Mostrando postagens com marcador Igor Leonardo Lacerda Xavier. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Igor Leonardo Lacerda Xavier. Mostrar todas as postagens

Fazendeiro acusado de matar o bailarino Igor Xavier é condenado a 14 anos de prisão

SENTENÇA

Fazendeiro acusado de matar o bailarino Igor Xavier é condenado a 14 anos de prisão

Ricardo Athayde Vasconcelos poderá recorrer em liberdade; o filho dele foi absolvido



PUBLICADO EM 27/08/13 

BRUNA CARMONA, JOHNNY CAZETTA E LUCAS SIMÕES


O zootecnista Ricardo Athayde Vasconcelos, 58, foi condenado, na noite desta terça-feira, a 14 anos de prisão pelo homicídio duplamente qualificado – motivo fútil e sem chance de defesa da vítima – do ator, coreógrafo e bailarino Igor Leonardo Xavier, 29, em março de 2002, em Montes Claros, na região Norte de Minas. Como já respondia em liberdade, ele poderá permanecer solto. Seu filho, o bacharel em direito Diego Rodrigues Athayde, 29, foi absolvido, como pediu a promotoria durante o julgamento, na capital.

Durante a tarde, o caso sofreu uma reviravolta depois que o promotor Gustavo Fantini declarou que a motivação do crime pode ter sido passional e que Vasconcelos teria um relacionamento com o bailarino. “Não se pode afirmar se ele cometeu o crime por ciúmes ou para tentar esconder a história que eles tinham”, disse o promotor, ressaltando que o homicídio aconteceu por motivo fútil, e não por questões morais.

A declaração causou surpresa porque o assassinato era, até então, tratado como o primeiro do país em que o réu admitiu que a motivação era a homofobia. O defensor de Vasconcelos, o advogado Maurício Campos, negou a relação entre os dois e também que o crime tenha sido motivado pela orientação sexual da vítima, o que daria a conotação de motivo fútil.

Segundo ele, o zootecnista deu vários disparos no bailarino após flagrá-lo apalpando as partes íntimas de seu filho, na época com 18 anos. O advogado pediu, em mais de uma ocasião, que os jurados refletissem se o assédio sexual a um filho pode ser considerado um motivo fútil, em uma tentativa de diminuir a pena para o crime.

Vasconcelos se separou da mulher há três anos e tem um outro filho. Apesar de terdito alimentar um “horror a homossexuais” durante o inquérito, ele não foi questionado sobre o tema em plenário, já que formalmente respondia por homicídio, sem menção a homofobia. Ele também não foi perguntado se é homossexual. No depoimento, manteve a tese da defesa do filho. “Aquela cena me deixou atordoado. Peguei as duas armas e tropecei quando fui em direção a ele (Igor), aí houve o primeiro disparo acidental. Chegamos a cair no chão e entrar em luta corporal, e aí vieram os outros tiros”.

A mãe da vítima, Marlene Xavier, disse que aguardava por essa condenação há muito tempo e que se sente aliviada com a decisão. "Eu confio na Justiça. Esse é apenas um primeiro passo contra a homofobia. Espero que isso seja levado como uma bandeira em outras casos como este"

Educado e obediente


O julgamento começou com quase duas horas de atraso, devido à chegada de 12 testemunhas, que acabaram dispensadas de seus depoimentos.

Questionado pelo juiz sobre por que não se desvencilhou do bailarino quando teria sido apalpado, Diego alegou que tentou manter a educação. Sobre sua participação na limpeza do sangue da cena do crime, Diego disparou: “Eu me considerava uma criança na época. Como filho, obedeci quando meu pai pediu para eu limpar o sangue da casa”, argumentou.


Mais aqui:

https://g1.globo.com/mg/grande-minas/noticia/2016/12/condenado-em-2013-pela-morte-do-bailarino-igor-xavier-e-preso.html

CRIME HEDIONDO - O Clamor de uma mãe por justiça

Igor Xavier atuando


CRIME HEDIONDO



No dia 1º de março de 2002, a cidade de Montes Claros foi surpreendida com a notícia do bárbaro assassinato do bailarino e ator IGOR LEONARDO LACERDA XAVIER, cometido pelo assassino confesso RICARDO ATHAYDE VASCONCELOS, tendo como comparsa seu filho DIEGO RODRIGUES ATHAYDE VASCONCELOS.

O assassino encontrando Igor em um bar, o convidou para ir até seu apartamento, com o pretexto de lhe emprestar material que o ajudaria na produção de seu próximo espetáculo.

Lá com a ajuda do próprio filho, torturou e matou o meu filho com cinco tiros.

O crime aconteceu em um prédio de apartamentos no centro da cidade. Os moradores ligaram com insistência para a polícia. Mas esta não se fez presente.

Os criminosos arrastaram o corpo do meu filho por três andares escada abaixo, maltratando terrivelmente o seu corpo; colocaram o mesmo na carroceria do carro de um parente chamado para ajudar no ato criminoso, lavaram o sangue do apartamento e das escadas, lançaram o corpo em uma estrada vicinal, desmontaram e jogaram fora as armas e fugiram para Belo Horizonte.

Não sei quanto tempo levaram para fazer tudo isso; mas a polícia só apareceu de manhã quando os bandidos já estavam em segurança a caminho da capital do estado.

Foi pedida a prisão preventiva dos assassinos. Eles fugiram e pediram Habeas Corpus que foi negado no TJ MG e concedido no STJ, supostamente por meios fraudulentos, pois todos sabem do poderio econômico e político dos assassinos, que escorados na impunidade, desafiam a nossa família e a sociedade, andando livremente pelas ruas.

“Desde 2002 a família, amigos e a classe cultural montesclarense vêm lutando ininterruptamente por justiça, respeito aos direitos humanos e diferenças, colocando o caso IGOR XAVIER como uma bandeira de reflexão e luta permanente por direitos iguais, não só em Montes Claros e no Norte de Minas, mas também em todos os lugares em que o ser humano vem sendo ultrajado.

Entretanto, os assassinos alicerçados na tradição familiar e no poder do dinheiro, ainda hoje se encontram em liberdade, pelo fato de seus advogados estarem impetrando recursos seguidamente mesmo perdendo todos.”

Sendo um crime hediondo, onde os bandidos demonstraram premeditação, frieza e crueldade e que por respeito à justiça já era para estarem na cadeia, o caso se arrasta, pois a todo momento a defesa aproveita as brechas nas leis brasileiras para requerer embargos, recursos especiais, extraordinários entre outras invenções jurídicas protelando o julgamento.

Finalmente o júri foi marcado para o dia 27/06/2007. Com todo o aparato e prontas todas as demandas que envolvem um julgamento, o mesmo foi cancelado no dia 25/06/2007 dois dias antes de acontecer; trazendo com isso, mais angustia e decepção com os poderes públicos.

Nova esperança se vislumbra em 2011. O júri foi marcado para o dia 07/06/2011. O juiz responsável pela vara, Dr. Antonio de Souza Rosa, retira o processo da pauta alegando que as minhas lamúrias e declarações do meu repúdio contra a demora, iriam interferir na decisão do júri.

Começa para a família e a comunidade uma espera angustiante por pronunciamento do tal juiz marcando uma nova data para o júri; até que em 25/08/2011, o processo é suspenso. O tiro de misericórdia veio em 14/10/2011 quando acontece o desaforamento do caso para Belo Horizonte, dificultando ainda mais o nosso acesso a informações, já que, por absoluta falta de condições financeiras, não temos advogado constituído.

O jogo macabro novamente se inicia em 2012. Nova data para julgamento é marcada para o dia 29/11/2012. O pingue-pongue justiça X bandidos continua e o júri é desmarcado; e como das outras vezes o motivo permanece em segredo. No dia 05/09/2012 é designada nova data, agora para 27/08/2013.

Enquanto isso assassino pai e assassino filho vão adquirindo cada vez mais vantagens; e a justiça cada vez mais cega agora dorme placidamente em berço esplêndido.

Infelizmente o Código Penal Brasileiro, caduco e ultrapassado, permite todos esses abusos, facilitando que criminosos continuem em liberdade enquanto o processo fica parado e mofando nas prateleiras dos órgãos responsáveis até cair no esquecimento e talvez nem haver julgamento. É o império da impunidade.

IGOR XAVIER, profissional da arte, batalhador incansável pelo avanço da cultura em sua cidade natal – Montes Claros. Bailarino, coreógrafo, produtor e diretor de espetáculos. Impressionava a todos pela retidão de caráter, humildade e responsabilidade.


Motivo do crime: Homofobia.


Eu sou a mãe de Igor Xavier e não me conformo. Em março deste ano de 2012, se completaram dez anos em que não sinto o abraço do meu filho, não vejo o brilho dos seus olhos e o som da sua risada cristalina nunca mais chegou aos meus ouvidos.

Há muito nossa família convive com a dor, a saudade e a decepção com a justiça, enquanto os assassinos desfilam de cabeça erguida apostando na impunidade. Seus advogados afogados em rios de dinheiro providenciam para que não aconteça julgamento.

Apelo ao PODERES CONSTITUIDOS que façam com que a lei seja cumprida e esse julgamento aconteça o mais rápido possível. É preciso que façamos alguma coisa que mostre ao mundo nosso repúdio contra a covardia, a violência e o desrespeito aos Direitos Humanos. Enquanto isso não acontece, e enquanto me restar um sopro de vida, lutarei para que a justiça seja feita. É preciso não se curvar diante da injustiça.

O estado brasileiro está em dívida com seus filhos; e eu me envergonho disso.


Marlene Xavier

Trecho da Sentença de Pronúncia dos réus no caso Igor Xavier; onde fica provada toda a covardia praticada contra o meu filho sem nenhuma chance de defesa da parte dele e que lhe tirou a vida.





Enviado por e-mail por:
Osmar Rezende
Libertos Comunicação, Saúde e Cidadania
www.libertos.com.br

Postagens mais visitadas