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LAMPIÃO DA ESQUINA - por Vinícius Coelho



Fiquei feliz em ver que Vinícius Coelho, um jovem estudante e militante da causa LGBT, decidiu se debruçar sobre o jornal Lampião da Esquina e escrever a respeito da história desse periódico que foi um divisor de águas na história da sexualidade no Brasil, especialmente a sexodiversidade e a transgeneridade. Considero a leitura útil, especialmente para aqueles que não conhecem esse histórico.

Só lamento que a editora Multifoco não tenha sido tão cuidadosa com a correção ortográfica quanto foi com a diagramação e a criação de capa. Sobre esse tipo de falha, já escrevi um post que você poderá acessar aqui:https://www.xn--foradoarmrio-kbb.com/2013/09/um-alerta-para-escritores-e-editoras-do.html

De qualquer modo, fica a dica: caso haja reimpressão, Vinícius, fique de olho, seja exigente com isso, e peça a ajuda de algum amigo que possa fazer a revisão da revisão só para garantir.


Quem quiser adquirir o livro poderá encontrá-lo aqui: http://www.editoramultifoco.com.br/literatura-loja-detalhe.php?idLivro=1652&idProduto=1684


De novo, parabéns, Vinícius Coelho, por ajudar a manter viva a memória de Lampião da Esquina.

HISTÓRIA LGBT NA RÚSSIA: Um Wiki traduzido por Sergio Viula

No Wikipedia não existia até hoje (30/08/13) qualquer tradução para o texto escrito originalmente em inglês. Decidi fazer uma tradução eu mesmo e publica-la no Wikipedia. Deu algum bug lá e eu não consegui publicar. Decidi, então, colocar o texto aqui e tentar futuramente. Aproveitem. Vale a pena conhecer de onde vem o Sr. Putin e em que solo as políticas anti-LGBT dele florescem.No dia 08 de setembro, haverá manifestações ao redor do globo contra essas políticas opressivas do governo russo. Participe.



HISTÓRIA LGBT NA RÚSSIA
 
Traduzido por Sergio Viula
Texto original: https://en.wikipedia.org/wiki/LGBT_history_in_Russia

A história de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros na Rússia e seus antecedentes (por exemplo, a União Soviética, o Império Russo) tem sido grandemente influenciada por tendências políticas e níveis de liberalismo e tolerância dos governantes. Também tem sido influenciada pela natureza historicamente repressora da Igreja Ortodoxa Russa em relação à sexualidade.

A homossexualidade tem sido documentada na Rússia durante séculos. O governo tenta impedir as práticas homossexuais desde o século 18, com o Czar Pedro, o Grande que proibiu as práticas homossexuais nas forças armadas em 1716, como parte de uma tentativa de modernizar o país. Em 1832, outras leis foram efetivadas, criminalizando certos atos sexuais entre dois homens; porém, uma subcultura LGBT se desenvolveu na Rússia durante aquele século, com muitos Russos proeminentes vivendo abertamente como homossexuais ou bissexuais.

Em 1917, a Revolução Russa viu a queda do governo czarista, e a subsequente fundação do SFSR Russo, o primeiro estado socialista, seguido pela fundação da União Soviética depois do final da guerra civil russa em 1922. O novo governo do Partido Comunista erradicou as velhas leis referentes às relações sexuais, efetivamente legalizando a atividade homossexual dentro da Rússia, apesar de permanecer ilegal nos antigos territórios do Império Russo. Sob a liderança de Lenin, pessoas assumidamente gays puderam servir no governo. Em 1933, o governo soviético, sobe a liderança de Joseph Stalin, re-criminalizou a atividade homossexual, muito provavelmente para aprimorar as relações estremecidas com a Igreja Ortodoxa Russa, que considerava a homossexualidade pecaminosa. Depois da morte de Stalin, houve uma liberação de atitudes em relação aos assuntos sexuais na União Soviética, mas os atos homossexuais permaneceram ilegais. Contudo, a cultura homossexual tornou-se cada vez mais visível, principalmente depois das políticas da glasnost do governo de Mikhail Gorbachev no final dos anos 1980.

Seguindo o colapso da União Soviética e a fundação da Federação Russa em 1991, o Conselho da Europa pressionou a nova administração a legalizar a homossexualidade, levando o presidente Boris Yeltsin a faze-lo em 1993. Porém, existem diversas restrições sobre atividades relacionadas à homossexualidade.


Índice
1 Russian Empire
1.1 Anarquistas & Cadetes
2 União Soviética
2.1 Direitos LGBT depois da Revolução: 1917-1933
2.2 História LGBT sob Stalin: 1933-1953
2.3 História LGBT pós-Stalin: 1953-1991
3 Federação Russa
3.1 História LGBT sob Yeltsin: 1991-1999
3.2 História LGBT sob Putin: 1999-presente
4 References


Russian Empire


Czar Ivan IV, "o Terrível", 
foi acusado de manter relações homossexuais 
por seus opositores políticos


Antes da política Czarista, a homossexualidade e o cross-dressing (vestir-se com as roupas características do outro sexo) eram punidos pelas autoridades religiosas ou militares. Ivan o Terrível foi acusado de ser gay, numa tentativa de desacredita-lo. Quando o Czar "Falso Dmitry I" foi derrubado, seu corpo alquebrado foi arrastado pelas ruas, amarrado pelas genitais, ao lado de seu suposto namorado.1

Em 1716, o Czar Pedro, o Grande decretou uma lei proibindo a homossexualidade masculina nas forças armadas. A proibição da sodomia foi parte de um movimento de reforma maior, concebido para modernizar a Russia e de esforços para estender uma proibição semelhante à população civil, que foi rejeitada até 1835.1

Em 1832, o Czar Nicolau I acrescentou o Artigo 995, que tornava ilegal muzhelozhstvo. Ao mesmo tempo em que isso poderia ter levado à proibição de todas as formas de comportamento homossexual voluntário entre adultos, os tribunais tenderam a limitar sua interpretação ao sexo anal entre homens, assim tornando legais os atos privados de sexo oral consensual entre homens. A lei não abordava explicitamente a homossexualidade feminine ou o cross-dressing, apesar de ambos os comportamentos serem considerados igualmente imorais e poderem ser punidos sob outras leis.2 Duberman 1989, p.349.

Pessoas condenadas sob o Artigo 995 deviam ser privadas de seus direitos e transferidas para a Sibéria por quatro a cinco anos. Não se sabe quanos russos foram sentenciados sob essa lei, apesar de haver um numero de gays e bissexuais assumidos durante essa era, como o conservador Nikolai Gogol[citation needed], e ritos homossexuais serem populares entre alguns dissidentes religiosos no extremo norte da Rússia.3 O relativamente grande número de artistas e intelectuais assumidamente gays ou bissexuais continuou crescendo até o século dezenove.

O autor e crítico Konstantin Leontiev era bissexual, e um dos mais famosos casais do mundo literário russo do final do século dezenove era o das lésbicas Anna Yevreinova (advogada) e Maria Feodorova (autora).[carece de fontes] Outro notório casal lésbico russo era formado pela autora Polyxena Soloviova e por Natalia Manaseina.4 Outros notáveis incluíam o poeta Alexei Apukhtin, Peter Tchaikovsky, o autor conservador e editor Príncipe Vladimir Meshchersky, Sergei Diaghilev, que tinha um caaso com seu primo Dmitry Filosofov e, depois do final do relacionamento, com Vaslav Nijinsky. O romance de Mikhail Kuzmin chamado Wings (1906) tornou-se uma das primeiras histórias de ‘saída do armário’ a ter um final feliz e seus diários pessoais revelam uma visão detalhada da subcultura gay, envolvendo homens de todas as classes.

Enquanto havia um grau de tolerância governamental estendido a certos artistas e intelectuais gays ou bissexuais, especialmente se eles matinham relações amigáveis com a família imperial, a generalizada opinião pública, grandemente influenciada pela Igreja Ortodoxa Oriental, era a de que a homossexualidade era um sinal e corrupção, decadência e imoralidade. O romance do autor russo Alexander Amfiteatrov intitulada People of the 1890s (1910), refletia esse preconceito através de dois personagens gays, uma advogada lésbica masculina e um poeta decadente gay.

A obra Ressurreição de Leo Tolstoy apresenta um artista russo, condenado por fazer sexo com seus alunos, mas com uma sentença leve, e um ativista russo pelos direitos gays na Rússia Czarista.2

Esses retratos de homens e mulheres gays na literatura sugerem que a tolerância seletiva do governo para com a homossexualidade não era amplamente demonstrada pelo povo russo e que não contava com qualquer endosso da parte deste quanto aos direitos LGBT. Enquanto em outras nações, mais notadamente na Alemanha, havia um ‘movimento pelos direitos gays’ muito ativo durante essa era, o exemplo mais visível da homossexualidade russa, excetuando a literatura, era o da prostituição.

A urbanização russa havia ajudado a fortalecer São Petersburgo e Moscou, ambas com grandes bordéis gays e com muitos locais públicos onde homens gays podiam vender e comprar serviços sexuais para/de outros homens.1 Ao mesmo tempo que certamente havia prostituição lésbica, e alguns supostos casos lésbicos, pouco foi dito publicamente, para bem ou para mal, sobre mulheres lésbicas ou bissexuais.1 O Grande Duque Sergei Alexandrovich Romanov (o irmão mais jovem e tio, respectivamente, dos Imperadores Russos Alexandre III e Niolau II) serviu como governador de Moscou de 1891–1905. Seus relacionamentos homossexuais era famosos em Moscou.


Anarquistas & Cadetes
 
O anarquista Alexander Berkman suavizou o preconceito contra a homossexualidade através de seu relacionamento com Emma Goldman e seu tempo passado na cadeia, onde ele aprendeu que a classe trabalhadora de homens podia ser gay, desbancando a ideia de que a homossexualidade era um sinal da classe alta ou exploração dos ricos ou decadência.5

Um dos fundadores dos Cadetes, Vladimir Dmitrievich Nabokov, havia escrito um trabalho de pesquisa sobre o status legal da homossexualidade na Rússia, publicado por um dos primeiros defensores dos direitos gays Dr. Magnus Hirschfeld em Berlim.


União Soviética
Direitos LGBT depois da Revolução: 1917-1933


Sob a liderança de Lenin, 
a homossexualidade foi descriminalizada na Russia.



A Comunista Russa Inessa Armand endossou publicamente tanto o feminismo quanto o amor livre, mas nunca lideram diretamente com os direitos LGBT.6 O Partido Comunista Russo legalizou o divórcio sem necessidade de justificativa, o aborto e a homossexualidade, quando aboliram todo sistema de leis czarista antigo e o código soviético inicial colocou essas políticas sexuais liberais em seu lugar.7Durante esse tempo, pessoas gays assumidas puderam servir no novo governo soviético russo.[carece de fontes]

Todavia, a legalização das relações homossexuais privadas e consensuais só se aplicava à Rússia. A homossexualidade ou sodomia permaneceu criminalizada no Azerbaijão (oficialmente criminalizada em 1923), assim como nas Repúblicas Soviéticas da Ásia Transcaucasiana e na Ásia Central na década de 1920.8 Leis semelhantes foram efetivadas no Uzbekistão em 1926 e no Turcomenistão no ano seguinte.9 A criminalização da homossexualidade durante esse tempo foi exclusiva das nações da União Soviética associadas com o "atraso cultural".

A União Soviética enviou delegados para o alemão Instituto para Ciência Sexual, e para algumas conferências internacionais sobre sexualidade humana, que manifestaram apoio à legalização das relações homossexuais consensuais entre adultos. Porém, na década de 1930, junto com a crescente repressão aos dissidentes políticos e às nacionalidade não-russas sob o governo de Stalin, os temas LGBT enfrentaram censura governamental, e uma política uniforme e mais dura por toda a União Soviética. A homossexualidade foi oficialmente rotulada como doença.10 A posição oficial poderia ser resumida no artigo da Grande Enciclopedia Soviética de 1930 escrita pelo especialista médico Sereisky:

A legislação soviética não reconhece os assim chamados crimes contra a moralidade. Nossas leis procedem do princípio de proteção da sociedade e, por isso, aplica punição somente naqueles casos em que adolescentes e meros de idade são objeto de interesse homossexual... ao mesmo tempo que reconhece a incorreção do desenvolvimento homossexual... nossa sociedade combina medidas profiláxicas e outras terapias com todas as condições necessárias para tornar indolores esses conflitos que afligem os homossexuais tanto quanto possível e resolver seu típico estranhamento da parte da sociedade na coletividade —Sereisky, Great Soviet Encyclopedia, 1930, p. 593


História LGBT sob Stalin: 1933-1953

Em 1933, o Article 121 foi acrescentado ao código penal, por toda a União Soviética, proibindo expressamente a homossexualidade masculina, com pena de até cinco anos em regime fechado de trabalhos forçados. A razão exata para a nova lei ainda é discutível.

Alguns historiadores tem sugerido que a efetivação da lei anti-gay por Joseph Stalin foi, assim como sua proibição ao aborto, uma tentativa de aumentar a taxa de natalidade russa e estabelecer um relacionamento melhor com a socialmente conservadora Igreja Ortodoxa Oriental. Alguns historiadores têm destacado que foi durante esse tempo que a propaganda soviética começou a representar a homossexualidade como um sinal de fascismo, e que o Artigo 121 poderia ser uma simples ferramenta política a ser usada contra os dissidentes, a despeito de sua verdadeira orientação sexual, e para solidificar a oposição russa ao Nazismo alemão, que havia rompido seu tratado com a Rússia.11

Mais recentemente, uma terceira possível razão para a lei anti-gay emergiu de documentos e transcrições soviéticas não classificadas. Além dos medos expressos a respeito de uma conspiração homossexual contrarrevolucionária ou fascista, houve várias prisões de homens russos acusados de serem pederastas.12 Em 1933, 130 homens "foram acusados de serem ‘pederastas’ – homens adultos que mantêm relações sexuais com meninos. Uma vez que não há registros de homens tendo sexo com meninos naquele tempo, é possível que esse termo tenha sido usado amplamente e cruelmente para rotular a homossexualidade." 12 Qualquer que seja a razão exata, a homossexualidade permaneceu como crime até que foi repelido em 1993.12

O governo soviético mesmo disse pouco publicamente sobre a mudança na lei, e poucas pessoas parecem ter tomado ciência de que ela existia. Em 1934, o comunista britânico Harry Whyte escreveu uma longa carta a Stalin condenando a lei, e suas motivações preconceituosas. Ele sedimentou uma posição marxista contra a opressão aos homossexuais, como uma minoria sociedade, e comparou a homofobia ao racismo, xenofobia e sexismo.13 Ao mesmo tempo em que a carta não foi formalmente respondida, o escritor cultural soviético Maxim Gorky produziu um artigo, publicado, tanto no Pravda quanto no Izvestia sob o título "Humanismo Proletário", que parecia rejeitar os argumento de Whyte ponto a ponto. Ele rejeitou a noção de que os homossexuais fossem uma minoria, e argumentou que a União Soviética precisava combate-los para proteger os jovens e enfrentar o fascismo.14 15

Alguns anos mais tarde, 1936, o Comissário de Justiça Nikolai Krylenko declarou publicamente que a lei anti-gay foi corretamente direcionada às velhas classes dominantes, decadentes e estéreis, assim ligando a homossexualidade a uma conspiração da direita, como a aristocracia czarista e os fascistas alemães.12


História LGBT pós-Stalin: 1953-1991


Quando Stalin chegou ao poder, a homossexualidade tornou-se um tópico impróprio para descrição, defesa ou discussão pública. Homossexuais ou bissexuais russos que quisessem uma posição dentro do Partido Comunista deviam casar-se com alguém do sexo oposto, a despeito de sua verdadeira orientação sexual. Um exemplo notável foi o director de cinema russo Sergei Eisenstein, que, a despeito de sua homossexualidade, conseguiu sobreviver levando uma vida dupla, tendo casos com homens enquanto casado com uma mulher, produzindo filmes que eram politicamente agradáveis a Stalin.

Depois que Stalin morreu em 1953, ele foi substituído por Nikita Khrushchev, que continunou a liberalizar as leis da era Stalin sobre casamento, divórcio e aborto, mas a lei anti-gay permanceu. O governo de Khruschev acreditava que sem uma lei contra a homossexualidade, o sexo entre homens que ocorria no ambiente da prisão se espalharia entre a população em geral, à medida que eles libertassem os prisioneiros da era Stalin. Enquanto o governo de Stalin confundia a homossexualidade com a pedofilia, o governo de Khrushchev confundia homossexualidade com atos sexuais esporádicos, às vezes forçados, entre prisioneiros masculinos.16

Em 1958, o Ministério do Interior enviou um memorando secreto para reforçar a lei, ordenando que a lei anti-gay fosse reforçada. Todavia, no final da década de 1950 e início da década de 1960, Aline Mosby, uma reporter estrangeira na Rússia naquela época, atribuiu a atitude mais liberal do governo Khrushchev ao fato de que ela via alguns casais gays em público e que não era incomum ver homens esperando do lado de fora de certos teatros em busca de encontros com os homens do elenco.17

Apesar desses raros exemplos, milhares de pessoas foram aprisionadas por causa da homossexualidade e a censura do governo contra a homossexualidade e os direitos gays não começou a relaxar vagarosamente até o início da década de 1970, permitindo alguns breves pronunciamentos. Kozlovsky teve permissão para incluir um breve monólogo interior sobre homossexualidade no Moscou até o Fim da Linha (1973). Talvez o primeiro endosso public dos direitos gays desde Stalin foi uma breve declaração, crítica do Artigo 121 e requerendo sua derrubada, feita no Compêndio de Leis Criminais Soviéticas (1973).11

Essas referências foram caracterizadas como sendo breves declarações num romance ou compêndio e foram feitas por heterossexuais. Vicktor Sosnora teve permissão para escrever sobre ter visto um ator gay idoso ser brutalmente assassinado num bar do Leningrado em The Flying Dutchman (1979), mas o livro foi só teve autorização para ser publicado na Alemanha Oriental. Quando o autor era gay e, em particular, se ele fosse visto apoiando os direitos gays, os censores tendiam a ser muito mais severos.

O autor gay russo Yevgeny Kharitonov fez circular ilegalmente algumas ficções antes de morrer de falêncai cardíaca em 1981. O escritor Gennady Trifonov passou quatro anos em regime de serviço forçado por divulgar seus poemas gays e, quando libertado, obteve permissão para escrever e publicar sob a condição de que ele evitasse retratar ou fazer qualquer referência à homossexualidade.18

Em 1984, um grupo de gays russos se reuniu e tentou formar uma organização oficial pela defesa dos direitos gays, que foi fechada pela KGB. Foi somente no período da Glasnost que discussões públicas sobre a re-legalização das relações homossexuais consensuais e privadas entre adultos foram permitidas.

Em 1989–1990, uma organização pelos direitos gays em Moscou dirigida por Yevgeniya Debryanskaya obteve permissão para existir, com permissão dada por Roman Kalinin para publicar um jornal gay, o "Tema".19


História LGBT sob Yeltsin: 1991-1999
 

Em 1993, o Presidente Boris Yeltsin assinou uma lei
re-legalizando os atos homossexuais na Rússia.


Em 27 de maio de 1993, os atos homossexuais consensuais entre homens foram legalizados.1 Todavia, relatos têm dado conta de que até 13 de agosto de 1993, "nem todas as pessoas cumprindo pena sob a velha legislação foram libertadas da prisão", e tem havido “casos de homossexuais sendo re-sentenceados e mantidos na cadeia, casos de homossexuais aprisionados que não podem ser localizados e arquivos desaparecidos ".2 A reforma foi amplamente o resultado da pressão por parte doConselho da Europa.1 Enquanto o Presidente Boris Yeltsin assinava a lei em 29 de abril de 1993,1 nem ele nem o parlamento tinham qualquer interesse na legislação pelos direitos LGBT.3

Nenhum russo assumidamente LGBT foi eleito para o parlamento.[carece de fontes] A Russia Unida, o Partido Comunista da Federação Russa, o Partido Democrático Liberal da Rússianited Russia, e o Uma Rússia Justa são os quatro maiores partidos da Rússia e eles tendem a ignorar os temas relacionados aos direitos LGBT ou a endossar uma postura socialmente conservadora em oposição aos mesmos.[citation needed] Uma postura semelhante tende a ser tomada nos partidos menores. Os conservadores Patriotas da Rússia e o Causa da Direita expressamente se opõem aos direitos LGBT, enquanto o liberal Yabloko apoia a plataforma dos direitos humanos, ele geralmente evita tomar um posicionamento público em relação aos direitos LGBT.

Em 1996, uma organização russa chamada "Triângulo" foi formada, com várias publicações novas com temática LGBT e organizações locais surgindo à luz da queda da União Soviética.3 Todavia, como aconteceu com os grupos que surgiram durante 1989–1990, muitas dessas organizações, incluindo o "Triângulo", fecharam devido à falta de financiamento e em função do assédio legal e social que sofreram.3



História LGBT sob Putin: 1999-presente


Em 1999, a homossexualidade foi formalmente removida da lista de desordens mentais na Rússia (devido ao endosso do CID-10, que removeu a homossexualidade em 1990).
Em 2002, Gennady Raikov, que havia dirigido um grupo conservador pró-governo no Duma russo, sugeriu que os atos homossexuais fossem tornados ilegais. A proposta dele fracassou em gerar votos suficientes, mas a sugestão gerou apoio publico da parte de muitos líderes religiosos conservadores e médicos.1

Em 2003, um novo estatuto sobre a expertise militar e médica foi adotado (1 de julho de 2003); ele continha «uma cláusula de “desvios de identificação de gênero e preferências sexuais” entre as razões para a inaptidão para o serviço militar <...> essa cláusula irritou os proponentes dos direitos iguais para pessoas de diferentes orientações sexuais <...> [enquanto] outra cláusula dizia que diferentes orientações sexuais não deveriam ser consideradas um desvio.»22 Finalmente, Valery Kulikov, o Major-General do Serviço Médico, anunciou:

“ O novo estatuto sobre expertise militar e médica de 1 de julho de 2003 não proíbe que pessoas de orientação sexual não-padrão sirvam no militarismo.... A questão da homossexualidade de uma pessoa não é tema médico. Não há diagnóstico de homossexualidade na medicina. Não já tal doença na classificação da Organização Mundial de Saúde. O novo estatuto sobre expertise militar e médica segue as práticas legais internacionalmente. Portanto, razões para avaliar a habilidade de servir quanto aos homossexuais são as mesmas: saúde física e mental.22 ”

“ Pessoas de orientação sexual não-padrão podem ter problemas quando estão no Exército, e portanto não deveriam revelar suas preferências sexuais, disse Valery Kulikov. "Outros soldados não vão gostar disso, e eles podem ser espancados."»22 ”

Em maio de 2005, o Projeto de Direitos Humanos LGBT ayrussia.ru foi fundado por Nikolai Alekseev para combater discriminações com base em orientação sexual e conscientizar para as questões LGBT na Rússia. Em julho de 2005, Nikolai Alekseev lançou o Moscow Pride, uma iniciativa que tem sido levada a efeito todo ano desde maio de 2006. Desde junho de 2009, o Projeto de Direitos Humanos LGBT Gayrussia.ru passou a ser uma organização transnacional promovendo os Direitos LGBT na Rússia e Bielorrússia.

Em 2006, Grand Mufti Talgat Tadzhuddin foi citado como tendo dito o seguinte sobre os participantes do Moscow Pride : "Se eles sairem à ruas de qualquer modo serão açoitados. Qualquer pessoa normal faria isso – muçulmanos e cristãos ortodoxos, igualmente.23 Comentários semelhantes foram feito por um dos Rabinos Chefes, Berl Lazar, que se juntou a Tadzhuddin na condenação à marcha, dizendo que “seria um ataque à moralidade” ".24

A Rede LGBT Russa foi fundada em maio de 2006. Desde julho de 2009, essa foi a primeira e única Organização LGBT inter-regional da Russia.

No final de abril e começo de março de 2006, manifestantes bloquearam alguns clubes gays populares em Moscou. Depois de reclamações iniciais de que a polícia havia fracassado em intervir, bloqueios posteriores foram respondidos com detenção.25

Em maio de 2006, um fórum de direitos gays foi conduzido em Moscou. Uma marcha que seguiria o evento foi proibida pela maior decisão emitida pelas cortes. Alguns ativistas, liderados por Nikolai Alekseev tentaram marchar apesar da proibição e tentaram colocar flores sob o Túmulo do Soldado Desconhecido. Essa marcha é conhecida como o primeiro Moscow Pride. Esse atoe a presença de ativistas não-russos provocou reação nacionalista em adição à condenação religiosa contra a homossexualidade, resultando tanto na presença de neo-nazistas e de manifestantes ortodoxos ameçando os ativistas gays. Manifestantes contra a marcha bateram nos participantes, e cerca de 50 participantes da marcha e 20 opositores foram presos quando a polícia de choque entrou para acabar com o conflito.26 O documentário Moscow Pride '06 apresenta os eventos que aconteceram entre 25 e 27 de maio de 2006 em Moscou. Ele contém um testemunho vívido da primeira tentativa de realizar uma parada gay na Rússia bem como o festival organizado em torno dela."

"Com respeito ao que dizem os chefes regionais, eu normalmente tento não comentar. Eu não acho que seja problema meu. Minha relação com as paradas gays e as minorias sexuais em geral é simples – ela está ligada às minhas obrigações oficiais e ao fato de que um dos principais problemas do país é demográfico. Mas eu respeito e continuarei respeitando a liberdade pessoas em todas as suas formas, em todas as suas manifestações."

 

Presidente Vladimir Putin, quando questionado 
sobre a proibição contra a Parada Gay de Moscou, 
1 de fevereiro de 2007.27 28


Vladimir Putin


Em 27 de maio, a Parada LGBT de Moscou (Moscow Pride) que havia sido proibida de novo pelo ex-prefeito de Moscou Yuri Luzhkov, que a havia chamado de "satânica",29 foi realizada em Moscou de novo e pelo segundo ano degenerou em confrontos violentos com opositores. Pela segunda vez, a polícia fracassou em proteger os ativistas dos direitos gay. O congressista italiano Marco Cappato foi chutado por um ativista anti-gay e depois detido quando exigia proteção policial. O veterano defensor dos direitos gays, o britânico Peter Tatchell, e o líder gay russo Nikolai Alekseev também foram presos.30 31 A marcha foi documentada no filme de 2008 East/West - Sex & Politics.32

Em fevereiro de 2009, no final de uma conferência de imprensa em Moscou, a Rede LGBT Russa e o Moscow Helsinki Group publicaram um artigo entitulado «A situação para lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros na Federação Russa ».33 34 Esse foi o primeiro estudo complexo da situação legal das pessoas LGBT na história da Rússia. O documento de 100 páginas contém a análise das leis russas relevantes e também reúne e apresenta exemplos específicos de infração de direitos e discriminação.
 

Dois políciais do choque detiveram Nikolai Alekseev e
 seu parceiro, uma ativista transgênero da Bielorrúsia.
 

Nikolai Alekseev no Festival Eslavo do Orgulho LGBT em 16 de maio de 2009.
 

Em 8 de maio de 2009, o Duma russo rejeitou a lei que criminalizava a “propaganda” gay na Rússia (com apenas 90 votos a favor, quando 226 era o mínimo requerido). Esse projeto de lei foi iniciado em 2007 por um membro do Partido Rússia Justa que sugeria destituir daqueles que “abertamente demonstrassem um estilo homossexual de vida e uma orientação homossexual” o direito de assumir postos em estabelecimentos educacionais ou no exército por um período de 2 a 5 anos. 35 De acordo com o Interfax, os parlamentares decidiram que a “propaganda” gay não era perigosa para a sociedade e, portanto, não podia ser punida pelo código penal.36 Nikolai Alekseev, Chief organizer of the Moscow Pride, commented that with parliament rejecting this bill, it is likely that the Constitutional Court of Russia follows their request to cancel a similar law that is in force in the Ryazan Region.35

Em 16 de maio de 2009, o Pride Moscow agendado para coincidir com a hospedagem da final do Concurso Musical Eurovision de 2009 foi interrompido pela polícia, com todos os 30 participantes – incluindo o o ativista de direitos humanos britânico Peter Tatchell – presos.37 38

Em 17 de maio de 2009, em função do Dia Internacional de Combate à Homofobia, a Rede LGBT Russa organizou o «Rainbow flash mob» em São Petersburgo. Esse evento reuniu 100 a 250 pessoas, de acordo com diferentes estimativas, e os organizadores consideraram esta a maior ação de larga escala em toda a história da Rússia dedicada ao problema dos Direitos LGBT.39 40 41 42 43 ] Além disso, a ação em escala menor aconteceu em mais de 30 cidades da Rússia.

Uma tentativa de obter uma Pride House durante as Olímpiadas de Inverno de 2014 foi derrubada pelo Ministério da Justiça, que recusou-se a aprovar o registro da ONG para organizar o Pride House. A proibição foi mantida pelo Juiz Krasnodar Krai na Svetlana Mordovina sobre a base de que o Pride House incita “propaganda de orientação sexual não-tradicional, o que poderia minar a segurança da sociedade russa e do estado, e provocar ódio social-religioso, o que é típico da característica extremista da atividade ".44Human Rights Watch destacou o problema com as novas leis russas sobre a homossexualidade e convocou o Comitê Olímpico Internacional (COI) a considerar a segurança de quaisquer competidores LGBT. O grupo americano e russo pelos direitos gays RUSA LGBT contatou o COI a respeito dessa preocupação, e iniciou uma petição solicitando que os patrocinadores Coca-Cola, Visa Inc.,Panasonic, Samsung, e Procter & Gamble boicotem os jogos devido ao posicionamento do governo russo com relação à homossexualidade. 45 Entre os clamores dos defensores LGBT para que os países boicotem as Olimpiadas, o COI declarou em agosto de 2013 que “havia recebido garantias do mais alto governo na Rússia de que a legislação não afetará aqueles que assistirem ou participarem dos Jogos ";46 isso foi contradito numa declaração três dias depois pelo Ministro do Interior da Russia, que declarou que as leis anti-propaganda continuariam vigorando em Sochi 47 , onde serão realizados os Jogos.[47] O COI também confirmou que reforçaria a Regra 50 do Contrato Olímpico, que proibe protesto político, contra atletas que manifestassem apoio à comunidade LGBT.48


References


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↑ Russia: Information on whether men have in fact been released from jail subsequent to 27 May 1993 legislation lifting the ban on consensual homosexual relations.Immigration and Refugee Board of Canada (1 August 1993). Página visitada em 21 May 2009.
↑ a b c Gays are not Willingly Accepted in the Russian Army. Pravda Online (1 December 2003). Página visitada em 20 May 2009.
↑ Kim Murphy (26 May 2006). Gay Pride Parade Polarizes Moscow. Los Angeles Times.
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↑ "Banned Moscow gay rally broken up", BBC News, 27 May 2007.
↑ Putin, Vladimir (1 February 2007). Transcript of Press Conference with the Russian and Foreign Media. Kremlin Official Site. Página visitada em 21 May 2009.
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↑ McArdle, Helen. "Inside: Eurovision, the campest show on earth. Outside: riot police round up Moscow's gays",The Sunday Herald. Página visitada em 17 May 2009.
↑ Arrests at Russian gay protests, BBC News, 27 May 2007.
↑ Eggs and punches at Russia gay march by Mike Levy,BBC News, 27 May 2007.
↑ East/West – Sex & Politics
↑ The report "Discrimination on grounds of sexual orientation and gender identity in Russia"
↑ The situation of lesbian, gay, bisexual, transgenderov in the Russian Federation
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↑ Walker, Shaun. "Riot police arrest Tatchell at gay march in Moscow", The Independent (UK), 17 May 2009. Página visitada em 17 May 2009.
↑ Blomfield, Adrian. "Moscow police break up gay rights protest and arrest Peter Tatchell before Eurovision", The Daily Telegraph, 16 May 2009. Página visitada em 17 May 2009.
↑ Balloons all over Russia for IDAHO
↑ St Petersburg celebrates IDAHO
↑ St. Petersburg host a pride parade
↑ Russiche Rainbow Flash Mob-acties rustig en succesvol
↑ Rainbow fleshmob in St. Petersburg
↑ Andy Harley (15 March 2012). Judge bans Winter Olympics gay Pride House. Gay Star News.
↑ http://www.ibtimes.com/sochi-2014-olympics-unsafe-lgbt-community-under-russias-anti-gay-law-activists-warn-1334223
↑ "Sochi Winter Olympics 2014: International Olympic Committee receives assurances on anti-gay laws", Daily Telegraph, 9 August 2013.
↑ Margolin, Emma. "Russia’s anti-gay crackdown raises concerns for Olympics", MSNBC, 13 August 2013.
↑ Reid-Smith, Treis. "Olympic Committee threatens to punish athletes who fight for gay Russians", 12 August 2013.

HERÓIS E EXÍLIOS - Ícones Gays através dos Tempos


No Amazon:

https://www.amazon.com.br/Her%C3%B3is-ex%C3%ADlios-%C3%8Dcones-atrav%C3%A9s-tempos/dp/8589239403

☝☝☝☝



Gente, saí de casa pensando: tenho que comprar um livro hoje. Tenho que ter algo para ler nas horas vagas entre um compromisso e outro, numa viagem de ônibus, numa fila de banco, whatever. :)

Assim que tive uma oportunidade, entrei numa livraria e adquiri Heróis e Exílios - Ícones Gays Através dos Tempos. O livro é uma verdadeira pérola. Escrito por Tom Ambrose, e seu primeiro livro traduzido para a língua portuguesa, a obra é uma fonte de informações fantásticas sobre a história da homossexualidade masculina e feminina, com mais ênfase na masculina devido à maior abundância de dados históricos, fruto da perseguição implacável e cruel a que esta foi submetida. As lésbicas também são contempladas em histórias maravilhosas e comoventes que fazem o leitor perder a vontade de interromper a leitura para voltar ao trabalho.


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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO SOBRE A LEITURA
(AGORA JÁ TERMINADA)


Heróis e Exílios é um livro fascinante, um verdadeiro brinde à história da homossexualidade na Europa, com incursões no EUA e em algumas ex-colônias europeias.

O livro é rico em detalhes biográficos de cada personagem, muito bem encadeados, e retratados de modo emocionante.

Recomendo muito a leitura.

Abaixo, apresento em ordem cronológica os personagens (todos históricos), os quais, de acordo com nossa linguagem atual, seriam identificados como gays, lésbicas, bissexuais, crossdressers e transgêneros:

Aristogíton e Harmodius (morte em 514 a.C.)

Safo (cerca de 630-570 a.C.)

Benvenutto Cellini (1500-1571)

Teófilo de Viau (1590-1626)

Rainha Cristina da Suécia (1626-1689)

Thomas Gray (1716-1771)

Horace Walpole (1717-1797)

William Beckford (1760-1844)

Damas de Llangollen: Eleanor Butler (1739-1829) e Sarah Ponsonby (1755-1831)

Anne Lister (1791-1840)

Lorde Byron (1788-1824)

Edward Lear (1821-1888)

Barão Wilhelm von Gloeden (1856-1931)

Conde Jacques d'Adelswird Fersen (1880-1923)

Frederick Rolfe (1860-1913)

A.J. Symonds (1840-1893)

Edward Carpenter (1844-1929)

Oscar Wilde (1854-1900)

Henry James (1843-1916)

E.M. Forster (1879-1970)

Natalie Clifford Barney (1876-1972)

Romaine Brooks (1874-1970)

Gerturde Stein (1874-1946)

Sylvia Beach (1887-1962)

W.H. Auden (1907-1973)

Christopher Isherwood (1904-1986)

Paul Bowles (1910-1999)

James Baldwin (1924-1987)


Estes são todos os personagens apresentados no livro, mas a lista não é exaustiva. Muita gente tem que ser deixada de fora. Não há como trabalhar todos num livro, mas o que me chama a atenção é a quantidade de artistas, especialmente escritores, que trabalharam duro para tirar o amor entre iguais do armário do preconceito, da perseguição ou da indiferença.

ÓTIMO LIVRO.

Centro Cultural Memória e Estudos da Diversidade Sexual do Estado de São Paulo

O Centro Cultural Memória e Estudos da Diversidade Sexual do Estado de São Paulo - o primeiro da América Latina - está quase pronto na estação República do metrô de São Paulo.

Fico feliz em saber disso, porque recentemente publiquei um post sobre Amsterdam que falava sobre diversos museus e centros de arquivos históricos LGBT em diversos países do mundo. V

Juliana Costa me enviou as seguintes fotos pelo twitter e me disse que visitou a parte do Centro Cultural Memória e Estudos da Diversidade Sexual do Estado de São Paulo que já está aberta à população. Passem lá e confiram.


Parabéns aos paulistas e paulistanos pelo vanguardismo.

Fotos: Juliana Costa pelo twitter




Mês da História LGBT - Ícones de 15 a 18 de Outubro




Mês da História LGBT
Ícones de 15 a 18 de Outubro



Daniel Hernandez Jr. - Sábado, 15 de outubro


"Eu não acho que eu seja um herói - os heróis são pessoas que passam suas vidas inteiras tentando ajudar outros."

University of Arizona student Daniel Hernandez Jr. tornou-se um herói nacional quando salvou a vida da congressista Gabrielle Giffords. Mais - em inglês



Langston Hughes - Domingo, 16 de Outubro


“O que acontece com um sonho frustrado? Ele seca como uma passa ao sol? Ou ele supura como uma inflamação - e então se espalha?”
Um celebrado poeta e romancista, Langston Hughes foi um dos maiores contribuintes à literatura americana. Mais - em inglês



Frida Kahlo - Segunda, 17 de Outubro


“Pintar completou minha vida.”

Frida Kahlo é uma renomada artista mexicana. Suas pinturas têm atingido preços mais altos do que as de qualquer outra artista feminina.
Mais - em inglês



David Kato - Terça, 18 de Outubro


“O que eles estão fazendo agora é tornar tudo mais cruel para as pessoas; qualquer um promovendo a homossexualidade está sendo criminalizado.”

David Kato foi fundador do movimento pelos direitos civis em Uganda. Seu assassinato trouxe atenção global ao pleito das pessoas LGBT na África. Mais - em inglês


Cidade de Oakland Celebra o Mês da História LGBT



A cidade de Oakland, Califórnia, está celebrando Outubro como Mês da História LGBT com uma exibição no hall principal da Cidade de Oakland. . Clique aqui (em inglês) para mais informação sobre como criar uma Exibição para o Mês da História LGBT.

IGREJA E HOMOSSEXUALIDADE NO BRASIL: CRONOLOGIA TEMÁTICA, 1547-2006


Contribuindo para o resgate da história HOMOSSEXUALIDADE E RELIGIÕES NO BRASIL. Ao citar, favor indicar a fonte: ARQUIVO GRUPO GAY DA BAHIA. (Luiz Mott)



IGREJA E HOMOSSEXUALIDADE NO BRASIL:
CRONOLOGIA TEMÁTICA, 1547-2006

(II Congresso Internacional sobre Epistemologia, Sexualidade e Violencia,
São Leopoldo, RS, EST, 16-16/8/2006)

Luiz Mott,
Antropólogo, ex-Dominicano,
Universidade Federal da Bahia e Grupo Gay da Bahia



O objetivo deste trabalho é revelar, de forma sistemática e tematisada, quase duas centenas de fatos e momentos, do século XVI à atualidade, que marcam a posição, primeiramente da Igreja Católica,  em seguida das demais denominações religiosas, face à questão homossexual no Brasil. Analisamos igualmente o outro lado da medalha: os episódios relativos à luta dos próprios homossexuais e seus aliados, no resgate de sua cidadania plena, inclusive o direito ao reconhecimento de sua dignidade enquanto homo-religiosusdesejosos de participar e ser respeitados nas comunidades eclesiais.
Para tanto, baseamo-nos em variegadas fontes de informação, resultado de três décadas de pesquisas etno-históricas sobre a homossexualidade no Brasil, incluindo manuscritos coletados em diversos arquivos, notadamente na Torre do Tombo de Lisboa,notícias divulgadas na mídia, livros e monografias – material disponível no Arquivo do Grupo Gay da Bahia e no arquivo pessoal do autor. [1]
Tratando-se de um primeiro ensaio cronológico-temático sobre a relação entre Igreja e Homossexualidade no Brasil, somos quem primeiro reconhece as limitações, lacunas e eventuais incorreções  deste trabalho, que esperamos sirva de pista para novas investigações idiográficas e nomotéticas mais profundas e abrangentes.
Numa tentativa inicial de organizar tais informações, tivemos por bem agrupá-las em catorze entradas, facilitando assim a melhor compreensão e debate sobre o binômio religião e homossexualidade no Brasil, a saber:

1.                            Reconhecimento da  existência da homossexualidade no Brasil
2.                            O “vício dos clérigos”
3.                            Padres homossexuais assassinados
4.                            Homofobia cristã
5.                            Moralismo homofóbico
6.                            Protestantismo
7.                            Judaísmo
8.                            Espiritismo
9.                            Candomblé
10.                        Ativismo contra a homofobia religiosa
11.                        Obras simpatizantes
12.                        Obras fundamentalistas
13.                        Benevolência e aggiornamento cristão
14.                        Igrejas pró-homo



1.                 Reconhecimento da  existência da homossexualidade no Brasil


Desde a chegada dos primeiros missionários ao Brasil, já nos meados do século XVI, noticiaram ministros católicos e protestantes a presença do “mau pecado” entre os ameríndios de ambos os sexos, sendo que alguns sacerdotes fizeram vista grossa de tal desvio, apesar de ser referido pelos documentos papais como “o mais torpe, sujo e desonesto pecado, o mais aborrecido a Deus. ”

1549: O Padre Manoel da Nóbrega relata que “os índios do Brasil cometempecados que clamam aos céus e andam os filhos dos cristãos pelo sertão perdidos entre os gentios, e sendo cristão vivem em seus bestiais costumes”.

1551: O jesuíta Pero Correia escreve de São Vicente (SP): “O pecado contra a natureza, que dizem ser lá em África muito comum, o mesmo é nesta terra do Brasil, de maneira que há cá muitas mulheres que assim nas armas como em todas as outras coisas, seguem oficio de homens e tem outras mulheres com que são casadas. A maior injúria que lhes podem fazer é chamá-las  mulheres.”

1557: O calvinista Jean de Lery refere-se à presença de índios “tibira” entre os Tupinambá,  “praticantes do pecado nefando de sodomia”.

1621: no Vocabulário da Língua Brasílica, dos Jesuítas, aparece pela primeira vez referência a “çacoaimbeguira: “entre os Tupinambá, mulher macho que se casa com outras mulheres”.

1642:   O Vigário Geral no Bispado de Pernambuco desviou das mãos do Escrivão do Crime um sumário de culpas contra dois criminosos no nefando, em troca de 300$000.

1795: Dois Comissários do Santo Ofício de Minas Gerais, ao serem consultados pelo  promotor da Inquisição de Lisboa a respeito de um tal Capitão Manuel José Correia, acusado de ser sodomita “público e escandaloso”, os  referidos sacerdotes  contentam-se em referi-lo como “tendo o gênio de mulher e muito extravagante, não obstante, suas ações de católico serem edificantes, tendo feito várias festas nesta matriz de S. José com todo o zelo ao culto divino, além de ter em sua casa um santuário que é o melhor que existe em toda a comarca, e por ter fama de impotente, e nunca se lhe soube (ter tido)  praça alguma com mulheres, dizem que costumava convidar homens para uns com outros, na ação de (se) esquentarem,  chegar o delato a ter polução...” 



2.                 Vício dos clérigos


Não obstante os anátemas e a perseguição do Tribunal do Santo Ofício da Inquisição  contra “o abominável e nefando pecado e crime de sodomia”, também em Portugal e suas colônias, padres e frades constituiram 1/3 dos fanchonos e sodomitas denunciados, presos e sentenciados pelo “Monstrum Horribilem”, merecidamente chamado então de “vicio dos clérigos”. Alguns destes religiosos revelando grande desenvoltura e persistência no “mau pecado”.


1630: Padre Amador Amado Antunes, Clérigo de Epístola, 25 anos, natural do Porto, morador na Bahia, era sodomita tão infamado que “em o vendo nas ruas de Salvador, muitos diziam: lá vai o somítigo e chegando um estranho na cidade logo lhe diziam que tivesse cuidado com o padre”.

1646, Padre Antonio de Souza, morador em Salvador, é acusado pelo escravo Domingos Bango, angola que “carregando na rede ao Padre, este mandou que entrasse em sua casa e de portas fechadas, ordenou que mostrasse-lhe as vergonhas enquanto punha órgão desonesto na mão do negro, o qual após receber um beijo, disse-lhe que o sacerdote  não era clérigo mas o diabo”,  fugindo espantado.

1669: “há fama pública e constante entre a plebe, clérigos, religiosos e nobreza da Bahia que o Padre José Pinto de Freitas exercita o abominável pecado nefando com homens, estudantes e rapazes, pegando-lhes pela braguilha, abraçando-os e beijando-os, acometendo-os com dinheiro, ouro e jóias, por ser rico e poderoso”.

1730: Padre Antonio de Guizeronde, Jesuíta, Reitor do Colégio da Companhia, em Salvador, “viveu com notável escândalo todo o tempo de seu reitorado. Tinha dois recoletos no Recolhimento, Francisco de Seixas e Luiz Alves, pelos quais fazia incríveis excessos, indo alta noite, descalço e com chave falsa, ao Recolhimento, ter com eles... A prostituição dos mestres jesuítas com seus discípulos era tão grande e notória que me não atrevo a dizer, que poucos foram os mestres naqueles pátios que não tivessem declaradamente seus amásios. Tudo isto que tenho dito é trivial na Bahia, principalmente entre os alunos daqueles pátios”.

1756: Frei Matias dos Prazeres Gayo, Carmelita calçado da Província da Bahia, 37 anos, entregou ao Comissário do Santo a seguinte confissão: “Remordido  de sua própria consciência e temor de Deus mais do que outro castigo”, se acusa que quando tinha 18 para 19 anos, cometeu o pecado nefando com Frei José de Jesus Maria, carmelita da província de Pernambuco, persuadido de sua autoridade e ignorando a enormidade do delito e das penas, não sabendo ser matéria privativa do Santo Ofício, e que nestes atos sempre foi paciente e só uma vez agente, sob instância de seu superior".

1781: Ana Joaquina,  enclausurada no Recolhimento da Misericórdia, "levava vida escandalosa pelas excessivas amizades que contraía  com outras mulheres do mesmo recolhimento, chegando até a meter e ocultar dentro da cela outras mulheres para o mesmo pecaminoso fim".

1836: Frei Francisco da Conceição Useda, noviço do Convento de Nossa Senhora do Carmo de Salvador, foi expulso da ordem por ser "corruptor da mocidade, forçando escandalosamente aos mais companheiros noviços à prática da sensualidade contra naturam".

1855: Junqueira Freire, poeta, o mais famoso beneditino do Mosteiro de São Sebastião, na Bahia, é autor de um poema homoerótico intitulado  “A um moçoilo”,  onde confessa seus amores por  um rapaz.

1898: C.F.,  "sacerdote, 45 anos, de compleição regular, temperamento genital, representando eminente papel no Clero Brasileiro, no qual tem recebido um sem-número de blandícias adulatórias e de desarrazoados encômios pela aptidão injustificável com que dirige na educação moral, religiosa e literária,  futuros representantes de nossa pátria querida, é   adestrado penitente de amor pelas crianças - da pedandrorastia . Os sentimentos de pudor e religião são levados ao extremo grau; mas no silêncio dos seus aposentos, as fricções lúbricas e as carícias motivando abraços e íntimos contatos com ad hoc crianças escolhidas provocam, prescindidas a immissio membri in anum aut interfemora, uma grande excitação que seguida de orgasmo se prolonga usque ad ejucalationem seminis".

1898: T.O.,   “monge beneditino, branco, de grande erudição intelectual, verdadeira glória do clero  brasileiro,  que no púlpito sobretudo, firmou as bases do seu levantado talento, colhendo imarcescíveis louros de triunfo, neste doente, o vício pederástico degenerou em verdadeira moléstia e imenso acentuou-se nas campanhas do Paraguai, por forma a não respeitar nem elevadas patentes militares em suas carreiras impudicas. Todavia, ainda hoje, conta-se, que poucos não são os bambinos e ragazzos que no altar de sua atividade lúbrica, prestam-se  reverentes em obediência aos enleios de estremecimentos estáticos aspergidos com o orvalho da volúpia”.

1987: falece D.Clemente Nigra, beneditino, fundador do Museu de Arte Sacra da Bahia, homossexual notório; da  mesma ordem beneditina, do Mosteiro de Olinda, o Abade é recluso num mosteiro da Europa após escândalo envolvendo-o com um funcionário casado.

1987-1993: 27 padres católicos morrem de Aids no Hospital das Clínicas de São Paulo.

1994: Padre João Batista Monteiro, 42 anos, do RS, assume sua homossexualidade na mídia.

2002: numa relação de 96 notícias de denúncia de pedofilia divulgadas na mídia brasileira em 2002, 12 eram padres e frades.



3.                 Padres homossexuais assassinados


Este é um tristíssimo flagrante da prática clandestina do “amor que (ainda)  não ousa dizer o nome” sobretudo por parte de sacerdotes católicos: praticamente todos os anos um ou mais padres, pais de santo e em menor número também pastores, são vítimas de violentos crimes homofóbicos, assassinatos motivados pelo ódio à homossexualidade.

1970: Padre Paulo Fabres Jaques, de Passo Fundo, RS, assassinado a facadas por seu amante dentro de um cinema ao encontrá-lo namorando outro rapaz.

1979: D. Pedro Villas Boas de Sousa, Bispo da Igreja Ortodoxa de Embu-Guaçu, SP, homossexual, assassinado a tiros pelo Padre Paulo Antonio Besso.

1990: Padre José Santana da Silva, assassinado por um garoto de programa num motel em Fortaleza.

1991: D. Magno Mattos Salles, 69, Bispo da Congregação dos Padres Missionários de Jesus, da Província Eclesiástica da Bahia, Itabuna, homossexual, assassinado por rapaz de programa.

2002: Padre José de Souza Fernandes, 48, homossexual, professor da PUC/Minas, morto com dois tiros e cabeça esmagada por um garoto de programa, na estrada de Ibirité, MG.

2004: Padre Antônio Cordeiro, 56, homossexual, assassinado por espancamento em sua casa em Presidente Prudente , SP, vítima de latrocínio.

2004: Padre Moacir Bernardino,  60 anos, é assassinado com dois tiros, seu corpo foi jogado numa avenida da Vila Mauá, Goiânia; meses antes fora preso por suspeita de ter assassinado outro sacerdote.

2004: Padre Paulo Henrique Keler Machado, 36, homossexual, assassinado em sua residência, em Nova Iguaçu , Baixada Fluminense,  encontrado um preservativo usado ao lado do corpo.

2004: Frei Nicolau Wiggers, fransciscano, União da Vitória, PR, estrangulado num hotel  por seu “filho adotivo” de 19 anos “Neguinho Mico”.

2005: Padre  Carlos Roberto Santana Prata, 34, homossexual, espancado  e estrangulado por três homens nas margens de uma rodovia no Ceará.





4.                 Homofobia cristã


A Igreja Católica capitaneou a perseguição aos “sodomitas”  através do Tribunal do Santo Ofício da Inquisição (1536-1821), prendendo, sequestrando os bens, açoitando, degredando e queimando na fogueira os mais escandalosos e “incorrigiveis”. Nos últimos anos, as Igrejas Evangélicas vêem adotando postura cada vez mais agressiva contra os amantes do mesmo sexo e transgêneros.

1547: primeiro “sodomita” degredado pelo Tribunal da Santa Inquisição portuguesa para o Brasil, (Pernambuco), Estevão Redondo, jovem criado de Lisboa.

1580: Isabel Antônia, natural do Porto, é a primeira lésbica a ser degredada pelo Tribunal do Santo Ofício da Inquisição para o Brasil (Bahia), processada igualmente pelo Bispo de Salvador.

1591: Padre Frutuoso Álvares, 70 anos, vigário no Recôncavo da Bahia, “sodomita incorrigível”, é primeiro sacerdote homossexual a ser inquirido na 1ª Visitação do Santo Ofício.

1592: Felipa de Sousa, lésbica contumaz, foi sentenciada pelo Visitador do Santo Ofício na Sé da Bahia: vestida simplesmente com uma túnica branca, descalça, com uma vela na mão, foi açoitada publicamente pelas principais ruas de Salvador, enquanto o Ouvidor lia o pregão: “a Santa Inquisição manda açoitar esta mulher por fazer muitas vezes o pecado nefando de sodomia com mulheres, useira e costumeira a namorar  mulheres.” Foi degredada para todo o sempre para fora da capitania.

1593: Marcos Tavares, mameluco, 18 anos, é o primeiro sodomita do Brasil a ser açoitado publicamente, pelas principais ruas de Salvador, degredado em seguida para a capitania de Sergipe.

1646: O lesbianismo deixa de ser perseguido pelo Tribunal da Inquisição, passando para a alçada da justiça real e episcopal.

1613: Índio Tibira Tupinambá do Maranhão, é executado como bucha de canhão por ordem do frades capuchinhos franceses em São Luís , “para desinfestar esta terra do pecado nefando”; é primeiro homossexual condenado à morte no Brasil.

1613: Publicação do Regimento da Inquisição Portuguesa, de D. Pedro de Castilho, determina-se a pena de morte na fogueira para os sodomitas.

1640: Publicação do Regimento da Inquisição Portuguesa, de D. Fernando de Castro, ratifica-se o poder do Santo Ofício de perseguir os sodomitas, condenando à fogueira sobretudo “os mais devassos no crime, os que davam suas casas para cometer este delito ou perseverassem por muitos anos na perdição”.

1689: O Arcebispo da Bahia D. Frei Manoel da Ressurreição informa: “logo que entrei nesta minha Igreja, comecei a ouvir as vozes de um grande escândalo contra um homem chamado Luiz Delgado, dizendo que era devasso no pecado nefando, fui apurando o fundamento e achei que não era aéreo e que a fama era antiga... e que se ausentara para o sertão despovoado com um muchacho com o qual estava vivendo no mesmo escândalo...” Ordena sua prisão e remete-os para o Tribunal do Santo Ofício de Lisboa.

1707: As Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia, no artigo 958, “Como se deve proceder no crime da sodomia”, considera-o “o mais torpe, sujo e desonesto pecado”, devendo o infrator ser preso e encaminhado ao Tribunal da Inquisição de Lisboa. Artigo 964: “as mulheres que uma com outra cometerem o pecado de molície, sejam degredadas por três anos para fora do Arcebispado e tenham penas pecuniárias.” Artigo 965: “Sendo homens que com outros cometerem o dito pecado de molície, serão castigados gravemente com penas de degredo, prisão, galés e pecuniária. E sendo clérigos, além das ditas penas, serão depostos do ofício e benefícios.”

1821 : Extinção do Tribunal do Santo Ofício Português e fim da pena de morte contra os sodomitas.

1930: D. Macário Schimidt, do mosteiro de São Bento de São  Paulo, é internado por 8 anos no Asilo de Alienados do Juqueri devido  “a práticas homossexuais com meninos pobres”.

1985: O Presidente do Grupo Gay da Bahia é agredido com um murro na cara dado por um Batista da Igreja Sião, no Campo Grande, por protestar contra a identificação da Aids como castigo de Deus contra os gays.

2001: Duas estudantes lésbicas são expulsas do Colégio Padre Eustáquio, Belo Horizonte, por troca de carinho.

2002: Liminar da Arquidiocese do Rio de Janeiro impediu que Dom Carlos II, bispo da Igreja Brasileira Livre, levasse na  Parada Gay do Rio de Janeiro a imagem de Santa Madre Paulina, que em vida foi acusada de ser lésbica,  2002: Numa relação de 94 denúncias de pedofilia registradas no Brasil, em 10 casos, os acusados eram sacerdotes católicos e um pastor evangélico.

2002: O Bispo Dom Carlos II, chefe da Igreja Brasileira Livre,  encontrou sua Igreja arrombada e no altar uma  bomba com a mensagem:  "Morte ao bispo GLS", em represália a celebração ao   casamento de uma transexual.




5.                 Moralismo homofóbico


Bispos e pastores proclamam nos púlpitos e através dos meios de comunicação mensagens agressivas contra os homossexuais, não só fornecendo carga pesada que justifica ações violentas e até assassinatos de GLTB, como subsidiando a homofobia de parlamentares cristãos que impedem a votação de projetos de ações afirmativas visando a cidadania dos homossexuais.


1974: Padre Charbonneau: “O homossexual é um indivíduo doente, que precisa de tratamento psicológico e psicanálise para se corrigir, não é um vício mas uma doença.”

1984: O Cônego José Luiz Marinho Villac escreve na  revista Doutrina Católica e Catecismo: “O que fazer ante os homossexuais cínicos e agressivos? Há pessoas em que a homossexualidade não se reduz a uma simples tendência, mas também se manifesta por prática consciente e contumaz, à qual dão toda a sua adesão interna e externa. E fazem de sua homossexualidade uma bandeira para a qual pedem o reconhecimento da sociedade, de modo arrogante, petulante e agressivo, exigindo que suas práticas obscenas, execráveis e antinaturais sejam reconhecidas como um comportamento normal, sadio e legítimo. Os que assim se conduzem devem merecer dos católicos o repúdio votado a todos os pecadores públicos e insolentes, que se declaram ou se comportam como inimigos de Deus e de Sua Santa Lei, pecado que brada ao Céu e clama a Deus por vingança. Devem ser repudiados, com nota de execração. Que Nossa Senhora livre o Brasil dessa infâmia.”

1994: D. Aloísio Lorscheider, Arcebispo de Fortaleza, declara:  “Homossexualismo é uma aberração”.

1995: D.Girônimo Anandréa,  Bispo de Erechim, RS: “O homossexualismo é um desafio contrário às leis da natureza e às leis do Criador. As uniões homossexuais jamais podem equiparar-se com as uniões familiares. O bem comum da sociedade requer a desaprovação do seu modo de agir e não  lhes sejam atribuídos direitos absolutos.”

1997:D.Edvaldo Amaral, Arcebispo de Maceió: “A união de homossexuais é uma aberração. Um cachorro pode até cheirar o outro do mesmo sexo, mas eles não tem relação. Sem querer ofender os cachorros, acho que isso é uma cachorrada! Esta é a opinião de Deus e da Igreja”.

1997: Doze bispos da CNBB enviam representação a todos Parlamentares da Câmara dos Deputados de Brasília, condenando o projeto de  Parceria Civil Registrada, considerando-o “deseducativo e lesivo aos valores humanos e cristãos.” Também a TFP - Tradição, Família e Propriedade enviou circular a todos os Deputados de Brasília declarando ter o apoio de 606 sacerdotes e 19 bispos contra o “casamento gay”, condenando o projeto por “escancarar as portas da legislação brasileira para a legitimação do coito pecaminoso, perverso e antinatural que caracteriza as relações homossexuais”.

1997: O Chanceler da Cúria Metropolitana de S.Paulo, Cônego Antônio Trivinho e o Vigário Geral da Arquidiocese, D. Antônio Gaspar, negaram o casamento religioso a Carlos José  de Sousa e Lurdes Helena Moreira, sob alegação de terem provocado pernicioso escândalo  ao se declararem gay e lésbica. Mesmo após terem concluído o curso de noivos e terem pago as taxas da cerimônia, a Cúria proibiu a realização do ato.

1997: D. Eugênio Salles, Cardeal do Rio de Janeiro: “Os homossexuais têm anomalia e a Igreja é contra e será sempre contra o homossexualismo. Se todos os fiéis são obrigados a se posicionarem contra o reconhecimento legal das uniões homossexuais, os políticos católicos têm o dever moral de manifestar clara e publicamente seu desacordo e votar contra”.

1998: D. Silvestre,  Arcebispo de Vitória, “Homossexualismo é doença”.

1998: Dom Amaury Castagno, Bispo de Jundiaí, “O homossexualismo é, simplesmente, uma aberração ética. A conduta homossexual é em si mesma execrável, como também o são o incesto, a pedofilia, o estupro e qualquer tipo de violência... O homossexualismo é antinatural, está mais que evidente que é algo contra a dignidade humana e o plano de Deus".

1998: Dom Eusébio Oscar Sheid, Arcebispo de Florianópolis, “O homossexualismo é uma tragédia. Gays são gente pela metade. Se é que são”.

1998: O Padre Luiz Carlos Lodi da Cruz, de Anápolis, Goiás, em  manifestação no Congresso Nacional, declarou: “o homossexualismo é um vício contra a natureza e os deputados devem vetar o projeto de Parceria civil de homossexuais”.

2000: D. Estêvão Bittencourt, beneditino do Rio de Janeiro: ”O homossexualismo é contra a lei de Deus e contra a natureza humana. Mãe lésbica deveria perder o direito de educar o seu filho. A justiça não deve dar a guarda da criança (Chicão) a uma mãe lésbica (Eugênia, mulher de Cássia Eller).”

2000: D. José Antônio Aparecido Tosi, Arcebispo de Fortaleza; “O homossexualismo é um defeito da natureza humana comparável  à cleptomania, ao homicídio e à irascibilidade’’.

2000: na  festa do mártir São Sebastião, 20 de janeiro, o Grupo Gay da Bahia divulgou documento na mídia proclamando São Sebastião como o patrono dos gays e elegendo o Mosteiro de São Sebastião dos Beneditinos da Bahia como o Santuário Homossexual do Brasil.

2001: A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) enviou a todos os 513 deputados federais uma carta advertindo sobre “o perigo das uniões antinaturais”.

2001: D. Aloysio Penna, Arcebispo de Botucatu; “Por maior que seja a misericórdia com que a Igreja trata os homossexuais, ela não pode deixar de pregar que os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados”.

2001: D. Raymundo Damasceno Assis, Secretário da CNBB: “É um perigo aprovar as uniões antinaturais dos homossexuais”.

2001: Padre parapsicólogo Giovanni Rinaldi, de Jacareí, SP, abre clínica para curar homossexuais, afirmando que “o homossexualismo é um desvio de comportamento, e pode ser tratado”.

2002: Frei Jacir de Freitas Faria declarou: "a Bíblia condena a homossexualidade por ser ela uma relação de poder. A relação sexual entre homens mostrava a fraqueza de ambos e colocava em risco o poder de domínio exercido por eles".

2002: Padre Jesus Hortal, reitor da PUC/SP declarou: “O filho de Cássia Eller deve ficar com os avós. Com Eugênia, ele teria ambiente familiar incompleto e de moral discutível”.

2002: Padre Jorge Cunial, Superior de Seminário Arquidiocesano de São Paulo: “Em nosso seminário, pessoas homossexuais não entram”.

2003: D. Amaury Castagno, bispo de Jundiaí: “Mais uma vez, os grupos de homossexuais, com destaque para o da Bahia, liderado pelo inconveniente e ativo Luiz Mott, vêm a público defendendo o indefensável, exigindo leis que igualem em direitos os heterossexuais e os homossexuais. Daqui a pouco alguém estará proclamando, também, o direito ao roubo e ao latrocínio, a legalização do adultério e da malandragem”.



6.                 Protestantismo



     Nos últimos anos, lideranças de diferentes igrejas evangélicas têm assumido discurso e postura cada vez mais homofóbica, fundando grupos e realizando  congressos destinados à  “cura” de homossexuais, inclusive contando com o apoio de psicólogos e parlamentares. Pouquíssimos ainda são no Brasil os ministros reformados que ousam defender a dignidade do amor entre iguais.


1914: Pastor Pedro Moura, da Igreja Batista do Garcia, Salvador, após investigação e julgamento por sua congregação, é expulso devido à prática da  pederastia.

1972: Pastor Márcio Moreira, Igreja Presbiteriana, RJ: “a pressão que a sociedade exerce para que o homossexual mude de comportamento ou se marginalize, apenas agrava o problema”.

1982: Pastor Arauna dos Santos, no Congresso Batista da Bahia, declarou: “O homossexualismo se trata de uma distorção da vida sexual normal. Deve ser combatido, quer através de um tratamento psicológico, quer através da assistência espiritual e do aconselhamento”.

1986: Ministério entre homossexuais: Comunidade S8 em São Gonçalo , RJ e Desafio Peniel, Belo Horizonte.

1994: fundado em São Paulo o Grupo de Amigos (GA), sucursal do GA/RJ, seguindo a mesma filosofia do Exodus dos Estados Unidos: “grupo de  apoio e mútua ajuda às pessoas que desejam mudar sua orientação homossexual para heterossexual”.

1994: os pastores John Donner e Pepe Hernandez, com apoio do exegeta e pastor presbiteriano Tom Hanks, da Associação Otras Ovejas, visitam 14 países da América Latina, inclusive o Brasil, mantendo contacto com lideranças do MHB.

1995: o pastor e psicólogo Ageu H. Lisboa, coordena a SALUS: Rede Cristã de Transformação Integral, com sede em Araçariguama, SP, destinada a atendimento a ex-gays.

1995: XII Congresso Vinde para Líderes: Impactando a liderança: Homossexualismo existe! Coordenadores: Carlos Henrique e Ruth Bertilac, Serra Negra, SP.

1997: Fundação do MOSES (Movimento pela Sexualidade Sadia), com pastoral de recuperação de homossexuais e panfletagem com mensagens homofóbicas nas paradas gays.

1997: Presidente do Partido Progressista Cristão,declarou: "casamento de macho com macho é semente de satanás".

1998: Fundação da filial Exodus Brasil, organização destinada à recuperação de ex-gays, sob a presidência do presbiteriano e agrônomo Affonso Henrique Lima Zuin,  da Universidade Federal de Viçosa, MG.

1998: III Encontro Cristão sobre Homossexualismo, promovido pela Exodus Brasil. A Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Travestis denunciou o caráter fraudulento deste evento, junto à OAB,  Secretaria Nacional de Direitos Humanos e ao Conselho Federal de Psicologia e Medicina, o qual, no ano seguinte, aprovou portaria proibindo aos psicólogos “curar” homossexuais.

1998: O cantor  Edson Cordeiro revelou ter deixado de ser evangélico aos 16 anos  depois de ter sido assediado sexualmente por um pastor protestante.

1998: Um auto-intitulado ex-gay, o jornalista João Luiz Santolin, 32,  declarou que há 14 anos se converteu ao evangelho e hoje trabalha com o grupo MOSES para curar homossexuais: “Diante de Deus, o homossexualismo é errado. Os gays têm de se arrepender deste pecado. Deus não ama o que fazem”.

1999: Em Brasília, deputados católicos e evangélicos ameaçam boicotar a votação do ajuste fiscal do orçamento da União caso o Projeto de Parceria Civil Registrada fosse mantido na pauta.

2000: Antônio Carlos, bispo da Igreja Universal do Reino de Deus de  São Paulo, disse: “Deus criou apenas dois sexos, macho e fêmea, o terceiro sexo não existe, é uma maneira do diabo envergonhar a Deus usando a criação dele, que somos nós. Já soube de casos de família, que o marido era homossexual depois de anos de vida em comum. O diabo até consegue camuflar isso entre o casal para mais tarde puxar o  tapete e destruir a família inteira. Mas nenhum homossexual é feliz, ainda que ele insista em dizer que sim, porque não está de acordo com a vontade de Deus”.

2001: O Canal 24 (CNT-SKY) exibiu o pastor Silas Malafaia, usando gírias  e trejeitos pouco apropriados a um religioso, o qual declarou:  “Homossexual é uma aberração. Deus fez somente o macho e a fêmea e  já foi comprovado pela ciência que ninguém nasce homossexual. Eu como psicólogo sei que é a ausência paterna que propicia esse desvio. Nós evangélicos, temos que nos unir contra esse desvio da natureza...Abram os olhos senhores deputados evangélicos!”

2001: O Conselho Nacional de Pastores do Brasil (CNPB) faz campanha nacional contra a reeleição dos deputados que votam a favor do projeto de lei que institui a união civil entre pessoas do mesmo sexo. O Deputado Severino Cavalcanti (PPB-PE), católico carismático, dedicou-se igualmente a arregimentar apoio contra o projeto que está em tramitação desde 1995. O Cardeal Arcebispo de São Paulo, Dom Cláudio Hummes, declarou não aceitar a proposta da união civil.

2005: fundação da Associação Brasileira de Apoio aos que voluntariamente desejam deixar a Homossexualidade, (ABRACEH).



7.                 Judaísmo


No judaísmo está a genese da homofobia cristã, e diferentemente do que já ocorre sobretudo nos Estados Unidos, onde há sinagogas “gay friendly” e mesmo rabinos gays  e rabinas lésbicas, no Brasil o principal líder religioso judeu várias vezes declarou-se contrário à plenitude dos direitos dos homossexuais, refletindo o machismo e homofobia reinante na ideologia de grande parte das famílias de judeus brasileiros.

1998: Rabino Henry Sobel recebeu o troféu Pau de Sebo como inimigo dos homossexuais, por ter duas vezes se declarado contra a parceria entre pessoas do mesmo sexo, por considerar que pode prejudicar a família e a relação entre pais e filhos.

2000: A Lista de Judeus Ortodoxos do Brasil repudiou a presença de um judeu homossexual Akiva Bronstein, declarando: “nós homens não temos nada contra os viados, só que não gostamos que eles estejam perto. Ficar divulgando sites na Internet  de judeus viados é o mesmo que divulgar noticias anti-semitas”.

2002:    Rabino Steve Greenberg,  o primeiro rabino ortodoxo a assumir sua homossexualidade, a convite do Festival Mix Brasil, esteve presente na exibição do documentário “Temendo a Deus”, de Sandi Dubowski, que retrata o cotidiano de judeus gays. Num debate na Congregação Israelense Paulista, contestou ponto por ponto a condenação à homossexualidade feita pelo  Rabino Henry Sobel.

2002: a direção da Encontro Religioso Aldeia Sagrada, realizado no Rio de Janeiro, proibiu a representação de uma versão homossexual da Santa Ceia, com a participação de 12 travestis, organizada pela Igreja Brasileira Livre, de Campo Grande.




8.                 Espiritismo


Não há um consenso entre as lideranças espíritas sobre a origem e como interpretar eticamente a conduta homossexual, oscilando entre a interpretação caridosa do “karma” da homossexualidade e transexualidade, à condenação bíblica.


1982: Chico Xavier: “Observadas as tendências homossexuais dos companheiros reencarnados nessa faixa de prova ou de experiência, é forçoso se lhe dê o amparo educativo adequado, tanto quanto se administra a instrução à maioria heterossexual. Todos os assuntos nesta área da evolução e da vida se especificam na intimidade de cada um”.



9.                 Candomblé


Malgrado a inquestioável  presença do homoerotismo e transexualidade na mitologia  dos Orixás, e ao grande número de pais e mães de santo notoriamente homoeróticos, reina o “complô do silencio” entre os adeptos das religiões afro-brasileiras, assimilando a mesma homofobia herdada do judeo-cristianismo.

1947: Manuel Bernardino da Paixão, Pai de Santo do Terreiro Bate-Folha, Salvador, homossexual notório.

1947: Procópio Xavier de Souza, filho de santo do Terreiro do Ogunjá , Salvador, homossexual  notório.

1956: Joãozinho da Goméia (BA, 1914- RJ, 1971), o mais famoso Pai de Santo de sua época, homossexual assumido, desfilou travestido de mulher em concurso de carnaval no Rio de Janeiro.

1990: Edinho do Gantois, Ogã do Terreiro do Gantois: “O candomblé não condena o homossexual. Tem santos como Oxumaré e Logun-Edé que apresentam de seis em seis meses sexo diferente.”




10.            Ativismo contra a homofobia religiosa


Desde sua fundação, o Movimento Homossexual Brasileiro reagiu contra a  homofobia religiosa através de manifestações e atos  políticos, protestando contra as visitas papais e declarações anti-homossexuais de lideranças católicas e protestantes.

1981: Pichação no muro da Igreja Batista do Garcia, Salvador: “Davi amava Jônatas” e “Respeitem os gays”, em represália às declarações homofóbicas do pastor desta igreja.

1984: O Grupo Gay da Bahia inicia campanha “Ao clero brasileiro”, enviando moção aos bispos de todo país requerendo criação de pastoral para homossexuais. Apenas D.Paulo Evaristo Arns, Arcebispo de SP, e mais três bispos acusam recebimento da carta-circular “Violência Crista”.

1984: Luiz Mott e Huides Cunha, coordenadores do GGB,  fazem palestra sobre “Homossexualidade e Religião” no Encontro de Teólogos Moralistas, em Salvador, onde Frei Antonio Moser, OFM diz que “carícias homoeróticas  não constituem pecado, só a cópula anal”.

1984: Moção enviada ao Padre Mathon, da Pastoral da Juventude de Salvador, em protesto pela condenação da presença de gays no grupo de jovens católicos.

1985: Carta de protesto enviada aos jornais contra D.Eugênio Sales, Cardeal do Rio de Janeiro, por considerar a Aids castigo divino contra os gays.

1985: Fundação da Associação Cristã Homossexual do Brasil em Salvador e divulgação do texto “O que todo cristão deve saber sobre homossexualidade”, primeira revisão exegética divulgada no Brasil sobre textos bíblicos relativos à homossexualidade.

1986: Panfletagem do texto “A Homossexualidade à luz do Evangelho”, no Colégio Assunção, no Encontro das Religiosas da Bahia e Sergipe, Salvador; os militantes do Grupo Gay da Bahia foram expulsos do recinto, apesar de algumas religiosas estrangeiras acolheram-nos cordialmente.

1986: Grupo Gay da Bahia envia carta de apoio a D.Gaillot, Bispo d’ Evreux, aliado à luta contra a homofobia,  afastado por João Paulo II de sua diocese devido a entrevista publicada na revista Gai Pied.

1992: Manifestação na Praça da Piedade,Salvador,  contra a Visita do Papa João Paulo II, queima de sua encíclica onde condenava a homossexualidade.

1992: o Patriarca Ornaldo Pereira funda  em Rio Verde , Goiás, o  Grupo Ipê Rosa por um Triângulo Cristão, publicando o livreto “Homossexualidade e a Bíblia”, posteriormente divulgado pelo Jornal Opção de Goiás.

1992: Grupo 28 de Junho, da Baixada Fluminense, sob a liderança de Eugênio Ibiapino, e grupo Atobá, do Rio de Janeiro, realizam enterro simbólico do Cardeal D.Eugenio Sales  em frente à cúria arquidiocesana.

1994: o ex-seminarista católico Eugênio Ibiapino realiza cerimônia de casamento de Cláudio Nascimento e Adauto Belarmino, membros do Grupo Atobá, na sede do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde e Previdência Social do Rio de Janeiro.

1993: Celebração do tricentenário da condenação do primeiro sodomita brasileiro a ser sentenciado na Praça da Sé de Salvador, o mameluco Marcos Tavares, fixação da placa de mármore “Inquisição, nunca mais!”

1993: O Conselheiro Nacional de Combate à Discriminação do Ministério da Justiça, Luiz Mott, registrou uma representação no Conselho Federal de Psicologia contra o site da Igreja Batista do Cambuí (www.ibcambui.org.br), em Campinas, pelo artigo  “Homossexualismo: doença, perversão ou natural?”, de autoria do pastor Isaltino Coelho Filho; o texto se apropria e utiliza conceitos científicos da psicologia de forma errônea e com a finalidade de justificar a intolerância e a discriminação contra os homossexuais.  Dias depois esse texto é retirado do site.

1994: João Paulo II recebe do Grupo Gay da Bahia o troféu Pau de Sebo, como inimigo dos homossexuais

1998: O Identidade, Grupo de Ação pela Cidadania Homossexual de Campinas, SP, entrou com dois processos (criminal e por danos morais)  junto ao Ministério Público contra o padre Marcelo Rossi por sua declaração no Fantástico: “o dia em que for provado que o homossexualismo é doença, serão mudados muitos pensamentos.”

2003: Após declaração do Papa contra o casamento gay, o Grupo Gay da Bahia inicia campanha nacional de “apostasia”, estimulando os homossexuais católicos a exigirem sua exclusão do grêmio da Igreja como protesto pela homofobia do Vaticano.

2006: Grupo Estruturação LGBT de Brasília faz manifestação na porta da Embaixada do Vaticano contra declarações homofóbicas de Bento XVI




11.            Obras simpatizantes


Uma vintena de livros e artigos, entre traduções e obras de autores nacionais, compõe a  pequenina bibliografia disponível em português dos principais trabalhos simpáticos à ética  homossexual.


1977: Publicação do livro A questão homossexual, do Padre Marc Oraison, Editora Nova Fronteira, RJ

1982: Publicação de A sexualidade humana. Novos rumos do pensamento católico americano. Kosnik, Anthony (Org.), Petrópolis, Vozes

1982: Publicação de Vida e Sexo, de Chico Xavier, Editora da Federação Espírita Brasileira

1985: a partir do início dos anos 80, o ISER,  Instituto de Estudos da Religião, com sede no Rio de Janeiro, publica a revista Religião e Sociedade e Comunicações do ISER,  promovendo seminários e eventos incluindo a homossexualidade, Aids  e o movimento GLTB em sua agenda. Em 1985, num numero especial sobre Aids, publicou "Aids:  Reflexões  sobre  a sodomia", de L.Mott

1985: Publicação de Homossexualidade: Ciência e Consciência, de Marciano Vidal e outros, Edições Loyola, SP

1988: Publicação do artigo “Homossexuais e ética da libertação: uma caminhada”, de Frei Bernardino Leers, OFM, na revista Perspectiva Teológica

1990: Publicação de Compreender o Homossexual, de Raphael Gallagher, Editora Santuário,  Aparecida

1992: Publicação do livro A Homofobia tem cura? O Papel das Igrejas na Questão Homoerótica, de  Bruce Hilton, Ediouro

1994: Publicação da obra

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