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Deus(es): A certeza da ausência

Deus(es): O fim de uma ilusão


"Vencido o véu da ilusão, a realidade se mostra mais fascinante do que qualquer mito."

(Sergio Viula)



Quando afirmo a inexistência de Deus, não o faço por palpite ou intuição. É a conclusão forjada por uma vida inteira de exame minucioso das evidências, de ponderação das alegações e da percepção de que a ideia de um ser divino simplesmente não resiste à análise. Não se trata de raiva da religião, nem de decepção com a fé, mas de uma clareza inabalável.

Pense no padrão cultural. Se alguém lhe dissesse que um dragão invisível mora em sua casa e se importa profundamente com o seu comportamento, você riria. Mas, se essa mesma afirmação fosse repetida por bilhões, ao longo de gerações e culturas, as pessoas subitamente a levariam a sério. A quantidade de pessoas que acreditam em algo não o torna verdadeiro.

Ao nos distanciarmos, o conceito de Deus perde o ar de mistério profundo e revela-se um artefato cultural. É uma narrativa transmitida por ter servido a funções sociais nos tempos antigos. Os humanos precisavam de explicações para tempestades, doenças, morte e moralidade. Na ausência da ciência, criaram seres para preencher essas lacunas: deuses da chuva, da guerra, da fertilidade. Com o tempo, em algumas tradições, esses deuses se condensaram em um só, mas o processo permaneceu o mesmo: humanizar o desconhecido.

O problema é que, à medida que a ciência avança, a necessidade de um deus desaparece. Não precisamos de explicações divinas para relâmpagos quando compreendemos a eletricidade, nem de um deus irado para explicar pragas quando sabemos como os germes se espalham. A cada século, a ciência corrói o terreno antes reservado à divindade.

Mas a ausência de Deus não se resume ao avanço científico. Ela se manifesta no silêncio d’Ele quando mais importaria. Guerras acontecem, crianças passam fome, inocentes sofrem, e o que acontece? Nada. Crentes tentam racionalizar, dizendo que o sofrimento é um teste ou que não podemos compreender a mente divina. No entanto, essas são desculpas que evitam a realidade: se existisse um ser todo-poderoso e todo-amoroso, o mundo não seria como é. Esse silêncio é uma evidência eloquente.

Se houvesse um ser que realmente desejasse se relacionar com a humanidade, que se importasse individualmente conosco, não seriam necessários profetas, escrituras ou igrejas. Esse ser se revelaria de maneira tão evidente quanto o sol no céu – inegável. Em vez disso, temos textos escritos há milhares de anos por pessoas que acreditavam que a Terra era plana e que as estrelas estavam presas a uma cúpula.

E quanto mais se reflete, mais estranha se torna a ideia de que o criador do universo – poderoso o suficiente para formar bilhões de galáxias – se importaria com o consumo de carne de porco, o trabalho em um sábado ou o uso de um certo tecido. Isso reduz o infinito ao papel de um pequeno chefe tribal obcecado por regras.

Bilhões mantêm essa crença porque ela lhes foi transmitida como verdade antes mesmo que soubessem como questionar, antes de entender o que é evidência. O que é plantado tão cedo pode parecer que sempre esteve lá, mas a familiaridade não é prova de veracidade.


Reconhecer a inexistência de deus(es): Arrogância ou honestidade intelectual?

Quando digo que não existe Deus, não falo com arrogância, mas com honestidade intelectual. Se exigirmos o mesmo padrão de evidência para os deuses que exigimos para todo o resto em nossa vida, os deuses falham no teste. Você não acredita em dragões invisíveis na garagem, em unicórnios nas florestas ou em Zeus e Apolo. Por que o deus de hoje deveria ser diferente?

O fascinante é que, em certo nível, as pessoas já sabem disso. Um cristão rejeita todos os deuses, exceto um. Um muçulmano rejeita todos, exceto um. Todo crente é ateu em relação a milhares de outras divindades. Eu apenas dou um passo a mais e rejeito um a mais.

O argumento, contudo, vai além da descrença. A própria presença e o funcionamento da religião se tornam evidência contra a verdade de Deus. Se o divino fosse óbvio, não seriam necessárias catedrais, dogmas ou guerras santas para impô-lo. Não exigiria doutrinação desde a infância, ameaças de inferno ou promessas de paraíso.

A certeza reside em reconhecer que os padrões não são exclusivos da religião, mas os mesmos vistos em todo sistema criado para controlar o comportamento humano: cultos, ideologias. A religião apenas teve milênios para aperfeiçoar essas ferramentas, fazendo a crença parecer natural e inquestionável. Mas, quando você se afasta, o feitiço se quebra.

Ao quebrar o feitiço, as contradições se revelam: textos religiosos que se contradizem, histórias que soam como folclore e mandamentos morais que não resistem ao tempo – como instruções para matar por infrações triviais. Vemos um Deus que se diz amor, mas afoga o mundo e ordena genocídios. Lidos sem a suposta auréola de santidade, esses textos seriam classificados como ficção.

As histórias de milagres também não se sustentam. Água em vinho, mares se abrindo – esses eventos nunca aparecem fora das páginas das escrituras, não constam nos registros das civilizações vizinhas. E quando as pessoas alegam milagres hoje, eles desaparecem sob investigação. São boatos, exageros ou truques que falham quando a evidência é exigida.

Pense na oração. Bilhões oram todos os dias, mas os resultados parecem exatamente fruto do acaso, indistinguíveis de um universo onde ninguém está ouvindo. Se a oração funcionasse, os hospitais veriam efeitos claros em pacientes alvo de súplicas.

E, novamente, o problema do mal. Quando uma criança morre sob escombros, o crente diz: “Deus tem um plano”. Mas um plano que envolve a morte esmagadora de uma criança, ignorando os gritos dos pais? Essa explicação desmorona. A verdade é que o mundo parece exatamente como se esperaria se não existisse Deus: um mundo natural, regido por leis da física e da biologia, indiferente aos desejos humanos.

Essa visão não é apenas mais coerente, é mais inspiradora. Um argumento comum para Deus é o assombro diante das estrelas ou do nascimento de um bebê. Mas o assombro é uma emoção, não uma prova. Confundir nossa psicologia com a verdade sobre o universo é um erro.


A gestação não é um milagre. Ela fantástica, mas é o que acontece todos os dias com milhões de humanos e outros animais no planeta. E muitas vezes, dá errado tanto para o bebê como para a mãe e até para ambos.

E a psicologia é crucial. Somos criaturas que buscam padrões e veem intenções onde não há. Essa detecção hiperativa de agência, que ajudou nossos ancestrais a sobreviver, também nos tornou propensos a inventar deuses. O mesmo cérebro que vê rostos nas nuvens vê propósito divino em eventos aleatórios.

Somado ao medo da morte — a ideia de deixar de existir apavora —, a religião se torna quase inevitável. Ela oferece uma fuga, prometendo eternidade, reencontro e justiça. Mas uma história reconfortante não é o mesmo que a realidade. Cada grande religião reflete as ansiedades e os valores da cultura que a criou, revelando mais sobre as esperanças humanas do que sobre o universo.

Uma vez que se enxerga isso, não há como “desver”. Você reconhece que todas as religiões, passadas e presentes, afirmam ter a certeza absoluta, mas nenhuma delas concorda. Percebe que os textos sagrados têm autores humanos, motivações políticas e necessidades culturais.

Entende que a moralidade não vem da religião. Ela emana da nossa humanidade compartilhada, da empatia e da necessidade de cooperação. Padres e profetas alegaram ser a voz da verdade moral, mas, na verdade, você não precisa de um mandamento para saber que a bondade é melhor que a crueldade. Essas coisas estão em nós.


Onde a Bíblia explicitamente aprova e regulamente a escravidão:

Êxodo 21:2–11 — Regras sobre servos hebreus: o escravo hebreu deveria ser libertado após seis anos de serviço, a menos que escolhesse permanecer voluntariamente.

Êxodo 21:20–21 — O texto estabelece punições brandas para o dono que ferisse um escravo, mostrando a desigualdade jurídica entre senhores e servos.

Levítico 25:39–46 — Diferencia entre servos hebreus (que deveriam ser tratados como trabalhadores assalariados) e escravos estrangeiros, que podiam ser herdados como propriedade.

Deuteronômio 15:12–18 — Reforça a libertação do escravo hebreu após seis anos e recomenda tratá-lo com generosidade ao libertá-lo.

Números 31:9–18 — Menciona a tomada de mulheres e crianças midianitas como prisioneiras e servas após uma guerra.

VALE DESTACAR QUE NEM JESUS NEM SEUS APÓSTOLOS JAMAIS SE PRONUNCIARAM PARA REVOGAR ESSAS PRÁTICAS ESCRAVAGISTAS, MAS GASTARAM MUITO TEMPO DISCUTINDO O SÁBADO E A CIRCUNCISÃO.

Ao longo da história, os maiores avanços morais raramente vieram da religião, mas sim de pessoas que a desafiaram. A escravidão foi defendida pelas escrituras; somente o apelo à razão e à humanidade compartilhada a derrubou. O mesmo vale para os direitos das mulheres e os direitos LGBT. O progresso acontece quando a compaixão humana ultrapassa os limites rígidos da doutrina.

Pessoas religiosas podem ser boas, é claro, mas sua bondade é humana, não divina. Isso fica evidente quando elas escolhem e descartam trechos de suas próprias escrituras, ignorando passagens cruéis e apegando-se às amorosas. Isso não é obediência a um deus; é o julgamento humano silenciosamente substituindo os comandos divinos. Se um livro precisa ser filtrado pela consciência humana, é essa consciência que está fazendo o verdadeiro trabalho.


Se tudo aponta para a inexistência de deus(es), por que a religião sobrevive?


A crença persiste porque a religião sobrevive em sistemas: estruturas familiares que a ensinam antes da crítica, comunidades que atrelam pertencimento à crença, rituais que dão significado, medo da punição e promessas de recompensa. Não sobrevive com base em evidências, mas em pressão social.

Quando as evidências falham, os crentes recorrem à experiência pessoal: "Sinto a presença de Deus" ou "Minha oração foi atendida". Mas sentimentos não são indicadores confiáveis de verdade. Pessoas em todo o mundo sentem a presença de diferentes deuses, e todos não podem estar certos. O que essas histórias provam é o poder da mente humana em se convencer.

O viés de confirmação entra em ação: notamos e lembramos apenas os eventos que confirmam nossas crenças. Se você ora por cura e melhora, é prova. Se ora e nada acontece, é “a vontade de Deus”. O teste é manipulado. Na ciência, se um remédio não funciona, concluímos que não funciona. Na religião, a crença é preservada apesar das evidências.

No cotidiano, as pessoas confiam o tempo todo no raciocínio baseado em evidências. Ninguém embarcaria em um avião cuja engenharia se baseasse apenas na fé. Mas, quando se trata de Deus, os padrões desaparecem.

Eis a ironia: se Deus quisesse que acreditássemos, seria fácil. Bastaria deixar a evidência clara: uma mensagem na Lua em todas as línguas, a cessação de desastres naturais sob oração, a cura verificável de amputados. Em vez disso, temos livros antigos, milagres disputados e sentimentos subjetivos. A explicação mais simples não é que Deus esteja escondido, mas que Deus não existe.

Quando você se permite essa conclusão, o mundo se abre. Em vez de um propósito imposto de fora, você vê um significado criado de dentro. A vida se torna mais frágil, sim, mas também mais preciosa. Saber que esta é a única vida que temos faz com que ela importe mais, não menos.

O mundo não desaba sem Deus; ele se esclarece. O sentido vem de nós – das relações que construímos, dos projetos que seguimos, da arte e da bondade humana. A alegação de que moralidade ou propósito desabam sem Deus é ofensiva, pois supõe que os humanos são incapazes de cuidar uns dos outros sem a ameaça do inferno. Mas cada ato de bondade desmente isso.

A ausência de Deus é libertadora. Você não precisa desperdiçar a vida tentando interpretar a vontade de um ser invisível ou conciliar contradições nas escrituras. Você pode se concentrar em viver de forma plena, honesta e compassiva.

Essa perspectiva está em harmonia com a realidade. Em vez de forçar tudo através de um filtro religioso, você vê a complexidade dos ecossistemas, o poder da evolução, a vastidão do espaço. E o assombro é honesto; não exige suspensão da descrença, mas cresce quanto mais você aprende.



A religião não foi o motor do progresso; muitas vezes, foi o freio. A verdade avança quando as pessoas se libertam do dogma. A resistência não é acidental: a religião depende da estabilidade, da repetição de regras e histórias, e resiste à mudança porque ela ameaça sua autoridade. Hereges foram queimados e cientistas silenciados, não porque a verdade ameaçasse Deus, mas porque ameaçava as instituições que dependiam de Deus para manter o poder.

O padrão é claro: a religião não é sobre Deus, é sobre controle. Ela dita o que fazer, com quem casar, como vestir. É uma ferramenta humana para controlar pessoas. É por isso que a certeza se torna necessária. Hesitar deixa a porta aberta para que esses sistemas retomem a autoridade. Mas quando todas as evidências apontam contra a existência de Deus, a porta se fecha. A clareza liberta.

Uma das razões mais fortes para a certeza é que o deus de que nos falam muda dependendo de onde e quando você nasce. Se você nasce em uma parte do mundo, Jesus é o salvador. Em outra, Maomé é o profeta. Se houvesse um deus real, óbvio e universal, essas contradições não existiriam. As pessoas descobririam a mesma verdade, assim como descobrimos o fogo ou a matemática. Em vez disso, os deuses refletem a geografia e a cultura, não a realidade.

Observe a história: todo deus que um dia foi adorado com absoluta certeza acabou virando mito – os deuses do Egito, da Grécia, de Roma. Olhamos para trás e os vemos como produtos da imaginação. É apenas uma questão de tempo até que os deuses de hoje se juntem a eles.

Há outro ponto revelador: os erros nos textos sagrados. Eles estão cheios de imprecisões que refletem a ignorância humana antiga: a Terra criada em seis dias, o Sol parando no céu. Essas não são as palavras de um ser onisciente, mas os palpites de pessoas limitadas pelo conhecimento de sua época. Se as escrituras contivessem uma única informação inegável de conhecimento avançado, isso seria impressionante. Mas não contêm.

A moral atribuída a Deus também desmorona sob exame. Dizem que, sem Deus, tudo é permitido, mas, na leitura das escrituras, percebe-se que com Deus, quase tudo é permitido – genocídio, escravidão, poligamia, execuções por ofensas triviais. A única forma de os crentes modernos se distanciarem disso é ignorando, reinterpretando ou tentando explicar.

Isso mostra que a moralidade vem dos humanos, que gradualmente rejeitaram a crueldade desses textos à medida que evoluímos socialmente. O progresso moral surge fora da religião, e só depois as instituições correm atrás.

Em suma: tudo na religião parece feito por mãos humanas – os deuses refletem suas culturas, as escrituras refletem seu tempo e a moralidade evolui independentemente. As impressões digitais da humanidade estão por toda parte.


O que seria da humanidade - e de você - sem a crença em deus(es)?


A ausência de Deus não tira o encanto da vida. As estrelas são belas por si mesmas; ajudar alguém importa porque reduz o sofrimento; o amor importa porque transforma a vida. A ausência de Deus remove as ilusões e nos deixa com a realidade, que é suficiente.

A percepção mais poderosa que vem dessa rejeição é a responsabilidade. Quando se acredita em um plano divino, a responsabilidade pelos problemas é entregue a esse poder. Mas, ao reconhecer que não há mão superior puxando as cordas, o peso recai sobre nós. Se nenhum Deus vai acabar com a fome, então nós devemos acabar com a fome.

A história mostra o que acontece quando as pessoas confiam no esforço humano: vacinas vêm da ciência, tratados de paz vêm da negociação, direitos civis vêm do ativismo. O progresso acontece quando os humanos assumem a responsabilidade.

A ideia de Deus também encolhe sob o peso do universo. Um ser poderoso o suficiente para criar o cosmos, mas preocupado com restrições alimentares e hábitos sexuais, soa como a mente de um chefe tribal, não a mente que arquitetou galáxias. A discrepância é gritante.

O conceito de justiça divina também é falho: a punição infinita do inferno por ações finitas é crueldade amplificada. Essas ideias exploram o medo da morte, a incerteza e o desejo de justiça, mas conforto não é prova.

A própria linguagem sustenta a ilusão. Dizer "Deus respondeu à minha oração" quando algo bom acontece, ou "Deus age de maneiras misteriosas" para encobrir contradições, transforma coincidências em divindades. A linguagem disfarça a realidade.



Eis um fato revelador: as sociedades mais seculares não entraram em colapso. Muitos dos países mais seculares aparecem no topo em medidas de felicidade, educação e igualdade. As pessoas encontram significado, propósito e moralidade sem religião, porque nunca precisaram de Deus para essas coisas desde o começo.

A certeza não vem da arrogância, mas da coerência. Não é um salto de fé. É a conclusão que surge naturalmente ao remover as ilusões e olhar honestamente para as evidências.

A ausência de Deus não é apenas uma possibilidade. É a explicação que faz todo o resto se encaixar. E nessa verdade, há liberdade, clareza e, mais importante, a vida – real, desvelada, inegável, aqui e agora.

A Religião é a Fraude Mais Duradoura da Humanidade

 A Religião é a Fraude Mais Duradoura da Humanidade




Transcrição (com subtítulos adicionados) deste vídeo publicado por Secularis (em inglês):



Religião já foi chamada de muitas coisas ao longo dos tempos, mas, em sua essência, funciona como a mais antiga fraude da história humana. Ela toma algo intangível, algo que ninguém pode provar, e o vende como se fosse a coisa mais certa e valiosa do mundo. Exige pagamento, obediência e lealdade em troca de promessas que não pode cumprir até depois da morte, quando ninguém pode verificá-las. Diferente de um golpista de rua, que desaparece após o golpe, a religião constrói uma instituição inteira para garantir que a fraude dure não apenas anos, mas gerações.

No coração de todo golpe existe um gancho. Para a religião, esse gancho é o medo: medo da morte, do castigo, de estar sozinho em um universo vasto e indiferente. As pessoas são ensinadas que, sem religião, estão perdidas, sem sentido e vulneráveis ao tormento eterno. Esse medo é combinado com uma solução exclusiva: apenas este deus específico, nesta fé específica, através destes rituais específicos pode salvar você. É a mesma tática de um fraudador que exagera ou inventa um problema e afirma que só ele pode protegê-lo.

A genialidade do esquema está no fato de não precisar mostrar resultados no presente. Um golpista que vende remédio falso pode ser desmascarado quando o produto não cura ninguém. Mas a religião promete suas recompensas após a morte, em um reino de onde ninguém pode voltar para dar testemunho. Isso a torna imune ao tipo de evidência que a desmentiria. É como vender ingressos para um espetáculo que só começa quando a plateia já não existe mais.

O fluxo constante de recursos

As religiões também dominam a arte de garantir fluxo constante de recursos. Pedem dinheiro não como transação, mas como dever sagrado: dízimos, ofertas, doações — todos apresentados como atos de devoção, não de troca financeira. E quanto mais alguém dá, mais lhe dizem que está provando sua fé. Nos sistemas religiosos mais bem-sucedidos, essa riqueza se acumula isenta de impostos, permitindo-lhes construir impérios, enquanto os fiéis são incentivados a se contentar com pouco. Não é apenas orientação espiritual, mas uma estrutura financeira projetada para extrair recursos de muitos e consolidá-los nas mãos de poucos.

A moralidade como disfarce

Um dos truques mais antigos do manual da religião é disfarçar-se de moralidade. Ao afirmar ser a fonte de todos os valores éticos, coloca-se como indispensável. Ensina-se que, sem ela, não haveria certo ou errado, justiça ou compaixão. É como um golpista convencendo você de que inventou a honestidade e, por isso, deve ser confiado totalmente. Na realidade, o comportamento moral existia muito antes da religião organizada e continua existindo em sociedades seculares que estão entre as mais éticas e pacíficas do mundo.

O controle da informação

O controle da informação também é chave para a sobrevivência da fraude. Em muitos períodos históricos, autoridades religiosas decidiram quais livros podiam ser lidos, quais ideias ensinadas e quais perguntas feitas. Quem desafiava os ensinamentos oficiais arriscava ser rotulado de herege, exilado, torturado ou morto. Ainda hoje, em alguns países, questionar dogmas religiosos pode resultar em prisão ou execução. Ao suprimir visões contrárias, a religião mantém um monopólio da verdade — não por prová-la, mas por silenciar o dissenso.

O que torna essa fraude tão eficaz é sua capacidade de adaptação. Quando a ciência refuta uma afirmação, a religião muitas vezes reinterpreta seus ensinamentos como se sempre tivesse significado aquilo. Essa mudança constante das regras impede os seguidores de perceber que o sistema estava errado desde o início. Assim, evita o colapso da mesma forma que um estelionatário habilidoso evita a prisão: mudando a história apenas o suficiente para se manter à frente da exposição.

O cerimonial como espetáculo "divino"


Os líderes religiosos também usam status e cerimônia para reforçar sua influência. Vestes elaboradas, arquitetura sagrada, títulos especiais e rituais ensaiados criam uma aura de autoridade. Esses símbolos transmitem a mensagem de que os líderes não são pessoas comuns, mas escolhidas, elevadas e ligadas ao divino. Esse espetáculo visual e emocional torna os fiéis menos propensos a questionar a autoridade, pois fazê-lo parece ser o mesmo que desafiar o divino.

Recrutamento e doutrinação

A estratégia de recrutamento é tão sofisticada quanto qualquer campanha moderna de marketing. A religião mira nas crianças, sabendo que crenças ensinadas cedo são as mais difíceis de questionar depois. Mentes jovens são moldadas por histórias, músicas e repetição, de modo que as mensagens centrais se tornam parte da identidade da pessoa. Quando chegam à vida adulta, questionar essas crenças parece trair a família, a comunidade e a si mesmos.

A genialidade da fraude está em convencer as pessoas a defendê-la por conta própria. Os mais explorados muitas vezes tornam-se seus protetores mais leais, atacando quem critica a fé. Fazem isso não porque tenham recebido provas sólidas, mas porque todo o seu modo de ver o mundo depende de manter a crença intacta. É o mesmo mecanismo psicológico visto em vítimas de golpes financeiros que se recusam a admitir que foram enganadas, mesmo diante de evidências.

A única religião certa

Outro elemento é a exclusividade. Muitas religiões ensinam que apenas elas possuem a verdade e que todas as outras são falsas. Isso cria um sentimento de especialidade nos crentes, mas também assegura divisão. As pessoas são menos propensas a se unir contra o sistema quando estão ocupadas vendo os de fora como inimigos. Essa estratégia de dividir para conquistar mantém a fraude funcionando mesmo quando religiões concorrentes compartilham a mesma falta básica de evidências.

A manipulação emocional vai além do medo: alcança também a esperança. Fiéis recebem promessas de justiça perfeita, felicidade eterna e reencontro com entes queridos — tudo no além. São desejos humanos poderosos que nenhum sistema pode garantir plenamente. A religião os explora, oferecendo certezas onde nenhuma existe. O preço desse consolo é obediência, conformidade e, muitas vezes, uma vida inteira de investimento financeiro e emocional.

Outro aspecto que sustenta essa fraude é a manipulação da culpa. As pessoas são ensinadas a acreditar que são fundamentalmente defeituosas, pecadoras por natureza, indignas de amor ou salvação sem a ajuda da religião. Essa mensagem corrosiva destrói a autoestima e cria dependência. A religião então se apresenta como a única fonte de perdão e redenção. É uma técnica clássica de manipulação psicológica: primeiro quebrar a confiança da vítima, depois oferecer-se como a única forma de reparo.

Em muitas tradições, até pensamentos são policiados. Não basta obedecer externamente; espera-se que o fiel controle seus desejos mais íntimos e até seus sonhos. A religião se infiltra nas áreas mais privadas da mente, exigindo pureza em nível impossível de alcançar. Quando as pessoas inevitavelmente falham, são incentivadas a se sentir culpadas e buscar ainda mais a religião para conforto. Isso cria um ciclo de autoperpetuação no qual o fracasso humano normal reforça o poder da instituição.

O mito da longevidade como prova

Além disso, a religião se beneficia de sua longevidade. O simples fato de uma tradição ter sobrevivido por séculos é usado como prova de sua verdade. Mas longevidade não valida uma afirmação. Fraudes podem durar indefinidamente se forem suficientemente bem estruturadas e se transmitirem de geração em geração. Muitos mitos antigos sobre deuses hoje parecem risíveis, mas por milhares de anos foram aceitos como verdades sagradas. A religião atual só parece diferente porque ainda é amplamente praticada; um dia, pode ocupar o mesmo espaço que as lendas antigas de deuses caídos em desuso.

O engodo da justiça final

Outro pilar do sucesso da fraude é a promessa de justiça final. Em um mundo onde a injustiça é frequente, a religião afirma que todo mal será corrigido em outra vida. Essa crença desvia a atenção da necessidade de lutar por justiça real aqui e agora. Se os pobres acreditam que sua recompensa virá no paraíso, são menos propensos a desafiar sistemas econômicos que os exploram. Se os oprimidos acreditam que seus opressores serão punidos no além, podem aceitar sofrimentos intoleráveis em vez de exigir mudança. A religião assim funciona como um amortecedor social, protegendo estruturas de poder contra revoltas.

Em algumas versões, a fraude vai ainda mais longe ao justificar atrocidades. Guerras, escravidão, genocídio e perseguição foram todos defendidos com base em autoridade religiosa. Quando líderes afirmam que suas ações contam com aprovação divina, conseguem fazer com que seguidores participem de atos que, de outra forma, pareceriam moralmente repulsivos. A fraude, portanto, não é apenas passiva, mas capaz de transformar sociedades inteiras em cúmplices de violência em nome de um mito.

A falácia do Deus das lacunas

A religião também tira proveito do mistério. Onde há lacunas no conhecimento humano, ela se insere como explicação. Antes de a ciência revelar causas naturais para relâmpagos, doenças ou movimento dos planetas, eram atribuídos aos deuses. À medida que o conhecimento avança, a religião recua, mas sempre encontra novos espaços de sombra para ocupar. Esse “Deus das lacunas” garante que a fraude nunca precise admitir derrota total, apenas redirecionar suas afirmações.

O senso de pertencimento como forma de aprisionamento

A força final dessa fraude é sua capacidade de oferecer identidade e comunidade. Pertencer a uma religião muitas vezes significa pertencer a uma família extensa de crentes que compartilham valores, costumes e um senso de propósito. Isso satisfaz necessidades sociais profundas, mas também funciona como uma forma de aprisionamento. Quando questionar a religião significa arriscar perder amigos, família e posição social, poucos ousam fazê-lo. Assim, a fraude se protege não apenas através da teologia, mas através da estrutura emocional e social que cria.

A falsa necessidade de religião

O aspecto mais insidioso da religião como fraude é sua habilidade de se apresentar não como uma escolha, mas como uma necessidade. Muitas pessoas crescem acreditando que rejeitar a religião é o mesmo que rejeitar a própria moralidade, identidade cultural ou até mesmo sua família. Isso transforma o ato de questionar a fé em algo que parece impensável, quase uma traição pessoal. Ao tornar-se inseparável da vida cotidiana, a fraude deixa de ser percebida como tal.

Supostas experiências com o divino ou o sobrenatural

Outro recurso poderoso é a apropriação de experiências pessoais intensas. Momentos de êxtase, tranquilidade profunda ou sentimentos de conexão podem ocorrer naturalmente em seres humanos por meio da música, meditação, arte ou até estados alterados de consciência. A religião reivindica essas experiências como prova de sua verdade exclusiva. Assim, sensações internas, que são fenômenos psicológicos e fisiológicos, são interpretadas como confirmação de dogmas. O que é apenas a mente humana funcionando de maneiras complexas é usado como evidência de uma intervenção sobrenatural.

A difamação da dúvida

A religião também se sustenta ao transformar dúvidas em pecados. Enquanto a busca por verdade normalmente valoriza o ceticismo, a religião muitas vezes retrata perguntas difíceis como perigosas ou proibidas. Isso transforma o processo natural de investigação em algo que deve ser reprimido. Ao estigmatizar a dúvida, garante-se que os seguidores permaneçam dentro dos limites estabelecidos, mesmo quando percebem contradições ou inconsistências. A fraude se mantém não porque seja convincente, mas porque questioná-la é condenado.

Religião e política

Em sociedades onde a religião tem poder político, sua fraude se consolida ainda mais. As instituições religiosas fazem alianças com governos, recebendo privilégios legais e proteção em troca de apoio moral às autoridades. Isso cria um círculo vicioso: o Estado legitima a religião, e a religião legitima o Estado. Juntas, reforçam a ideia de que obedecer tanto à lei quanto ao dogma é dever absoluto, esmagando alternativas ou dissidência.

Os rituais como técnica de condicionamento

A perpetuação da fraude religiosa também depende da repetição ritual. Orar diariamente, frequentar cultos semanais, jejuar em épocas específicas, participar de peregrinações — todos esses atos, repetidos ao longo da vida, reforçam crenças de forma automática. Mesmo quando o fiel não está refletindo sobre os dogmas, o simples ato de praticar constantemente cria um condicionamento profundo. A repetição transforma a crença em hábito e o hábito em certeza psicológica.

E quando tudo isso falha, há sempre a ameaça do castigo. Se recompensas celestiais não forem suficientes para manter os seguidores alinhados, punições infernais são apresentadas como o destino dos que duvidam ou se desviam. O medo de sofrimento eterno, retratado em detalhes vívidos em muitas tradições, é um dos dispositivos de coerção mais poderosos já inventados. Nenhuma prisão terrena pode competir com a ideia de tortura infinita. Assim, mesmo quando não há provas, a ameaça funciona como um grilhão invisível na mente do crente.

Ostracismo para quem abandona a religião

A fraude é tão bem estruturada que até as tentativas de sair dela podem reforçá-la. Quando alguém deixa a religião e experimenta dificuldades naturais da vida, essas dificuldades podem ser reinterpretadas como punição divina. Se, ao contrário, algo positivo acontece, pode ser visto como um teste ou um chamado para retornar. Em ambos os casos, a religião reivindica autoridade sobre os eventos, tornando quase impossível escapar de sua lógica circular.

Sublimação dos instintos mais nobres

Por fim, talvez a característica mais notável da religião como fraude seja sua capacidade de convencer pessoas inteligentes, compassivas e bem-intencionadas a defendê-la. Não é apenas um truque barato que engana ingênuos, mas um sistema refinado que explora os instintos humanos mais nobres: a busca por significado, a necessidade de pertencimento, o desejo de justiça. Esses impulsos legítimos são sequestrados e usados como combustível para uma estrutura que, em última análise, serve a interesses de poder e controle.

A religião como dispositivo cultural

Essa fraude monumental também encontra força em sua diversidade de formas. Religiões diferem em rituais, mitologias e símbolos, mas compartilham a mesma estrutura subjacente: a promessa de soluções sobrenaturais para problemas humanos. Essa diversidade permite que cada cultura tenha sua versão local da fraude, tornando-a mais fácil de aceitar. A pessoa pode rejeitar uma religião estrangeira como falsa, mas dificilmente questiona aquela em que nasceu, porque foi moldada desde cedo para vê-la como natural e inevitável.

Ao longo da história, a religião mostrou habilidade em se apropriar de avanços humanos para perpetuar sua influência. Festas pagãs foram convertidas em feriados religiosos. Costumes culturais foram rebatizados como tradições sagradas. Até descobertas científicas, quando não puderam mais ser negadas, foram reinterpretadas como compatíveis com antigas escrituras. Esse parasitismo cultural garante que a religião sempre encontre um espaço para sobreviver, mesmo em épocas de mudança.

Um dos aspectos mais cruéis da fraude é o modo como ela explora o luto. A morte de entes queridos é uma das experiências mais dolorosas da existência humana, e a religião capitaliza sobre isso ao oferecer garantias de reencontro no além. Embora não haja provas para sustentar tais afirmações, a necessidade emocional é tão forte que muitos aceitam a promessa sem questionar. Dessa forma, a dor pessoal se torna uma oportunidade de fortalecimento para a instituição.

Outro elemento é o uso da linguagem sagrada. Palavras arcaicas, textos considerados intocáveis, cânticos repetidos em línguas mortas — tudo isso cria uma aura de mistério e profundidade. Mesmo quando o conteúdo é banal ou contraditório, o modo como é apresentado inspira reverência. É como um mágico que distrai a plateia com gestos elaborados para esconder a simplicidade do truque. A linguagem sagrada funciona como fumaça e espelhos para manter a ilusão.

Sexualidade e religião

Também não se pode ignorar a manipulação sexual presente em muitas tradições religiosas. O controle sobre o corpo — o que vestir, com quem se relacionar, quando e como ter intimidade — é uma das formas mais diretas de manter poder sobre indivíduos. Ao transformar desejos naturais em fontes de culpa e vergonha, a religião prende os fiéis em uma luta interminável contra si mesmos. A solução, claro, é sempre mais obediência e submissão à instituição.

Quanto mais influente, mais coercitiva

A religião ainda se beneficia da ilusão de unanimidade. Quando uma comunidade inteira parece acreditar, a pressão social faz com que o indivíduo também aceite a crença, mesmo que em privado duvide dela. Esse efeito de massa cria uma rede de reforço mútuo, onde cada fiel fortalece a fé dos outros simplesmente por demonstrar conformidade externa. A fraude se mantém não porque todos realmente acreditam, mas porque todos acreditam que todos acreditam.

O fracasso profético e a volta por cima

Além disso, a religião é mestre em redefinir fracassos como sucessos. Quando uma profecia não se cumpre, é reinterpretada como simbólica. Quando uma oração não é atendida, dizem que a resposta foi “não” ou que havia um propósito oculto. Quando líderes religiosos são flagrados em escândalos, a culpa é atribuída à falibilidade humana, nunca ao sistema em si. Dessa forma, a fraude é protegida contra falsificação: nenhum evento pode contar contra ela, pois qualquer resultado é reinterpretado como confirmação.

Por que a religião é a maior fraude já concebida pela humanidade?

Por tudo isso, a religião não é apenas uma fraude qualquer, mas a mais duradoura, abrangente e sofisticada já concebida pela humanidade. Ela sobreviveu a impérios, revoluções e eras de esclarecimento porque é adaptável, porque fala diretamente aos medos e desejos mais profundos, e porque se enraíza em estruturas sociais e emocionais. Enquanto houver incerteza, sofrimento e busca por significado, a religião terá terreno fértil para perpetuar sua ilusão.

Em última análise, a religião se sustenta não porque prove suas afirmações, mas porque satisfaz necessidades humanas que são reais: a necessidade de consolo diante da morte, de ordem em meio ao caos, de pertencimento em meio à solidão. Essas necessidades são legítimas, mas a religião as explora oferecendo respostas falsas. Como um charlatão que vende água milagrosa a um doente desesperado, ela lucra com a vulnerabilidade humana.

Reconhecer a religião como fraude não significa desprezar as pessoas que acreditam nela. Pelo contrário, é compreender que elas foram presas em um sistema projetado para capturar suas emoções mais profundas. Muitos fiéis são pessoas boas, movidas por intenções sinceras, que apenas desconhecem a natureza enganosa da estrutura que os envolve. A crítica não deve ser dirigida contra os crentes, mas contra a máquina que perpetua suas ilusões.

É importante também entender que a religião não detém monopólio sobre as coisas que valoriza. O sentido da vida pode ser encontrado na arte, na ciência, nos relacionamentos humanos, na busca por conhecimento e na construção de sociedades mais justas. A compaixão e a ética não dependem de mandamentos divinos; elas emergem de nossa capacidade natural de empatia e de cooperação. A comunidade pode ser construída não apenas em templos, mas em qualquer espaço onde seres humanos se reúnam com propósito e solidariedade.

Assim, expor a religião como fraude não significa esvaziar a vida de significado, mas libertar o indivíduo para encontrar significados mais autênticos. Significa trocar promessas vazias por realidades possíveis. Significa assumir responsabilidade por nosso destino, em vez de entregá-la a autoridades invisíveis. Significa, em última instância, crescer como espécie e como indivíduos, reconhecendo que não precisamos de mitos para viver com dignidade.

A religião, enquanto fraude, perdurará enquanto as pessoas não tiverem coragem de encará-la como tal. Mas cada vez que alguém ousa questionar, cada vez que um grupo escolhe viver baseado em razão e compaixão em vez de dogma, a fraude perde um pouco de sua força. A verdade não precisa de ameaças ou promessas para se sustentar; ela se mantém sozinha, sustentada pela realidade.

Chegará o dia em que a humanidade olhará para trás e verá a religião como vê hoje outras superstições antigas — compreendendo como pôde dominar mentes por tanto tempo, mas sem desejar revivê-la. Nesse dia, a maior fraude da história terá finalmente perdido seu poder. E o que restará será algo muito mais valioso: a liberdade de viver plenamente no único mundo que realmente temos.

Zeus e Ganimedes: A paixão entre um deus e um príncipe de Tróia

Zeus e Ganimedes


Por Sergio Viula

Zeus é conhecido, entre outras coisas, por sua impetuosa inclinação ao amor com humanas - coisa que sua divina esposa, Hera, não tolerava, especialmente quando essas relações geravam descendentes - filhos hibridamente constituídos pelo encontro entre seu divino marido e mulheres mortais. Porém, nem só de mulheres terrenas alimentava-se o desejo de Zeus. Ele também amou deusas e ninfas.

Entretanto, nenhuma de suas paixões é tão celebrada até hoje como aquela que o senhor do Olimpo experimentou com um homem. O nome do "crush" divino era Ganimedes, filho de Tros, homem que deu à Tróia seu nome. Ganimedes era um príncipe de rara beleza e isso atraiu a atenção de Zeus.

Ganimedes representava uma irresistível mistura de inocência e virilidade - seu rosto ainda imberbe e seu corpo perfeito eletrizaram o desejo do deus que controlava inclusive os raios, mas não podia resistir ao amor. Numa tarde de primavera, enquanto o príncipe de Tróia desfilava despreocupadamente entre os rebanhos de seu pai, Zeus pensou rapidamente num estratagema para se aproximar de seu predileto.

O mais poderoso entre os olímpios transformou-se numa águia e foi pousar perto de seu favorito. Ganimedes, sem saber do que se tratava, aproximou-se da ave para acariciar sua plumagem, ao que foi subitamente envolvido e tomado pelas garras do esplêndido pássaro, sendo alçado por ele num voo colossau.

Dominado pelo desejo, Zeus não hesitou em possuir o jovem Ganimedes ali mesmo, em pleno voo, enquanto o conduzia até os domínios olímpicos - coisa que ele nunca havia feito com suas amantes terrenas.

Chegando ao Olimpo, Ganimedes foi recebido com honrarias. Para surpresa de todos, não houve perseguição por parte da vingativa Hera, ainda que pudesse sentir-se enciúmada pela beleza do jovem.

Tirado definitivamente de seu habitat original, Ganimedes passou a ocupar a honrosa posição de servir o néctar aos deuses - tarefa que até então pertencera a Hebe, filha legítima de Zeus com Hera, e deusa da juventude.

A lenda do rapto de Ganimedes ilustra tanto a beleza quanto a licitude do amor entre um homem mais velho e um jovem - costume amplamente aceito entre os gregos. Platão utilizou essa lenda para justificar seu amor por seus discípulos.

Ganimedes foi honrado pelos gregos como sendo a constelação de Aquário e pelos astrônomos modernos como uma das luas de Júpiter - deus romano equivalente ao grego Zeus.

O professor, pesquisador e escritor William Soares dos Santos honrou o amor entre Zeus e Ganimedes em seu livro RARO (Poemas de Eros). Leia o poema abaixo:




Encontre o livro na Livraria Travessa:
https://www.travessa.com.br/raro-poemas-de-eros-1-ed-2018/artigo/56b173b8-bc5b-43db-957e-af29ec9bc354

Outros livros de William Soares dos Santos:

POEMAS DA MEIA-NOITE (E DO MEIO-DIA)
https://www.travessa.com.br/poemas-da-meia-noite-e-do-meio-dia-1-ed-2017/artigo/56ce55dd-7c4d-4161-a2ad-a586f8417fad

RAREFEITO: POEMAS (1990-2014)
https://www.travessa.com.br/rarefeito-poemas-1990-2014-1-ed-2015/artigo/adb89e28-efdd-48f6-ba41-be2646fa193d

UM AMOR
https://www.travessa.com.br/um-amor-1-ed-2016/artigo/acc11a5f-a26c-4e7d-895c-e7179a33c4d5


LEIA TAMBÉM ESSA POSTAGEM:


A homossexualidade no Egito antigo

https://www.xn--foradoarmrio-kbb.com/2018/05/homossexualidade-no-egito-antigo.html

A pegunta de um internauta e algo para pensar.



A pergunta foi feita por um leitor que comentou num post de Divina de Jesus Scarpim, logo depois de um comentário meu, via Facebook:

https://www.facebook.com/divina.scarpim

Como surge a água que pode originar a vida

Estrela em formação expele milhares de litros de água

Fenómeno pode fazer parte do processo normal do crescimento das estrelas



16/06/2011
Escrito originalmente em português de Portugal, não do Brasil.






A 750 anos-luz da Terra está a nascer uma estrela que dispara milhares de litros de água por segundo para o espaço. Envolta em gases e pó, a proto-estrela, que não tem mais do que cem mil anos, encontra-se na constelação Perseus e é da mesma classe do nosso Sol, o que sugere que este tenha tido um comportamento parecido durante a sua formação.

Através de dois enormes jactos – um em cada pólo – esta nova estrela lança o equivalente a cem milhões de vezes o caudal do rio Amazonas.

O trabalho de investigação, a publicar na revista «Astronomy & Astrophysics», foi dirigido por Lars Kristensen, astrónomo da Universidade de Leiden (Holanda). O cientista explica que “a velocidade a que a água é expelida alcança os 200 mil quilómetros por hora, ou seja, é 80 vezes mais rápida do que as balas disparadas por uma metralhadora”.

Para captar as marcas características do oxigénio e do hidrogénio (os componente da água), a equipa utilizou os instrumentos de infra-vermelhos que se encontram a bordo do Observatório Espacial Herschel. Uma vez localizadas essas classes de átomos, os investigadores seguiram-lhe o rasto até à estrela onde se formaram.

A primeira conclusão dos astrónomos é que a água se formou mesmo na estrela, a temperaturas de poucos milhares de graus. Essa água encontrou depois temperaturas mais elevadas (100 mil graus), estando, assim, no estado gasoso.

Quando esses gases chegaram a camadas externas mais frias da nuvem de material que rodeia a proto-estrela (e que se encontra a cinco mil vezes a distância que separa a Terra do Sol) foi criada uma “frente de choque” e os gases condensaram-se, ou seja, passaram para o estado líquido.

Esta descoberta é importante, consideram os investigadores, pois sugere que este fenómeno faz parte do processo normal do crescimento das estrelas. “Só agora começamos a perceber que todas as estrelas como o Sol passaram, provavelmente, por uma fase de muita energia quando eram jovens. É nesse momento da sua vida que expulsam muito material a grande velocidade. Agora sabemos que parte desse material é água”, diz Kristensen. Essa água poderá ajudar a “semear” os ingredientes necessários para a vida.


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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO


A acentuação gráfica do texto segue o padrão da língua portuguesa conforme utilizada na terra-mãe. ^^

Agora, falando sobre essa descoberta, a gente tem que tirar o chapéu para essa galera inteligente, estudiosa, disciplinada e que renuncia muitos dos nossos pequenos prazeres para descobrirem coisas fantásticas como essa do surgimento da água a partir de uma nova estrela.

Se não fosse a curiosidade e a paixão pelo saber desses seres humanos menos (ou nada) dominados pela mentalidade mítica das religiões e crenças no sobrenatural, provavelmente não saberíamos a maior parte das coisas que sabemos hoje. Fica aqui minha singela homenagem aos cientistas. ^^

Ainda existe muita gente (eu também já pensei assim) que acredita que exista uma entidade sobrenatural, a quem chamam de deus ou de deuses, controlando o universo. Não tem problema. Ninguém é obrigado a pensar da mesma maneira. Todavia, atualizando a metáfora do velho barbudo sentado num trono, eu diria que essa divindade - em termos atuais - faz lembrar um adolescente que criou o próprio jogo de video game e agora passa seu eternamente entediante tempo livre jogando com os personagens. Há, porém, cada vez mais evidência de que o universo não é controlado por forças externas a ele mesmo.

Graças aos avanços do conhecimento a que chamamos científico, sabemos que as coisas originam-se (constantemente) a partir do comportamento da matéria, conforme as condições intrínsecas e extrínsicas a essa mesma matéria. Até a água que deixa o cidadão comum intrigado tem sua origem no processo de formação de estrelas como explicado no artigo acima. E como a existência de água é condição básica para a formação da vida como a conhecemos, devemos mais às estrelas do que imaginávamos. ^^

Como qualquer outro ser vivo, surgimos, completamos nosso ciclo biológico e desaparecemos. Sentido, propósito, valor são coisas que desenvolvemos a partir da experiência e da razão. Nada disso é dado. Nada disso já estava aí; são ideias nossas. Aliás, pode-se dizer de modo esquemático que a evolução biológica nos torna humanóides; a cultura nos ensina a sermos humanos; e a razão instrumentalizada pelo amor é o que nos torna humanistas. Não há humanismo sem alguma dose de amor. A moral - esse simulacro de amor e de justiça - pode nos tornar ainda mais desumanos, especialmente quando colocamos certas noções de bem e de mal acima do amor ao ser humano. Porém, quando realmente amamos, agimos para além do dever, porque se há uma coisa que possa ser chamada de bem em si mesma, essa coisa é o amor. E quem, mais do que nós, precisa de amor para viver feliz e com saúde. Sim, nós, seres que não apenas surgimos, completamos nosso ciclo e desaparecemos, mas que também sabemos que o fazemos, ou seja, estamos conscientes disso, somos a espécie que mais desesperadamente precisa de amor para viver bem!

Por isso, não basta existir, é preciso construir a si mesmo. E que objetivo poderia ser mais nobre do que além de nos tornamos humanóides pela biologia, depois humanos pela cultura, nós tornarmos humanistas pelo amor?

Não é aos deuses que devemos nosso amor, mas aos homens, aqueles que compartilham conosco a glória e a mesma miséria de ser. Ainda que não seja possível amar a todos do mesmo jeito, precisamos fazer aquele nobre exercício de nos colocarmos no lugar do outro. Isso pode nos dar uma perspectiva totalmente nova do que significa ser livre, inclusive das muletas da moral. O amor se basta. O amor é benfazejo e contra ele não há lei.

Ágora (Alexandria): a história se repete

Hipátia: a Filósofa que desafiou os fanáticos 
com seu conhecimento e sabedoria



Proibido em alguns países da Europa(!!!), esse filme mostra de forma muito clara como a cidade de Alexandria foi subvertida pelo fanatismo cristão e perdeu sua maior riqueza: a mundialmente famosa biblioteca de Alexandria, detentora de obras insubstituíveis!

Assista. Você vai se emocionar. Enquanto assistir, pense nos paralelos entre aquele momento histórico e o nosso. Há muitos... infelizmente.



Assista todo aqui no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=gOUGg8wCweg

Copie e cole o link no seu browser ou no Google Chrome do seu celular.

Terremoto e tsnumani: O mundo abalado!



Incêndio por causa do terremoto no Japão

Um terremoto de 8,9 graus na escala Richter atingiu o Japão na madrugada dessa sexta feira (11/03/2011). O tremor ocorreu por volta das 3 horas da tarde (horário do Japão), na costa noroeste do país. O epicentro foi há 129 quilômetros da costa do Japão e a 24 quilômetros de profundidade, uma distância relativamente curta para um terremoto dessa magnitude. A rede de TV japonesa NHK transmitiu ao vivo o momento em que o tsunami chegou a Sendai, cidade da costa do Japão.

De acordo com testemunhas o terremoto durou aproximadamente 2 minutos e vários japoneses correram para as ruas com medo de serem atingidos por possíveis desmoronamentos.

A previsão é que por volta das 6 horas da manhã a tsunami chegue há costa da Indonésia, Filipinas e Papua Nova Guiné. Esses três países que ficam na costa do oceano índico e correm risco de serem atingidos pelas ondas gigantes. Também existe a possibilidade do Havaí ser atingido.

As redes de televisão de todo o mundo estão transmitindo ao vivo. Abaixo, disponibilizamos alguns vídeos que mostram flagrantes do terremoto e do tsunami que atingiu o Japão.


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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO

O Japão enfrenta hoje uma das piores catástrofes naturais já vistas: terremoto e tsunami varrem cidades inteiras. E o terremoto não parou. Há lugares tremendo de 10 em 10 minutos. Quem pode garantir que novos tsunamis não venham a ocorrer?

É impressionante também a quantidade de enchentes que estão ocorrendo no Brasil, matando centenas e centenas de pessoas, desalojando milhares, acabando com o patrimônio conquistado por pessoas que tiveram que suar muito para conquistarem o que tinham. Não têm mais nada.

Vários países estão em alerta, inclusive os EUA e países que têm o litoral banhado pelo Oceano Pacífico, porque o que aconteceu no Japão pode acontecer por lá também.

Nessa hora, um monte de gente vem com teorias escatológicas - e me refiro à escatologia como o "estudo ou conhecimento das coisas do fim". Essas pregações enlouquecidas deixam as pessoas que acreditam nesses profetas de última hora ainda mais tensas. O grande profeta deste século, porém, foi Al-Gore, que quase foi presidente dos EUA, perdendo numa eleição duvidosa para George Bush.

Al-Gore, ignorando qualquer "profetismo apocalíptico" produziu o filme "Uma Verdade Inconveniente", no qual denuncia o avanço do aquecimento global e atribui grande parte dele à indústria e à poluição causada por ela e por seus produtos. Para produzir e vender, florestas são destruídas, gases tóxicos são lançados na atmosfera, lixo em toda parte, águas dos rios e mares são poluídas. Tudo isso enquanto, consumidores ávidos por novidades fúteis continuam consumindo e poluindo desnecessariamente o planeta. 

É verdade que o fenômeno do aquecimento global não se deve somente à ação destrutiva do homem, mas que essas ações podem estar acelerando o processo, isso podem. 

É impressionante ver as cenas no Japão e em cidades alagadas por enchentes e comparar com as imagens do filme e as informações dos estudos científicos sobre as mudanças climáticas.

E não adianta clamar a Deus ou aos Deuses. Eles não podem ouvir. E por que não  podem? Não podem porque não estão lá nem aqui. Quem escapa com vida, escapa como um peixe que, por pouco, não é engolido pela rede que retira centenas de outros do meio do mar. Enquanto estes sufocam fora d'água, os que escaparam (se pudessem pensar como os humanos) diriam: "Foi um milagre! Se não fosse Deus, eu estaria morto agora." E dizendo isso, não percebem que depõem contra a própria divindade que pretendem glorificar, enquanto sentem-se privilegiados por algum tipo de plano divino que os inclui no livramento e  deixa os demais se ferrarem. E entre os que se ferram, muitos deles são exatamente aqueles que citam o salmo 91 de cor: "Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará".

Fica aqui o alerta: Cuidar da natureza no que estiver ao nosso alcance é proteger a nós mesmos, posto que somos natureza ou - se preferirem - a natureza também é homem. Além disso, estudar e conhecer (em vez de crer) sobre como o planeta está se comportando e o que pode acontecer em função dessas mudanças. Isso pode nos ajudar a prevenir desastres maiores, deixando as áreas de risco e buscando áreas mais seguras. É importante não se arriscar em nome de divindade alguma, porque na hora do "pega pra capar", nem os templos escapam. E se os deuses não protegem suas casas de oração ou meditação, como protegerão a minha ou a sua? Fica de pé aquilo que a natureza mesma não destrói. Os deuses - imaginários como são - não podem interferir na realidade. Depois que estão em segurança, os humanos fazem interpretações mirabolantes a respeito dos acontecimentos naturais, tentando dar um sentido espiritualizado ao que é simplesmente e absolutamente natural - terrivelmente natural.

Amanhã ou depois pode ser eu. Pode ser você. E não adianta dizer "Deus me livre!". O que a gente precisa é estudar e trabalhar para estabelecer  comunidades humanas em locais menos arriscados, mas nenhum lugar é absolutamente seguro. Isso é verdade para homens, zebras, frangos, peixes, minhocas. Tudo natureza... O sobrenatural é apenas fruto da inquieta imaginação humana.

Natureza: essa coisa fascinante e assustadora ao mesmo tempo. 

Não se precipite...



Se a fé dispensa qualquer tipo de evidência (justamente por não poder apresentá-las), então por que não? Assista ao vídeo e entenda. ^^

Um ateu encontra-se com Deus.



Depois de divertir-se um pouco com o video de animation. Veja o que diz (apropriadamente) esse gato logo abaixo:


Geroge Carlin - sobre religião

Eu adoro os videos de George Carlin (já falecido), especialmente quando ele fala de religião. O cara era brilhante. Quem quiser saber mais sobre ele, visite o Wikipedia. Existe uma seção sobre ele lá.

Pensei que já tivesse publicado algum video dele aqui no blog, mas descobri que não. Fiz uma busca depois que meu leitor Leo mandou uma sugestão de um outro video com o George Carlin.

Decidi publicar este sobre religião pra começar, porque é o que eu mais gosto. O video é em inglês, mas está legendado em português. Vale muiiiito a pena ver! Depois colocarei outros.
 

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