ITA: Talles - vestido para protestar.
In English here:
Revista Fórum pública as 20 razões que levaram Talles a protestar na cerimônia de graduação:
http://www.revistaforum.com.br/2016/12/21/talles-faria-faz-lista-com-20-provas-do-porque-a-aeronautica-e-homofobica/-lista-com-20-provas-do-porque-a-aeronautica-e-homofobica/
http://goqueer.blogspot.com.br/2016/12/a-young-mans-protest-against-homophobia.html
Com informações da Folha de São Paulo
Aluno recebe diploma do ITA de salto alto e vestido em ato contra homofobia
Com informações da Folha de São Paulo
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2016/12/1843114-aluno-recebe-diploma-do-ita-de-salto-alto-e-vestido-em-ato-contra-homofobia.shtml
Adaptado aqui por Sergio Viula
Que fantástico ver a coragem de um aluno do ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica) na resistência contra práticas abusivas supostamente justificadas em nome da disciplina. Talles Oliveira Faria, 24, participou da sua colação de grau, no último sábado (17), vestido de mulher, em protesto contra a perseguição que ele teria recebido por ser homossexual.
A Folha de São Paulo publicou reportagem em que o jovem dizia ter sofrido diversas punições com o objetivo de forçá-lo a se desligar da Aeronáutica no meio do curso. A Aeronáutica nega que tenha havido perseguição.
De acordo com a Folha, ele se formou em engenharia da computação no último sábado e recebeu o diploma com um vestido rosa, salto alto e maquiagem. O vestido estava coberto de mensagens ao ITA.
"A manifestação não foi só relacionada à homofobia, mas também à violência psicológica que ocorre aqui dentro", disse Faria, que é homossexual e ativista contra a homofobia.
De acordo com a Folha, Talles decidiu comparecer vestido de mulher à colação de grau depois de ter sofrido uma série de processos por ter se vestido de drag queen em maio do ano passado. Naquela época, a manifestação foi para marcar o Dia Mundial do Combate à Homofobia (17 de maio). A demonstração foi feita na hora do intervalo e reuniu outros colegas, com cartazes contra o preconceito.
Resultado: Talles foi processado por agredir "o decoro da classe", tendo se tornado alvo de mais seis processos de punição na sequência. E pasmem, alguns deles relacionados a postagens em sua conta pessoal do Facebook.
De acordo com a Folha, a justificativa para os processos é que ele teria errado ao "agredir símbolos religiosos" e ter colocado na rede social críticas ao catolicismo em relação à homossexualidade. A pergunta que não que calar: a Aeronáutica agora é secretária do Vaticano para controle da mídia social? O que isso tem a ver com o trabalho do jovem que, além de estudante do ITA, era militar? Ele também foi acusado de ter publicado imagem "agressiva à bandeira do Brasil". Mas qual era a a imagem "agressiva", no final das contas?
A Folha explica: No lugar das estrelas que compõem a bandeira, ele colocou corações e a frase "põe a cara no sol, mona" onde se lê "ordem e progresso".
A pergunta que não quer calar: Será que a Aeronáutica está monitorando as contas de seus membros que fazem apologia a uma série de violações aos direitos humanos e à dignidade da pessoa humana nas redes sociais, inclusive as de cunho homofóbico?
A justificativa que eu achei mais divertida, para não dizer ridícula foi a seguinte: Talles havia feito um ato de apoio à ex-presidente Dilma Rousseff (PT), no ano passado, no intervalo das aulas.
E... pasmem! Isso foi motivo para outra punição.
Eu queria ver essa disciplina funcionar contra quem defende ditador torturador, afinal o defensor não é só deputado, mas também militar aposentado, e não fez esse tipo de apologia apenas uma vez na vida. Também não foi "apenas" na sessão do impeachment da ex-presidente Dilma que ele fez declarações de apoio à ditadura.
Além disso, outros estudantes fizeram manifestações de apoio a Aécio Neves (PSDB) no ITA e nunca foram punidos. Segundo a Folha, ele teria anexado imagens dessas manifestações nos recursos encaminhados aos oficiais superiores. Talles garante que só ele foi punido.
Para não ser expulso da faculdade (ITA), o jovem teve que se desligar da carreira militar que vinha seguindo em paralelo aos estudos, na qual percebia um salário de seis mil reais. Os processos que culminaram nesse pedido de desligamento são chamados de FATD (Formulários de Apuração de Transgressão Disciplinar). O prejuízo só sabe quem sente na pele, é claro.
"Tive que deixar de ser militar porque só me deram essa alternativa. Ou pedia o desligamento da Aeronáutica, ou iam me expulsar do ITA e da FAB [Força Aérea Brasileira]", diz.
"Sei da homofobia silenciosa, mas efetiva, no ITA e nas Forças Armadas", diz ele, que não descarta uma ação judicial por conta do episódio. "Espero que as pessoas possam me ver e se sentir mais seguras nesse ambiente".
O ITA é uma das instituições de ensino superior mais renomadas e concorridas do país. Está ligada ao Comaer (Comando da Aeronáutica). A unidade fica no Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial, na cidade paulista de São José dos Campos.
Para ver as "justificativas" dadas pela Aeronáutica, acesse a Folha de São Paulo.
Adaptado aqui por Sergio Viula
Que fantástico ver a coragem de um aluno do ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica) na resistência contra práticas abusivas supostamente justificadas em nome da disciplina. Talles Oliveira Faria, 24, participou da sua colação de grau, no último sábado (17), vestido de mulher, em protesto contra a perseguição que ele teria recebido por ser homossexual.
A Folha de São Paulo publicou reportagem em que o jovem dizia ter sofrido diversas punições com o objetivo de forçá-lo a se desligar da Aeronáutica no meio do curso. A Aeronáutica nega que tenha havido perseguição.
De acordo com a Folha, ele se formou em engenharia da computação no último sábado e recebeu o diploma com um vestido rosa, salto alto e maquiagem. O vestido estava coberto de mensagens ao ITA.
"A manifestação não foi só relacionada à homofobia, mas também à violência psicológica que ocorre aqui dentro", disse Faria, que é homossexual e ativista contra a homofobia.
De acordo com a Folha, Talles decidiu comparecer vestido de mulher à colação de grau depois de ter sofrido uma série de processos por ter se vestido de drag queen em maio do ano passado. Naquela época, a manifestação foi para marcar o Dia Mundial do Combate à Homofobia (17 de maio). A demonstração foi feita na hora do intervalo e reuniu outros colegas, com cartazes contra o preconceito.
Resultado: Talles foi processado por agredir "o decoro da classe", tendo se tornado alvo de mais seis processos de punição na sequência. E pasmem, alguns deles relacionados a postagens em sua conta pessoal do Facebook.
De acordo com a Folha, a justificativa para os processos é que ele teria errado ao "agredir símbolos religiosos" e ter colocado na rede social críticas ao catolicismo em relação à homossexualidade. A pergunta que não que calar: a Aeronáutica agora é secretária do Vaticano para controle da mídia social? O que isso tem a ver com o trabalho do jovem que, além de estudante do ITA, era militar? Ele também foi acusado de ter publicado imagem "agressiva à bandeira do Brasil". Mas qual era a a imagem "agressiva", no final das contas?
A Folha explica: No lugar das estrelas que compõem a bandeira, ele colocou corações e a frase "põe a cara no sol, mona" onde se lê "ordem e progresso".
A pergunta que não quer calar: Será que a Aeronáutica está monitorando as contas de seus membros que fazem apologia a uma série de violações aos direitos humanos e à dignidade da pessoa humana nas redes sociais, inclusive as de cunho homofóbico?
A justificativa que eu achei mais divertida, para não dizer ridícula foi a seguinte: Talles havia feito um ato de apoio à ex-presidente Dilma Rousseff (PT), no ano passado, no intervalo das aulas.
E... pasmem! Isso foi motivo para outra punição.
Eu queria ver essa disciplina funcionar contra quem defende ditador torturador, afinal o defensor não é só deputado, mas também militar aposentado, e não fez esse tipo de apologia apenas uma vez na vida. Também não foi "apenas" na sessão do impeachment da ex-presidente Dilma que ele fez declarações de apoio à ditadura.
Além disso, outros estudantes fizeram manifestações de apoio a Aécio Neves (PSDB) no ITA e nunca foram punidos. Segundo a Folha, ele teria anexado imagens dessas manifestações nos recursos encaminhados aos oficiais superiores. Talles garante que só ele foi punido.
Para não ser expulso da faculdade (ITA), o jovem teve que se desligar da carreira militar que vinha seguindo em paralelo aos estudos, na qual percebia um salário de seis mil reais. Os processos que culminaram nesse pedido de desligamento são chamados de FATD (Formulários de Apuração de Transgressão Disciplinar). O prejuízo só sabe quem sente na pele, é claro.
"Tive que deixar de ser militar porque só me deram essa alternativa. Ou pedia o desligamento da Aeronáutica, ou iam me expulsar do ITA e da FAB [Força Aérea Brasileira]", diz.
"Sei da homofobia silenciosa, mas efetiva, no ITA e nas Forças Armadas", diz ele, que não descarta uma ação judicial por conta do episódio. "Espero que as pessoas possam me ver e se sentir mais seguras nesse ambiente".
O ITA é uma das instituições de ensino superior mais renomadas e concorridas do país. Está ligada ao Comaer (Comando da Aeronáutica). A unidade fica no Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial, na cidade paulista de São José dos Campos.
Para ver as "justificativas" dadas pela Aeronáutica, acesse a Folha de São Paulo.
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2016/12/1843114-aluno-recebe-diploma-do-ita-de-salto-alto-e-vestido-em-ato-contra-homofobia.shtml
Parabéns, Talles. Nada muda quando a gente apanha da vida calado.
Você botou a cara no sol, querido, mas quem ficou vermelho foram os machistas, homofóbicos e reprodutores de moralismos que já deveriam ter sido abolidos há muito tempo nos ambientes administrados pelas forças armadas. Todos os rapazes e moças que já foram vítimas de agressões verbais e físicas ao longo de seus estudos nos institutos ou serviço nos quadros das forças armadas devem estar se sentindo bem melhor agora. Não são poucos.
Parabéns, Talles. Nada muda quando a gente apanha da vida calado.
Você botou a cara no sol, querido, mas quem ficou vermelho foram os machistas, homofóbicos e reprodutores de moralismos que já deveriam ter sido abolidos há muito tempo nos ambientes administrados pelas forças armadas. Todos os rapazes e moças que já foram vítimas de agressões verbais e físicas ao longo de seus estudos nos institutos ou serviço nos quadros das forças armadas devem estar se sentindo bem melhor agora. Não são poucos.
ATUALIZAÇÃO:
http://www.revistaforum.com.br/2016/12/21/talles-faria-faz-lista-com-20-provas-do-porque-a-aeronautica-e-homofobica/-lista-com-20-provas-do-porque-a-aeronautica-e-homofobica/
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