Dia 01 - 24º Encontro da Nova Consciência





24º Encontro da Nova Consciência
O primeiro dia
Durante esse carnaval, vou fazer pelo menos uma postagem por dia a respeito do 24º Encontro da Nova Consciência. O evento acontece em Campina Grande, Paraíba, há 24 anos. Durante essas mais de duas décadas, já fui convidado três vezes: para o 19º, o 20º e agora o 24º. Reencontrei algumas pessoas conhecidas e vi algumas pessoas novas. O evento é uma oportunidade para confraternização e troca de ideias e experiências. Basta andar pelos corredores do SESC pouco antes das plenárias para se ver um grupo formado por gente dos mais diversos credos: hindus, muçulmanos, católicos, espíritas, esotéricos, etc.
Porém, não há programação apenas para a troca de ideias sobre um determinado segmento religioso. Existem grupos de discussão sobre diversos assuntos, entre o religioso e o acadêmico, passando por LGBT e ateus, inclusive. Estes últimos têm montado uma grade de programação cada vez mais variada e extensa ao longo dos dias do evento.
Sempre que venho, tenho o privilégio de falar para ateus e agnósticos e de falar para LGBT. Esse ano, minha palestra para os ateus será no domingo, às 14h, prédio da Faculdade de Administração. E minha palestra para os LGBT será na terça-feira, às 10h, no mesmo prédio. Quem estiver em Campina Grande, compareça. A entrada é franca. Mas procure chegar pontualmente para não perder nada.
A programação completa do Encontro de Ateus e Agnósticos é a seguinte:
17° ENCONTRO DE ATEUS E AGNÓSTICOS
DE 14 e 17 DE FEVEREIRO
Local: Antigo Prédio do Curso de Administração da UEPB
(Centro de Campina Grande)
Sábado, 14/02
14:00h às 17:00h
Palestras:
A importância da laicidade estatal
Tomaz Passamani (Presidente da Academia de Livres Pensadores da Paraíba – ALPP) - PB
Maconha, Satanás e o escorredor de macarrão – A liberdade de expressão e o desrespeito ao sagrado
Ricardo Kelmer (Escritor) - CE
Ateísmo e humor na Internet – Choque dos universalismos religiosos
Rogério Nascimento (Prof. de Antropologia - UFCG) - PB
Domingo, 15/02
14:00h às 17:00h
Palestras:
Satanás, a divina criação humana
Sidney Santos (Integrante da Associação Campinense de Ateus) - PB
Sou ateu, e agora?
Sérgio Viula (Escritor – Militante LGBTT) - RJ
Ateísmo e humor na Internet – Religião e monopólio da verdade
Rogério Nascimento (Prof. de Antropologia - UFCG) – PB
A morte, o morrer e a espiritualidade numa perspectiva ateísta
Alexey Dodsworth Magnavita (Escritor) - SP
Segunda-feira, 16/02
14:00h às 17:00h
Palestras:
Liberdade e religião
Rogério Nascimento (Prof. de Antropologia - UFCG) - PB
Deus está Nu!
Téo Lorent (Escritor e tradutor) – SP
A moral cristã das escrituras
Sidney Santos (Integrante da Associação Campinense de Ateus) - PB
Terça-feira, 17/02
14:00h às 17:00h
Palestras:
Como viver sem Deus? – Considerações de um ateu sobre o sentido da vida e a felicidade
Ribamar Bezerra (Prof. de Línguas estrangeiras) – PB
Como me tornei ateu
Rogério Nascimento (Prof. de Antropologia - UFCG) - PB
Uma tentativa de análise da conjuntura política atual em defesa do Estado laíco
Tomaz Passamani (Presidente da Academia de Livres Pensadores da Paraíba – ALPP) - PB
O darwinismo para o homem contemporâneo
Sidney Santos (Integrante da Associação Campinense de Ateus) - PB
A programação completa do Encontro de LGBT é a seguinte:
10º ENCONTRO DE HOMOAFETIVIDADE
ENCONTRO LGBTT
DIA 16 e 17 DE FEVEREIRO
Local: Antigo Prédio do Curso de Administração da UEPB
(Centro de Campina Grande)
Segunda, 16/02
14:00h
Palestra
Identidade Gay e os preconceitos que cerceiam a tolerância
Alexey Dodsworth (Escritor) - SP
15:00h
Mesa-redonda:
LGBT: Desafios internos dentro do movimento
Jussara Costa (Professora do Departamento de Serviço Social da UEPB - Membro do grupo de estudos Flor e Flor) – PB
Júlia Rodrigues (Bacharela em Direito pela UEPB – Mestranda em Serviço Social pela UEPB. Membro do Fórum de Diversidade Sexual e Gênero de Campina Grande) - PB
Renan Palmeira (Presidente do MEL) - PB
Wagner Pina (Fotógrafo. Membro do Fórum da Diversidade Sexual e Gênero de Campina Grande. Especialista em Gestão e Produção Cultural pela UFCG) - PE
Johan Heyss (Escritor) - RJ
Carolina Almeida (Membro do Fórum da Diversidade Sexual e Gênero de Campina Grande) - PB
16:30 min
Invisibilidade Trans dentro/fora do movimento LGBT
Carolina Almeida (Membro do Fórum da Diversidade Sexual e Gênero de Campina Grande) - PB
Alexsander Lepletier (Midialivrista) – RJ
Terça, 17/02
Palestra
10:00 min
Tratar o desejo é possível?
Sérgio Viula (Escritor e Militante LGBTT) – RJ
11:00h
Debate com os participantes do Fórum de Diversidade Sexual e de Gênero de Campina Grande
Os demais eventos podem ser vistos aqui: https://sites.google.com/site/ongnovaconsciencia/programaao-geral/eventos-paralelos-1
O clima tem sido de muita cordialidade entre todos. Não posso deixar de destacar a tirada do meu amigo Ricardo Kelmer. Ele chegou com um escorredor de macarrão na cabeça. Era um daqueles de plástico verde e com uma alça que faz lembrar uma panela de mingau. Todo mundo perguntava por quê. E era isso mesmo que ele esperava que fizessem. Ele respondia: É que eu sou seguidor do pastafarianismo. E daí tecia uma série de explicações sobre o novo culto. Claro que se tratava de uma sátira. Pasta = massa, como as de macarrão. O restante do termo faz lembrar rastafarianismo, que é um movimento que mistura religião e música na Jamaica. Todos riam, é claro, quando ele explicava, mas a brincadeira dá muito no que pensar: religião é construto cultural, sempre.
Outra coisa que eu gostaria de destacar é o baixo nível de tantos evangélicos. Isso não é novidade. Basta ver como se comportam diante da crença alheia, quando esta não corresponde a sua, e como se comportam diante da descrença também. O caso foi o seguinte: a gráfica contratada para imprimir o programa dos quatro dias do 24º Encontro da Nova Consciência simplesmente decidiu, em cima da hora, não imprimir o material. Motivo? O dono é evangélico. Pode parecer apenas o caso de um idiota fanático isolado, mas a verdade é que essa é uma prática comum entre evangélicos que trabalham com prestação de serviço, ou seja, não atender quem não lê na sua cartilha. O problema é que quando você presta serviço, você não pode discriminar as pessoas
por religião, gênero, raça, orientação sexual, etc. Isso pode dar processo, multa e até cassação do alvará de funcionamento. Sem contar a falta de ética que é oferecer um serviço ao público para nega-lo arbitrariamente em seguida.
Agora, vejam como isso se repete, seja em proporções macro ou micro: Eduardo Cunha, agora presidindo a Câmara dos Deputados, se recusa a pautar para apreciação do plenário o que não interessa a seu grupinho de idiotas úteis. Ele é evangélico e acha que só deve colocar na pauta da Câmara o que supostamente atende aos interesses do seu deus. Essa é a mesma atitude do dono da gráfica, que agiu em nível micro, só que na maior casa legislativa do país (nível macro). E ainda tem gente que acha que é exagero considerar o movimento evangélico como um todo, e especialmente suas ramificações mais fundamentalistas, como segregador, mantenedor de velhas injustiças e criador de outras, nas quais nem deus – se houvesse algum e pudesse acompanhar o que os homens fazem debaixo do sol – acreditaria.
Como disse um monge católico na abertura da programação: nunca uma guerra foi travada em nome do diabo. As maiores e mais sangrentas foram travadas em nome de Deus, sempre em nome de Deus. É claro que o monge disse isso para mostrar como os homens usam o nome de Deus para mobilizar as massas e atingir objetivos nada piedosos.
Por essas e outras, eu pergunto: não será o caso de que a invenção do Diabo seja brincadeira de criança perto da invenção de Deus? De qualquer modo, ambas são nocivas e atendem ao mesmo objetivo: controle.
“Com os vossos valores e as vossas palavras do bem e do mal, vós, os apreciadores de valor, exerceis poderio; e é este o vosso amor oculto e o esplendor, o tremor e o transbordar da vossa alma.” (Nietzsche Friedrich: Assim Falou Zaratustra, p. 97, Coleção a obra-prima de cada autor, Ed. Martin Claret, 2004 – grifo meu)
Se o Brasil fosse governado totalitariamente por gente com essa mentalidade, não seria melhor do que o Afeganistão, sob o domínio do Talibã. Não vote em quem usa o nome de Deus para se eleger, mesmo que seja apenas uma simples referência ao divino, tipo: Deus te abençoe. Quem faz isso está operando exatamente do modo como nos alertou Zaratustra, personagem que Nietzsche escolheu como denunciador dos pregadores da morte e maior adversário deles. Aquela não é uma atitude ingênua. A intencionalidade é clara: dizer a todos que ali está um representante de Deus, mas quem se diz representante de Deus como candidato a cargo político representa apenas o próprio estômago, sempre ávido por mais poder e grandeza. Não se engane.
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