Mostrando postagens com marcador fora do armário. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador fora do armário. Mostrar todas as postagens

UNIÃO EUROPEIA: Casamento homoafetivo realizado em Estados-Membros são válidos em todo o bloco

União Europeia Determina: Todos os Países Devem Reconhecer Casamentos Homoafetivos Celebrados em Outros Estados-Membros




Por Sergio Viula 


Numa decisão histórica e vinculante, o Tribunal de Justiça da União Europeia determinou que todos os 27 países do bloco devem reconhecer os casamentos entre pessoas do mesmo sexo celebrados em qualquer Estado-membro, mesmo que não permitam o casamento igualitário em suas próprias legislações. A medida representa um avanço sem precedentes para os direitos LGBTQIA+ na Europa.

O que exatamente o Tribunal decidiu?

Em 25 de novembro de 2025, o Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE), a mais alta corte do bloco, concluiu que:

Todos os países da UE são obrigados a reconhecer casamentos homoafetivos realizados em qualquer outro país da União.

Essa obrigação vale independentemente do país ter ou não casamento igualitário em sua legislação interna.

A recusa de reconhecimento fere dois pilares fundamentais da UE:

o direito à liberdade de movimento (cidadãos devem poder circular e residir em qualquer país da União com seus cônjuges), o direito à vida familiar privada e protegida.

A decisão é de cumprimento obrigatório, sem margem para interpretação política por parte dos governos nacionais.

O caso que mudou tudo

A decisão surgiu após um processo envolvendo dois cidadãos poloneses que: se casaram legalmente em Berlim em 2018 mas tiveram o reconhecimento do casamento negado na Polônia, país que não reconhece o casamento homoafetivo.

O caso foi parar na justiça polonesa, que encaminhou a questão ao TJUE. A partir daí, a Corte emitiu uma decisão que agora repercute por todo o continente.

O que muda na prática?

Mesmo países conservadores — como Polônia, Hungria, Letônia, Romênia, Bulgária e Lituânia — terão de:

  1. registrar casamentos entre pessoas do mesmo sexo realizados em outro Estado-membro;
  2. garantir direitos derivados desse reconhecimento, como:

  • residência,
  • herança,
  • benefícios sociais,
  • registro conjunto,
  • proteção familiar.

Importante:

A decisão não obriga esses países a legalizarem o casamento igualitário internamente.

Mas obriga a reconhecer casamentos já válidos em outros países da UE, o que cria um corredor legal de proteção para famílias LGBTQIA+.

Um avanço imenso para direitos LGBTQIA+

A decisão tem efeitos profundos:

1. Proteção real a milhares de famílias LGBTQIA+

Casais passam a ter direitos equivalentes, mesmo vivendo em países que ainda não reconhecem o casamento igualitário.

2. Pressão política interna

Embora a decisão não imponha a legalização do casamento LGBTQIA+ nesses países, cria um precedente jurídico forte que poderá impulsionar mudanças nacionais.

3. Vitória simbólica: igualdade como princípio europeu

A Corte reafirma que direitos LGBTQIA+ são direitos humanos — e não podem ser relativizados pela política interna de cada Estado.

Quem já tinha casamento igualitário na UE?

Até a decisão, 17 dos 27 países da UE já tinham legalizado o casamento homoafetivo.

Agora, todos os 27 passam a reconhecê-lo quando realizado em outro Estado-membro.

Reações políticas e impacto continental

Em países como Hungria e Polônia, governos conservadores reagiram mal, mas não têm espaço jurídico para descumprir a decisão.

Organizações e ativistas LGBTQIA+ celebraram o que chamam de “a maior conquista legal desde o avanço do casamento igualitário na Europa Ocidental”.

Partidos progressistas no Parlamento Europeu apontam a decisão como um marco que fortalece a coesão democrática do bloco.

A trajetória da Parada do Orgulho LGBTI do Rio (Copacabana) até a 30ª, que acontece neste domingo

RETROSPECTIVA DAS 29 PARADAS DO ORGULHO LGBTI+ DO RIO — E A CHEGADA DA 30ª EDIÇÃO


Tema da 30ª Parada do Orgulho LGBTI do Rio de Janeiro (Copacabana): 

“30 anos fazendo história: das primeiras lutas pelo direito de existir à construção de futuros sustentáveis”

Local da concentração: Posto 5, na Praia de Copacabana

Horário de início: A partir das 11h, neste domingo, 23 de novembro de 2025

Atração principal: A cantora Daniela Mercury se apresentará no trio elétrico do aplicativo Grindr





Por Sergio Viula


A Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, é mais do que um cartão-postal mundialmente conhecido. Há quase três décadas, ela se tornou também o território simbólico onde milhões de pessoas celebram, protestam, reivindicam e escrevem a história da comunidade LGBTI+ no Brasil. A Parada do Orgulho LGBTI+ do Rio não apenas acompanhou transformações sociais e políticas; ela foi parte fundamental delas.

A seguir, uma retrospectiva histórica das 29 edições já realizadas — e, logo adiante, um convite especial para a 30ª Parada, que acontece amanhã.


1. A ORIGEM (1995): QUANDO A MARCHA VIROU HISTÓRIA

Em 1995, um grupo de ativistas realizou a primeira marcha pela cidadania LGBTI+ em Copacabana. Não havia grandes trios, nem patrocínios, nem cobertura nacional. Havia coragem — e a convicção de que o Rio precisava ocupar suas ruas com orgulho.

Esse encontro inaugural marca o nascimento da Parada do Orgulho LGBTI+ do Rio, organizada a partir dali principalmente pelo Grupo Arco-Íris. O evento cresceu rapidamente e logo se tornou referência nacional.


2. FASE DE CONSOLIDAÇÃO (FINAL DOS ANOS 1990 – INÍCIO DOS 2000)

As primeiras edições da Parada foram caracterizadas pela diversidade, pela improvisação e por uma energia genuína de mobilização. A pauta central girava em torno de:

  • combate à violência;

  • acesso à saúde integral;

  • reconhecimento de direitos civis;

  • visibilidade lésbica, gay, bissexual, travesti, transexual e intersexo.

Era uma época em que a simples ocupação do espaço público já era, por si só, um ato profundamente político.


3. EXPANSÃO, CULTURA E LUTA (2000 – 2010)

A partir dos anos 2000, a Parada ganhou grandes trios, shows, presença de artistas, maior divulgação na imprensa e apoio de instituições. Copacabana passou a ser ocupada por uma multidão crescente, atraindo turistas, coletivos, blocos, ONGs e movimentos sociais.

Personalidades como Jane di Castro se tornaram símbolos da Parada, conectando memória, arte e resistência.


4. A DÉCADA DE OURO (2010 – 2019)

A Parada do Rio alcançou números expressivos durante essa década, chegando a reunir mais de um milhão de participantes em algumas edições. A visibilidade se tornou continental, atraindo turistas de diversos países.

Os temas das Paradas passaram a dialogar com:

  • criminalização da LGBTfobia;

  • direitos das pessoas trans;

  • políticas públicas de saúde e educação;

  • laicidade do Estado;

  • enfrentamento ao fundamentalismo religioso.

Foram anos de inovação, potência e presença massiva.


5. PANDEMIA, ADIAMENTOS E REINVENÇÃO (2020 – 2021)

A pandemia de COVID-19 obrigou a suspensão das edições presenciais. A organização buscou alternativas virtuais, debates, lives, performances remotas e conteúdos digitais para manter viva a luta.

Foi um período que evidenciou vulnerabilidades, mas também fortaleceu vínculos comunitários.


6. RETOMADA EM GRANDE ESTILO (2022 – 2024): A 29ª PARADA

Com a retomada da vida pública, a Parada voltou ocupando Copacabana com muita energia. A 29ª edição, realizada em 2024, trouxe o tema “Somar Para Fortalecer” e reforçou a centralidade da luta por cidadania plena.

Foram instalados postos de saúde, pontos de acolhimento, trios temáticos e participação de grandes artistas. Mais uma vez, a comunidade mostrou sua força.


7. AMANHÃ: A 30ª PARADA DO ORGULHO LGBTI+ DO RIO (23/11)

Amanhã, 23 de novembro, Copacabana viverá um momento histórico: a 30ª Parada do Orgulho LGBTI+ do Rio de Janeiro.

Três décadas depois da primeira marcha de resistência, o evento chega à sua edição comemorativa reafirmando:

  • longevidade,

  • força política,

  • impacto cultural,

  • relevância social.

A Parada de número 30 deve reunir centenas de milhares de pessoas com trios elétricos, música, discursos, performances e um forte chamado à defesa dos direitos humanos. Será um reencontro entre gerações, entre militantes históricos e juventudes que hoje reinventam as formas de ocupar o mundo.

A história continua — e todos nós somos parte dela.


Nota de Solidariedade - Grupo de Apoio à Adoção Cores da Adoção (Bruna Saavedra e Anna Caroline Rodrigues)








Postado originalmente aqui: 

Sigam o perfil do Grupo de Apoio Cores da Adoção. ☝☝☝



 

A PRISÃO DE BOLSONARO: RELEMBRE SEUS CRIMES — ELE MITOU MESMO NA BANDIDAGEM

A PRISÃO DE BOLSONARO: RELEMBRE SEUS CRIMES — ELE MITOU MESMO NA BANDIDAGEM


Bolsonaro foi preso


por Sergio Viula


Hoje, o Brasil testemunhou um acontecimento histórico: a prisão de Jair Bolsonaro pela Polícia Federal. Um marco da justiça democrática. Um recado claro de que nenhum governante, por mais poderoso que pareça, está acima da lei.

Para celebrar este passo essencial rumo à responsabilização, organizamos uma lista completa, objetiva e direta com os principais crimes, acusações, irregularidades e discursos de ódio que marcaram a trajetória do ex-presidente — de misoginia, homofobia, transfobia e racismo até golpismo, corrupção e atentados contra a saúde pública.


1) CONDENAÇÕES JÁ EXISTENTES

1.1 Inelegibilidade pelo TSE (2023–2030)

Condenado por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação ao atacar o sistema eleitoral usando a estrutura estatal.

1.2 Condenação por misoginia (caso Maria do Rosário)

Ao dizer que a deputada “não merecia ser estuprada”, Bolsonaro recebeu condenação por danos morais — um marco do machismo violento que sempre carregou.

1.3 Condenação por racismo (decisão civil)

Indenização por danos coletivos após declarações racistas contra negros, indígenas e quilombolas.


2) INDICIAMENTOS DA POLÍCIA FEDERAL

2.1 Caso das joias (peculato, lavagem e associação criminosa)

Indiciado por desviar, ocultar e tentar vender joias de Estado recebidas em missões oficiais.

2.2 Fraude em cartões de vacinação

Indiciado por falsificação ideológica, uso de documentos falsos e associação criminosa para criar um histórico fake de vacinação.

2.3 Uso ilegal do aparato de inteligência

Apontado como beneficiário de monitoramento clandestino de ministros, parlamentares, jornalistas e opositores.


3) ATAQUES À DEMOCRACIA E TENTATIVA DE GOLPE

3.1 Conspiração para subverter o resultado das eleições de 2022

Planejamento e articulação para impedir a posse de Lula, incluindo desinformação, reuniões golpistas e minutas de decretação de estado de sítio.

3.2 Relação com os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023

Investigado por instigar e se omitir deliberadamente diante das invasões golpistas que atacaram os Três Poderes.


4) CORRUPÇÃO NO ENTORNO FAMILIAR

4.1 Esquema das “rachadinhas”

Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz conduzindo esquema de peculato e lavagem, com implicações políticas e morais para toda a família.


5) A TRAGÉDIA DA PANDEMIA

5.1 Sabotagem sanitária documentada

A CPI da COVID relatou:

  • atraso deliberado na compra de vacinas;

  • promoção de remédios ineficazes;

  • desinformação sistemática;

  • desprezo pela vida em plena pandemia.

Milhares de vidas foram impactadas diretamente.


6) DESTRUIÇÃO AMBIENTAL

6.1 Desmonte do IBAMA e ICMBio

Redução da fiscalização, explosão do desmatamento e incentivo ao garimpo, inclusive em terras indígenas.


7) DISCURSOS DE ÓDIO — MISOGINIA, HOMOFOBIA, TRANSFOBIA E RACISMO

7.1 Misoginia

Declarações agressivas, violentas e de desprezo às mulheres.

7.2 Homofobia

Frases como “preferiria um filho morto a um filho gay” e ataques sistemáticos à comunidade LGBTQIA+.

7.3 Transfobia

Ridicularização de pessoas trans, bloqueios a políticas de proteção e desrespeito à identidade de gênero.

7.4 Racismo

Comentários depreciativos sobre negros, quilombolas (“nem para procriar servem”) e povos indígenas.


8) ATAQUES À IMPRENSA, À CIÊNCIA E À CULTURA

8.1 Perseguição e intimidação

Hostilidade constante contra jornalistas, cientistas, artistas e universidades.


UM PAÍS QUE RESPIRA NOVAMENTE

A prisão de Bolsonaro não é vingança: é justiça.
É o início de um novo capítulo — onde a democracia reafirma sua força e onde discursos de ódio, corrupção, destruição institucional e ataques a minorias enfim encontram limites.

Hoje o Brasil respira.


Hoje o Brasil diz: ditadura nunca mais, golpe nunca mais, impunidade nunca mais.

A prisão acontece no feriado da Consciência Negra e na véspera da 30ª Parada do Orgulho LGBT do Rio (Copacabana). Poderia haver uma coincidência mais emblemática — esse racista homofóbico ter sido preso justamente nesse final de semana? Celebremos!

E o Fora do Armário celebra: o amor venceu mais uma vez.

Lufthansa coloca passageiro LGBTQ+ em risco

Lufthansa coloca passageiro LGBTQ+ em risco



Por Sergio Viula


Nos últimos dias, veio à tona uma história que deveria alarmar qualquer pessoa minimamente preocupada com direitos humanos — e, especialmente, com a segurança de viajantes LGBTQ+ no mundo. Trata-se da ação judicial movida por um casal gay contra a Lufthansa, acusando a companhia aérea de ter exposto seu casamento às autoridades sauditas, comportamento que acabou forçando um dos parceiros ao exílio permanente.

Sim, você leu certo: uma empresa privada europeia, operando em um dos regimes mais repressivos do planeta, tomou atitudes que contribuíram diretamente para colocar a vida de um passageiro em risco. E agora terá que responder por isso na Justiça dos Estados Unidos.

O que aconteceu no Aeroporto de Riade

O caso envolve um casal — um norte-americano e um cidadão da Arábia Saudita — legalmente casados em San Francisco desde 2013. Em 2021, durante uma conexão no Aeroporto de Riade, funcionários da Lufthansa passaram a questionar o relacionamento entre eles. Segundo o processo, os funcionários:

  • questionaram publicamente o vínculo afetivo do casal;

  • exigiram o certificado de casamento;

  • escanearam o documento;

  • e enviaram o arquivo para a sede da empresa.

Tudo isso depois de o casal alertar que qualquer exposição poderia colocar o parceiro saudita em grave risco, já que a Arábia Saudita criminaliza relações homoafetivas e mantém um aparato estatal voltado à vigilância contínua dos cidadãos.

Semanas após o incidente, o governo saudita alterou o perfil oficial do parceiro no sistema nacional para “casado”. Essa simples mudança, aparentemente burocrática, funcionou como uma exposição automática de sua orientação sexual a um Estado que pune homossexualidade com prisão, tortura e até pena de morte. Resultado: ele fugiu permanentemente para os Estados Unidos, rompendo com sua família, sua carreira e sua vida no país de origem.

A decisão da Justiça americana

Recentemente, um tribunal federal de apelações determinou que o processo pode seguir adiante na Califórnia. A Lufthansa argumentou que o caso deveria ser julgado em outra jurisdição, mas a corte entendeu que a empresa tem laços comerciais sólidos com o estado — o que justifica sua responsabilização ali mesmo.

Isso é importante porque abre caminho para que companhias internacionais não possam simplesmente se esconder atrás de complexidades legais quando colocam passageiros LGBTQ+ em perigo.

A Lufthansa, por sua vez, nega qualquer irregularidade. Mas, ao que tudo indica, terá dificuldade para explicar por que funcionários ignoraram avisos explícitos de risco e trataram um documento tão sensível como se fosse apenas mais um papel burocrático.

Por que este caso pode fazer história

A ação judicial contra a Lufthansa tem potencial para redefinir como companhias aéreas e outras empresas que operam em países repressivos precisam lidar com passageiros LGBTQ+. Se houver condenação, alguns efeitos importantes podem surgir:

1. Responsabilidade internacional de empresas ocidentais

O caso pode estabelecer que empresas europeias e norte-americanas devem responder legalmente quando, por negligência, colocam pessoas LGBTQ+ em perigo em países onde suas vidas estão literalmente em jogo.

2. Proteção de dados sensíveis

O certificado de casamento de um casal gay não é um documento neutro. Um simples dado pessoal pode ser usado como arma quando cai nas mãos de autoridades homofóbicas. Esse processo poderá gerar protocolos mais rígidos para o tratamento de documentos que revelam orientação sexual.

3. Treinamento obrigatório de funcionários

É provável que o setor de aviação passe a exigir treinamentos formais sobre riscos enfrentados por viajantes LGBTQ+ em contextos hostis — algo que hoje é praticamente inexistente.

4. Pressão indireta sobre regimes autoritários

Cada vez que um caso como esse ganha visibilidade internacional, também pressiona governos repressivos a serem observados e denunciados por suas leis bárbaras e anacrônicas.

A pergunta que fica: até quando empresas vão agir como se LGBTQ+ fossem cidadãos de segunda classe?

A Lufthansa não criou a homofobia institucional da Arábia Saudita. Isso é óbvio. Mas tinha a obrigação mínima — mínima — de não fornecer combustível para ela.
E, ainda assim, forneceu.

É inadmissível que uma companhia aérea global, com acesso a treinamento, assessoria jurídica e protocolos de segurança, trate a vida de passageiros LGBTQ+ com tamanha indiferença. Não é apenas uma falha administrativa. É uma falha moral, ética e humana.

O precedente que precisamos

Se a Justiça americana confirmar que a Lufthansa agiu de forma negligente e que isso contribuiu para colocar o passageiro em risco mortal, teremos um avanço significativo. Será um passo firme rumo à responsabilização internacional de empresas que operam em territórios perigosos para minorias.

Nenhuma companhia deveria poder alegar desconhecimento quando falamos de países onde existimos ilegalmente.

Para nós, LGBTQ+, a lição é clara

Viajar ainda é um jogo desigual. Nem todo passaporte vale o mesmo. E, em alguns lugares, o simples fato de amar pode nos custar a liberdade — ou a vida.

Mas a lição para as empresas é ainda mais importante:
nossos dados não são seus para entregar. Nossas vidas não são seu risco calculado. Nossos vínculos afetivos não são sua burocracia.


*******************


Guia prático: como viajar com mais segurança sendo LGBTQ+ em países de alto risco

Infelizmente, casos como o da Lufthansa mostram que viajar sendo LGBTQ+ exige cuidados que pessoas heterossexuais raramente precisam considerar. Não se trata de viver com medo, e sim de ter consciência situacional para minimizar riscos reais. Aqui vão recomendações práticas, baseadas em protocolos de segurança adotados por organizações internacionais:

1. Pesquise as leis locais antes da viagem

Pode parecer básico, mas é essencial. Em alguns países, a criminalização atinge:

  • relações homoafetivas,

  • demonstrações públicas de afeto,

  • acesso a sites e aplicativos LGBTQ+,

  • até simples reuniões em espaços privados.

Sites úteis:

  • ILGA World

  • Equaldex

  • Orientação de viagem do governo canadense e britânico (mais completas que as dos EUA)

2. Tenha cuidado com vistos, formulários e informações pessoais

  • Não declare relacionamento homoafetivo em formulários de países hostis.

  • Evite mencionar casamento ou parceria civil, se possível.

  • Use respostas neutras quando a pergunta não for obrigatória.

3. Decida com antecedência como vai se apresentar como casal

Em países de risco:

  • reserve quartos com duas camas, se necessário;

  • evite gestos de afeto em público;

  • adote explicações neutras (“colegas de trabalho”, “primos”, “amigos”, etc.)
    Sim, é injusto. Mas também pode ser a diferença entre segurança e perseguição.

4. Controle seus documentos e o que eles revelam

  • Certificados de casamento, fotos de casal e mensagens íntimas no celular podem ser usados contra você.

  • Prefira viajar com versões digitais criptografadas em vez de cópias impressas.

  • Ative senhas fortes ou biometria no telefone.

5. Considere o “modo viagem seguro” no celular

Alguns procedimentos úteis:

  • desinstale apps LGBTQ+ antes de viajar;

  • mova fotos e conversas privadas para pastas criptografadas;

  • desative pré-visualização de mensagens na tela bloqueada.

6. Evite confrontos com funcionários de aeroportos e fronteiras

  • Agentes alfandegários têm poderes amplos — em muitos países, praticamente ilimitados.

  • Se perguntarem algo que revele sua orientação sexual, responda de maneira curta, neutra e não provocativa.

  • O objetivo nesses contextos é sair dali o mais rápido possível, não “fazer um debate”.

7. Memorize contatos de emergência

  • Embaixada ou consulado

  • Organizações locais (se existirem)

  • Amigos fora do país que possam acionar ajuda rapidamente

  • Apps de emergência como Signal podem ser úteis.

8. Avalie se vale a pena viajar para aquele destino

Há momentos em que a pergunta não é “como viajar com segurança?”, mas sim “vale a pena ir?”.
Sua vida, sua integridade e sua liberdade valem mais que qualquer viagem.

9. Evite escalas desnecessárias em países hostis

Mesmo que seu destino final seja seguro, conexões em países repressivos criam riscos — como aconteceu com o casal do caso Lufthansa.
Sempre que possível, prefira rotas alternativas, mesmo que sejam mais longas.

10. Cadastre sua viagem no consulado do seu país

Esse passo é simples e pode acelerar ajuda consular em situações de emergência.

Casal de mulheres sofre ataque homofóbico em Botafogo — e as perguntas que não querem calar

Casal de mulheres sofre ataque homofóbico em Botafogo — e as perguntas que não querem calar

Ocorrido em: terça-feira, 18 de novembro de 2025

Casal de mulheres gravou as ofensas homofóbicas feitas pelo taxista
Arquivo Pessoal


Por Sergio Viula

No último dia 18 de novembro, Bruna Saavedra e sua namorada, Anna Carolina Rodrigues, sofreram um ataque homofóbico no coração de Botafogo. O agressor? Um taxista que, ao ver as duas passando na rua, desacelerou o veículo para lançar insultos, gritos e ofensas homofóbicas gratuitas — entre elas “filhas do capeta”, como mostrou o vídeo que circulou na imprensa.

As duas registraram a ocorrência na 10ª DP, que investiga o caso como crime de preconceito. Mas, como sempre, há um abismo entre registrar um crime e ver justiça acontecer. E, como sempre, sobram perguntas que ninguém está respondendo.


Botafogo é policiado — então por que nenhuma viatura apareceu?

Botafogo é um dos bairros mais movimentados e policiados da Zona Sul. Então, fica a pergunta inevitável:

Se o ataque aconteceu em via pública e com gritos audíveis, por que nenhuma viatura se aproximou?


O taxista estava em ponto de táxi ou só passando?

Até agora, tudo indica que ele estava circulando, não parado em ponto de táxi.
Ele passou, reduziu e atacou — gratuitamente.


A placa do carro aparece na gravação feita pelas vítimas

Além das imagens captadas por elas, Botafogo tem câmeras por toda parte — do COR-Rio, de prédios, de comércios.

Ou seja: imagens existem. A polícia não pode dizer que não consegue identificar o criminoso.


Fundamentalismo cristão e homofobia: o púlpito que alimenta o ódio nas ruas

A homofobia que Bruna e Anna sofreram não veio do nada. Ela é parte de um ecossistema de ódio que começa nos discursos religiosos fundamentalistas.

Quando líderes religiosos chamam pessoas LGBT de “aberração”, “ideologia maligna”, “filhos do diabo”, eles sabem exatamente o que estão fazendo.

E o resultado é esse: Um taxista, sentindo-se moralmente autorizado por um discurso que legitima a violência, grita com duas mulheres na rua como se estivesse prestando um serviço divino.

Enquanto igrejas fundamentalistas continuarem transformando LGBT em inimigo espiritual, ataques físicos continuarão a acontecer.

E continuarão a acontecer impunemente, até que a sociedade pare de fingir que discurso de ódio religioso é “opinião”.


E as organizações LGBT? Onde estão?

Até o momento, nenhuma ONG LGBT relevante do Rio se manifestou oficialmente sobre o caso.

Também não houve manifestação clara do programa “Rio Sem LGBTIfobia”.

Essa ausência de mobilização institucional deixa o casal — e toda a comunidade LGBT — ainda mais vulnerável.

O mínimo que poderia ser feito seria a convocação de um ato público no local do crime.


Perguntas que ninguém respondeu

  1. Por que a PM não apareceu, mesmo com policiamento intenso no bairro?

  2. A Polícia Civil já usou as imagens de câmera e o vídeo das vítimas para identificar o criminoso?

  3. Por que o taxista ainda não foi identificado?

  4. Por que nenhuma organização LGBT se posicionou?

  5. Até quando o discurso religioso de ódio será tratado como "liberdade de culto"?


O Fora do Armário vai continuar cobrando — das autoridades, das organizações LGBT e das instituições religiosas que alimentam esse ódio — até que o agressor seja identificado e que a homofobia deixe de ser tratada como incômodo e passe a ser tratada como o que é: crime.

A Influência Negra no Brasil — com Destaque para Protagonistas Negros LGBT+

A Influência Negra na História, Cultura, Política, Economia, Tecnologia, Arte, Esportes e Entretenimento no Brasil — com Destaque para Protagonistas Negros LGBT+





Por Sergio Viula


A presença negra é um dos fundamentos mais profundos da formação do Brasil. Desde a chegada forçada de milhões de africanos escravizados até as múltiplas expressões contemporâneas de arte, ciência, política, tecnologia e ativismo, pessoas negras moldaram — e continuam moldando — o país em cada camada da vida social. Dentro desse vasto legado, destacam-se também figuras negras LGBT+, muitas vezes invisibilizadas, mas que desempenharam papéis essenciais na construção cultural, política e econômica do Brasil.


1. História

A história brasileira é indissociável das lutas de resistência negra. Quilombos, revoltas urbanas, movimentos de alfabetização, imprensa negra e organizações culturais pavimentaram o caminho para a cidadania e a democracia racial no Brasil.

Entre as figuras de maior relevância histórica, destaca-se Luiz Gama, abolicionista, jurista autodidata e intelectual cuja atuação foi crucial para libertar ilegalmente escravizados mediante ações judiciais. Outra figura basilar é Zumbi dos Palmares, símbolo máximo da resistência negra e da autonomia quilombola.

É importante lembrar também Madame Satã (LGBT), um ícone histórico que viveu no Rio de Janeiro do início do século XX. Negro, pobre, homossexual e artista, Satã personifica uma resistência multifacetada contra racismo, homofobia e repressão policial.


2. Cultura

A cultura brasileira — musical, religiosa, culinária e linguística — é profundamente marcada por matrizes africanas. Do candomblé à umbanda, do samba ao maracatu, da capoeira ao jongo, as tradições negras moldaram o imaginário nacional.

Figuras como Dona Ivone Lara, pioneira do samba-enredo, e Clementina de Jesus, guardiã dos cantos afro-brasileiros, tornaram-se pontes entre ancestralidade e modernidade.

Entre artistas negros LGBT+, destacam-se Caio Prado, cantor e compositor cuja obra explora identidade, sexualidade e luta social; e Linn da Quebrada (LGBT), cuja arte expõe, questiona e reinventa narrativas de gênero, raça e corpo.


3. Política

A participação negra na política avança apesar de obstáculos estruturais. Desde lideranças quilombolas até parlamentares contemporâneos, o movimento negro tem atuado decisivamente na formulação de políticas antirracistas e de promoção da igualdade.

Nomes como Abdias do Nascimento, senador, professor e fundador do Teatro Experimental do Negro, foram fundamentais na institucionalização do debate sobre racismo no Brasil. Benedita da Silva, figura histórica da política brasileira, é uma das parlamentares mais longevas e importantes do país.

Na política contemporânea, também se destacam pessoas negras LGBT+. Entre elas, Érika Hilton (LGBT), uma das vozes mais expressivas da defesa dos direitos humanos e das políticas públicas de inclusão; e Erica Malunguinho (LGBT), primeira deputada trans do país e liderança no campo governamental e cultural.


4. Arte

A arte brasileira — dança, teatro, cinema, literatura e artes visuais — é profundamente enriquecida por artistas negros. A literatura conta com nomes como Conceição Evaristo, criadora da escrevivência, e o poeta Sérgio Vaz, fundador da Cooperifa.

No cinema e nas artes cênicas, destacam-se Lázaro Ramos e Taís Araújo, que impulsionam narrativas negras com força inédita, dentro e fora das telas.

No campo das artes visuais, a influência de Abdias do Nascimento e de artistas como Rosana Paulino é incontornável, trazendo ao centro temas como diáspora, memória e corpo negro.

Entre artistas visuais e corpos híbridos de performance, Ventura Profana (LGBT) e Jup do Bairro (LGBT) expandem fronteiras estéticas e políticas, trazendo espiritualidades afro-diaspóricas, crítica social e experimentação radical.


5. Tecnologia

A inovação tecnológica brasileira vem sendo transformada por profissionais negros e, especialmente, por mulheres negras que lideram programas de inclusão digital, startups e espaços de formação.

Entre as lideranças mais influentes do Brasil e da diáspora está Nina Silva (LGBT), especialista em tecnologia, executiva premiada globalmente e cofundadora do Movimento Black Money. Sua atuação amplia o acesso de pessoas negras ao ecossistema de fintechs, blockchain e economia digital.

Outro nome essencial é Silvana Bahia (LGBT), coordenadora do Olabi e cofundadora da PretaLab, que desenvolve programas para aumentar a presença de mulheres negras e LGBT+ em tecnologia, programação e inteligência artificial.

A área também conta com referências como Karen Santos, criadora da UX Para Minas Pretas, que atua na formação de designers negras em um setor altamente competitivo.


6. Entretenimento

O entretenimento brasileiro é profundamente influenciado por artistas negros em múltiplas frentes — música, TV, humor, cinema, streaming e internet.

Na música, figuras como Elza Soares, Gilberto Gil, Djonga e Iza moldam estéticas e discursos que influenciam gerações. Nas telas, a presença de artistas como Taís Araújo, Camila Pitanga e Lázaro Ramos fortalece uma representação mais diversa e realista do Brasil.

No campo LGBT+, nomes como Pabllo Vittar (LGBT), Liniker (LGBT) e Gloria Groove (LGBT) são hoje expoentes globais, movimentando não apenas a indústria fonográfica, mas moda, publicidade e plataformas digitais.


7. Esportes

O Brasil esportivo é impensável sem atletas negros. No futebol, desde Pelé até Marta, passando por Djalma Santos, Garrincha, Romário e Formiga, a influência é total. No atletismo, Adhemar Ferreira da Silva foi pioneiro e bicampeão olímpico; no boxe, Maguila marcou época; no vôlei, Leila e Paula Pequeno se tornaram referências mundiais.

No universo LGBT+ do esporte, um nome absolutamente histórico é Tiffany Abreu (LGBT), primeira atleta trans a competir na Superliga de Vôlei, abrindo caminho para outras pessoas trans e desafiando estruturas rígidas do esporte profissional. No futebol, a jogadora Bárbara (LGBT), goleira da seleção, e Marta (LGBT), maior artilheira da história das Copas, são símbolos de excelência e representatividade.


8. Economia e Atividade Empresarial de Ponta

A economia brasileira vem sendo transformada por empreendedores, executivos, criadores e especialistas negros que atuam em setores de inovação e alta performance.

No mundo das startups, destacam-se novamente Nina Silva (LGBT) e Silvana Bahia (LGBT), mas também talentos como Raquel Virgínia (LGBT), empresária de impacto e cofundadora da Nhaí!, que trabalha com diversidade, ESG e inovação corporativa.

Outra figura essencial é Rachel Maia, uma das mais influentes executivas do país, ex-CEO da Lacoste Brasil e referência em liderança empresarial. Na moda e beleza, empreendedoras como Ana Paula Xongani e Camila Nunes moldam um mercado multibilionário em sintonia com demandas de representatividade e consumo consciente.

A chamada economia negra, ou Black Money, movimenta bilhões e influencia diretamente os setores de tecnologia, varejo digital, educação online, economia criativa, comunicação, publicidade e serviços financeiros.

Nesse ecossistema, pessoas negras LGBT+ têm papel decisivo, gerando impacto em modelos de negócios, metodologias inclusivas, criatividade e redes globais de inovação.


Conclusão

A influência negra no Brasil não é apenas profunda: é estruturante. Atravessa todas as dimensões da vida social — história, política, economia, tecnologia, cultura, arte, esporte e entretenimento. Quando ampliamos o olhar para incluir explicitamente figuras negras LGBT+, percebemos nuances ainda mais ricas e potentes dessa contribuição.

O Brasil foi (e continua sendo) construído, sustentado e reinventado diariamente pela criatividade, pela resistência e pela genialidade negra — em toda a sua diversidade.

Lula vetou uso de língua neutra nos documentos oficiais, e ele está certo!

Língua Neutra: Por Que Essa Discussão Nos Distrai do Que Realmente Importa


👇👇👇👇



Por Sergio Viula 


Hoje eu quero conversar sobre um tema que voltou com força total, virou briga em rede social e já chegou até ao debate político formal: a chamada “língua neutra”.

E, antes de mais nada, precisamos colocar algumas coisas em perspectiva.
 
O Que Se Chama Hoje de “Língua Neutra”

A proposta da “língua neutra” parte da ideia de eliminar marcadores de gênero do português — deixar de indicar se uma palavra é masculina ou feminina.
Seria algo como trocar “garoto” e “garota” por “garote”, alterando também artigos e outras terminações.

Mas, antes de discutir a solução, é importante olhar para o que realmente causa o incômodo: preconceito não nasce da gramática. Não existe neutralidade absoluta. O preconceito está na cabeça e na cultura, não no “a” ou no “o” que fecham as palavras.
Mudar a Palavra Não Muda o Preconceito

Há um exemplo histórico que sempre vale lembrar: a transição de homossexualismo para homossexualidade.

A troca foi necessária, claro — o sufixo “-ismo” carregava uma conotação patologizante aplicada somente a pessoas homossexuais, já que jamais se falou “heterossexualismo”.

Ou mudávamos as duas, ou corrigíamos o erro para as duas. 
O problema, portanto, sempre foi valorativo, não linguístico.

Depois disso, adotaram “gay” como termo afirmativo. Nada contra: eu mesmo prefiro ser chamado de gay do que de “sodomita”, palavra tirada de um mito usado politicamente para atacar pessoas homossexuais e trans.

Mas mesmo “gay”, que originalmente só queria dizer “feliz”, passou séculos sendo usado de maneira pejorativa. E ainda é. Ou seja: não é a palavra que carrega preconceito — somos nós que carregamos para dentro dela o preconceito.
 
Línguas Sem Gênero Também Têm Preconceito

Outro ponto importante: nem toda língua marca gênero como o português.

O japonês não marca gênero na gramática. O inglês quase não marca. 
E, mesmo assim, países que falam essas línguas enfrentam preconceitos profundos.

A Índia, antes da colonização inglesa e da imposição do cristianismo, convivia muito melhor com pessoas LGBT. 
O problema não era a língua — eram os valores importados.
 
Gênero Gramatical Não É o Inimigo — a Valoração É

Se a mulher é considerada inferior ao homem, o problema está no machismo estrutural, não no fato de existirem palavras femininas e masculinas.

Mexer na estrutura inteira da língua não resolve essa desigualdade. 
E pior: cria uma série de complicações práticas, especialmente para quem depende de clareza linguística.
 
Consequências Reais na Educação e Acessibilidade


Pense em pessoas com dislexia, autistas, surdos que fazem leitura labial.

Criar novas terminações, símbolos ou trocas arbitrárias tornaria o aprendizado ainda mais difícil.

Se há algo que de fato ajudaria a inclusão, seria a obrigatoriedade da Libras em todos os níveis escolares, o que beneficia pessoas surdas — inclusive LGBT — em situações muito concretas.
 
Diferenças Gramaticais Entre Línguas Não Mudam Realidades

O português marca gênero em praticamente tudo. 
O espanhol também — mas, por exemplo, “leite” é masculino no português e feminino no espanhol. E no inglês é simplesmente “milk”.

A marcação ou ausência de marcação não reduz preconceito. 
Ela apenas reflete um sistema estrutural de cada língua.
 
E as Consequências Jurídicas e Científicas?
 
No Direito, gênero gramatical é essencial em áreas como previdenciário, definições legais, critérios de aposentadoria e garantias específicas. 
Imaginem reescrever leis inteiras e criar categorias artificiais só para caber num “neutro”. Seria um caos interpretativo e jurídico.

Na ciência, seria simplesmente inviável escrever trabalhos acadêmicos, artigos técnicos ou textos filosóficos cheios de “x” ou trocas artificiais.

O conhecimento exige clareza, não opacidade.
 
E a Saúde? Onde Acomodar as Pessoas?

Na saúde, o foco precisa ser acolher as pessoas conforme sua identidade de gênero real, não criar uma categoria inexistente.
  • Homem trans na ala masculina.
  • Mulher trans na ala feminina.
Simples, direto e respeitoso.

Mas e quem não se identifica com nada? Vai para onde?

Para um “setor neutro”? Isso não existe — e não pode existir por inviabilidade prática.
Exigir isso não melhora a vida de ninguém.
 
O Cotidiano Não Aguenta Essa Artificialidade

Sou gay, uso aliança. Às vezes, alguém pergunta pela “esposa”. Eu corrijo: “É meu marido.” Pronto, conversa segue normal. Agora imagine exigir que toda pessoa, para cada palavra que disser, pare e pense: “Qual a forma neutra correta aqui para eu não ofender ninguém?”

Isso não é viável. É pedir que o idioma deixe de ser ferramenta de comunicação para virar um labirinto.
 
Falsos Paralelismos Que Precisamos Abandonar

  1. Casamento igualitário incluiu mais gente sem excluir ninguém. Reformou a legislação — não a língua inteira.
  2. Banheiros neutros não têm nada a ver com “linguagem neutra”. A solução é estrutural: cabines individuais até o chão.
  3. Estupro não acontece por causa de banheiros sem gênero.
  4. Tratar mulheres trans no feminino e homens trans no masculino não é justificativa para inventar um gênero inexistente. São identidades reconhecidas, não categorias novas que precisam reescrever a língua.
Para a maior parte das pessoas — especialmente em cidades pequenas, distantes dos grandes centros — esse tipo de invenção simplesmente não será absorvido. E não acrescenta nada de concreto à nossa luta.
 
Vamos Mirar No Alvo Certo

A discussão sobre “língua neutra” desvia energia do que realmente importa:
  • Direitos reais para pessoas LGBT.
  • Políticas públicas que salvam vidas.
  • Combate ao preconceito cultural, religioso e institucional.
  • Educação inclusiva, acessível e robusta.

As palavras importam, sim.

Mas não é mudando artigos, sufixos ou inventando novos símbolos que vamos acabar com a LGBTfobia.

A mudança precisa ser na mente, na lei e na cultura — não na gramática.

Espaço Força e Luz recebe Cassandra Calabouço - 22/11/25

 

👇👇👇👇👇👇

Cassandra Calabouço

👇👇👇👇👇👇



Reprodução do perfil https://www.instagram.com/eflcultural/


No dia 22 de novembro, o Profissão Artista recebe Cassandra Calabuço e Fernanda Rosa para o encontro “Artes do Corpo e Cultura Queer”.Nesta conversa, corpo, arte e identidade se cruzam como formas de criação e resistência — lugares onde a experiência pessoal se transforma em linguagem artística.

🎭 No vídeo, Cassandra fala sobre o que move essa troca e o que podemos esperar dessa manhã dedicada à arte e à potência dos corpos dissidentes.

📅 Sábado, 22/11, das 10h às 12h

📍 Auditório Barbosa Lessa — 4º andar, Espaço Força e Luz

Rua dos Andradas, 1223
Porto Alegre/RS
CEP 90020-009

Whatsapp: +55 51 9105-8501
E-mail: contato@eflcultural.org.br

💬 Entrada gratuita, com certificado e interpretação em Libras.

#ProfissãoArtista #EspaçoForçaeLuz #CulturaQueer #ArteContemporânea #EconomiaCriativa #PortoAlegre #formacaocultural


*******************
Comentário deste blogueiro

Quem é Cassandra Calabouço?

Cassandra Calabouço é uma drag queen com 25 anos de carreira e com uma obra potente, sensível e politicamente engajada. Ela transcende o entretenimento. 


Cena do espetáculo
Onde está Cassandra?

Os moralistas e seus esqueletos no armário: 15 vezes em que eles morderam a própria língua

 Quinze vezes em que moralistas morderam a própria língua

Os moralistas e seus esqueletos no armário



Por Sergio Viula


É curioso — e ao mesmo tempo profundamente revelador — observar como alguns dos mais barulhentos fiscais da sexualidade alheia acabam tropeçando nos próprios discursos moralistas. São políticos, padres, pastores e líderes espirituais que ergueram bandeiras de “defesa da família tradicional”, que demonizaram a população LGBT+, que tentaram ditar regras sobre quem pode amar quem, mas que, quando as cortinas caíram, mostraram uma realidade de abusos, mentiras, exploração, crimes e contradições.

Há um padrão. E ele se repete com uma frequência que não pode mais ser ignorada.

Nesta postagem, reunimos 15 casos documentados, brasileiros e internacionais, envolvendo figuras públicas que se posicionaram contra os direitos LGBT+ — e que depois foram acusadas, flagradas ou condenadas em escândalos sexuais, muitos deles violentos. O objetivo não é sensacionalismo; é deixar evidente a hipocrisia de quem tenta restringir direitos enquanto comete, nas sombras, exatamente aquilo que condena publicamente ou algo ainda pior.

Porque, felizmente, a verdade sempre encontra uma brecha para sair do armário.


1) Pastor Marco Feliciano (Brasil)

Deputado federal e pastor, conhecido nacionalmente por declarações contra pessoas LGBT+. Em agosto de 2016, foi denunciado pela estudante Patrícia Lélis, que o acusou de tentativa de estupro e cárcere privado. A denúncia rendeu investigação policial e enorme repercussão. O caso gerou disputas judiciais, versões conflitantes e novos episódios em 2022, quando a denunciante voltou a falar sobre o episódio nas redes. Apesar das controvérsias processuais, o episódio marcou profundamente sua imagem e expôs contradições dentro do discurso moralista que sempre adotou.


2) Padre Frederico Cunha (Brasil/Portugal)

Condenado em Portugal em 10 de março de 1993 pelo homicídio do adolescente Luís Miguel, de 15 anos, em um caso permeado por relatos de abuso sexual. Após fugir da justiça portuguesa, viveu por anos no Brasil. Em 29 de fevereiro de 2024, o Vaticano publicou sua demissão do estado clerical. Seu caso é um dos mais emblemáticos da combinação entre violência sexual, abuso de poder religioso e um longo histórico de impunidade.


3) Pastor Marcos Pereira da Silva (Brasil)

Pastor e fundador da Assembleia de Deus dos Últimos Dias, famoso por discursos “contra o pecado” e por pregar supostas “curas espirituais”. Em 7 de maio de 2013, foi preso preventivamente após ser acusado por múltiplas fiéis de estupro e coerção espiritual. Em 12 de setembro de 2013, foi condenado em primeira instância a 15 anos de prisão. Seu ministério ficou marcado por denúncias de cárcere privado, agressões, ameaças e manipulação emocional.


4) João Batista dos Santos (Brasil)

Líder religioso condenado por praticar estupro contra uma adolescente de 13 anos sob justificativa de “cura” da sexualidade da vítima. Em 15 de setembro de 2020, recebeu pena de 20 anos e 6 meses pelo crime. O caso é particularmente chocante por envolver ideologia de “cura gay” como ferramenta de violência.


5) Pastor Ted Haggard (EUA)


Pastor influente e abertamente contrário aos direitos LGBT+. Em novembro de 2006, envolveu-se em um escândalo após o massagista Mike Jones revelar encontros pagos com ele, envolvendo sexo e metanfetamina. Haggard admitiu parte das acusações, renunciou ao ministério e se afastou temporariamente da vida pública.


6) Pastor Jimmy Swaggart (EUA)


Televangelista e crítico feroz de minorias sexuais. Em fevereiro de 1988, foi flagrado em um escândalo envolvendo uma trabalhadora do sexo. Ao vivo, chorou diante das câmeras pedindo perdão — apenas para, em 1991, se envolver em novo episódio semelhante. Continuou pregando em escala reduzida, mas jamais recuperou a credibilidade.


7) Televangelista Jim Bakker (EUA)

Fundador do PTL Club e figura moralista da TV cristã norte-americana. Em 1987, explodiu o escândalo envolvendo pagamento secreto para silenciar Jessica Hahn, que o acusava de abuso. Em 1988, foi indiciado por fraude, e em 1989, condenado a 45 anos de prisão, posteriormente reduzidos. Apesar de a condenação principal ter sido financeira, o caso sexual desencadeou toda a queda pública.


8) Pastor Bill Hybels (EUA)


Fundador da megachurch Willow Creek e líder global de pastores. Em 2018, várias mulheres denunciaram assédio e comportamento sexual inapropriado. Hybels renunciou imediatamente. Em fevereiro de 2019, uma investigação independente concluiu que as denúncias eram “credíveis e consistentes”. O caso abalou profundamente o movimento evangélico progressista norte-americano.


9) Líder evangélico Jerry Falwell Jr. (EUA)


Presidente da Liberty University e defensor público de agendas anti-LGBT+. Em agosto de 2020, o caso que tornou público o relacionamento extraconjugal da esposa com Giancarlo Granda — e sua própria participação indireta — levou à renúncia explosiva do líder conservador. A hipocrisia de quem pressionava alunos a seguir códigos de conduta rígidos ficou evidente.


10) Deputado Wes Goodman (EUA)

Deputado estadual de Ohio e ativista “pró-família”, com discurso explicitamente anti-LGBT+. Em novembro de 2017, foi flagrado mantendo relações sexuais com um homem em seu próprio gabinete legislativo. Renunciou imediatamente. Investigações posteriores mostraram outros casos de assédio e conduta sexual imprópria.


11) Evangelista Ravi Zacharias (Internacional)

Apologista cristão conservador com grande influência global. Após sua morte em maio de 2020, denúncias começaram a surgir. A RZIM encomendou uma investigação independente, cujo relatório, divulgado em fevereiro de 2021, confirmou múltiplos casos de abuso sexual, exploração e manipulação espiritual. O escândalo implodiu o ministério internacional.


12) Líder espírita Kléber Aran Ferreira da Silva (Brasil)

Líder espiritual brasileiro condenado por agressões e abuso sexual de seguidoras. Em 7 de novembro de 2024, foi condenado pela Justiça da Bahia a 20 anos e 5 meses de prisão. O caso ganhou destaque nacional pela estrutura hierárquica coercitiva criada em torno de seu nome, típica de líderes manipuladores que exploram vulneráveis.


13) Médium João de Deus — João Teixeira de Faria (Brasil)

Médium internacionalmente famoso, atraía multidões à cidade de Abadiânia. Em dezembro de 2018, dezenas de mulheres o denunciaram por estupro e abuso sexual. Foi preso em 16 de dezembro de 2018. Nos anos seguintes, acumulou diversas condenações, totalizando centenas de anos de pena em primeira instância. Seu caso se tornou um dos maiores escândalos de abuso espiritual e sexual da história do Brasil.


14) Pastor Sérgio Amaral Brito (Brasil)

Pastor, autodeclarado psicanalista e terapeuta. Preso em 16/12/2021, teve prisão preventiva decretada em 14/01/2022 por abusar sexualmente de ao menos oito mulheres durante supostas sessões terapêuticas. Utilizava o chamado “abraço terapêutico”, além de pedir fotos íntimas, lingerie e contato físico invasivo como suposto “tratamento”.


15) Ryan J. Muehlhauser (Estados Unidos)

Pastor de Minnesota ligado a organização cristã anti-gay. Preso em novembro de 2012, responde a oito acusações criminais por abusar sexualmente de dois homens durante sessões de suposta “cura gay”. Os abusos ocorreram entre 2010 e 2012. Casado e pai de dois filhos, usava seu papel religioso para manipular as vítimas, que acreditavam estar recebendo aconselhamento espiritual legítimo.


Conclusão: A máscara sempre cai — e o amor sempre vence

Cada um desses casos expõe algo profundo: não é sobre moral, nem sobre fé, nem sobre família. É sobre controle. É sobre usar a religião e a política como ferramentas para perseguir, humilhar e restringir direitos — enquanto, por trás das cortinas, esses mesmos “guardiões da moral” cometem abusos, mentem para seus seguidores e violam exatamente aquilo que dizem defender, mas o que defendem de fato é a exclusão de pessoas honestas que apenas querem viver suas vidas autenticamente, sejam elas lésbicas, gays, bissexuais, transgêneras, intersexuais, assexuais, etc. (LGBTQIA+).

A boa notícia?

Eles estão caindo.

Um por um.

Enquanto isso, a comunidade LGBT+ segue avançando, ocupando espaços, conquistando direitos, vivendo amores reais, construindo famílias reais — sem precisar esconder nada, sem mentir para ninguém, sem destruir vidas para preservar aparências.

No fim das contas, quem vive no armário da hipocrisia sempre será vencido pela luz da verdade.

E essa luz hoje se chama diversidade, igualdade, justiça e democracia.


Continuemos firmes contra o fascismo, contra o fundamentalismo — e sempre ao lado do amor em todas as suas formas. E contra os abusadores de qualquer espécie, a Lei!



Postagens mais visitadas