O pastor George Rekers
e o garoto de programa Jovanni Roman
FUNDAMENTALISMO HIPÓCRITA:
quando a homofobia é só uma cortina de fumaça
Mais um enrustido cai do salto — e, como sempre, faz barulho ao tombar pra fora do armário.
O escândalo da vez vem direto dos Estados Unidos, e olha... é daqueles que a gente nem precisa inventar piada, porque a realidade já é tragicômica o suficiente.
George Rekers, pastor da Igreja Batista e psicólogo de 61 anos, foi flagrado em uma viagem internacional com um garoto de programa de 20 anos contratado no site Rentboys.com. O detalhe? Rekers é nada menos que um dos nomes por trás da Associação Nacional de Pesquisa e Terapia da Homossexualidade — um grupo que, pasme, tenta "converter" gays em héteros.
Sim, a mesma figura que fazia campanhas contra a adoção por casais homoafetivos, que dava palestras com “ex-gays” como se fossem troféus, que se apresentava como bastião da moral e dos bons costumes, estava batendo cabelo em Madri e Londres com o acompanhante Jovanni Roman, em uma viagem de dez dias.
O caso veio à tona no dia 13 de maio, pelo jornal Miami New Times, e virou um furacão na mídia americana. Agora, Rekers poderá responder por falso testemunho — ele e os tais "ex-gays" que levou ao tribunal para mentir em audiências públicas. Segundo The New York Times, a Justiça deve investigar a fraude nas declarações e nos depoimentos antigay que prestaram.
Quando questionado, o pastor alegou (juro!) que contratou o rapaz apenas para carregar suas malas, já que estava em recuperação de uma cirurgia. 🤡
Mas, como se já não fosse humilhação o bastante, o garoto de programa preferiu o silêncio ao ser procurado pela revista The Advocate. Já o próprio Rekers, depois do bafafá, se afastou discretamente da associação terapêutica que ajudou a fundar. Um silêncio providencial, diga-se.
E como desgraça pouca é bobagem, vale lembrar: esse é o segundo caso só este ano em que um grande moralista antigay é desmascarado publicamente. Em março, o senador republicano da Califórnia Roy Ashburn, 55 anos, foi preso dirigindo bêbado depois de sair de uma boate gay, com um homem ao lado, indo em direção a um motel. Depois do escândalo, confessou que era gay. Justificou sua militância antigay dizendo que “representava a opinião da maioria da população”. Tá boa pra você?
✒️ Comentário deste blogueiro
A sugestão da matéria veio do meu amigo Ricardo, do site Farelos e Sílabas (link aí na lateral nos meus sites favoritos). Valeu, Ricardo!
E agora, vamos combinar: esse é mais um caso clássico de alguém que viveu a vida inteira mentindo pra si mesmo e atacando os outros na esperança de que ninguém percebesse sua própria verdade. Spoiler: a gente sempre percebe.
Eu sempre digo: você pode sair do armário com classe… ou pode tombar pra fora dele num escândalo desses, levando junto toda sua pose hipócrita. E sabe de uma coisa? Quando esse tipo de cara cai, a gente até comemora um pouquinho mais. Porque não é só sobre ele — é sobre desmascarar essa gente que trabalha ativamente contra a cidadania dos GLBTTTs enquanto vive, na surdina, exatamente aquilo que condena.
Como eu escrevi em outro post (e como está registrado no livro No Caminho do Arco-Íris, Ed. Metanóia, página 41):
“Desconfie de todo combatente contra os direitos civis dos homossexuais. Desconfie de toda pregação homofóbica. Desconfie de pessoas que passam a maior parte do tempo falando contra os gays, pregando contra os gays, escrevendo contra os gays, agredindo os gays. Essas pessoas provavelmente SÃO GAYS!”
E se são, que venham logo pra fora do armário com dignidade, porque fingir não tá mais pegando bem. Já passou da hora.