
Dia Mundial de Combate à AIDS.
1 de Dezembro de 2013
Por Sergio Viula
Hoje eu quero lembrar daqueles que perderam a batalha no início da pandemia, aqueles que foram fortes para encarar tudo o que significava ter AIDS antes que o coquetel pudesse dar-lhes alguma qualidade de vida, e pedir àqueles que não levam o assunto a sério que comecem a pensar duas vezes antes de cometerem um erro. Custa pouco e não dá trabalho algum prevenir-se contra o HIV e outras DSTs.
Viver com HIV não é brincadeira. Algumas pessoas não entendem esse simples fato. E por isso mesmo deixo um beijo carinhoso para aqueles que têm vivido com HIV e feito de suas vidas algo belo, apesar dele. Algum até mesmo por causa dele. São os paradoxos da existência humana.
Ser soronegativo (não ter HIV) pode ser um estado temporário; ser soropositivo (ter o HIV) é um estado permanente. Então, que ninguém se sinta acima das circunstâncias. Discriminar as pessoas por causa disso é como manter uma arma apontada para a própria cabeça.
Se você já teve mais de um parceiro ou parceira na vida, provavelmente já transou com alguém HIV sem sequer imaginar. Talvez nem mesmo ele ou ela soubesse disso. Será que você sabe? Já fez o teste? Há quanto tempo?
Eu não só já transei com pessoas HIV+ - inclusive depois de saber de seu estado sorológico-, eu já amei pessoas soropositivas. Contudo, não tenho HIV. Fiz o exame diversas vezes ao longo da vida e repeti o exame recentemente.
Como é que eu já me relacionei com pessoas HIV+ e nunca peguei o vírus? A resposta não é sorte ou mérito. A resposta é somente uma: camisinha em todas as relações.
Reconheço que para muitas mulheres, especialmente as mais velhas ou casadas há muito tempo, é complicado falar sobre isso ou adotar o uso da camisinha de repente, mas não entendo por que tantos rapazes e moças, já tendo nascido num ambiente favorável ao uso constante da camisinha, continuam engravidando. E, se continuam engravidando, também continuam se expondo à contaminação pelo HIV e outras DSTs.
Se um dia eu for vítima desse vírus - sei lá, tudo pode acontecer - minha postura continuará sendo a mesma: camisinha em todas as relações. Tanto por altruísmo (ninguém merece pegar também) como por egoísmo: criar barreira para possíveis doenças oportunistas. Eu não quereria ficar doente só por causa do enfraquecimento de minha defesa imunológica.
A quem vive com HIV ou sem HIV, a mensagem é a mesma: proteja-se e viva tudo o que há para viver.
E essa é uma mensagem para homens e mulheres de quaisquer orientações sexuais e gêneros. Fui testemunha de muitas perdas por causa do HIV, especialmente quando pastor. Capelania e ofícios fúnebres me colocaram em contato com casos bizarros. O mais triste que enfrentei foi o de um amigo pastor, heterossexual, casado, pai de duas filhas, que foi contaminado numa relação extraconjugal com uma garota que ele conheceu num retiro. Passou o vírus para a esposa. Faleceu dentro de pouco tempo, seguido pela mulher, deixando duas filhas órfãs. Meninas que desde cedo ouviam dizer "o Senhor é meu pastor, nada me faltará" experimentaram a maior falta de todas - a dos pais.
Casamento não é garantia. Religião não é garantia. Deuses não são garantia. Promessas de fidelidade ou de celibato não são garantias. A única garantia: CAMISINHA. É o poder na sua mão. É você dono/dona de si mesmo/mesma.
Queridos jovens homens gays, como os índices de contaminação estão crescendo entre vocês, cuidem-se ainda mais. A vida pode ser muito mais gostosa e divertida sem HIV. Se já têm, cuidem-se para não ser vítima de doenças oportunistas e de re-contaminação por HIV. CAMISINHA, sempre.
Não vale a pena deixar de viver por medo de morrer. Morreremos, quer vivamos tudo o que há para viver, ou não. A questão aqui é: Como podemos viver tudo o que desejamos viver, amar tudo o que desejamos amar, gozar tudo o que desejamos gozar, realizar tudo o que desejamos realizar, sem perdermos em longevidade e em qualidade de vida?
Voltando à questão da capelania e dos funerais, enterrei muito mais gente por outras causas de morte do que por causa do HIV e complicações a ele relacionadas. O que isso quer dizer? Quer dizer que podemos passar a vida inteira sem uma relação sexual sequer e morrer atravessando uma rua para ir ao mercado. Que desperdício morrer sem ter 'vivido'.
Então, vivamos! Vivamos tudo o que há para viver! Mas, façamos o que pudermos para viver tudo isso por muito tempo e da forma mais gostosa possível.
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