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Sentir-se só mesmo quando bem acompanhado...


Sentir-se só mesmo quando bem acompanhado...

É interessante como podemos estar cercados de gente sem qualquer vínculo afetivo conosco, ou no círculo de nossos melhores amigos, ou ainda com a pessoa que nosso coração elegeu como a melhor do mundo pra compartilhar a vida, e continuar sentindo solidão uma vez ou outra.

Solidão não tem nada a ver com a nossa localização geográfica, nem com a nossa posição social, nem com nosso estado civil, nem com nossa ferveção social (ou falta dela). Menos ainda com religião, clube de afiliação, comunidade orkutiana, etc. Solidão parece um sentimento que dispensa causas verificáveis. É um sentimento que, vez por outra, vai chegando e se instalando sem a menor cerimônia. Às vezes, aparece quando tudo vai bem. Outras vezes, quando algo vai mal. Entendendo-se bem e mal aqui apenas como nosso índice de bem-estar pessoal em função da realização de nossos desejos.

Muitas vezes eu busco a solidão. Adoro andar sozinho. Há dias em que desejo ver um filme sozinho. Até mesmo comer alguma coisa ou tomar uma bebidinha sozinho. Há momentos em que desejo estar só na rua. Outras vezes, em casa. Esse desejo, porém, é por estar sozinho; não solitário. Sentir-se solitário pode ser terrível, e não tem nada a ver com aquela individualidade, privacidade, silêncio ou "auto-curtição" que busco quando quero estar desacompanhado.

Ontem experimentei esse sentimento: a solidão. Não foi a primeira vez na vida. Tenho 40 anos! Ao longo de quatro décadas, já experimentei solidão várias vezes — nas mais diversas circunstâncias. Pensei que, depois de uma noite, a solidão fosse diminuir. Que nada. Persistiu. Insistiu em me acompanhar o dia todo. Não tendo outra coisa para fazer a respeito da mesma, decidi escrever essas linhas. Escrever faz-me bem — assim como ler.

Se me pedissem uma explicação para o que sinto, eu não a teria. Mas de uma coisa estou certo: a solidão acompanha o ser humano ao longo da vida. E por isso inventamos tantos passatempos, tantos eventos, tanto trabalho, tantas crenças em "amigos imaginários superdesenvolvidos" — deuses, anjos, espíritos, guardiães, etc. O problema é que, no fundo, nada disso resolve definitivamente a solidão, especialmente quando a morte nos arranca alguém que amamos, sejam eles nossos pais, filhos, parentes, amigos ou amores.

Acho que me sinto solitário quanto mais nítida fica a noção de transitoriedade que caracteriza tudo e todos através da experiência de viver. Há aqueles que morrem. Há aqueles que somem. Há aqueles que rompem. Há aqueles que esquecem. Também eu, que, apesar de não ter morrido ainda, já sumi da vida de muita gente, já rompi com outros tantos, já esqueci de alguns outros, ao mesmo tempo que agreguei tantos mais. E a equação dessas perdas e ganhos gera um certo mal-estar, que nem sempre é sentido, mas que também nunca desaparece totalmente.

Bem, esse blog costuma ser bem-humorado a maior parte do tempo. Aliás, coloquei isso logo na apresentação do blog, naquela faixa laranja lá em cima. Mas existem momentos em que eu compartilho sentimentos e experiências nem tão divertidos assim. Hoje foi um desses dias.

Contudo, nada disso é definitivo. Sentimentos mudam. Pode ser que, antes de ir pra cama hoje, eu já esteja me sentindo totalmente diferente. Mas, fica dito... A sensação de solidão é uma visitante regular, mas não pode jamais tornar-se hóspede permanente.

A vida é bela!!!

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