
“Não somos homofóbicos, só não queremos jogar com gays”
Essa frase já diz tudo. E, infelizmente, não é ficção.
Em 2010, o clube muçulmano de futebol Créteil Bebel foi excluído de um torneio na França depois de se recusar a jogar contra o Paris Foot Gay, uma equipe formada por jogadores homossexuais. A justificativa? Segundo os dirigentes do Créteil Bebel, “de acordo com os princípios da equipe”, eles não poderiam entrar em campo contra o time adversário. “Nossas convicções são muito mais importantes que uma simples partida de futebol”, afirmaram.
A declaração caiu como uma bomba. E não é para menos.
Apesar da recusa explícita, Zahir Belgharbi, representante do clube, ainda tentou desviar o foco do preconceito: disse que não era homofóbico, apenas não queria jogar contra um time com “aquele nome” — Paris Foot Gay. Segundo ele, o problema não eram os jogadores gays, mas o fato de o nome da equipe levantar “uma ideologia”.
Sim, o mesmo dirigente que defende um time guiado por valores religiosos e que impôs uma barreira moral contra um adversário, acusa o outro lado de ideologizar o futebol. Irônico, né?
Enquanto isso, o Paris Foot Gay, fundado justamente como uma iniciativa contra a homofobia nos esportes, esclareceu que não é um clube militante — mas uma associação aberta a todos: gays, héteros, negros, brancos, muçulmanos, cristãos e ateus. Gente que quer apenas jogar bola em paz, sem preconceito no gramado ou na arquibancada.
Essa história, além de absurda, escancara um tipo de discurso muito perigoso: o da homofobia disfarçada de "valores" ou de "neutralidade". Não é raro ouvir por aí que “não sou contra gays, só não quero que eles se exponham”. Mas querer apagar nossa existência, esconder nossa identidade ou silenciar nossas bandeiras é sim homofobia. E precisa ser enfrentada com firmeza.
Se futebol é paixão, é arte, é cultura — então também precisa ser espaço de inclusão. Porque ninguém deveria ter que escolher entre ser quem é e jogar o esporte que ama.
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