendo uma defesa fervorosa de Marcos Pereira na tribuna da Câmara dos Deputados. Para Feliciano, Pereira e Silas Malafaia são vítimas de perseguição por parte da imprensa. Em outro vídeo, Feliciano é ovacionado durante uma pregação para fiéis da Assembleia de Deus dos Últimos Dias, ainda comandada por Marcos Pereira. Feliciano relata, em um dos vídeos, ter ficado impressionado com o suposto poder de Pereira de "salvar jovens do tráfico e das cracolândias", além de mencionar que esteve com o pastor durante o Carnaval em uma fazenda onde estavam reunidos 500 jovens.

Enquanto Feliciano enfrenta reações por suas declarações polêmicas sobre temas como casamento gay e direitos humanos – que ele insiste serem uma manifestação de sua liberdade de expressão –, Pereira está na mira da polícia por acusações gravíssimas: abuso sexual, homicídio (ainda sob investigação) e outros crimes.

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