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Que o poder das drag queens nos valha!

Por Sergio Viula






Depois de quatro meses de quarentena, decidi fazer uma maratona por RuPaul's Drag Race. Não poderia ter encontrado melhor maneira de passar o tempo livre, especialmente quando Andre não está por perto para me dar uma das minhas maiores alegrias - a de passar tempo com ele. Sempre que estamos juntos, a vida parece mais leve e mais promissora. Mas, como o trabalho dele não pode ser feito remotamente, o que me resta é ocupar o tempo livre entre uma jornada e outra com alguma coisa que reduza o impacto do isolamento. Eu, felizmente, pude trabalhar todos os dias dessa quarentena em casa (contando de 14 de março). Isso reduziu muito o risco de contágio para mim... e para ele, por tabela.


Estou assistindo a sexta temporada de RuPaul agora, e posso dizer que só melhora! Ele é genial! As drag queens que participam têm histórias e personalidades riquíssimas. Fico besta com a criatividade delas - desde a capacidade de entreter até a de produzir seus próprios vestidos e acessórios. Esses meninos in drag literalmente reinam! Quem ainda não viu, veja. Está disponível no Netflix.


Mas entre o glamour de RuPaul com suas queens e o coronavírus, existem mais emoções entre a TV e a cama do que a nossa vã filosofia possa imaginar. Na quinta-feira passada, 09 de julho, Andre sofreu uma tentativa de assalto no ônibus. Três passageiras que estavam perto dele tiveram seus celulares roubados por um único indivíduo maltrapilho, provavelmente mais um sintoma desse sistema político-econômico destruidor de sonhos no qual (sobre)vivemos a cada dia.


Andre quase teve a bolsa arrancada pelo assaltante. Ele só escapou porque segurou a bolsa com firmeza quando viu que o motorista havia parado o ônibus perto de dois policiais. A estratégia deu certo: o bandido, não podendo mais se arriscar, escapou pela porta de trás. Na pressa, o boné dele ficou no chão do ônibus.


Passado o primeiro susto, o trauma causado pelo ataque sofrido em lugar tão público foi revivido em sonho. Andre acordou às cinco horas da manhã no meio de um pesadelo com o bandido. Quem precisa acordar a essa hora num dia de folga, ainda mais por um motivo desses?




Já tivemos noites e dias mais tranquilos. 
Sobreviveremos para viver muitos outros.



Seria fácil, mas equivocado, achar que aquele homem estava ali por mero capricho, ou seja, por alguma escolha teimosa em arriscar a própria vida por algo que está longe de valer uma noite na cadeia, muito menos alguns anos na carceragem insalubre e seviciante de algum presídio tenebroso - outro dispositivo estatal de produção de sociopatas.


Felizmente, eu não precisei chorar a perda de quem eu amo tanto. O assaltante não estava armado. E ainda tem FDP defendendo o armamento da população... Quando será que essa gente estúpida vai aprender, afinal de contas?


É preciso empatia de verdade e um pouco de inteligência para ligar os pontos. Antes de roubar pela primeira vez na vida, esse homem provavelmente sofreu todo tipo de violência. Nós, felizmente, abrigados, vestidos e alimentados, especialmente nós que temos ou tivemos pais amorosos e provedores, não temos a menor ideia do que é passar por todo tipo de violência dentro e fora de casa, e carecer de tudo, até de coisas absolutamente essenciais à produção de um cidadão saudável, trabalhador e - acima de tudo - feliz. Não toleraríamos para os nossos filhos uma só das dezenas de sofrimentos que esse pessoal costuma sofrer já antes de nascer. A miséria transforma a gestação dos miseráveis em trauma antes mesmo do parto.


É fácil condenar o produto final dessa cadeia produtiva. Duro é reconhecer que fazemos parte dela, mesmo sem querer. Mas, uma coisa é indiscutível: ninguém é mais responsável pelo estado em que nos encontramos do que os governantes que se revezaram nessa merda de colônia falsamente independente e ainda mais falsamente chamada de república.


Pode-se deixar bandidos à solta agindo pela cidade? Definitivamente, não! Prendê-los resolve tudo? Não.


É preciso reformar muita coisa, a começar pelo sistema carcerário. É fundamental investir naquilo que poderia evitar que tanta gente fosse empurrada para a marginalidade, isto é, investir em bem-estar social (educação, saúde, moradia, emprego). Só assim superaremos esses 500 anos ininterruptos de desgraça social. Deixar gente morrer de fome na rua é brincar de roleta russa com a própria cabeça.


E o pior é que, a julgar pelo brilhantismo e competência dos que nos governam atualmente, teremos que esperar muito ainda até que possamos atingir algum nível de justiça social que resgate esse exército de miseráveis indigentes, nenhum deles menos brasileiro que qualquer um daqueles que possuem certidão de nascimento e CPF.


Enquanto sofro por um lado, por outro, eu agradeço a Afrodite, deusa da beleza; Atena, deusa da habilidade e da inteligência; e Hefesto, deus dos artesanatos por cada drag queen que alegra meus dias em meio a essa quarentena capitaneada por patifes nos três níveis do Executivo. E agradeço a Eros por me dar o privilégio de amar a beleza (nem todos são capazes), e bela é Afrodite, como dizia Sócrates em O Banquete, discorrendo sobre o Amor (Éros).


Agora, se vocês aqui e todas as divas in drag me permitirem, meu tributo maior vai para ao meu lindo amor Andre, essa pessoa maravilhosa que faz meus dias mais felizes há quatro anos e meio (neste julho de 2020). Mas, não é somente a mim que ele faz bem. Andre faz bem a todos os que o cercam, mesmo àqueles que são incapazes de reconhecer isso. Felizmente, meus pais, meus filhos e mais alguns familiares queridos veem isso claramente.


Ontem, meu pai fez 78 anos. Uma das formas que Andre encontrou de tornar o dia dele ainda mais feliz foi fazendo esse bolo maravilhoso que vocês podem ver abaixo.


Unanimemente considerado delicioso, o maior valor desse bolo não é sua qualidade, mas o fato de ter sido feito pelas mãos do marido para meu pai. Esse velho querido que melhorou muito como pessoa ao longo desses últimos anos. Felizmente, Andre já o encontrou numa versão muito melhor do que aquela que eu tive que encarar quando saí definitivamente do armário.







E seguindo a vibe dessa quarentena, oferecemos comemoração sem aglomeração.


Meu pai, num ato de generosidade, comprou pizza para todos os filhos e seus amores. Andre ganhou uma de bacon com ovos, que ele ama. Eu ganhei uma de quatro queijos, uma das minhas preferidas. Minha irmã e o marido ganharam uma de bacon com ovos também. E para meu pai, minha mãe, meu filho, minha irmã e minha cunhada foram reservadas três pizzas - duas de calabresa e uma de quatro queijos. Todas da Domino's. Imagina só a alegria da galera, apesar de cada um ter comido sua pizza em sua própria casa, com exceção de minha irmã e minha cunhada, que estavam na casa dos meus pais, porque moram mais longe.


Fico muito feliz em ver quanta coisa mudou para melhor por aqui.


Mas, meu principal "obrigado" vai para Andre, essa pessoa fantástica que não tem vergonha de ser e de fazer feliz.


O AMOR só faz sentido quando é recíproco em todas as virtudes. E nosso amor trafega sempre em via de mão dupla, chova ou faça sol.





Imperdível: Travestilizando a história da literatura brasileira


Diálogos LGBTI com Amara Moira
Travestilizando a história da Literatura Brasileira


A ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos) vem realizando algumas 'lives' durante a quarentena. O Blog Fora do Armário está assistindo algumas dessas 'lives' e vai recomendar aquelas que vierem a ser consideradas mais interessantes.

Essa 'live' com Amara Moira, travesti doutora em literatura, é excepcional! Vale muito a pena assisitr.

Veja aqui no Instagram: 
https://www.instagram.com/tv/CA04kDMnkrq/?utm_source=ig_web_copy_link&igsh=MzRlODBiNWFlZA==

A mediação feita pela representante da ABGLT (fico devendo o nome) foi impecável.

Clique na imagem acima e assista esse bate-papo formidável.

Não esqueça de compartilhar esse post com amigas, amigos e amigues. Deixe seu comentário aqui também. Será um prazer ler o que você tem a dizer. Todos os comentários são aprovados, exceto quando são mensagens de ódio.

Dia dos Namorados: O AMOR NÃO ESTÁ EM QUARENTENA ^^

Por Sergio Viula

Andre e eu em Gramado - carta no dia dos namorados (12/062020)



Ele se despediu antes de sair para o trabalho, como sempre o faz: com um carinho no meu rosto, ele me acordou suavemente só para me dar um beijo e desejar um bom dia. Andre sempre acorda mais cedo, bem cedo mesmo. Eu retribui ainda sonolento com um: "Bom dia, meu amor lindo." Embriagado pelo sono, não me dei conta que já era Dia dos Namorados. 

Uma hora depois, acordei para valer. Ainda na cama, enviei dois corações para ele pelo WhatsApp, mas, depois de terminar minha higiene matinal, fui ligar o computador para já adiantar o carregamento dos programas que eu utilizaria no trabalho. Faço isso geralmente antes de tomar café, porque logo depois, já posso sentar para trabalhar. Confesso que não tomo café em dias de muito trabalho. Hoje, adiei o café por um motivo mais gostoso: escrever esse post. ^^

Quando me dirigi ao computador, uma surpresa!

Encontrei uma carta escrita à mão (amo cartas escritas à mão!) e uma foto nossa em Gramado - a viagem que continua sendo nossa lembrança favorita de férias até hoje. Na foto, estamos abraçados e encasacados num frio matinal de 3ºC - sim, o paraíso existe e está cercado de lojas de chocolate. 

Li cada linha de sua missiva de amor com o coração aquecido. Uma das frases dele: "Dia dos Namorados hoje, mas eu só penso em quanta coisa já vivemos e ainda planejamos viver." 

Andre escreveu, talvez sem perceber, uma frase que coloca em pauta as três perspectivas básicas de tempo que estruturam toda a nossa noção de realidade e que dão as coordenadas para a construção de nossas mais singelas narrativas:

1. PRESENTE (Dia do Namorados hoje);
2. PASSADO (quanta coisa já vivemos);
3. FUTURO (e ainda planejamos viver). 

Alguém poderia dizer que "planejamos" está no presente do indicativo. Sim, mas não há noção de tempo que não tenha o presente como ponto de partida, bebê.  ^^  Seja o que lembramos (do passado), seja o que planejamos (para o futuro), tudo o que temos de fato é o hoje. É a partir desse hoje que Andre pode falar em quanta coisa já vivemos e no que planejamos viver adiante. 

E eu adoro ter você, Andre em todas essas perspectivas: ontem, hoje e amanhã!

Viver é, entre outras coisas, transformar planos em memórias no melhor das nossas capacidades. Estamos realmente acumulando lindas lembranças. 

Para ser bem exato, vivemos 1.587 dias juntos até hoje (07 de fevereiro de 2016 a 12 de junho de 2020). São quatro anos de memórias agora! A maioria delas alegre. E quando houve algum momento de tristeza, não por algum ato nosso, mas por alguma situação fortuita, como quando ele teve uma crise renal e foi operado, por exemplo, lá estávamos - JUNTOS! 

Uma simples busca aqui no blog pelas palavras-chave "andre e sergio" já dá uma ideia do que quero dizer. Veja aqui: https://www.xn--foradoarmrio-kbb.com/search?q=andre+e+sergio.

Ainda dominado pela surpresa do bilhete com a foto, enviei uma mensagem de agradecimento pelo WhatsApp, dizendo, entre outras coisas, o seguinte: "A nossa vida vais ser regada de coisas bonitas e inesquecíveis, mesmo que elas não aconteçam na mesma proporção todo dia porque nós não temos dinheiro para tanto. Mas, nós sabemos ser felizes até em coisas simples como degustar uma pizza no terraço." 

Detalhe: ontem pedimos uma pizza e nos sentamos no terraço ouvindo música juntos e conversando sobre várias coisas. Por ter sido feriado de Corpus Christi (https://www.xn--foradoarmrio-kbb.com/2020/06/corpus-christi-vestra-frui-corporum.html), passamos o dia todo juntos. A geladeira havia sido consertada no dia anterior. Então, fizemos nossa aula de inglês logo de manhã, almoçamos, e eu escrevi um post para o blog logo em seguida. Depois disso, lavamos a geladeira e arrumamos a cozinha. O momento pizza com Coca-Cola veio no final do dia. Não houve nada de grandioso em nosso feriado de Corpus Christi, mas nem precisava, porque tudo ganha vida quando estamos juntos!

Se é possível ser feliz sozinho? 

Sim, e disso não tenho dúvida. Mas que é mais gostoso vivenciar essa felicidade a dois, isso é inegável. 

É fácil encontrar alguém que seja o nosso "número"? 

Não, especialmente porque os dois têm que ser o número um do outro. Não basta apenas um encontrar o que deseja. Tem que ser recíproco.

E o que é fundamental para uma boa relação?

Essa semana, eu falava com um amigo sobre isso. Eu dizia que considero três coisas fundamentais para que um relacionamento seja frutífero e prazeroso: CARÁTER (especialmente, honestidade), MATURIDADE e TESÃO. Se faltar uma só dessas características a qualquer um dos envolvidos, a roda não gira suavemente. Talvez, não gire de modo algum. Felizmente, Andre e eu temos esses e outros ingredientes em nosso relacionamento. Um dos principais deles é  compromisso que cada um tem com o bem-estar do outro. Sempre fazemos tudo pensando em como isso pode facilitar a vida do outro ou tornar algum momento mais especial, mesmo que seja o simples ato de recolher a roupa do outro e guardá-la com carinho. E é essa atitude já incorporada ao nosso cotidiano que faz toda a diferença. Egoístas narcisistas nunca foram bons amantes, muito menos bons parceiros de jornada.

E o que eu faço se não ainda não encontrei o Amor?

Enquanto não esbarrar com aquela pessoa que mereça todo o seu amor e compromisso, divirta-se com as que desejam diversão. Dois adultos passando tempo juntos por livre e espontânea vontade, fazendo o que desejam em mútuo consentimento já é lucro. 

Eu sempre digo: enquanto você não encontrar a boca certa, vai beijando as erradas mesmo. Só não pise e nem aceite ser pisado. É no encontro que pode acontecer a 'magia' do amor. 

Feliz Dia dos atingidos pelas flechas de Eros!

O que mais dizer sobre o dia de hoje? Só posso desejar um feliz dia dos namorados, das namoradas, do namorado e da namorada, des namorades!

Seja qual for o gênero dos envolvidos, que toda relação seja benfazeja, porque o amor não faz mal nem a quem ama nem a quem é amado. Se fizer, isso não é amor. E se não é amor, essa relação não promoverá respeito e bem-estar aos seres humanos envolvidos nela. Nesse caso, faça cumprir o ditado: antes só do que mal acompanhado. 

Felizmente, há mais de quatro anos, estou em excelente companhia. E ele diz o mesmo. Em sua carta de amor, Andre escreveu: "Seu sorriso me traz paz, seu sorriso me alegra, seu sorriso me acalma." Observe: paz, alegria e calma. Cazuza cantava: Eu quero a sorte de um amor tranquilo, com sabor de fruta mordida, nós no embalo da rede, matando a sede na saliva, ser teu pão, ser tua comida, todo amor que houver nessa vida. Eu respondo a esse lindo e saudoso poeta: Eu tive essa sorte.

Para finalizar, eu pergunto a você que me lê: É preciso muita coisa para ser feliz? 

Os felizes sabem que não. 


Exceto pelas compras, nossos domingos têm sido assim

Andre e eu brindando à vida e ao amor


Faço tudo o que posso para não sair de casa durante a quarentena, mas, infelizmente, essa semana, parece que tudo no meu computador decidiu jogar contra mim: mouse falhando, teclado ferrado, plug de ouvido, mesmo já reconhecido pelo Google Meets, sendo repentinamente "desconhecido" várias vezes ao longo de uma mesma sessão. 

CANSEI! 

Decidi que compraria tudo novo hoje mesmo numa Casa & Vídeo em beira de rua. As de shopping center estão todas fechadas. E, só para deixar claro, tem que ser assim mesmo, ou seja, só funcionar o mínimo, e mesmo assim se for essencial. Infelizmente, tecnologia é absolutamente essencial, especialmente em tempos de isolamento. 

Moral da história: consegui comprar tudo o que precisava para continuar trabalhando. Não procurei nada cheio de guéri-guéri. Foi tudo bem simples mesmo. Apenas o funcional. Afinal, nunca foi tão caro trabalhar. ^^

Já tinha gasto uma grana na semana passada, quando tive que comprar uma cadeira menos danosa à coluna.

Cadeira mais anatômica do que a que eu usava emprestada da mesa de jantar.

Aqui o teclado e o mouse ainda eram os problemáticos.

Esses são os acessórios novos comprados hoje.

Mas, mesmo precisando sair para comprar o essencial para trabalhar, todo o cuidado é pouco. Máscara e janelas abertas no Uber. 

Essa foto pretende provocar pensamentos mesmo. 
Um deles é o seguinte: em tempos de coronavírus, beijar pode fazer mal à saude. Felizmente, ambos estamos saudáveis e nos beijamos mesmo.


Quando voltamos, decidimos fazer um almoço tardio à base de churrasco. Como eu não como carne, coloquei umas tilápias para assar. Andre, porém, come de tudo. Então, coloquei um filé mignon suíno e uma peça generosa de alcatra na brasa para ele. Ambas lindas e sem capa de gordura.

Nossa churrasqueira, apesar de singela, abafa o churrasco, tornando-o ainda mais saboroso. Mandamos um pouco para os meus pais e meu filho também. Segundo eles, estava tudo uma delícia, especialmente o peixe. Eles gostam muito de pescados.

Como já eram 17:30 quando eu tirei a alcatra da brasa, e a noite já havia caído por causa da frente fria, a carne parece bem mais escura no vídeo do que estava de fato. Na verdade, Andre pôde degustar uma churrasco de alcatra no ponto, ou seja, suculento sem ser sangrento.

A cozinha ficou por conta dele: arroz, salada, etc. Essa foto ficou digna de um Master Chef. E ele merece o título, pois faz tudo com muito capricho.

Andre comandando a cozinha enquanto o churrasco estava assando.

Lá pelas 21h, tomamos uma garrafa de Balbo brut. Esse espumante que vem de Mendoza, região famosa na Argentina por seus vinhos, não tem nada de doce, mas também não é violentemante seco. Recomendo muito. Brindamos ao amor e à vida. 

Um amigo me disse em tom de brincadeira que eu sou muito proativo em minha quarentena. Tive que concordar. Já são dois meses e uma semana, e não sabemos quando terminará tudo isso, mas estamos lacrados com Fernando Pessoa: "...tudo vale a pena se a alma não é pequena." 

Que o poeta não se ofenda, mas tomamos por alma aqui a mente. Portanto, tudo vale a pena quando nossa mente é capaz de transformar até o infortúnio em algo de valor. 

E quando vemos tanta tristeza por aí, temos o dever moral de reconhecer que estamos longe ser desafortunados, apesar de nossas magras contas bancárias. Não, não se trata de uma contradição. Afinal, como poderíamos nos considerar desafortunados quando estamos saudáveis e vivendo nosso amor intensamente?


Por isso, postei a seguinte frase junto com a foto abaixo no Instagram e no Facebook: 


Fui muito feliz hoje Se houver amanhã, será bônus. 💗


Na verdade, uma das coisas que eu sempre mantenho em mente para minha própria saúde mental é o seguinte:

Não espere nada de ninguém, mas aproveite tranquilamente tudo o que você tem, seja pouco ou seja muito. E se puder multiplicar o que possui, não hesite em fazê-lo, mas se porventura não conseguir chegar onde deseja, mesmo que seja só por enquanto, curta o que já conseguiu construir até agora, alegrando-se pelo que tem em vez de perder tempo chorando pelo que não tem.

Mais uma translação completa

Por Sergio Viula
Atualizado em 09/05/2020

Bolo feito por Andre. O número foi ele mesmo que fez.
Nada de velas e sopros. O "mocoronga" vírus não foi convidado.





Um beijo especial para quem via isso aqui depois da escola.
(Perdidos no espaço)



Fazer aniversário é sempre um oximoro: "mais um ano a menos". Honestamente, não sei se comemoro ter vivido mais um ano ou se lamento o fato de que tenho um ano a menos para viver daqui para frente. Não o digo com tristeza. Digo-o com um tantinho de humor, quase de deboche para comigo mesmo. Queiramos ou não, a vida é uma comédia dramática. A gente ri da própria desgraça. E se chorar, não muda nada. Só desidrata.

Houve um tempo quando pensar na segunda década de vida parecia uma realidade tão distante, quase uma outra encarnação. Aos nove ou dez anos, a gente acha o primo ou o tio de 20 quase tão velho quanto nossos pais. Nossa percepção ainda imatura sobre a transitoriedade da vida nos impedem de perceber que, nessa fase da nossa vida, nossos pais estão na flor da idade. 

Ao contrário do que muitos pensam, aos 21 anos, já estamos vivendo nossa terceira década. Se você estranhou o que acabo de dizer é porque ainda não havia percebido que a contagem de uma década termina em 0. O primeiro ano depois desse número já é outra década. De 1 a 10, você vive a primeira década; de 11 a 20, você vive a segunda; e a partir dos 21, você já está na terceira década de sua existência, baby. É, fófis, a senhora é mais velha do que pensa, bunyta! [rindo de doer aqui]. 

Na verdade, eu sempre achei o ano de número 40 super charmoso. Esse número, quando se trata de idade, carrega um simbolismo só seu. Pena que é uma vez só. Quando completei quarenta anos, escrevi um texto comemorativo também. Foi divertido relembrar o que havia acontecido no ano da minha estreia por aqui: https://www.xn--foradoarmrio-kbb.com/2009/04/como-era-o-mundo-40-anos-atras.html 

Aos 50 anos, escrevi outro post marcante, cheio de orgulho gay, inclusive. Dei àquela postagem o título de "Awesome 50!" (https://www.xn--foradoarmrio-kbb.com/2019/05/meio-seculo-hoje.html) A palavra "awesome" é um adjetivo da língua inglesa que significa "impressionante". Não se pode duvidar que, para uma espécie que dificilmente completa 100 anos, chegar a meio século de vida é um feito impressionante, ainda mais se você é gay num país homofóbico como esse. 

Hoje, completo o primeiro ano da minha sexta década, mas preste atenção: eu não disse que estou fazendo 60 anos. Se você entendeu assim é porque não absorveu o que eu disse no terceiro parágrafo. (risos) Inauguro minha 6ª década de vida hoje justamente por estar completando 51 anos de idade. Quando chegar aos 60, terei encerrado a sexta década. E assim por diante. 

A pergunta é: como me sinto? 

E a resposta é: nada diferente de ontem, quando ainda estava na minha quinta década. ^^

E por quê?

Simplesmente, porque ainda posso me alegrar com o fato de estar saudável, trabalhando, casado com uma pessoa fantástica, tendo meus pais vivos e relativamente saudáveis, e convivendo com meus filhos cheios de vida e saúde - Isaac aqui pertinho e Larissa do outro lado do Atlântico, mas, apesar disso, sempre em contato comigo. Ontem mesmo trocamos algumas ideias super "cabeça" e demos muitas risadas juntos falando sobre todo o tipo de coisa.

Sabe qual foi a melhor frase que ouvi nos últimos dias? 

Foi a de Andre hoje de manhã. Ele me abraçou, parabenizou pelo meu aniversário, e disse com todo carinho: "O aniversário é seu, mas você é o meu presente de todo dia." E isso não é mera frase de efeito, não. Nosso amor e parceria são testemunhados pelo sol nascente e pelo sol poente. 

Esse é o quarto aniversário que eu comemoro ao lado dele, e digo a mesma coisa: Andre é um presente renovado a cada nascer e pôr do sol. Acordar e vê-lo ao meu lado ou saracutiando pela casa, já se organizando para ir trabalhar, é uma alegria diariamente renovada. Só é triste ver quanto tempo precisamos passar separados para ganharmos o pão de cada dia. É tempo demais, capataz! 

Ninguém devia trabalhar mais do que um teto de seis horas por dia. E com duas folgas semanais. É pedir demais? Não. É só uma questão de reorganização socioeconômica. E quem não precisasse atender clientes face a face devia trabalhar de casa. Quem sabe a gente aprende alguma coisa que preste com essa peste - o Covid-19?

Não tenho ambições desvairadas, mas se eu atingir a minha meta de viver até os 90 anos com saúde física e mental, provavelmente estarei sentando diante de um equipamento que fará a ficção científica produzida hoje parecer vintage. Ali, escreverei um texto para esse mesmo blog, só que totalmente "upgraded" para a tecnologia de então. Se eu ainda tiver o jeito espirituoso que tenho de encarar a vida hoje, terei muito sobre o que tricotar do alto do meu nonagésimo aniversário. Alguns amigos que leem esse post hoje ainda estarão por aqui, mas outros já terão se tornado queridas memórias na cabeça de um gay sênior - olha esse termo, que chique! Mas, não se abale com isso, não. Veja por outra perspectiva: há jovens leitores acompanhando esse post agora que farão 90 anos e, quando lá chegarem, já nem se lembrarão mais de mim (totalmente transformado em purpurina) ou desse blog, que ainda deverá ficar vagando pelo cyberspace por muito tempo depois que eu bater as sapatilhas. Isso, sim, é um acinte! (risos)

Então, aos que me leem, um conselho: realizem-se! Vivam suas vidas sem medo da morte, dos outros ou de si mesmos, especialmente, se você for gay, lésbica, bissexual ou transgênero. 

Saia desse armário! E se tiver saído, não retorne nunca. Você é uma borboleta de jardim, não uma traça de roupeiro.  

Viva o dia de hoje como se fosse o último. Você gostaria de estar enfiado no armário no seu último dia de vida? Mas, não deixe de ser previdente. Vai que você dá o "azar" de viver até amanhã... Não acha que é uma boa ideia garantir a comida, a bebida, o teto e algum dinheiro para dar garantia? Eu acho. 

Chega de escrever e de ler por enquanto. Vamos borboletear, crianças! 



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Em tempos de quarentena, aniversário a dois é luxo! 
hehehe

Para envolver outras pessoas, dá-lhe videoconferência pelo WhatsApp, pelo Google Meet e conversas por telefone. Foi um dia agitado. Adorei ver amigos e parentes por meio desses apps. O melhor de tudo é saber que estão bem.





Antes que o galo cante três vezes... kkk

Por Sergio Viula


Antes que o galo cante três vezes (hehehe), 
eu terei completado mais uma volta em torno do sol. 



Ao longo dessa semana, escrevi um post em forma de crônica a cada dia, fazendo uma contagem regressiva até o dia 08. A última crônica dessa série está agendada para amanhã, logicamente.

Como qualquer pessoa que publica um texto seu, eu fico muito feliz quando as pessoas o leem. Fico mais feliz ainda quando o comentam. Mas, independentemente do fluxo de leitores que um texto possa atrair, eu mantenho sempre em mente que esse blog acumula duas funções fundamentais: compartilhar minhas ideias com os interessados nelas e arquivar memórias às quais eu possa recorrer sempre que não consiga lembrar de algum detalhe sobre determinada experiência vivida.

Assim sendo, gostaria de registrar mais algumas aqui.



Minha aulas nessa quarentena

Tenho dado aulas exclusivamente online desde o dia 14 de março. Na verdade, já dou aulas online há bastante tempo, mas, antes, eu o fazia com alunos particulares. Agora, preciso trabalhar também com grupos da escola de idiomas onde trabalho. Sem dúvida, são experiências que guardam muitas diferenças entre si. Cada uma dessas modalidades tem seus pontos forte e fracos, distintamente. Porém, de uma forma ou de outra, as experiências costumam ser bastante positivas.

Pessoalmente, tenho muita satisfação em interagir com meus alunos e colaborar para o seu desenvolvimento. À medida que busco esse objetivo, através de cada atividade realizada em sala ou fora dela, aprendo muito com eles também. Já fiz alguns grandes amigos tanto nas aulas particulares como nas aulas em grupo. A maioria, porém, costuma concluir o curso em algum momento e sumir no horizonte. Não posso reclamar. Se eu parar para pensar em quantos professores contatei depois de terminar algum curso ou nível escolar, eles talvez cheguem a pouco mais do que meia-dúzia: dois deles eram professores de inglês e me deram aula na adolescência, uma foi minha professora no antigamente chamado ginásio, e quatro foram meus professores na graduação ou pós-graduação.


Professores que ficaram na memória


Tive a oportunidade de encontrar dois dos meus professores favoritos de inglês dos tempos de adolescência. Um desses professores era meu xará (Sergio Lima) e a outra foi minha professora em dois períodos (Rosely Faria). Procurei deliberadamente por eles anos depois de ter sido aluno de ambos. Foi dois encontros muitos especiais.

Do período escolar, destaco a professora Ana Maria, cujo sobrenome me é totalmente desconhecido, infelizmente. Ela foi minha professora de ciências na quinta-série (sexto ano hoje). Dna. Ana Maria, como eu a chamava, era extremamente inteligente, criativa no modo como dava aulas, carinhosa com os alunos, e nutria uma afeição quase maternal por mim num período que me foi muito difícil - uma fase durante a qual eu sofria muito bullying homofóbico na escola. Dna. Ana Maria fez o que pôde para me fazer perceber que não havia nada de errado comigo; nada de errado em ser gay! Ela era mãe de uma linda menina e um lindo menino - ambos bem pequenos naquele tempo. No meu aniversário de 11 anos, ela veio à minha festa em casa, trazendo as duas fofuras. Não sei se ela está viva ainda, porque faz muito tempo que não a vejo. Quando deixamos de nos ver, não havia celular ou internet ainda.

Do nível acadêmico, mantenho contato e profunda admiração por minha professora de filosofia, a Dra. Dirce Eleonora, que também me orientou em minha dissertação no final do bacharelado. Ela se tornou uma querida amiga e continuamos a manter contato pelas redes sociais. Tive vários professores excepcionais naquele departamento, mas não mantive contato com a maioria, infelizmente.

Outra exceção do período em que estudei filosofia é o meu querido Claudio Pfeil, professor de fenomenologia, com ampla formação em filosofia e psicanálise. Aprendi muito sobre a filosofia sartreana com ele. Somos grandes amigos e mantemos contato quase que diariamente via WhatsApp. Ele é o idealizador da Casa Vitral, espaço de divulgação de filosofia, psicanálise, artes e outras humanidades no Rio de Janeiro.

Do mestrado em linguística, mantenho contato com os queridos professores doutores Poliana Coeli e Bruno Deusdará. São tão formidáveis como professores quanto o são como seres humanos! Poliana foi minha orientadora. Pessoa maravilhosa e extremamente zelosa, ela me proporcionou momentos muito especiais de troca e aprendizado. Bruno participou de muitos desses momentos. Ele é de uma capacidade analítica impressionante também.

Não faltou incentivo por parte dos meus professores do programa de mestrado para que eu seguisse adiante e fizesse um doutorado. Destaco como incentivadores os seguintes queridos professores: Sandra Bernardo, Bruno Deusdará, Poliana Coeli, e o diretor do departamento Décio Orlando S. da Rocha.

Nota: Eu teria colocado apenas Décio da Rocha para seguir o modelo de prenome mais um sobrenome na lista acima, mas isso produziria uma cacofonia curiosa ("Desce-o da rocha"). Por isso, coloquei seu nome completo. Aproveito para mandar um abraço carinhoso a todos os professores citados nesse post. 


Um abraço especial para o meu querido William dos Santos Soares, professor da UFRJ, que não me deu aula, mas me ensinou e continua ensinando muito. Ele foi professor convidado para a minha banca de mestrado, mas já havia trabalhado comigo numa escola de idiomas bem antes de se tornar um acadêmico. Esse é uma daquelas belas exceções de que eu falava acima, quando comentei sobre mestrado e doutorado.


Por que não fui adiante, então?

Primeiro, confesso, porque eu estava exausto. Só quem já fez um mestrado, especialmente almejando excelência no trabalho realizado, sabe como esse programa pode ser devastador física e mentalmente. Quando terminei, não queria nem pensar em ler ou escrever por um bom tempo. Mas, como poderia fazer isso se sou professor e tenho que lidar diariamente com as letras?

Segundo, porque é muito triste ver que dificilmente encontramos espaço para atuar dentro do nosso campo de pesquisa nesse país.

Terceiro, e tão ruim quanto isso, é ter que reconhecer que dificilmente essa especialização produzirá ganho financeiro real em nossa esfera pessoal de trabalho.

Em outras palavras, a pós-graduação não melhorou meus rendimentos na empresa em que atuo e não me garantiu espaço em outra ramo de trabalho, no qual pudesse aplicar meus conhecimentos diretamente.

Vale lembrar que um programa de doutorado exige quatro anos de sua vida! Decidi não encarar...

Lamento dizer, mas para cada exceção que algum leitor possa me apontar aqui, apresentarei dez outras que confirmam o que estou dizendo. Acredite, não estou falando inconsequentemente ou ressentidamente. É apenas uma constatação. Trata-se de um fato.

Quem quiser fazer pesquisa, faça-a por seu desejo de expandir conhecimentos. Se o seu trabalho for recompensado ao longo do caminho, parabéns, aproveite a oportunidade! Mas, saiba que você faz parte de uma diminuta minoria. Lembre-se que muita gente igualmente competente (ou até mais) nunca terá a mesma chance, não pelo menos pelo tempo em que país for governado por gente mais estúpida que uma ameba, do tipo que despreza a ciência em suas mais variadas vertentes.

A boa nova é que como não há limite para o que possamos aprender, assim como também não existe apenas um meio para se construir conhecimento, continuo estudando e aprendendo continuamente por minha própria conta.

Atualmente, porém, dedico mais tempo a me aprofundar em áreas que tenham a ver com o que ensino. Também me interessa muito saber cada vez mais sobre diferentes abordagens pedagógicas que possam ser aplicadas ao aprimoramento das minhas aulas.


Uma triste constatação em sala de aula 


Lamentavelmente, por motivos os mais diversos, muitos alunos falham em aproveitar o que é disponibilizado para eles dentro e fora de sala.

Por outro lado, felizmente, existem outros alunos que fazem uso de tudo o que é proposto.

A diferença de resultados é notória! Vê-se claramente o progresso daqueles que foram mais cuidadosos e empenhados em dominar os conteúdos apresentados.

Ontem, especialmente, fiquei profundamente mal impressionado durante uma aula. Perguntados sobre um determinado assunto, os dois alunos presentes não conseguiram desenvolver uma discussão relativamente simples para o nível deles.

Veja bem, não foi por falta de vocabulário ou de conteúdo gramatical compatível com o nível da conversa. Não mesmo. Daí, a minha perplexidade.

Na verdade, ambos ficaram empacados, dando desculpas para não se engajarem na discussão proposta por motivos que aparentemente não mantém qualquer relação com capacidade linguística de qualquer um dos dois, mas, sim, com a falta de pensamento lógico e criativo, bem como de habilidades comunicativas que estão para além do léxico. Há coisas que dizem respeito ao 'jogo' do diálogo. Numa atividade de conversação, saber manter a bola rolando é mais importante do que marcar um gol.

Provoquei os dois de várias maneiras. Usei perguntas indutivas, apresentei mais informações sobre o assunto (curtas e fáceis de absorver), mostrei fotos, e mesmo assim, eles continuaram andando em círculos. Não foram capazes de fazer conjecturas, deduções, relações com a vida cotidiana, com aquilo que veem e ouvem na TV ou na Internet, e por aí vai.

Observem que estou falando de dois adultos graduados e inteligentes, que não conseguiram sair do rasíssimo diálogo do "gosto/não gosto", "vejo/não vejo", quando deveriam já estar debatendo o que foi proposto. Vale dizer que a questão colocada nasceu de um questionamento feito por um desses mesmos alunos durante uma atividade que pretendia estimular a fala.

Em resumo, fui atropelado pelos fatos como por uma carreta! E qual foi o fato devastador? A constatação de que as pessoas atravessam anos de escolarização só para chegarem ao final deles - inclusive com pós-graduação - sem a menor capacidade de inferir, deduzir, comparar, contrastar, questionar, enfim, pensar lógica e criticamente. E a pergunta que eu me faço (e estendo a vocês) é:

De que adianta dominar mais de um idioma se você não sabe o que fazer com isso na vida real?


E daí?


E daí que nunca foi tão urgente e importante filosofar.

Mas, por favor, "não me venham com churumelas", como dizia o nobilíssimo professor Girafales. Não me venham com cacarecos tirados de crenças religiosas, místicas, míticas ou de autoajuda, como se tais coisas fossem, em qualquer medida, sinônimos de Filosofia de fato. Tal confusão só demonstra mais uma vez o que acabei de dizer: Nunca foi tão importante e urgente filosofar!

E como estou falando, entre outras coisas, de completar mais um ano de vida, quero concluir a crônica de hoje com um pensamento de Epicuro, filósofo grego, nascido em Samos em 341 a.C. e falecido em 271 ou 270 a.C. em Atenas.

Vou dividir o texto em três partes numeradas para facilitar a compreensão. Originalmente, não há essa numeração.


1. Aquele que melhor sabe enfrentar o temor de inimigos externos transformou, como que em uma família, todas as criaturas que pode;

2. quanto as que não pode, ao menos não as tratou de modo hostil;

3. quando até isto lhe pareceu impossível, evitou qualquer contato e fez tudo o que seria útil para mantê-los à distância.


Em outras palavras, relacione-se intimamente com aquilo e aqueles que lhe fazem bem, ou seja, que colaboram para maximizar o prazer e minimizar as dores da sua existência; relacione-se apenas cordialmente com aquilo e aqueles que, por suas próprias razões, não "fedem nem cheiram"; e, por fim, fique longe de tudo e de todos os que impeçam ou atrapalhem a maximização do prazer e a minimização das dores que acometem sua vida.

Ainda sobre esse terceiro grupo, gostaria de encorajá-lo(a) a livrar-se especialmente de cinco temores que vampirizam sua vida. Esses temores também foram alvo do pensamento de Epicuro. São eles:


1. o temor do 'divino'


2. o temor da morte


3. o temor do que o futuro lhe reserva


4. o temor de si (culpa, remorso)


5. o temor dos outros (o que pensam e o que podem fazer contra você)


Observe que não há como viver bem dominado pelo medo.

Amanhã, encerro um ano e começo outro. Porém, um ano é feito de dias. E nada melhor do que viver sem medo e sem ansiedade cada dia de nossas breves vidas. Pense nisso.

Até amanhã.

Faltam dois dias: minha teimosia em planejar o futuro, apesar de tudo

Por Sergio Viula




Por Sergio Viula

Hoje é quarta-feira, e eu sempre gostei das quartas-feiras. Talvez seja pela sensação de que, quando ela chega, já vivi metade da semana, mas ainda me resta metade dela para viver. 

Fico pensando se não é porque tenho a sensação de “realizado” e “realizável” ao mesmo tempo, ou seja, a metade que ficou para trás significa trabalho feito, emoções vividas, novas memórias registradas, enquanto a metade que está adiante significa possibilidades, coisas que poderão ser feitas do mesmo jeito ou de um modo totalmente diferente, tempo livre no final de semana, entre outras coisas. 

Essa quarta-feira, especificamente, se torna ainda mais significativa por ser a antevéspera do meu aniversário esse ano. Porém, se por um lado eu projeto o depois de amanhã, por outro, não sei sequer se terei amanhã. 

Nossa teimosia em planejar o futuro

Nosso irresistível impulso de  antecipar o futuro, planejá-lo ou organizá-lo [até mesmo de sofrê-lo ou gozá-lo], quando ele ainda nem existe de fato parece ser uma característica exclusiva do bicho humano. 

Não que outros animais não se antecipem ao porvir de alguma forma. Formigas acumulam comida, guaxinins e esquilos também. Mas será que suas mentes são capazes de raciocínios elaborados sobre o minuto seguinte? Talvez, sim. Talvez, não. De qualquer modo, até o presente momento, tudo indica que fora da nossa espécie, não há bicho capaz de projeções tão ricas em detalhes como as que a nossa imaginação é capaz de realizar, principalmente porque aliamos a ela a capacidade de operar logicamente e de fazer toda espécie de cálculo em quadros hipotéticos, os mais variados – coisa que só se tornou possível, em grande parte, graças à nossa evolução linguística. 

E se quisermos indicativos de como operamos essas projeções cotidianamente, basta darmos uma olhada na lavanderia ou na cozinha. Lavar a roupa que usaremos amanhã é evidência suficiente do que digo aqui. A dispensa na cozinha também. E isso para não mencionar agendas encadernadas ou virtuais, uma vez que nem todo mundo mantém uma. 

E disso às projeções como onde nosso planeta estará daqui a 100 milhões de anos, é só uma questão de especialização. Desculpem o redutor “só” nessa frase. Afinal, é um baita salto que nenhuma espécie conhecida foi capaz de dar até agora, mas vocês devem ter entendido o que quis dizer.

De qualquer modo, é curiosíssimo que até mesmo aqueles indivíduos que sabem perfeitamente não ter controle fático sobre a vida continuem projetando e planejando, sofrendo e gozando dias que ainda nem nasceram, como é o meu caso. 

Perspectiva + perspicácia + prudência = previdência.

Essa vontade de colocar alguma ordem no caos obstinado do jogo das probabilidades que caracteriza a [nossa] vida nos confere mais do que alguma sensação de segurança, mesmo que ilusória – ela possibilita a identificação ou construção de possíveis saídas de emergência quando as coisas complicarem para o nosso lado. 

Marsupial da espécie Dasyuroides byrnei - por Spencer, 1896 – Kowari


Boas lições nos vêm da própria natureza 

Os marsupiais da espécie Dasyuroides byrnei parecem ser bons em evitar futuros riscos desnecessários. Eles constroem tocas com diversas entradas – o que previne seu encurralamento por predadores que eventualmente decidam fazer-lhes uma visitinha inesperada. Na contramão dessa lógica, bichos que fazem suas tocas com apenas uma entrada acabarão ficando sem saída quando alguma cobra faminta na vizinhança decidir ir às compras.

Quando relaxar?

Por isso, planejo, mesmo sabendo que as coisas podem não sair como eu esperava. Porém, essa verdade tem outro lado também, isto é, planejo muito, mas depois de fazer tudo o que podia, eu relaxo. E o faço sem desperdiçar meu tempo ou energia pedindo ajuda a amigos imaginários.

Nada de orações, preces, rezas, mandingas, correntes, simpatias ou quaisquer coisas do gênero. O que faço é ficar atento ao que acontece ao meu redor e às oportunidades de última hora que possam ser aproveitadas, minimizando o impacto do jogo momentaneamente desfavorável para mim. E não confundir nada disso com oportunismo do tipo que tira vantagem dos outros em prejuízo deles. Não. Pouca coisa me dá mais prazer do que não dever nada a ninguém, exceto o respeito que caracteriza qualquer cidadão com um mínimo de civilidade.

E relaxar foi exatamente o que fiz dentro de um avião da TAM na ponte aérea Rio-SP em 3 de junho de 2014, quando um desafortunado urubu, que voava bem diante dele em seus últimos segundos de vida, foi aspirado, inutilizando i

turbina completamente. Eu estava sentado na cadeira ao lado dela. Vi quando o equipamento sofreu o impacto, parando imediatamente. Mantive a serenidade, sabendo que nada havia que eu pudesse fazer, exceto manter o cinto afivelado e prestar atenção à possível máscara de oxigênio que poderia despencar diante de mim a qualquer momento, caso houvesse despressurização. Relembrei as instruções da aeromoça sobre como usar o assento como boia, caso houvesse aterrissagem sobre a água.

Fora isso, eu não tinha nada mais a fazer. Só havia uma pessoa capaz de resolver o problema: o piloto. Ninguém mais. E como eu não estava de posse do manche, felizmente, só me restava aguardar. 

Então, me recostei à poltrona e relaxei, só lamentando que, se eu morresse, não poderia beijar meus filhos de novo. Só pensava no futuro deles, mas não me deixei dominar por essa ideia. Na época, ainda não conhecia o Andre, meu amor. Se já o tivesse conhecido, isso acrescentaria outras preocupações à minha mente. 

Quanto à possibilidade de queda, eu provavelmente não sentiria coisa alguma, nem saberia que tinha morrido depois que isso acontecesse. Seria apenas como uma TV que se desliga quando alguém puxa o fio da tomada. 

Enquanto os passageiros ao meu redor quase morreram de um ataque cardíaco absolutamente inútil e desnecessário, o piloto manobrou o avião e fez o caminho de volta ao Galeão. 

Se ele tivesse fracassado, você não estaria lendo esse texto agora. Se eu tivesse infartado, mesmo com o avião estando a salvo no solo, também não. Ver tantas pessoas que acreditam em vida melhor após a morte se comportando tão desesperadamente diante da possibilidade de ficarem finalmente livres de um mundo que elas geralmente desprezam, seja em maior ou menor grau, acabou sendo um experimento em tempo real com duas conclusões distintas para mim: 

1. Esse pessoal que acredita em mundos pós-morte e seres espirituais não leva tudo isso tão a sério quanto alega.

2. Ateus de fato continuam ateus, mesmo em aviões que ameacem cair.


A cara que eu estou fazendo por dentro agora.


Faz diferença?

E que diferença faria isso se tivéssemos morrido? Nenhuma. 

Mas, faz muita diferença enquanto vivemos. Falo por mim mesmo. Repito: não falo em nome de ninguém. Porém, sei muito bem como é viver acreditando em um monte de bobagens, sempre niilistas em alguma medida, uma vez que negam o mundo, a vida e o corpo. E faz mais de 17 anos agora que sei como é viver livre de quaisquer superstições, principalmente aquelas baseadas em supostos livros sagrados, cuja ignorância e imoralidade ficam patentes aos olhos atentos de leitores capazes de pensar sem medo. 

A vida é curta, mas será melhor vivida na medida em que sua raridade e transitoriedade nos motivarem a aproveitá-la ao máximo em vez de adiarmos nossa felicidade para mundos tão improváveis quanto o Olimpo dos gregos, o Valhala dos vikings, ou o Sekhet-Aaru dos egípcios. A obsolescência dos paraísos desses povos aparentemente contrastante com a suposta validade dos paraísos cridos por muitos atualmente é só uma questão de tempo, mesmo que leve muito tempo. 

O ser humano troca de deuses e de sistemas de recompensa continuamente. Quem sabe um dia, ele cresça de uma vez e deixe essas infantilidades para trás? Quem viver, verá. ^^ 

Eu quero chegar aos 90 pelo menos, mas vivendo bem cada dia. Já estou praticamente a “seis minutos” nesse segundo tempo. Então, bola pra frente! 

A três dias do meu aniversário

Por Sergio Viula

Faltam três dias para a minha 'live' de aniversário


Comecei o dia em reunião com minha chefe e colegas de trabalho em videoconferência, mas não podia quebrar a contagem regressiva para o meu aniversário. Estou escrevendo um post por dia até o dia 08 desse mês, sexta-feira. Então, vamos lá!


O que mudou em nossos empregos

Ontem, depois de escrever meu post "A quatro dias do meu aniversário", e de saber ao final da postagem que 70 pessoas haviam sido demitidas da empresa onde Andre trabalha, fui informado pelo presidente da empresa onde eu trabalho que esta precisou aderir à estratégia de redução de carga horária, com consequente redução de salário, bem como à suspensão de contrato (não demissão) daqueles funcionários que não podem trabalhar de casa devido à natureza de sua função: pessoas da zeladoria, porteiros, etc. 

Alguns funcionários que poderiam trabalhar de casa, mas que passaram a não ser necessários por haver mais de um profissional exercendo a mesma função, como é o caso de secretários, também tiveram seus contratos suspensos. Foi preciso escolher um dentre dois ou mais em cada filial para continuar na mesma modalidade de contrato. Os demais foram suspensos, tendo um desconto de algo em torno de 25% do salário, recebendo o restante da seguinte maneira: 30% pagos pela empresa e 70% pagos com o fundo de auxílio-desemprego por parte do governo federal. 

Essas mudanças não me afetaram diretamente e nem a outros professores, pois somos horistas, ou seja, ganhamos por hora trabalhada, e nossas horas continuam as mesmas porque não houve fechamento de turmas. Todas as turmas que eu tinha na unidade em que trabalhava antes da quarentena continuam comigo, felizmente.


Amigos infectados pelo coronavírus

Essas notícias, aliadas ao fato de que soubemos de amigos e de parentes que contraíram o coronavírus nos últimos dias, nos deixaram muito tristes e um tanto ansiosos. Andre chegou a se sentir mal por causa da ansiedade, mas melhorou ao longo da noite. Ele teve que voltar ao trabalho hoje, e isso também foi um agravante, pois, apesar de precisar do emprego, ele teme ser contaminado no percurso casa- trabalho/trabalho-casa ou no próprio ambiente de trabalho, onde lida com muita gente. 

Andre fará o possível para se proteger. Ele usará máscara todo o tempo, trocando-a periodicamente. Isso o protegerá e aos que entrarem em contato com ele, mas não se compara ao distanciamento social, que ainda é o meio mais eficaz de prevenção.

Ontem, soube de vários alunos meus que foram infectados pelo vírus. Felizmente, até agora nenhum deles teve complicações respiratórias ou algo mais grave. Uma amiga do Andre, que se tornou amiga de nós dois, chegou a ser internada, mas já foi liberada e está em casa. A boa notícia nos chegou essa manhã e incluía um dado importante: Seus pulmões estão limpos. Contudo, ela continua isolada em casa sob tratamento e em observação.


Algum alívio de além-mar

No meio desse turbilhão, uma boa notícia. Minha filha, que trabalha num hospital, vai começar a viver um gradual retorno à normalidade. As coisas começarão a funcionar aos poucos em sua região. Apesar de não trabalhar numa ala de atendimento a pacientes de COVID-19, eu sempre temi que ela pudesse ser infectada por alguém assintomático. O afrouxamento não significa autorização para se descuidar. É preciso continuar alerta, usando máscara e álcool gel. Se as coisas começam a voltar ao normal por lá, é justamente porque a população aderiu imediata e massivamente ao isolamento social recomendado pelo governo português.

Ainda não sabemos qual será o custo financeiro e emocional dessa crise, mas uma coisa é certa: precisamos manter nossa saúde mental ao máximo se quisermos VIVER depois de sobreVIVERmos a tudo isso.


Tome cuidado

Cuide-se bem. Observe esses procedimentos com atenção:

1. Não se exponha à rua à toa. 

2. Use máscara se precisar sair e não toque nela até voltar e tomar um bom banho. 

3. Pegue a máscara pelas alças se precisar trocá-la por demasiado tempo de uso, e coloque-a imediatamente em saco plástico bem amarrado. 

4. Não deixe de aplicar álcool gel nas mãos com regularidade. 

Pense bem! Quem deseja ou estimula o contrário do que foi dito acima não dá a mínima para você. Portanto, despreze tudo e qualquer um que disser o contrário do que você leu anteriormente, e dê valor à sua própria vida. 

Ame-se! Proteja a si mesmo e aos seus queridos. Ninguém poderá fazer isso por você.

E, finalmente, sexta-feira vem aí! 

O encerramento dessa contagem regressiva para o dia 08, que é o dia do meu aniversário, será com uma videoconferência. 


A quatro dias do meu aniversário

Por Sergio Viula

Andre e eu a caminho do supermercado hoje.



Segunda-feira, dia 04 de maio. Estou a apenas quatro dias para a finalização de mais uma translação ao redor do sol. 

Sempre digo que amo o outono, mas nunca tinha pensado nisso até agora: Eu nasci no outono! Macacos me mordam, como é que eu nunca tinha feito essa conexão? Estreei meu longametragem no planeta em pleno outono - aquela estação na qual o céu é azulsíssimo, o sol brilha alegremente e as temperaturas são amenas, chegando a ser possível dispensar o ventilador e adotar a manta durante as noites. Adoooooro!

Obrigado, mãe, por ter me preparado em tempo hábil para nascer nessa estação e não no infernal verão carioca. Beijos do filhote!


Supermercado

Fomos ao mercado hoje. Depois de vários dias sem pormos os pés fora de casa, Andre e eu vestimos nossas máscaras e partimos para as compras. 

É curioso vermos como os arquétipos estão alterados. Antigamente, a gente pensava em dois caras mascarados entrando num estabelecimento comercial como assaltantes. Hoje, os caras mascarados são os assaltados! 

É impressionante como gastamos quase 400 reais para comprar tão pouca coisa. Lembro ainda de tempos em que 200 reais enchiam um carrinho. O nosso não chegou sequer à metade. Não mesmo. Ficou bem abaixo disso. 


Socorro!


Fico pensando como é que as pessoas que estão recebendo um socorro de 600 reais vão viver com isso. E pensar que Guedes e seu patrão queriam liberar apenas 200 reais, uma miséria três vezes menor que essa aí que vem sendo paga ao custo de enorme sacrifício dos que se enfileiram em todas as agências. Passamos por duas hoje e testemunhamos - da janela do nosso uber - a aflição dessas pessoas. Não fossem deputados de oposição fazendo pressão, esse povo passaria por tudo isso para receber duas notas de 100 reais na boca do caixa. Isso não daria nem para comprar arroz, feijão e leite para todas as bocas famintas em casa. 

E quem é que vive apenas com arroz e feijão, deusa Ceres? Ou só de leite, deus Hermes? 

Não só isso, mas não podem sequer comprar leite Ninho. Têm que se contentar com caixas de tetrapak (longa vida) que dizem os fabricantes estar cheias do mais puro leite bovino, mas que, na verdade, carregam mais aditivos químicos e mijo de vaca do que qualquer outra coisa.

A nossa "sorte" - muito bem paga em nossa última incursão ao supermercado, diga-se de passarem - é que já tinhamos arroz, feijão, macarrão, molho de tomate, milho, ervilha, cebola e várias outras coisas na dispensa. Essas coisas não entraram na conta de hoje. Imagina se precisássemos de tudo o que compramos e mais essas coisas que já temos na dispensa... Daria quase 1.000,00!!!!! E só para constar: fazemos compras no supermercado três vezes ao mês, geralmente.

Eu me pergunto como é que alguém vive com um salário mínimo para sustentar quatro ou cinco pessoas em casa. E como entender que muita gente dessa classe social continue incensando quem os explora - de patrões a políticos. Sem dúvida, não há pobreza maior do que a falta de pensamento crítico e bem informado.



Mudanças e superação

A vida segue. As coisas mudam. Às vezes, para pior, mas mudam. Às vezes, para melhor, e que bom que mudam! 

Só não muda o fato de que tudo muda o tempo todo. 

Minha mãe, que amamentou um bebê sem um pelo sequer no corpo, agora tem um filho com barba divida entre alguns fios pretos e muitos outros brancos. Ela, porém, continua aí - faceira e guerreira, mesmo depois de enfrentar um terrível câncer ano passado. 

Tenho muitos motivos para comemorar - meus pais, meus filhos, Andre (meu marido e amor!), que estão sempre perto de mim, mesmo quando distantes, como minha filha, que mora em outro país hoje. Além desse círculo mais próximo, tenho vários amigos sinceros e queridos, entre os quais figuram alguns parentes, não todos.

Do alto de minha felicidade por tudo isso, manifesto minha solidariedade para com os que perderam seus entes queridos para o coronavírus ou qualquer outra fatalidade. Sejam fortes, vivam o que houver para viver no melhor de suas forças. Pensem que seus entes queridos, já não presentes, adorariam ver a felicidade de vocês, não a tristeza. Chorem a falta deles. Não reprimam o choro. Mas, depois de chorarem, reúnam suas forças, ainda que pareçam ínfimas, e agigantem-se diante dos desafios que estão pela frente. Viver é uma oportunidade única!  E digo única em pelo menos quatro sentidos em nosso léxico:

1. Não existe outra, é exclusiva, singular.
2. Especial, fora do comum, excepcional.
3. Superior a tudo o mais, incomparável.
4. Sem par, sem igual ou semelhante.


VIVA! 
Mas não saia de casa, exceto em casos extremamente necessários.

Use máscara e lave bem as mãos. Se não puder lavá-las, use ácool gel.



P.S.: Enquanto escrevia esse post, Andre me disse que acabou de saber que 70 pessoas foram demitidas da empresa onde ele trabalha. Não temos ideia do que será o futuro, pessoal, mas precisamos viver um dia de cada vez. Acima de tudo, não desperdice um centavo. Você não sabe quanto tempo precisará enfrentar essa crise. Nós também não.

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