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SEXO! por Sergio Viula


SEXO! 


Por Sergio Viula para o blog Fora do Armário


Como tudo que os seres humanos fazem, o sexo envolve uma série de mitos, tabus e preocupações. Sexo, porém, deveria ser algo quente, úmido, terno, sacana, cheio de cumplicidade, e totalmente desprovido de medo ou culpa. Os seres humanos criam diversos impeditivos para a maior parte de suas funções biológicas, as quais envolvem uma variada e substancial gama de química. É provável que seja correto dizer que o ato sexual é um processo bio-químico com grandes repercussões psicológicas, sociais, políticas, econômicas, e tudo isso porque nós sempre complicamos o que deveria ser simples.

Assim como não basta nos alimentarmos: inventamos garfo, faca, prato, copo, guardanapo, etc, também não apenas transamos, mas inventamos uma série de coisas em torno do amor. A gente inventa uma série de estratégias de conquista, de resistência e de consentimento. Também inventamos uma série de protocolos para o namoro, o noivado e o casamento, os quais por si mesmos também são artifícios da nossa criatividade, seja por orgulho, ambição, egoísmo, ou qualquer outro sentimento. Seria simples meter a mão e comer o que se deseja; seria simples ir para a cama com quem se quer (desde que os dois queiram), mas a gente complica. E isso acontece por razões psicológicas. Gostamos de nos sentir seguros, completos, donos de alguém, mesmo quando não conseguimos nem ser donos de nós mesmos ainda.

Além das razões psicológicas, a complicação do simples ato de transar, por meio da instituição de normas rígidas, já é um fenômeno social em si mesmo. Desejamos ser aceitos no meio em que vivemos e queremos que nossa forma de amar também o seja. Queremos que as pessoas reconheçam nosso desejo como normal, ou seja, de acordo com as normas estabelecidas pela/na sociedade onde vivemos. E, se nosso desejo ainda não é visto assim, a gente luta para incluír nosso modo de amar como sendo digno e justo, criando novos códigos, novas normas.

Politicamente, isso tem várias implicações, mas hei de lembrar que por política não estou falando de governos ou Estados simplesmente. Estou falando da arte de conviver com outros seres humanos pela via do diálogo e do direito, ou seja, sem que haja guerra de todos contra todos ou de alguns contra os demais. Nosso amor ganha feições políticas quando passamos a querer garantir direitos. A gente quer resguardar ou conquistar benefícios. A gente quer que nosso amor/desejo seja reconhecido como digno do direito de cidade, ou seja, tenha direito à cidadania.

Economicamente falando, a invenção do casamento visava manter heranças dentro do mesmo clã ou do mesmo núcleo familiar, mas nós complicamos a coisa de tal maneira que o casamento passou a ser o preço que se paga pelo ato sexual. Para desfrutar das alegrias de uma relação sexual que pretende ser renovada a vida toda ou por muito tempo, pelo menos, os seres humanos metem-se em contratos de casamento que acabam servindo somente para amarrá-los e dar-lhes ainda mais trabalho para se soltarem, caso descubram que aquela relação não era exatamente o que desejavam ou que já foi, mas não é mais.

Tudo isso acontece porque nosso orgulho não tolera menos do que a boa consideração dos outros para conosco. Nosso egoísmo não aceita nada menos do que a garantia de que "o que é meu, é meu; e o que é seu, é nosso". A ambição nos motiva a querer acumular, conquistar mais, obter mais. Para muita gente o casamento não é uma via de mão dupla (dar e receber, trocar), mas uma via de mão única pela qual tudo flui numa direção só: a minha.

Mas, amar é tão mais simples do que tudo isso! Trepar, desfrutar o corpo do outro - enquanto entrego o meu próprio - é tão mais simples e divertido do que isso!

Que delícia poder beijar a boca do objeto do meu desejo! Que delícia percorrer o corpo do outro com artifícios que só uma língua livre de culpa ou medo consegue fazer! Que delícia sentir a vibração do outro a cada toque, a cada lambida, a cada gota de suor que escorre do rosto, enquanto o corpo freneticamente procura quebrar aquela lei que diz que dois corpos não podem, ao mesmo tempo, ocupar o mesmo lugar no espaço. Mesmo que os corpos envolvidos nesta busca por superar a própria física descubram que em vão tentaram essa proeza, é o ritual que compensa! Que delícia sentir a dilatação dos orgãos sexuais, sejam pênis ou vaginas, conforme o desejo de cada um! Que magia incrível é essa que nos encanta durante minutos que parecem horas ou durante horas que parecem dias!!! Não admira que os povos antigos tenham relacionado o ato sexual a alguns ritos mágicos. Provavelmente, nenhuma experiência seja mais próxima da morte - sem que haja cessação da vida - do que o orgasmo...

O poder do orgasmo, que coisa fascinante, delirante! Uma perfeita combinação de avidez, tensão e relaxamento! Existe terapia melhor para o stress do dia-a-dia? Quem transa bem sabe que não!

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