Mulheres LGBT na Luta Feminista: Vozes que Transformaram o Mundo

Mulheres LGBT na Luta Feminista: Vozes que Transformaram o Mundo


DIA 8 DE MARÇO: DIA INTERNACIONAL DA MULHER


Por Sergio Viula


Ao longo da história, mulheres LGBT têm desempenhado um papel fundamental na luta feminista, desafiando normas patriarcais e reivindicando direitos que vão muito além das questões de gênero. De intelectuais e ativistas políticas a artistas e atletas, suas trajetórias mostram que a luta por igualdade sempre esteve interligada com a diversidade sexual e de identidade de gênero.

Personagens como Audre Lorde, na defesa do feminismo negro e interseccional nos EUA; Ilse Fuskova, que rompeu o silêncio sobre a lesbianidade no movimento feminista argentino; e Georgina Beyer, pioneira trans na política da Nova Zelândia, são apenas alguns exemplos de mulheres que desafiaram opressões múltiplas e abriram caminhos para as gerações futuras.

Neste artigo, exploramos algumas dessas figuras inspiradoras ao redor do mundo, destacando suas lutas e legados. Porque feminismo que não inclui mulheres LGBT não é feminismo completo. Confira!


América Latina

1. Ilse Fuskova (1929–presente) – Argentina

Fotógrafa e ativista feminista lésbica, Fuskova se assumiu publicamente na TV argentina nos anos 1990, abrindo debates sobre lesbianidade no feminismo. Foi uma das organizadoras do primeiro Encontro de Mulheres Lésbicas na Argentina. Continua sendo uma voz ativa na luta feminista e LGBT.

2. Valeria Silva (1987–presente) – Bolívia

Política bissexual e feminista, Silva defendeu leis pró-LGBT no parlamento boliviano. Trabalha por maior inclusão das mulheres LGBT na política e por direitos reprodutivos.

América do Norte (EUA)

3. Audre Lorde (1934–1992)

Audre Lorde foi uma poeta, escritora e ativista feminista negra lésbica. Sua obra abordou racismo, sexismo, homofobia e desigualdade de classe, introduzindo a interseccionalidade no feminismo. Ela fundou o Sisterhood in Support of Sisters in South Africa, apoiando mulheres na luta contra o apartheid. Em sua escrita, destacava a importância da visibilidade lésbica e negra no feminismo. Morreu de câncer de mama em 1992, deixando um legado essencial para o feminismo negro e queer.

4. Angela Davis (1944–presente)


Feminista, comunista e ativista pelos direitos civis, Angela Davis se destacou na luta contra o racismo, a opressão de classe e o encarceramento em massa. Enfrentou perseguições políticas nos anos 1970 por sua ligação com o Partido dos Panteras Negras e com o movimento pelos direitos das presidiárias. Declarou-se lésbica nos anos 1990 e continua militando por justiça social e equidade de gênero.

5. Sylvia Rivera (1951–2002)

Mulher trans e ativista bissexual, Rivera foi uma das protagonistas da Rebelião de Stonewall e cofundadora da Street Transvestite Action Revolutionaries (STAR), que defendia mulheres trans e drag queens sem moradia. Enfrentou exclusão do feminismo tradicional e do movimento gay por ser uma mulher trans latina e de origem pobre. Morreu de câncer no fígado em 2002, sendo reconhecida postumamente como pioneira da luta pelos direitos trans e feministas.

6. Marsha P. Johnson (1945–1992)


Ativista trans negra e defensora dos direitos LGBT, Johnson foi essencial na Rebelião de Stonewall. Fundou a STAR com Sylvia Rivera e trabalhou incansavelmente para ajudar pessoas trans sem moradia. Seu corpo foi encontrado no Rio Hudson em 1992, e sua morte, inicialmente tratada como suicídio, é considerada suspeita até hoje. Seu legado inspira lutas trans e feministas ao redor do mundo.

7. Patricia Highsmith (1921–1995)


Autora de O Preço do Sal (1952), um dos primeiros romances lésbicos com final feliz, Highsmith trouxe visibilidade às mulheres lésbicas na literatura. Durante sua vida, viveu diversos relacionamentos com mulheres, mas também expressou posturas misóginas e xenofóbicas. Morreu de leucemia em 1995.

8. Judith Butler (1956–presente)

Filósofa feminista e teórica queer, Butler desenvolveu a teoria da performatividade de gênero, desafiando a noção de identidades fixas. Sua obra revolucionou os estudos de gênero, influenciando o feminismo, o ativismo trans e os direitos das mulheres LGBT. Continua ativa no meio acadêmico e na militância.

Europa

9. Claude Cahun (1894–1954) – França

Artista, fotógrafa e escritora, Cahun desafiou convenções de gênero e sexualidade na década de 1920. Seu nome de batismo erar Lucy Renee Mathilde Schwob. Durante a Segunda Guerra Mundial, participou da resistência antifascista contra os nazistas. Foi presa e quase executada. Após a guerra, sua saúde se deteriorou, e morreu em 1954 devido a complicações resultantes da prisão. Sua obra foi redescoberta no final do século XX, sendo reconhecida como precursora da teoria queer.

10. Sarah Waters (1966–presente) – Reino Unido

Autora de romances históricos com protagonistas lésbicas, como Fingersmith e Tipping the Velvet, Waters revolucionou a literatura queer. Seus livros foram adaptados para a televisão, levando histórias lésbicas para um público mais amplo. Continua ativa como escritora e defensora dos direitos LGBT.

África

11. Funmilayo Ransome-Kuti (1900–1978) – Nigéria


Feminista e ativista política, Ransome-Kuti liderou movimentos contra o colonialismo britânico e pelos direitos das mulheres na Nigéria. Há relatos de que teve relações afetivas com mulheres. Foi espancada pela polícia durante um protesto e morreu devido aos ferimentos. Seu ativismo influenciou o feminismo africano moderno.

12. Zanele Muholi (1972–presente) – África do Sul

Fotógrafa e ativista lésbica, Muholi documenta a vida de mulheres negras LGBT na África do Sul, denunciando a violência de gênero e a lesbofobia. Seu trabalho artístico e político continua sendo referência global.

Ásia

13. Chizuko Ueno (1948–presente) – Japão

Socióloga, feminista e teórica de gênero, Ueno revolucionou os estudos sobre patriarcado no Japão. Embora não se identifique publicamente como LGBT, sua defesa dos direitos das mulheres inclui forte apoio à comunidade lésbica e queer. Foi uma das principais intelectuais a denunciar a opressão de gênero no país, abordando temas como casamento, violência doméstica e direitos reprodutivos. Seu ativismo acadêmico ajudou a dar visibilidade às mulheres LGBT no feminismo japonês, e suas palestras continuam inspirando jovens feministas no Japão e além.

14. Dutee Chand (1996–presente) – Índia


Atleta olímpica e ativista LGBT, Chand desafiou normas sobre gênero no esporte, enfrentando discriminação por ser intersexo. Tornou-se um símbolo da resistência queer na Ásia.

Oceania

15. Georgina Beyer (1957–2023) – Nova Zelândia

Primeira mulher trans eleita para o parlamento no mundo, Beyer defendeu os direitos de mulheres trans e lésbicas na política. Seu mandato foi revolucionário para a inclusão de minorias. Faleceu em 2023 devido a complicações renais.

16. Sally Rugg (1988–presente) – Austrália


Ativista feminista lésbica, Rugg liderou a campanha pela legalização do casamento igualitário na Austrália. Seu trabalho continua promovendo políticas de inclusão para mulheres LGBT.


Essas são algumas das mulheres que desafiaram sistemas opressores em diferentes continentes, enfrentando misoginia, lesbofobia, racismo e transfobia. Seu legado continua inspirando novas gerações a lutar por um feminismo verdadeiramente inclusivo. E você está disposta a lutar pelos direitos de TODAS as mulheres?

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