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Sobre o cartoon do Charlie Hebdo com o menino sírio - por Sergio Viula




Atualizando o caso:

Um desenho no jornal satírico Charlie Hebdo sugerindo que Alan Kurdi, o garoto sírio de três anos de idade, encontrado morto numa praia turca no ano passado, cresceria para ser um assediador sexual causou raiva nas redes sociais na quinta-feira, 14/01/16, informa a agência Reuters.

O cartoon descreve dois homens correndo atrás de uma mulher apavorada com a seguinte legenda: "O que teria sido do jovem Alan se ele tivesse crescido? Um apalpador de corpos na Alemanha."

Ataques sexuais contra mulheres na cidade de Colônia e em outras cidades alemãs na véspera de ano novo, muitos deles atribuídos a imigrantes, geraram mais de 600 queixas criminais e causaram constrangimentos às políticas sobre refugiados da chanceler da Alemanha, Angela Merkel. Mais de um milhão entraram na Alemanha no ano passado, mais do que em qualquer outro país da Europa. (grifo meu)

O cartoon foi publicado uma semana depois do aniversário dos ataques aos escritórios do Charlie Hebdo em Paris, que mataram 12 pessoas em janeiro de 2015. A fase "Je suis Charlie" ("Eu sou Charlie"), foi amplamente adotada por apoiadores online.

Desta vez, muitas pessoas nas mídias sociais disseram que o cartoon foi ofensivo, enquanto outras argumentaram que Charlie Hebdo estava mantendo seu tom usualmente provocativo para provocar debates sobre as atitudes dos europeus para com a crise migratória.

A imagem de Alan deitado de bruços numa praia turca em setembro passado correu o mundo e provocou uma onda de solidariedade para com o clamor dos refugiados que escavam da guerra e da pobreza no Oriente Médio e na África.
Fonte:  Agência Reuters: http://www.reuters.com/article/us-france-cartoon-idUSKCN0US2WJ20160114
 
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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO


Há muitas questões envolvidas aqui. De saída, quero deixar claro que não pretendo esgotá-las. Gostaria, porém, de destacar alguns pontos:
 
1. Na minha opinião, o cartoon foi de mau gosto, porque atribui aos imigrantes, de modo geral, uma destino irrevogável. A partir de uma espécie de profecia na base do faz-de-conta, o jornal faz diversas assunções a respeito dos homens muçulmanos. Entre elas, a seguinte: 

Se o menino vivesse, ele teria um só destino: ser homem heterossexual assediador de mulheres como muitos dos seus pares muçulmanos que, por décadas, foram doutrinados no pensamento de que toda mulher ocidental é puta e que as putas não merecem respeito - dois equívocos que fazem parte do senso comum entre os seguidores de Maomé. As mulheres ocidentais, que eles consideram poder apalpar e assediar com cantadas horrorosas, seriam facilmente estupradas ou apedrejadas em muitos países dominados pela mentalidade islâmica. Isso é fato. Mas, daí a dizer que o menino seria inevitavelmente assim e sugerir que talvez essa morte evitasse que a sociedade tivesse mais um desses imbecis, vai um abismo enorme. 

Só para provocar reflexão: 

E se o menino fosse gay e crescesse para se apaixonar por outro homem? Nesse caso, talvez sua própria comunidade quisesse exterminá-lo como já aconteceu em abrigos para imigrantes, onde homens gays correram graves riscos de vida, sendo preservados por ação governamental. Mas nem mesmo isso poderia ser tomado por garantido. Fica só a sugestão.
 
2. O menino se afogou em consequência de conflitos com os quais ele nunca contribuiu, porque nem sequer teve tempo para assumir posicionamentos a respeito deles. Foi mais uma vítima das inúmeras formas de violência que seguem acontecendo no mundo. Ele não foi a única criança morta. Muitas morreram em condições semelhantes, mas ele tornou-se uma espécie de representante de todos esses seres humanos indefesos e injustiçados, que mal sabem falar sua própria língua e morrem sem qualquer possibilidade de autodefesa. Por isso, considero ofensivo fazerem tais conexões entre essa criança injustiçada e os abusadores muçulmanos que assediaram essas mais de 600 mulheres somente nos festejos de ano novo. O debate poderia ter sido provocado de outros modos, mesmo que absolutamente satíricos, mas isso não justifica qualquer forma de violência e não devíamos insuflá-la. Já existem loucos demais por aí querendo apenas um motivo para explodirem seus corpos e arrastarem uma multidão com eles.
 
3. Apesar do mal gosto do cartoon, isso não muda o absurdo dos ataques terroristas. Aquele episódio de destruição fundamentalista contra os cartunistas do Charlie Hebdo continua sendo emblemático do que significa o barbarismo do fanatismo religioso - esse mesmo que continua com os dois pés fincados no quinto século d.C., praticamente sem modificação desde então. Em alguns aspectos, esse fanatismo é capaz de coisas ainda piores hoje, porque se Maomé atacava com cavalos, camelos e espadas naquele tempo, hoje seus seguidores mais extremistas atacam com aviões, carros bomba e armas de fogo de longo alcance, grosso calibre e autonomia para dezenas de tiros sem troca de cartucho.

4. Não posso falar por todos os que adotaram o "Eu sou Charlie". Não sei o que se passava pela cabeça de cada um, mas posso falar por mim mesmo. E a quem quiser levar em conta o que penso, meu mais sincero "obrigado". A quem preferir nem considerar o que tenho a dizer, espero que esteja de posse de todos os ângulos dessa situação para realmente não precisar sequer ouvir outras vozes. Muito bem, eu fui um dos que adotaram o slogan solidário "Eu sou Charlie" no Facebook. Mas o que é que eu queria dizer com isso. afinal de contas?

A) Primeiro, que sou contra todo tipo de violência;

B) Segundo que sou a favor da liberdade de expressão e de imprensa, inclusive para os satíricos;

C) Terceiro, que quando houver abuso dessa liberdade ou de quaisquer outras, não se pode suprimi-las ou reagir a elas com violência. Nada justifica o terrorismo e outras formas menos dramáticas de violência. A mesma democracia que provê os meios para o exercício das liberdades civis também provê os meios para exigir reparação por qualquer dano a terceiros. Além disso, existe a possibilidade de boicote e de debate. Não há qualquer justificativa para atos de violência contra pessoas ou instituições pelo uso de suas liberdades, mas há recursos poderosos e eficientes garantidos pelas instituições democrático-republicanas. Aprendamos a utilizá-los;
 

D) Minha solidariedade e empatia para com o Charlie Hebdo no momento do atentado terrorista tinha o propósito de chamar atenção para o seguintes binarismos conflitantes e autoexcludentes. Claro que abraço os primeiros e rejeito os segundos em cada uma das contraposições abaixo:

D1) Liberdade de expressão VERSUS controle religioso e/ou estatal das expressões de pensamento pelas mais diversas vias e com os mais diversos conteúdos;

D2) Valorização do ser humano acima de qualquer dogma VERSUS a absolutização 
do dogma, inclusive ao custo de vidas humanas; 

D3) Direitos humanos são inegociáveis VERSUS a sacralidade de certas ideias não pode ser sequer questionada, mesmo que estas sejam a base para a manutenção de muitas estruturas iníquas e violadoras de direitos humanos básicos.

5. O fato de me solidarizar com o Charlie Hebdo naquele momento não era um cheque em branco. Não significava que tudo e qualquer coisa que eles fizessem dali em diante contaria incondicionalmente com meu apoio nem mesmo que eu tivesse apoiado tudo o que eles haviam feito/dito antes. Minha solidariedade devia-se essencialmente ao fato de que o ataque ao Charlie Hebdo por fundamentalistas islâmicos era tão execrável quanto o ataque de extremistas da mesma estirpe contra a imagem de Buda no Afeganistão, que, graças aos cientistas, poderão ser recuperadas. O mesmo posso dizer do ataque contra o Museu do Cairo, quando extremistas muçulmanos decapitaram cerca de 30 múmias e danificaram objetos que haviam pertencido a Tutankhamon. Semana passada, vários homens-bomba atacaram uma área comercial de Bangladesh frequentada por estrangeiros, fazendo com que o governo agora caçasse cerca de 2.000 homens-bomba em potencial no país. 

Todos esses ataques são tão execráveis quanto o ataque ao Charlie Hebdo, salvaguardadas as diferenças entre o ataque a um patrimônio cultural e o massacre de seres humanos, mas é justamente contra a lógica que promove tudo isso que o jornal satírico se coloca de modo tão contundente e, muitas vezes, até inapropriado, como no caso da charge do menino sírio afogado e os apalpadores de mulheres. 

Eu poderia continuar citando vários casos que ilustram o barbarismo desses extremistas muçulmanos movidos pela lógica do "nós contra todo mundo até a decapitação do último herege".

6. Muitos imigrantes querem se integrar à Europa e desfrutar da atmosfera de liberdade que indubitavelmente é maior ali, pelo menos para o cidadão europeu de nascimento. Mas mesmo sendo estrangeiros e estando submetidos a vários constrangimentos, aparentemente haverá mais possibilidades para eles ali do que em seus países de origem, nos quais, mesmo sendo cidadãos por nascimento, não gozavam de qualquer possibilidade de divergir sem serem presos, torturados ou mortos. No entanto, existem imigrantes querendo criar "ilhas de fanatismo religioso" nos países para onde migraram. De acordo com a lógica desses 'espaços sociais criados à revelia' dos costumes locais, as mulheres continuam sendo objetos a serem utilizados e trocados em negociações entre os patriarcas de suas famílias, homossexuais continuam correndo risco de morte por serem gays, dissidentes do islamismo continuam sendo considerados blasfemos e punidos com rigor, e possíveis ateus são execrados como sendo a própria encarnação de satanás. Ironicamente, um casal gay alemão abrigou 24 imigrantes e tem encorajado outras pessoas a fazerem o mesmo. Fonte: http://brasil.elpais.com/brasil/2015/11/06/sociedad/1446796125_710981.html

Não podemos fechar os olhos a isso por causa do mau gosto do Charlie Hebdo. Não podemos dizer que o mau gosto do cartoon feito sobre o menino encontrado morto na praia da Turquia inverta tudo instantânea e acriticamente. Não mesmo.

Não aprovo o cartoon, mas não retiro meu apoio à liberdade de expressão, seja na pena e no papel do Charlie, seja na fala ou na escrita de qualquer outro. Isso não significa que não devamos confrontar esse tipo de produção duvidosa, mas isso tem que ser feito por outros meios que não o da violência.

Ao mesmo tempo que me solidarizo com a família desse menino nesse ponto, fico me perguntando por que esses mesmos muçulmanos não denunciam outras violências contra essas crianças, principalmente a violência doméstica, que é insuportável para qualquer padrão racional. Uma coisa não anula a outra, mas o silenciamento de qualquer uma delas é tendencioso, é hipócrita, e, humanisticamente falando, míope. É má-fé.

Encerrando, porque já me alonguei demais, digo apenas o seguinte:

A Europa tem que deixar de ser xenofóbica sem se tornar condescendente com aquilo que em qualquer cultura seja uma violação dos direitos humanos -- venha de seus próprios cidadãos ou de cidadãos de outras partes do mundo, seja em seu território ou em território alheio. E se os muçulmanos conseguirem conjugar suas crenças com as liberdades do secularismo e do humanismo que a Europa procura (e nem sempre consegue com perfeição) viabilizar, eles viverão em condições muito mais humanas e produtivas do que tudo o que seus governos fundamentalistas lhes ofereceram.

Não tenho a menor vontade de deixar o Brasil, apesar de todos os seus problemas, mas se eu tivesse que enfrentar algo semelhante ao que esses sírios enfrentaram em sua terra, eu adoraria ser recebido com dignidade na terra que eu escolhesse como refúgio. MAS -- um mas bem gigante -- eu teria que me adequar às regras do local, mesmo que, depois de adaptado, buscasse linhas de fuga das opressões que pudesse enfrentar ali. O que eu não poderia fazer era exigir que alemães, franceses, ingleses, etc. agissem como brasileiros só para que eu me sentisse melhor no lugar que me abrigou. Eu provavelmente teria que me tornar mais alemão, francês ou inglês, mesmo sem esquecer quem sou e de onde vim. Foi isso o que os imigrantes que vieram para o Brasil -- mesmo mantendo suas tradições -- fizeram. E quem viola os códigos locais responderá por isso, querendo ou não. 

Então, ao mesmo tempo que se respeita as liberdades desses imigrantes muçulmanos, espera-se que eles também incorporem os códigos de conduta locais e respeitem as diferenças com as quais eles provavelmente não estão acostumados. Do mesmo modo, a sociedade europeia e suas instituições devem evitar colocar mais pressão sobre quem já está tão oprimido.

Parece-me que essa era a provocação do Charlie Hebdo: Recebemos os imigrantes, mas como evitar que eles transformem a terra que os recebeu em algo parecido com aquela de onde fugiram? A escolha pelo menino sírio em conexão com os abusadores parece ter sido vista por eles como uma forma incontornável de chamar atenção para isso. De novo, o menino e sua família não necessariamente estavam conectados a esse estado de coisas só por serem imigrantes sírios.

De qualquer modo, LEMBREM-SE que Rivellino, o craque brasileiro que foi trabalhar no Qatar, teve que fugir do país depois de rejeitar a proposta do príncipe, que estava disposto a pagar quanto fosse por uma noite de amor com sua esposa (essa é a lógica de muitos desses muçulmanos vivendo na Europa - não todos, mas o suficiente para que mais de 600 mulheres na minúscula cidade de Colônia registrassem queixa na polícia (em pleno réveillon) contra assediadores, apalpadores de corpos ou de bundas, como queiram. Vale ressalvar aqui que a cidade de Colônia não é tão pequena assim, como bem disse meu amigo e querido leitor Tio Enilson. Mas, o que eu tenho em mente é uma comparação entre essa cidade de um milhão de habitantes e a minha (Rio de Janeiro). Claro que apenas uma parcela da população se reúne naquela praça - o que torna o número de ataques às mulheres ainda mais expressivo. O réveillon do Rio, por exemplo, reúne numa única praia -- sem contar os outros pontos de festejo espalhados pela cidade -- o equivalente a duas cidades inteiras de Colônia. E mesmo assim, nunca testemunhou nada parecido com isso.

Roberto Rivellino - ídolo dos anos 60
Veja o caso de Rivelino aqui no site da Fox Sports. Apesar do tom humorístico da matéria, a situação não foi nada engraçada ou inofensiva. Ele poderia ter sido preso e a mulher dele poderia ter sido tomada à força, mas ele teve a sorte de ser ajudado por amigos e alguns sheiks em sua fuga do país: http://www.foxsports.com.br/videos/157468739755-causo-rivellino-acerta-bolada-em-principe-que-queria-sua-esposa

UMA ESCOLA BÍBLICA BEM DIFERENTE!!! Vale a pena ver de novo... sob outra perspectiva!!! (CONTINUA NO POST SEGUINTE)

Assista e divirta-se






O Mito do Gênesis: Um Entre Muitos


Muita gente lê o livro de Gênesis, no Antigo Testamento, como se sua narrativa fosse a única versão antiga sobre a origem do mundo e da humanidade. Mas a verdade é que o mito bíblico da criação não surgiu isolado: ele é apenas um entre inúmeros mitos de criação que circulavam no Oriente Médio e no norte da África muito antes e durante a redação dos textos bíblicos.

Por que isso?

Porque todos os povos antigos buscavam respostas para as mesmas perguntas:


  • De onde viemos?
  • Como surgiu a vida?
  • Qual é o papel da humanidade no universo?

E, à medida que povos se encontravam, guerreavam, faziam comércio ou conviviam lado a lado, mitos eram trocados, adaptados e reinterpretados conforme a religião, a política e a cultura local.

As raízes mais antigas: Mesopotâmia

As influências mais evidentes vêm da Mesopotâmia, a “terra entre rios” (Tigre e Eufrates), berço de algumas das primeiras civilizações do mundo.


Enuma Elish (Babilônia): Narra como o deus Marduque derrota a deusa do caos, Tiamat, e cria o mundo a partir do corpo dela. Lembra de Gênesis 1:2? “A terra era sem forma e vazia.” A ideia do caos primordial vem daqui.

Épico de Gilgamesh: Contém uma história de dilúvio muito parecida com a de Noé, inclusive com um barco, animais e um herói que escapa das águas.

Quando os hebreus foram exilados na Babilônia (século VI a.C.), essas histórias já eram conhecidas há séculos — e provavelmente influenciaram a forma como Gênesis foi escrito ou editado.

A influência do Egito

No Egito Antigo, mitos falavam de um oceano primordial (Nun) e de um deus criador (Atum) que traz ordem ao mundo pelo poder da palavra. Esse detalhe aparece em Gênesis: “Disse Deus: haja luz.” A criação acontece pela ordem verbal de Deus — não por guerras entre deuses rivais, como nos mitos mesopotâmicos.

O toque israelita: um Deus único e supremo

  • O que torna o Gênesis diferente não é a história em si, mas a teologia por trás dela.
  • Em vez de vários deuses, há apenas um Deus.
  • O sol, a lua e as estrelas — divindades em outros povos — aqui são simples criações.

E o ser humano, feito à “imagem e semelhança de Deus”, recebe dignidade especial, não existindo apenas para servir aos deuses, mas como parte central da criação.
Um mito, muitas versões

O mito do Gênesis, portanto, faz parte de uma tradição muito mais ampla de mitos de criação. Ele traz elementos mesopotâmicos, egípcios e cananeus, mas adapta tudo para transmitir a fé monoteísta do povo hebreu.

Assim, quando lemos Gênesis, não estamos vendo a “primeira” nem a “única” versão de uma narrativa de criação — e sim uma adaptação feita para afirmar a identidade religiosa de Israel em meio a um mundo cheio de deuses, mitos e cosmogonias. Apenas mais uma entre muitas narrativas míticas de origem.

UMA ESCOLA BÍBLICA BEM DIFERENTE!!! Vale a pena ver de novo... sob outra perspectiva!!!

Assista e pense sob novos pontos de vista










A Bíblia: Narrativa Literária e Tradições de Origem Duvidosa


Muita gente encara a Bíblia como se fosse um livro único, coeso e imutável, caído do céu pronto e perfeito. Mas quando olhamos para ela sem o filtro da fé, descobrimos que a Bíblia é, na verdade, uma coleção de textos humanos — narrativas, poemas, leis, profecias e lendas — reunidos e editados ao longo de muitos séculos.

Como literatura, ela é fascinante. Mas como “verdade histórica absoluta”? A história de sua composição mostra algo bem diferente.

A Bíblia como narrativa

A Bíblia é formada por livros muito distintos:

Pentateuco (Gênesis a Deuteronômio): mistura mitos de criação, histórias dos patriarcas, leis e lendas tribais.

Livros históricos (Josué, Juízes, Reis, Crônicas): relatos sobre guerras, reis e profetas, geralmente escritos com tons nacionalistas e religiosos.

Poéticos e sapienciais (Salmos, Provérbios, Jó): cânticos, provérbios e reflexões filosóficas.

Profetas: textos com forte conteúdo político, religioso e moral.

Como narrativa, a Bíblia combina mito e memória, poesia e política, religião e identidade nacional — e essa mistura revela muito mais sobre os povos que a escreveram do que sobre a “palavra direta de Deus”.


Tradições de origem bem discutível

Os estudos modernos mostram que a Bíblia foi escrita, reescrita e editada em períodos diferentes, por mãos diversas, com objetivos teológicos e políticos claros. Alguns pontos essenciais:


Fontes múltiplas e contraditórias

O Pentateuco contém relatos duplicados e até conflitantes — como os dois relatos da criação em Gênesis 1 e 2. Isso levou à Hipótese Documentária, que identifica pelo menos quatro fontes principais: Javista (J), Eloísta (E), Deuteronomista (D) e Sacerdotal (P).


Influência de outros povos

Elementos de mitos mesopotâmicos, como o Enuma Elish e o Épico de Gilgamesh, aparecem claramente em Gênesis e na história do dilúvio.


Tradição oral antes da escrita

Durante séculos, as histórias foram transmitidas oralmente — e sabemos que tradições orais sofrem adaptações, acréscimos e interpretações antes de virarem texto.


Edição tardia e interesses políticos

Muitos livros foram reunidos ou editados durante o exílio babilônico (século VI a.C.) para reforçar a identidade nacional e religiosa dos judeus. Outros, como o Deuteronômio, serviram para centralizar o culto em Jerusalém — uma decisão tanto política quanto religiosa.


Cânon definido muito depois

A lista de livros considerados “inspirados” só foi fixada séculos depois. Antes disso, diferentes grupos judeus e cristãos tinham coleções de textos diferentes.


Por que tudo isso importa

Não temos os textos originais: apenas cópias tardias com variações significativas.

Muitos eventos não têm comprovação histórica: o Êxodo, por exemplo, carece de evidências fora do texto bíblico.

A mistura de política, teologia e literatura mostra que a Bíblia é obra humana, moldada por interesses e contextos específicos.


Pense seriamente nisso

Ler a Bíblia como mera narrativa nos liberta da obrigação de tomá-la como verdade literal. Podemos apreciá-la como patrimônio cultural e literário, entendendo suas contradições, influências externas e motivações políticas — sem precisar enxergá-la como “palavra sagrada”.

Afinal, a Bíblia não caiu do céu: ela foi escrita, editada e adaptada por pessoas, com todas as limitações, interesses e visões de mundo que qualquer ser humano carrega.

Um ateu encontra-se com Deus.



Depois de divertir-se um pouco com o video de animation. Veja o que diz (apropriadamente) esse gato logo abaixo:


Humor: Heteros e homos casados


“Eu era o marido perfeito... só não era eu”

Um dos relatos mais frequentes entre homens gays que viveram casamentos heterossexuais é o da performance. Eles foram bons maridos, pais presentes, provedores, amigos das esposas. Fizeram tudo que a sociedade espera — menos viver sua própria verdade.

Carlos*, por exemplo, só conseguiu se assumir aos 47 anos, depois de 20 anos de casamento. “Eu achava que podia controlar. Que dava pra ser gay em silêncio e tocar a vida. Mas chegou uma hora em que meu corpo adoeceu. Eu estava em depressão, com crises de pânico. Foi aí que busquei ajuda e entendi que não dava mais pra fugir de mim mesmo”, conta.

A esposa dele, que hoje é uma amiga próxima, também teve que passar por um processo intenso de autoconhecimento. “Eu me sentia enganada no início. Depois, entendi que ele estava tão preso quanto eu. Fomos vítimas do mesmo sistema.”

Já Marcelo*, 38 anos, pai de dois filhos, diz que o processo foi lento, mas libertador: “Fiquei anos tentando ‘orar o gay embora’. Depois, resolvi viver duplamente: marido em casa, eu mesmo na rua. Até que conheci alguém que me mostrou o que era amar de verdade. Aí, não deu mais pra continuar mentindo. Saí de casa e assumi. Foi difícil, mas hoje tenho paz. Pela primeira vez.”

Finalizando com carinho (e verdade)

Se você é um homem gay casado com uma mulher e está lendo isso, saiba: você não está sozinho. Sua história é válida. Seu medo é compreensível. E seu desejo de viver plenamente é legítimo. Ninguém deve passar a vida toda tentando encaixar o coração em um molde que não serve.

Você pode, sim, reconstruir sua vida — com respeito, cuidado e coragem. Assumir-se pode doer no começo, mas a liberdade de ser quem você é compensa tudo.

Além disso, é importante lembrar que o casamento igualitário — aquele baseado na autenticidade, no afeto e no respeito mútuo — é melhor para todos os envolvidos. Deixar de exercer pressão para que uma pessoa LGBTQIA+ aja como heterossexual não é só um alívio para ela; é também um cuidado com quem está do outro lado da relação. Relações construídas com base em uma identidade reprimida têm grandes chances de se romper dolorosamente no futuro, deixando feridas difíceis de curar.

Ao permitir que cada um viva sua verdade desde o início, evitamos frustrações, mágoas e rompimentos traumáticos. Gays livres de se esconder, mulheres livres de serem enganadas, filhos livres para crescerem em ambientes mais honestos e amorosos. Todo mundo sai ganhando.

E se você está do outro lado — é a esposa, amiga, irmã, mãe — respire, escute, acolha. A verdade pode ser um caminho difícil, mas ela é sempre o terreno mais fértil para recomeços verdadeiros.

(*Nomes alterados a pedido dos entrevistados.)

Cartoon gay


Legenda

Estudo: Homossexualidade é comum entre os animais

Balão: Desviem os olhos, crianças - o estilo de vida escolhido por eles 
é uma abominação perante o SENHOR!



Comentário meu: 
Captou a estupidez do preconceito por orientação ou identidade de gênero? ;)


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A diversidade está em toda parte – inclusive no reino animal 🐧🌈


Você já ouviu alguém dizer que a homossexualidade “não é natural”? Pois é, essa frase além de preconceituosa, é cientificamente falsa. Diversas espécies do reino animal expressam comportamentos que poderíamos chamar de “gay”, e isso já foi registrado em todo o planeta – de insetos a mamíferos, passando por pássaros, peixes e até polvos!

Ao contrário do que muitos pensam, o comportamento homossexual não é uma exclusividade dos seres humanos. Pesquisadores do mundo inteiro já documentaram interações afetivas, sexuais e até criação conjunta de filhotes entre animais do mesmo sexo. São milhares de casos! 🐾

🐧Pinguins apaixonados

Os pinguins estão entre os casais gays mais famosos do reino animal. Em diversos zoológicos e também na natureza, já foram observados pinguins machos formando pares duradouros, construindo ninhos juntos e até criando filhotes abandonados. Roy e Silo, um casal de pinguins machos do zoológico do Central Park, em Nova York, ficaram tão populares que viraram até livro infantil!

🐒 Bonobos: paz, amor e diversidade sexual

Os bonobos, primos bem próximos dos humanos, são verdadeiros embaixadores da liberdade sexual. Eles usam o sexo – inclusive entre indivíduos do mesmo sexo – como forma de criar laços sociais, resolver conflitos e manter a paz no grupo. Entre as fêmeas, então, o afeto é um espetáculo à parte!

🐏 Carneiros “fora do armário”

Um estudo da Universidade do Oregon identificou que cerca de 8% dos carneiros preferem exclusivamente parceiros do mesmo sexo, mesmo quando há fêmeas disponíveis. Ou seja, não é por falta de opção: é por afinidade mesmo!

🦢 Cisnes, flamingos e outros casais coloridos

Cisnes negros e flamingos também já formaram pares do mesmo sexo que cuidam juntos de ovos (muitas vezes “adotando” os que foram abandonados). E não pense que é raro: em algumas populações, há uma boa porcentagem desses casais arco-íris, que mostram que o amor realmente não tem gênero.

🐶 Cães, gatos, golfinhos e mais

Sim, até os pets que temos em casa podem manifestar comportamentos homoafetivos. E entre os golfinhos, o que não falta é carinho entre machos – eles nadam juntos, se tocam e formam laços duradouros que são emocionantes de observar.


🌍 A diversidade é natural

O que a ciência tem mostrado é que o comportamento homossexual não só existe entre os animais como é uma parte natural da biodiversidade da vida. Essa diversidade pode ter funções sociais, afetivas e até evolutivas. Não há “anormalidade” nenhuma nisso. Pelo contrário: é mais uma prova de que a natureza é plural, criativa e surpreendente.

Então, da próxima vez que alguém vier com o velho discurso de que "isso não existe na natureza", você já sabe o que responder: existe sim, e em grande estilo!

Porque o amor – seja em forma de afeto, parceria, cuidado ou desejo – é algo que atravessa espécies, gêneros e fronteiras. E ele deve ser celebrado, sempre. 🌈✨

Católicos e preservativos

 

Primeiro balão:
Vocês católicos alegam ser pró-vida, mas são contra o uso de camisinhas para previnir a AIDS que mata milhões!

Segundo balão:
Ei, eu não faço regras...

Terceiro balão:
Eu só as ignoro.

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✝️ Católicos e o Preservativo: quando a fé ignora a vida


Em pleno século XXI, a hierarquia da Igreja Católica ainda insiste em condenar o uso do preservativo. A mesma instituição que silenciou por décadas os abusos sexuais cometidos por seus clérigos, se acha no direito de ditar regras sobre o corpo, o desejo e a proteção de milhões de pessoas no mundo.

Não se trata apenas de uma opinião religiosa — trata-se de um posicionamento com consequências mortais, especialmente entre os mais pobres e menos escolarizados, que frequentemente recebem informações distorcidas ou são doutrinados desde cedo a ver o preservativo como "pecado".

Essa postura irresponsável e cruel colabora para:

  • A propagação de ISTs (como o HIV), principalmente em comunidades vulneráveis e com pouco acesso a educação sexual.

  • O aumento de gravidezes não planejadas, que sobrecarregam mulheres e meninas que, muitas vezes, já vivem em condições precárias.

  • A manutenção de uma cultura de culpa e repressão, que nega o prazer, criminaliza o desejo e trata a sexualidade como algo a ser temido, não vivido com responsabilidade e liberdade.

📌 A quem interessa o combate ao preservativo?

Certamente não é a Deus, que, se é amor, não pode desejar a morte lenta de pessoas por doenças evitáveis.

Interessa a uma estrutura de poder masculina, patriarcal e moralista, que prefere ver a pobreza se reproduzindo, o sofrimento se perpetuando, e os corpos sendo controlados.

É mais fácil dominar quem tem medo. É mais fácil oprimir quem não conhece seus direitos.

🚫 Negar o preservativo é negar a ciência

Num mundo onde há cura e prevenção, a ignorância defendida como fé é criminosa. Quando o papa ou um bispo diz que camisinha "incentiva o sexo promíscuo", está, na prática, incentivando o sexo desprotegido. E, entre o sermão e a realidade das favelas, das periferias e dos sertões, é a realidade que vence — com seus enterros precoces e infâncias abandonadas.

A camisinha salva vidas. A camisinha é acessível. A camisinha é um ato de amor, de cuidado e de respeito. Negá-la é negligência espiritual e social.


Fora do Armário denuncia: enquanto padres condenam o preservativo do púlpito, são as mulheres pobres e os jovens periféricos que enterram os mortos e criam os filhos sozinhos.

Se é isso que chamam de moral cristã, nós preferimos a ética da vida.

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