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Revista evangélica: Como dar crédito a uma publicação que faz isso? - Sergio Viula

Nome apagado de propósito para dar a César o que é de César...


VEJA ABAIXO COMO O JORNALISTA DESSA REVISTA EVANGÉLICA ME ABORDOU PELO FACEBOOK PARA OBTER A ENTREVISTA.

NENHUMA DAS MINHAS RESPOSTAS FOI PUBLICADA.

A REVISTA SE RESTRINGIU A COLOCAR UMA FOTO MINHA COM UM DEPOIMENTO QUE PODERIA TER SIDO TIRADO DO MEU PERFIL NO FACEBOOK OU NO TWITTER. 

OBVIAMENTE, ELES ESPERAVAM QUE PUDESSEM ATACAR ALGO QUE EU DISSESSE, MAS COMO NADA DO QUE EU DISSE NA ENTREVISTA PODERIA SER APROVEITADO PARA O ACHINCALHE, ELES NÃO SE ATREVERAM A PUBLICAR O CONTEÚDO (PARCIAL OU INTEGRAL) DAS MINHAS RESPOSTAS.

COM A COLOCAÇÃO DA MINHA FOTO, ELES PRETENDEM DAR UM AR DE IMPARCIALIDADE, MAS NÃO PASSA DE MAIS UM TRUQUE DESSA MÍDIA EVANGÉLICA PARA SE PROMOVER E ENXOVALHAR OS HOMOSSEXUAIS MAIS UMA VEZ.

UMA COISA É CERTA: QUEM NÃO DEVE NÃO TEME. ESSE É O MEU CASO: NÃO DEVO E NÃO TEMO. POR ISSO, FALO O QUE PENSO QUANDO QUERO E PARA QUEM BEM ENTENDER.

SÓ UMA COISA MAIS: SÓ DEI ESSA ENTREVISTA PARA O JORNALISTA ABAIXO, PORQUE CONHEÇO O MESMO HÁ MAIS DE 20 ANOS E DECIDI CONCEDER O BENEFÍCIO DA DÚVIDA, SÓ PARA CONFIRMAR QUE NÃO DÁ PARA LEVAR ESSE SEGMENTO EVANGÉLICO FUNDAMENTALSITA E HOMOFÓBICO A SÉRIO MESMO.

CONFIRAM.









LEIA A ABAIXO A ENTREVISTA (NÃO PUBLICADA)
NA ÍNTEGRA:


1) Sua "saída do armário" fui ruidosa em face de seu passado como militante evangélico - inclusive, no Moses - e como pastor de uma denominação evangélica conservadora, a Batista. Passado todo este tempo desde que assumiu a homossexualidade, como você se sente em relação a esta decisão, sob o ponto de vista religioso? Você diria que abandonou aquela fé ou ainda crê em Deus - e, se sim, de que modo expressa essa devoção?

Meus questionamentos sobre a validade das doutrinas cristãs como "a verdade" começaram bem antes da minha saída do armário. Inicialmente, eu tentava evitar colocar certas pretensões de verdade e seus discursos totalizantes em cheque, porque sentia o que a maioria dos crentes sente: medo de descrer ou de pecar contra o Espírito Santo. Porém, até essa restrição passou a ser uma questão com o tempo: E se essa ameaça de juízo a quem blasfemasse contra o Espírito Santo fosse apenas um artifício autoral ou posteriormente adicionado por tradutores para evitar justamente os questionamentos que eu fazia então, e que milhões provavelmente fizeram antes de mim, justamente porque os próprios autores ou tradutores percebiam a fragilidade de suas declarações sobre o que as escrituras cristãs declaram como "a verdade"?

Decidi levar adiante essa minha inquirição pelas bases de tudo o que eu mesmo havia construído até então. Eu era pastor batista tradicional, de acordo com certas classificações que se popularizaram no meio evangélico -, mas já havia sido pentecostal; era co-fundador do MOSES (Movimento pela Sexualidade Sadia), editor do Jornal Desafio das Seitas (do Centro de Pesquisas Religiosas); professor do Seminário Betel (RJ); e tinha um ardoroso espírito missionário que me levara a deixar tudo para trabalhar com a  Operação Mobilização (OM), antes mesmo de ser pastor. Apesar de tanto para fazer, não conseguia evitar os questionamentos que se acumulavam sobre a suposta faticidade dos relatos bíblicos, especialmente aqueles que se referiam a milagres, assim como a eticidade de certos mandamentos ou ordenanças, que não fazem jus à ideia de um deus perfeitamente bom e justo. 

A primeira etapa da minha inquirição foi concluída e o resultado é sabido: descartei as escrituras cristãs como verdade ou revelação genuinamente divina. A segunda etapa foi justamente inquirir sobre que razões eu teria para acreditar que há um deus ou mais de um deus de fato. Ou seja, haveria evidência inquestionável ou necessidade lógica incontornável que me permitisse afirmar que "há um deus" ou que "há deuses"? Se não, por que permanecer num ministério que não corresponde àquilo que penso? O caminho mais honesto seria renunciar esse ministério. E foi o que fiz. Mas, por que continuar indo à igreja se deixei de crer no objeto de sua adoração? Por isso, pedi exoneração do rol de membros também. 

Acontece que outra questão (não a mesma questão) estava posta havia muito tempo também e eu havia tentado evitar, de todas as formas, confronta-la. A questão era simples: Por que as pessoas homoafetivas que procuram os grupos e/ou "terapias de reversão" não mudam de fato? Eu havia passado 18 anos na igreja. Durante esse tempo, havia lançado o MOSES juntamente com João Luiz Santolin e Liane França em 1997, e trabalhado seis anos com eles. Apesar de tudo, não via mudança na orientação sexual de ninguém, nem mesmo na minha. A homoafetividade continuava constituindo minha personalidade e identidade, apesar de meus 14 anos de casado, dois lindos filhos e ministério eclesiástico frutífero. 

Um segundo questionamento abre caminho pela trincheira de defesa pessoal que eu havia construído contra qualquer coisa que se interpusesse entre minhas crenças e minha prática. O questionamento foi o seguinte: Por que uma pessoa homoafetiva deveria deixar de viver e amar do seu jeito para se adequar a uma suposta normatividade heterossexual (ou como se diz, à "heteronormatividade"), para início de conversa? A resposta é simplesmente: Não deveria. 

Toda a justificativa construída pelos segmentos evangélicos que condenam a homoafetividade (nem todos o fazem) se baseia em apenas seis passagens bíblicas. Vícios de tradução acumulados ao longo de milênios e anacronismo histórico-crítico agravam o equívoco dessas interpretações. Além disso, as escrituras cristãs não são capazes de demonstrar sua superioridade diante de qualquer outro livro sagrado. A título de exemplificação, basta comparar o Corão e a Bíblia, e observar do que são capazes certos muçulmanos em nome de seu livro sagrado e do que são capazes certos cristãos em nome das escrituras cristãs. Deuses diferentes, escrituras distintas, mas comportamentos semelhantes. E me refiro ao comportamento do dia a dia. 

Destaco que, à ideia de que alguns muçulmanos são terroristas, contraponho a ideia de que alguns cristãos também o são. E, caso a memória de alguns tenha se enfraquecido ao longo do tempo, destaco o grupo IRA da católica Irlanda, e a protestante Ku Klux Klan dos originalmente protestantes EUA, a título de exemplificação. Há outros fatos históricos mais antigos que também poderiam ser colocados aqui. Se alguém pode dizer que eles não são cristãos de verdade, também seria possível dizer que os terroristas islâmicos também não são muçulmanos de fato. Todavia, os dois livros sagrados dão margem ao terrorismo tanto quanto à homofobia, se interpretados conforme as tradições mais extremistas. Agora, se cristãos e muçulmanos esclarecidos podem (e devem) evitar o terrorismo, também podem (e devem) evitar a homofobia.

2) Hoje, como você se relaciona com antigos amigos de igreja e com sua família, que é evangélica? Passados estes anos todos, alguém ainda tenta, digamos, "reconvertê-lo" ao Evangelho? Como você reage - ou reagiria - a isso?

Minha convivência com antigos amigos da igreja é rara, porque não frequento os mesmos espaços dominicalmente, mas muitos falam comigo pelas redes sociais ou quando visitam meus pais. Existem, porém, alguns que evitam até chegar perto de mim (risos). Meus pais há alguns anos convivem bem comigo e com meu parceiro, inclusive. Estamos juntos há seis anos (desde 2007). Meus filhos sempre conviveram maravilhosamente comigo e tenho muito orgulho da postura dos dois. Agora, isso não é esmola. Isso é uma questão lógica, ética, racional. Se eu sempre fui um pai presente, atuante, apoiador, protetor, encorajador, o resultado deveria ser esse mesmo - ter filhos amáveis, carinhosos, parceiros. Se fosse diferente, lamentaria, mas seguiria em frente. Ninguém é obrigado a conviver comigo, mas eu também não sou obrigado a correr atrás de ninguém. Felizmente, nós três nos amamos e nos orgulhamos uns dos outros. Quanto aos meus pais, inegavelmente, eles gostariam que eu ainda acreditasse no evangelho, mas não pregam mais para mim, porque consideram que eu já sei o suficiente e porque preferem minha companhia ao distanciamento. Eu também prefiro a convivência construtiva e carinhosa. Isso não quer dizer que eles tenham que pensar como eu ou que eu tenha que pensar como eles. Não sou intolerante. Por exemplo, minha mãe sempre ora antes das refeições, e eu respeito seu costume. Meu filho vai à igreja regularmente. Lá, ele toca guitarra, violão, canta, participa de atividades de jovens. Minha filha não curte a programação da igreja, mas acredita na maior parte das doutrinas bíblicas. Quanto às pessoas que tentam pregar para mim (geralmente são as que não sabem do meu passado eclesiástico), tomo a seguinte postura: Se elas puxam conversa sobre religião, dou minhas razões para não crer e procuro encerrar antes que se torne uma discussão inútil. Desafiar a crença dos outros não é meu esporte favorito. Não debato o que as pessoas creem, a menos que isso interfira nas liberdades de outras pessoas, principalmente nas minhas (risos).  Agora, se o indivíduo fica me importunando nas redes sociais, mesmo depois de toda minha "etiqueta", deleto o que ele disse. Se insistir, bloqueio qualquer contato com ele. E a vida continua. Ouvido não é lugar de pentelho. Perguntas honestas, por outro lado, nunca são ignoradas.

3) Nos últimos meses, uma indisfarçada animosidade tem colocado em campos opostos setores da Igreja Evangélica e do movimento gay. Embora personagens caricatos como Malafaia e Feliciano não expressem a totalidade do pensamento da Igreja, é evidente que os evangélicos médios sentem-se incomodados com a popularização e até com a valorização de um estilo de vida liberal no quesito da sexualidade - sentimento expresso toda vez que um artista como Daniela Mercury faz a defesa do comportamento homossexual, por exemplo. Nesse ambiente, propostas como a do PL 122/06 chegam a assustar, uma vez que poderia haver, realmente, uma cultura favorável à restrição de discursos ou posturas avessos à homossexualidade - o que, naturalmente, feriria a democracia que os grupos gays dizem defender. Como homossexual e personagem ativo na difusão de ideias inclusivistas e crítico da chamada homofobia, como você se posiciona diante desta animosidade? Você não acha que a "balança" tem pendido mais para um lado quando se olha a mídia, a academia e o establishment?

Penso que a ideia de que pessoas LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros) devem ser toleradas, desde que não falem, não casem, não exijam respeito é indigna de quem pensa em categorias humanistas. Quem defende posturas que passem por essa política de invisibilização e silenciamento da população LGBT não pode ser levado a sério. O mundo, de um modo geral, está avançando nessa compreensão. Os setores ou segmentos religiosos que respiram o ar viciado de seus próprios templos, sem olharem o que acontece à sua volta com genuíno interesse em compreender essas mudanças, estão perdendo o bonde da história e tornando-se cada vez mais obsoletos, para não dizer prejudiciais aos que aceitam acriticamente o que eles insistem em afirmar como essencial e necessário, quando está claro que suas ideias excludentes da parcela LGBT da população não são essenciais e nem necessárias à vida comunitária de suas próprias agremiações religiosas.

Quanto à academia, esta deve trabalhar com dados científicos. Se a pergunta passa, por exemplo, pela "pseudo-psicologia" de pretensos "curandeiros" da homossexualidade, a academia faz muito bem em verificar suas premissas, procedimentos e conclusões e descarta-los na medida em que fica cada vez mais claro que não passam de doutrinas religiosas maquiadas com terminologia sofisticada (às vezes, nem tão sofisticada também), sem qualquer fundamentação ou demonstração científica. 

Já a mídia deve, no melhor das suas forças, trabalhar pela informação responsável, ou seja, verificada e confirmada como factual. Além disso, a mídia tem responsabilidade social. Ela pode veicular o que dizem os extremistas de qualquer espécie, mas não pode legitimar esse discurso, caso contrário ela prestaria um desserviço à sociedade, para dizer o mínimo. 

Além disso, as diferentes pregações evangélicas já ocupam muito espaço na  mídia. O que deveria ser questionado é por que outras religiões não têm as mesmas oportunidades. Seria interessante ver budistas, candomblecistas, hindus terem as mesmas oportunidades. Mais ainda, seria interessante ver quem não se enquadra em religião alguma falar sobre temas de interesse geral - ateus, agnósticos, céticos, etc. O resumo da ópera é: de que reclamam os evangélicos em relação à exposição na mídia? Até rede de TV (concessão pública!!!), o crentes possuem. Sem falar nas rádios, jornais, revistas, etc.  E se isso é feito com dinheiro próprio, quanto dinheiro próprio essas organizações têm acumulado! E por que não pagam impostos já que movimentam tantas cifras? Essas questões deveriam ser colocadas. 

Sobre o establishment, este ainda não evoluiu tudo o que precisa. Existem pessoas destacadas na política, na economia, nas artes, nas ciências, na educação, na saúde, etc. trabalhando pela inclusão. Não se confunda visibilidade com inclusão. Há uma tendência dos inimigos dos direitos das pessoas LGBT em misturar os dois conceitos. Muito precisa ser feito em termos de inclusão até que os direitos sejam realmente iguais. Agora, se isso é necessário é porque essa parcela da população a quem chamamos LGBT ainda não foi devidamente incluída. Quando tiver sido, não será mais preciso falar em inclusão. 

Sobre o PLC 122/06, trata-se de um projeto de lei que visa reduzir a violência contras as pessoas sexodiversas. Não consigo imaginar o Jesus representado pelos evangelhos se opondo a isso. Se ele disse "Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus", penso que não veria problema na paráfrase: "Ao Estado o que é do Estado, e às igrejas o que é das igrejas". O princípio do Estado laico é bom para todos, inclusive para os crentes pessoalmente, pois terão a certeza de que sempre poderão cultuar sem perseguição, mesmo quando esta venha de outros crentes. Afinal, o Estado laico, democrático, de direito e pluralista garante a liberdade de culto sem determinar como, quando ou se - sequer - devemos cultuar. A igreja deve respeitar o mesmo princípio e não ficar tentando impedir que o Estado faça seu trabalho, que inclui a proteção dos grupos político-sócio-economicamente vulneráveis, quer estejam em pequeno ou grande número.

Como humanista, alegra-me ver que diversos setores religiosos estão despertando para a violência simbólica e institucional praticadas por suas organizações ou outras, e estão corrigindo isso, além de se engajarem na luta por mudanças que só tornarão a vida mais feliz e mais leve para todos e todas.

4) Para você, a queixa evangélica de patrulhamento nessa questão corresponde à realidade? Por quê? Caso contrário, a quem interessaria a disseminação da ideia do risco de uma "ditadura gay"?

A ideia de patrulhamento pró-LGBT como se isso fosse equivalente a um patrulhamento anti-evangélico não corresponde à realidade. Trata-se de uma falácia para confundir as discussões que realmente interessam a todos. Entretanto, é legítimo que organizações não governamentais respondam a declarações ou ações abusivas contra a comunidade LGBT. Seria uma omissão injustificável que pessoas declaradamente anti-gays ou anti-direitos LGBT (o que para mim dá no mesmo) se organizassem para impedir a efetivação de direitos que viabilizam uma biografia feliz e produtiva a milhões de pessoas sexodiversas, e as pessoas diretamente afetadas, nesse caso, LGBT, ficassem caladas. Quando as pessoas afetadas recorrem às instâncias que podem (e devem) defender o cidadão, logo surge um punhado de fundametalistas ressentidos de sua impossibilidade de concretizar uma agenda de silenciamento e invisibilização da população LGBT alegando que trata-se de uma ditadura gay. Isso me faz imaginar um punhado de nazistas ressentidos da falência de seu projeto de extermínio de judeus reclamando que haverá o risco de uma "ditadura sionista" se os judeus passarem a ser tratados em pé de igualdade com os demais cidadãos alemães.

Muita gente repete essa falácia criada por fundamentalistas evangélicos americanos e divulgada por um certo escritor homofóbico brasileiro, agora vivendo nos EUA, copiada por um pastor milionário que fez fortuna falando mal de outros pastores, igrejas, grupos sociais, e repetida por um ou outro psicólogo de formação precária embevecido de preconceitos, entre outros. 

Esse tipo de terrorismo psicológico foi feito também quando se pensava na abolição da escravatura, tanto no Brasil como nos EUA. Quem diria - se fosse hoje - que, se os negros forem libertos, os brancos morrerão de fome? Ou que se os negros ascenderem socialmente, eles se vingarão dos brancos? Ninguém diria, porque depois de tantos anos, ficou demonstrado que essa retórica era apenas uma tentativa dos violadores de manter a violação dos direitos dos negros. Não havia qualquer razoabilidade em seus questionamentos contra as liberdades civis dos negros e seus descendentes. O mesmo vem acontecendo com os direitos das pessoas LGBT na boca de alguns pregadores do ódio. Cabe aos membros e líderes esclarecidos da igreja levar suas instituições a se autorregularem em relação a esses absurdos antes que caiam em descrédito total diante do restante da sociedade, que já vem percebendo a infâmia dessas posturas e pregações caluniosas baseadas na retórica do pânico social. 
5) Você tem a experiência, digamos assim, dos dois lados da trincheira. Quando militante do Moses, que equívocos você acha que cometeu?

O primeiro equívoco foi pensar que eu deveria deixar de ser eu mesmo. A premissa de que eu deveria ser heterossexual a todo custo foi meu primeiro erro. Outro erro foi ter participado do grupo teatral ArteFé, que foi embrião do MOSES (Movimento pela Sexualidade Sadia). Em 1997, estávamos João Luiz, Liane e eu em plena Parada do Orgulho Gay de Copacabana distribuindo o folheto "Tem bicha que morre, mas não vira purpurina" (testemunho do João Luiz). Isso também foi um erro.

Se fosse crente, pensando de modo mais maduro hoje, eu teria formado um grupo que ajudasse pessoas sexodiversas a viverem sua diversidade sem constrangimento, em comunhão com o restante do que biblicamente se chama "corpo de Cristo". Aliás, as igrejas só têm a ganhar com a abertura para a sexodiversidade: Mais gente participando da vida comunitária das igrejas, famílias homoafetivas enriquecendo a experiência cotidiana das comunidades de fé, mais alegria por parte dos pais que têm filhos homoafetivos e que acabam vendo-os deixar as comunidades eclesiásticas por não se sentirem bem-vindos do modo como são, etc. Não basta "aceitar" uma pessoa na comunidade. É preciso inclui-la em todos os sentidos - os mesmos direitos com os mesmos nomes para todos e todas.

Agora, se alguma comunidade eclesiástica decidir manter suas restrições, que o faça no seio de sua agremiação, sem espalhar ódio no meio da sociedade.

6) Você já se sentiu, em algum momento, discriminado ou tratado de maneira indigna por algum evangélico? Pode falar sobre isso?

Sim. Meu canal no Youtube vive recebendo mensagens de ódio de crentes mal resolvidos, mas uma tecla resolve tudo:  "Delete". Aprendi a não deixar minhas plataformas de comunicação serem usadas para a promoção de ódio por parte dos que passam o dia catando uma nova vítima na internet. O meu blog costumava ser alvo disso também, mas isso tem se tornado mais raro. Esses mal-informados ressentidos percebem que é perda de tempo, que eu não gasto minha saliva ou "digitais" para discutir com gente mal-educada ou tapada. Agora, uma coisa faço: converso com gente que se esforça por ser intelectualmente honesta, qualquer que seja o segmento, inclusive o evangélico.

7) É comum, no segmento evangélico, a tese de que uma pessoa é homossexual devido a algum trauma psicológico, abuso ou desajuste emocional ocorrido ao longo da vida, sobretudo na infância e adolescência. Você passou por algo assim? Se sim, poderia falar sobre isso? E concorda que isso de fato ocorra com frequência?

Essa tese parte do princípio de que existe apenas uma forma de sexualidade sadia: a heterossexualidade. Daí, o nome do MOSES. Isso é um equívoco motivado por preconceitos promovidos no Ocidente por certos setores do cristianismo que prevaleceram desde Constantino. A afetividade sexual entre pessoas do mesmo sexo não era vista como perversão em culturas anteriores e mesmo em certas culturas contemporâneas. Houve e há crenças que até celebram a relação entre pessoas do mesmo sexo e a transexualidade sem nunca terem conhecido um grupo de ativismo pelos direitos LGBT, por exemplo (risos). O fenômeno que chamamos de sexualidade humana é naturalmente variado e não passa necessariamente pela questão de qual genitália os indivíduos exibem em sua constituição orgânica.

Pessoas passam por sofrimento psicológico desde sempre e em todas as áreas da vida. Isso não determina a quem o indivíduo vai devotar amor ou que tipos de pessoas despertarão o interesse sexual de cada um. E falando em abuso sexual, a maioria esmagadora dos abusadores é heterossexual e tem história de abuso na infância ou adolescência também. Ou seja, o abuso não os transformou em gays ou lésbicas. Sobre o fato de serem abusadores, pedofilia não tem nada a ver com a homoafetividade ou a heteroafetividade. E quem usa a pedofilia como argumento contra a sexodiversidade já demonstra que não sabe do que está falando ou que está agindo com base em pura má-fé.
8) O deputado Feliciano está tão questionado no cargo que ocupa que, ainda que não seja afastado, já criou um case político e comportamental, no sentido de fomentar o questionamento ao acesso de pessoas conservadoras (aqui, novamente, não estou levando em conta o fato de ele ser tão caricato, mas a sua existência no cargo, ok?) a cargos daquela natureza. Se, por um lado, o debate é saudável do ponto de vista ideológico e da defesa dos direitos humanos, não existe, por outro lado, um recrudescimento de tamanha reação pelo simples fato de ele ser pastor? Em outras palavras, se fosse um tacanho como Severino Cavalcanti ou Jair Bolsonaro (figuras igualmente trogloditas, mas não religiosas) no cargo da CDH, você acha que a grita seria a mesma?

A sociedade brasileira nunca se manifestou contra a presença de pastores na política. Por isso, não considero coerente ou justo dizer que ele é perseguido por ser pastor. Isso é o que ele adoraria que as pessoas pensassem para jogar uma cortina de fumaça no que realmente interessa. Agora, a própria igreja deveria repensar a eleição de pastores para cargos políticos. O indivíduo tem um chamado pastoral ou uma vocação política? A igreja católica não deixa pároco exercer cargo. Ele tem que se licenciar da paróquia enquanto exercer o mandato político. Essa é uma prática que os evangélicos deveriam considerar para evitar abusos por parte de seus líderes.

Além disso, é importante se questionar por que uma bancada que vive propalando a ideia de "moral e bons costumes" está mergulhada em escândalos de corrupção e processos para todo lado.  Será que isso não acende uma luzinha vermelha na cabeça dos crentes? Se uma faxina ética fosse feita no Congresso e no Senado, quantos membros da bancada evangélica sobrariam? cri...cri..cri..cri...

9) Por favor, diga-me como devo qualificá-lo. Professor de inglês? E qual sua formação acadêmica?

Formado e pós-graduado pelo Seminário Teológico Betel (Rocha - Rio de Janeiro), formado em Filosofia pela UERJ, atuando como professor de inglês, autor de Em Busca de Mim Mesmo, e blogueiro no www.foradoarmário.com.  (Atualização em 28/8/20: O domínio do blog em 2019)

ALERTA DE LAICIDADE NACIONAL AMEAÇADA

Samuel Câmara (esquerda) e José Wellington Bezerra da Costa
Fonte da foto: Seara News


Texto de Maurício Oliveira. 
Gentilmente enviado pelo autor para o Fora do Armário


ALERTA DE LAICIDADE NACIONAL AMEAÇADA


Eleição ao cargo mais alto das Assembleias de Deus no país pode aprofundar a onda conservadora e representar uma real ameaça à laicidade do estado além de dar mais visibilidade e poder a pastores como Silas Malafaia e Marco Feliciano


Por Mauricio Oliveira

O que já era ruim no universo religioso brasileiro pode ficar ainda pior... bem pior. Na semana que vem, nos dias 8 a 12 de abril de 2013, em Brasília, haverá eleição para escolha do novo presidente da CGADB (Convenção Geral da Assembleia de Deus do Brasil). Está nas mãos de pastores assembleianos de todo país escolher, entre um punhado de candidatos, aquele que ocupará a presidência da Convenção das Assembleias de Deus do Brasil para administrar a maior denominação evangélica do país. Caberá ao famoso escolhido trazer a Assembleia de Deus do Brasil ao século 21 para que ela reflita (inclusive na própria cúpula da denominação) a realidade de nossa sociedade, inclusive aceitando e respeitando a face humana dos brasileiros em todas as suas diferenças: culturais, econômicas, étnicas e principalmente de orientação sexual e de gênero. O outro caminho a ser escolhido pelo futuro presidente da CGADB também pode ser o que vai afundar a Assembleia de Deus num conservadorismo ainda maior do que aquele já impõe sobre grande parte de seus membros, inclusive com efeitos perniciosos na política e até na vida de todos nós, brasileiros. O deputado Marco Feliciano que o diga.

Para quem não sabe a CGADB é a convenção que coordena e submete a sua autoridade cerca de 90% das igrejas Assembleias de Deus no Brasil, que é de longe a maior denominação evangélica do país, considerando que 22% dos brasileiros (44 milhões) se consideram evangélicos. A Assembleia de Deus está presente no país há mais de 100 anos e é controlada em território nacional por sua maior e mais importante convenção, a CGADB, uma espécie de CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) dos assembleianos. A CGADB administra atualmente enormes parques gráficos como a famosa CPAD (Casa Publicadora das Assembleias de Deus), além de jornais, revistas, emissoras de tevê e rádios, e claro todo o conteúdo ideológico disseminado por todos esses meios. Além disso é detentora de seminários para pastores, cursos, escolas, faculdades e hospitais. É ela também quem autoriza suas filiais, as Convenções Estaduais, a consagrar oficialmente os pastores da Assembleia de Deus.

A influência da CGADB também se faz sentir em nossas vidas - e o pior, mesmo que não desejemos - através da política municipal, estadual e nacional, uma vez que a grande maioria dos membros da bancada evangélica no Congresso é formada por pastores ou membros da Assembleia de Deus (inclusive os detestados Marco Feliciano, João Campos, Silas Câmara e mais uns 30). Se em sua cidade não houver pelo menos 1 (um) vereador da Assembleia de Deus, considere-se um cidadão sortudo, pois sua cidade é exceção no país e contente-se por não ter que ver na câmara de vereadores (ou Assembleia Legislativa estadual) um político que certamente possui as mais conservadoras e fiéis credenciais da direita política.

Nos últimos 25 anos (repito, 25 anos) a Assembleia de Deus do Brasil tem sido presidida pelo mesmo pastor José Wellington Bezerra da Costa. Apesar de relativamente desconhecido fora do universo evangélico pentecostal diante de outras figuras mais pitorescas da Assembleia de Deus como Silas Malafaia ou o próprio Marco Feliciano, José Wellington, pelo menos oficialmente, é uma espécie de "papa" da denominação.

O poder de um presidente da CGADB é enorme sobre a vida e o modus operandi de todo o conjunto de igrejas da denominação espalhadas pelo país. Engana-se quem acha que essa cruzada nacional que políticos e alguns pastores promovem contra os gays e uma sociedade mais liberal ocorre por se tratar de uma condenação “segundo a visão bíblica”. NÃO, NÃO É! Pois se assim fosse todas as denominações evangélicas do Brasil e do mundo teriam praticamente a mesma interpretação conservadora a respeito do assunto orientação sexual, aborto, uso de contraceptivos, ensino e a cultura secular, o gênero e seus papéis. E tais questões estão muito longe de ser uma unanimidade no meio evangélico. A maior evidência disso vem de grande parte das mais importantes denominações evangélicas nos Estados Unidos (berço e origem das igrejas evangélicas brasileiras, inclusive da Assembleia de Deus) que atualmente não só acolhem os gays, as famílias homoafetivas, mas também admite-se que pastores (e pastoras) e bispos sejam abertamente gays.

Em grande parte o preconceito e a discriminação que aterrorizam gays e menospreza o potencial das mulheres no Brasil possui em seu DNA cultural uma interpretação fundamentalista gerada ao longo de décadas pela Assembleia de Deus no Brasil (que aprendeu com a escola fundamentalista americana). Onde alguns versículos isolados da bíblia são pinçados a pedido de uma cúpula de pastores conservadores dedicados ao "ensinamento bíblico" dentro da própria CGADB e que os interpreta como sendo AINDA aplicáveis em nossos dias. Em outras palavras, tal interpretação permitiria que AINDA houvesse escravidão de negros por serem “descendentes amaldiçoados de Noé”, que crianças merecem apanhar de seus pais com a vara “da correção” porque a bíblia AINDA assim determina. Explicado, portanto, porque projetos de leis que envolvem tais temas, entre outros biblicamente interpretáveis, não andam no nosso Congresso Nacional (tal como nos EUA).

Desta forma, é com o libelo de AUTORIZAÇÃO, ORIENTAÇÃO e BÊNÇÃO do PRESIDENTE DA CGADB que tal visão "de mundo" é transmitida e disseminada em âmbito nacional, seja através das padronizadas revistas de Escolas Bíblicas Dominical (toda igreja Assembleia as compram trimestralmente de forma sagrada), jornais, livros religiosos, seja programas de TV, pregações na TV, etc. E, uma vez isso chegando aos corações e mentes, é pregado aos gritos como “verdade bíblica” nos púlpitos das grandes, médias e pequenas igrejas e congregações nos mais distantes rincões do país, e aceito como sendo a visão "oficial" da Assembleia de Deus no Brasil. Simples assim.

Acho que não é segredo de ninguém que os pastores e membros de igrejas evangélicas não são incentivados a ler (ver e ouvir) nada que não seja produzido por sua própria denominação para que não sejam "contaminados" pela "cultura do mundo". E tem sido assim nos últimos cem anos de existência desta denominação, com raras e nobres exceções de igrejas, pastores e membros que não se submetem a tal orientação estreita ditada em diretrizes pela cúpula da denominação.

Mas aí você poderia questionar que a Assembleia de Deus não é a única igreja evangélica do país! Afinal há tantas outras como a Universal do Reino de Deus, Mundial do Poder de Deus, Internacional da Graça, comunidades evangélicas as mais diversas ou essas incontáveis igrejas de porta-de-loja nos subúrbios das grandes cidades. Pois é, mas se a Assembleia de Deus não for a mãe ideológica do pentecostalismo pregado nelas, ela é a avó ou bisavó da filosofia de vida do neopentecostalismo brasileiro ultrapassando inclusive suas barreiras denominacionais. E ela conseguiu tal proeza de uniformidade ideológica através da poderosa CPAD que possui o maior parque gráfico religioso do país, o qual produz bíblias e literatura evangélica não só para a própria denominação, mas para quase todas as demais igrejas evangélicas do Brasil. Essa visão que é abraçada pelos antigos e novos crentes, pregada pelos púlpitos de praticamente todas as igrejas evangélicas e até mesmo cantada na voz midiática de cantoras como Ana Paula Valadão da Batista da Lagoinha, que apesar de não ser assembleiana, e diferente das demais batistas, abraça a fé neopentecostal.

As eleições da CGADB costumam ser extremamente políticas e politizadas. E não se iluda achando que isso nada tem a ver com você. Só para exemplificar, na última eleição da CGADB o Silas Malafaia era candidato à presidência da CGADB. Tendo sido vencido pelo atual presidente José Wellington (o qual sempre criticou), saiu emputecido com a derrota nas urnas e rumou carregando consigo uma dezena de seguidores para fundar a própria denominação: Assembleia de Deus Vitória em Cristo. E no alto da qual agora age como rei e papa destilando seu ódio contra gays e o mundo moderno e secular que todo o Brasil estava decido a abraçar.

O pastor Silas Malafaia desconjura a atual cúpula da CGADB, presidida por José Wellington, e também está apoiando um de seus melhores amigos, candidato à presidência da CGADB e crítico de José Wellington, o pastor Samuel Câmara, presidente da Assembleia de Deus de Belém, no Pará. Esta que é mais antiga Assembleia de Deus no Brasil (e provavelmente a maior) com cerca de 800 mil membros. A rede Boas Novas de rádio e TV (captada por parabólicas em todo país) pertence a Samuel Câmara e é administrada por sua família.

O pastor Samuel Câmara possui a candura que se encaixa perfeitamente no imaginário de um coronel nordestino. Incontáveis igrejas Assembleias de Deus nas regiões Norte e Nordeste do país lhe prestam continência, pois foi ele (e seus antepassados da dinastia de pastores da família) que criaram, administram e ainda disseminam igrejas nestas duas regiões de maior percentagem de evangélicos no Brasil. O deputado do PSD pelo Amazonas Silas Câmara é irmão do pastor Samuel Câmara. Ele é um dos principais membros da bancada evangélica no congresso e um dos maiores entraves à política que visa defender os direitos humanos e as minorias.

Ao que tudo indica essa semana será quente no cenário assembleiano e com o Samuel Câmara sendo um dos candidatos mais fortes à presidência da CGADB. Samuel Câmara desponta como um candidato ultraconservador e que pretende dinamitar de vez o conceito de Estado Laico consagrada em nossa Constituição, e pronto para investir na conversão ao evangelho da política nacional. Apesar dos apesares, José Wellington, presidente da CGADB há pelo menos 25 anos, é tido, como o que podemos dizer, de xiita moderado e procura manter, “oficialmente”, sua denominação bem longe dos holofotes da política e da mídia mundana. Afinal de contas, alguém aí já viu algum programa da Assembleia de Deus do Brasil no horário nobre da TV aberta?

Pois é... imagine agora o cenário em que a maior denominação do país, a Assembleia de Deus do Brasil, passa a ser controlada pelo pastor Samuel Câmara que é um dos melhores amigos de Silas Malafaia (e vice versa) e um dos grandes amigos do hoje bem conhecido Marco Feliciano.

Portanto, fiquemos de olho, pois o fundo do poço pode ser muito mais fundo que nós jamais imaginamos.

“Silas Malafaia não representa o povo evangélico brasileiro”, afirma pastor, criticando episódios das eleições.





O blog Fora do Armário não costuma publicar falas de pastores, exceto quando são pastores cujas falas estão engajadas num projeto de inclusão, igualdade, celebração da diversidade, etc. Estou reverberando esses dois textos, porque eles refletem um fato: Silas Malafaia não representa os evangélicos brasileiros, mas apenas um grupo de seguidores. Além disso, o texto denuncia o que as pessoas mais esclarecidas sempre souberam: ele almeja apenas dinheiro e poder. Veja os textos e observe como os próprios evangélicos já não o suportam mais.


Sergio Viula




“Silas Malafaia não representa o povo evangélico brasileiro”, afirma pastor, criticando episódios das eleições.


Leia na íntegra no Gospel+
https://noticias.gospelmais.com/silas-malafaia-representa-povo-evangelico-pastor-43768.html 


by Tiago Chagas

Em meio às polêmicas protagonizadas pelo pastor Silas Malafaia a respeito das eleições municipais em São Paulo, o pastor Paulo Siqueira, colunista do Gospel+ publicou um artigo contundente em seu blog, questionando a motivação do líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo (ADVEC).

Siqueira afirma que “Silas Malafaia e sua turma não representam os verdadeiros evangélicos deste país, que ainda lutam por um país mais justo, mais igualitário, mais verdadeiro” e que o pastor não representa os evangélicos que “acreditam que isso só será possível através da pregação do Evangelho de Cristo, que se coloca totalmente contrário ao sistema religioso e político, Evangelho este que não se alia à corrupção ou à injustiça”.

O contexto sociocultural foi frisado pelo pastor: “É preciso dizer que estamos num país onde se diz que política e religião não se discute, retrato fiel imposto pelos nossos colonizadores (que sempre usaram da argumentação política e religiosa para impor sobre todo o povo o domínio, tanto mental como cultural”.

Segundo Siqueira, Malafaia tem se posicionado de forma errada, no caminho inverso ao que deveria ser tomado: “Ao invés de se opor ao sistema com as armas e os valores da Reforma Protestante, faz o contrário: se despe dos valores essenciais da cultura cristã e se alia ao sistema político, buscando para isso o poder, pois pelo visto e pelos seus discursos dinheiro não lhe falta mais. O que almeja no momento é o poder”, enfatiza Siqueira.

Indignado com a postura de Silas Malafaia, Siqueira frisa que o pastor da ADVEC não tem legitimidade para falar em nome de todos os evangélicos: “Quem tem visto as mídias nas últimas semanas tem a impressão de que esse cidadão fala em nome de todos os evangélicos, porém é preciso dizer em alto e bom som que esse cidadão caminha em sentido contrário e totalmente desorientado ao verdadeiro Evangelho, que todos os evangélicos deveriam representar, pois o termo ‘evangélico’ quer dizer aquilo que vem do Evangelho”.

A contundência das críticas de Siqueira, que lidera o Movimento pela Ética Evangélica Brasileira, classifica as ideias do pastor Malafaia como hereges: “Lamentavelmente, o Sr. Silas e sua turma de hereges contemporâneos têm, há muito tempo, deturpado os valores do verdadeiro Evangelho com arrogância, ganância desenfreada, em busca dos valores deste mundo, pois a teologia que hoje vivenciam tem saciado unicamente às suas vaidades pessoais”.

Confira abaixo a íntegra do artigo “Silas Malafaia não representa o povo evangélico brasileiro”, do pastor Paulo Siqueira: 


Uns confiam em carros e outros em cavalos, mas nós faremos menção do nome do SENHOR nosso Deus. – Salmos 20.7

Nos últimos meses, estivemos inseridos no processo político para a escolha de prefeitos e vereadores em todo o Brasil. De forma cotidiana, o processo político caminhou, com horário político na tv e rádio. Porém, neste ano, principalmente na cidade de São Paulo, o maior berço político do país, tivemos a inserção do tema “religião”.

É preciso dizer que estamos num país onde se diz que política e religião não se discute, retrato fiel imposto pelos nossos colonizadores (que sempre usaram da argumentação política e religiosa para impor sobre todo o povo o domínio, tanto mental como cultural. Isso é refletido por séculos de atraso e avanço no que podemos de uma consciência e de um entendimento real e verdadeiro do que é política e para que serve. Assim, vemos o domínio de coronéis a grandes empresários, ou seja, o dinheiro e o poder são os veículos que conduzem a política brasileira.

Lamentavelmente, isso é reforçado pelo poder religioso, que também usufrui do dinheiro para alicerçar o seu domínio sobre o povo. E novamente a história se repete, porém desta vez um líder evangélico que, ao invés de se opor ao sistema com as armas e os valores da Reforma Protestante, faz o contrário: se despe dos valores essenciais da cultura cristã e se alia ao sistema político, buscando para isso o poder, pois pelo visto e pelos seus discursos dinheiro não lhe falta mais.

O que almeja no momento é o poder.

Quem tem visto as mídias nas últimas semanas tem a impressão de que esse cidadão fala em nome de todos os evangélicos, porém é preciso dizer em alto e bom som que esse cidadão caminha em sentido contrário e totalmente desorientado ao verdadeiro Evangelho, que todos os evangélicos deveriam representar, pois o termo “evangélico” quer dizer aquilo que vem do Evangelho.

Lamentavelmente, o Sr. Silas e sua turma de hereges contemporâneos têm, há muito tempo, deturpado os valores do verdadeiro Evangelho com arrogância, ganância desenfreada, em busca dos valores deste mundo, pois a teologia que hoje vivenciam tem saciado unicamente às suas vaidades pessoais. Agora, após conquistar mansões, carros importados, aviões, jóias, roupas de grife, ou seja, todos os prazeres que este mundo oferece (porém não sacia e não traz a paz), o Sr. Silas, se apoiando de forma totalmente errônea a versículos isolados da Bíblia, investe na busca do poder político. Para isso, faz conchavos e acordos, não se importando com ideologias ou valores, simplesmente com a busca pelo poder.

Mas isso já faz parte do contexto desse Sr., que há muito tempo busca o domínio de sua denominação e, não conseguindo, funda para si um domínio para saciar a sua incansável sede de poder. Para isso, não se importa se o político é maçom, se é corrupto, se apóia valores contrários aos valores cristãos.

Dentro de tudo isso, é preciso dizer que Silas Malafaia e sua turma não representam os verdadeiros evangélicos deste país, que ainda lutam por um país mais justo, mais igualitário, mais verdadeiro, e que acreditam que isso só será possível através da pregação do Evangelho de Cristo, que se coloca totalmente contrário ao sistema religioso e político, Evangelho este que não se alia à corrupção ou à injustiça.

É preciso citar aqui que um dia o deus deste mundo apresentou todos esses valores, que hoje, para o sr. Silas e sua turma, são essenciais. Porém havia uma condição: Jesus teria que se dobrar e adorar o deus deste mundo. E Jesus disse a frase: “sai daqui, satanás, as Escrituras ordenam: adore somente o Senhor, o seu Deus. Sirva somente a Ele” (Mt 4.10 – Bíblia Viva).

Ainda é preciso dizer que a Bíblia nos exorta a não acumularmos tesouros nesta terra, mas antes acumularmos tesouros nos céus (Mt 6.19-20).

Porém, o que eu gostaria de deixar é que o povo chamado “protestante” ainda existe, e está atuante, sem temer os poderes deste mundo. Por isso que denunciamos e trazemos a verdade, para que o mundo saiba que os valores cristãos estão acima dos valores deste mundo, e que Silas Malafaia e sua turma estão aquém do verdadeiro Evangelho de Cristo. Assim, que todos estejam atentos.

“Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma? Ou que dará o homem em recompensa da sua alma?” – Mt 16.26

Voltemos ao evangelho puro e simples, o $how tem que parar!

A Deus, toda a honra e toda a glória para sempre.

Paulo Siqueira

Por Tiago Chagas, para o Gospel+

Homofobia evangélica.



Homofobia evangélica

Extraído do site "Dito e Dizer"


Mais uma vez o fanatismo evangélico mostra suas caras. Sinto que há poucos “moderados” no meio evangélico. Aqueles que se dizem liberais ou mais moderados, não passam de componentes da ala dos covardes: são aqueles que pensam como os conservadores , mas não tem coragem de admitir.

As últimas notícias mostraram um grupo insano de evangélicos liderados pelo senador Magno Malta, tentando invadir o congresso nacional. Os “ protestantes” querem impedir a criminalização da homofobia.

Devido a minha falta de paciência de tratar este assunto, limitar-me-ei simplesmente a comentar as declarações de alguns líderes evangélicos presentes.

Segundo notícia da Agência Brasil, o senador Magno Malta acredita que o projeto propiciaria a impunidade de crimes como pedofilia e necrofilia. "O pedófilo vai dizer que a opção sexual dele é menino de 9 anos", declarou. Malta pensa que o Brasil viraria “um império homossexual”.

Nota-se o tamanho da ignorância deste cavalo ocupante de uma cadeira no senado brasileiro. Comparar a homossexualidade à pedofilia e a necrofilia foi um ultraje. Não vou me desgastar para explicar para este beócio que um pedófilo não é necessariamente um homossexual, e que o crime de pedofilia pode ser cometidos por qualquer homem ou mulher, homo ou hétero. O que o senador afirmou, implicitamente, é que a homossexualidade é uma doença e , portanto, deve ser combatida e banida da face do planeta.

Há muitos anos que o homossexualismo não é mais considerado doença ou distúrbio psicológico. Suas causas são as mesmas que determinam se alguém gosta de carne ou frango, ou seja, uma complexa mistura entre o substrato orgânico e sua interação social. Não é doença, muito menos um transtorno a ser tratado. Os homossexuais não são pedófilos, muito menos necrófilos. É preciso que a sociedade repudie declarações tão preconceituosas como as destes protótipo de senador da república.


“No estado democrático ninguém está imune à crítica”, disse o vice-presidente do Conselho Interdenominacional de Ministros Evangélicos do Brasil (Cimeb), pastor Silas Malafaia. Ele considera o projeto de criminalização da homofobia "uma afronta à democracia" porque inibe a liberdade de expressão.

Silas Malafaia sempre foi um falastrão, um ladrão e um hipócrita que assina bíblias pelo Brasil a fora, arrecadando milhões para sua conta no céu. Malafaia é um evangélico fundamentalista e nunca esteve mais distante do Reino de Deus. Ele é daqueles sobre os quais falou Jesus quando disse: “ sepulcros caiados”. Esta anta, acéfala e estúpida ( estou usando minha liberdade de expressão), ousa comparar uma crítica a uma atitude preconceituosa. Quem sabe então, agora fosse o caso das pessoas que não gostam da cor preta, criticarem as pessoas que nasceram com a cor da pele negra. Talvez fosse o caso de eu, que abomino a atitude dos evangélicos, de dizer que “ evangélico é burro”. Eu estaria usando minha liberdade de expressão, entretanto, eu estaria sendo preconceituoso, porque no Brasil, as pessoas são livres para escolherem sua religião. Silas ( um nome tão bom para um homem tão mau) não tem fundamento a não ser seu profundo preconceito com todos aqueles que são diferentes de sua moral suja e hipócrita. Silas Malafaia ignora as centenas de homossexuais que são agredidos e outros tantos mortos em nome do preconceito e intolerância.

"Senhor, sabemos que há uma maquinação para que esse país seja transformado numa Sodoma e Gomorra. Um projeto desses vai abrir as portas do inferno", disse o pastor Jabes de Alencar, da Assembléia de Deus. em frente à entrada principal do Legislativo enquanto promovia orações dos manifestantes.

Maquinação? Da parte de quem? Este outro troglodita fecha os olhos para a verdadeira maquinação que há no Brasil. Os evangélicos nunca bateram na porta do congresso nacional para protestar contra a corrupção, ou contra a pobreza e desigualdade social. Nunca tentaram invadir o congresso nacional quando políticos corruptos eram declarados inocentes. Jabes Alencar representa o que há de mais reacionário, machista e preconceituoso no meio evangélico. As portas do inferno já estão abertas. Jesus alertou que os fariseus não entravam no céu e nem deixavam os outros entrar. Neste caso, faço uma pequena inversão—sim, as portas do inferno estão abertas. Talvez , alguns homossexuais irão entrar por elas, mas de certo, o pastor Jabes Alencar vai na comissão de frente. Isso claro, se eu acreditasse na condenação eterna. Sorte sua pastor Jabes.

MINHA OPINIÃO: O BRASIL NÃO SERÁ DO "SENHOR JESUS" - por João Marinho

MINHA OPINIÃO:
O BRASIL NÃO SERÁ DO "SENHOR JESUS"




A respeito da entrevista com o teólogo Paulo Ayres Mattos (link da notícia do blog de Paulo Lopes abaixo com link para a entrevista em si), devo dizer que concordo com suas ponderações. A questão religiosa é dinâmica. Muitos consideram que o crescimento evangélico no Brasil vai levar a uma teocracia, onde eles mandarão e desmandarão de acordo com os dogmas mais conservadores.

Apesar de todas as dificuldades que eles têm imposto ao Estado laico, não acredito que chegarão, porém, a uma hegemonia tal que possibilite isso. As mudanças no mundo ocidental têm imposto que, com o crescimento, vem a diversificação. E, com a diversificação, vem a possibilidade de privatização da fé e de individualização dos dogmas. E, vale dizer, isso é mais forte como consequência entre evangélicos, pois o protestantismo é essencialmente fragmentário (há até vertentes protestantes que têm assumido bandeiras teologicamente não tradicionais no que diz respeito a reprodução e sexualidade).

De certa forma, é bem isso que aconteceu e tem acontecido com a Igreja Católica de umas décadas para cá. Existia uma maioria católica histórica no Brasil que seguia cegamente os dogmas católicos. Mas, à medida que cresce a diversificação, a privatização, a individualização e a própria religião começa a se fragmentar em opções para os diferentes gostos - como a própria Icar tem feito - abre-se a porta para a formação de personagens "exóticos" que combinam vários elementos religiosos, se sentem confortáveis em discordar do dogma tradicional, e, ainda assim, se consideram parte de uma religião em específico.

É o caso do católico que se considera católico, mas apoia a união civil homossexual, frequenta centros de mesa branca de vez em quando, não tem problemas em dar uma sapeada em uma campanha evangélica por emprego e usa camisinha com a namorada - a despeito de tudo isso ser contra a pauta católica tradicional. Com um número grande de adeptos, é mais difícil controlar o que cada um faz.

Nesse sentido, também entendo o maior conforto no surgimento de figuras como os "evangélicos sem igreja" e até a maior "saída do armário" dos ateus, agnósticos e sem religião. Você pode esperar que, em breve, aparecerá uma figura desconhecida no Brasil até agora, mas que dará as caras: o evangélico não praticante.

Claro que nem tudo é um mar de rosas. Durante o crescimento, os pentecostais acumulam força política e podem influenciar determinadas condutas do Estado, especialmente quando em conluio com outras forças conservadoras. Daí, o "apagão" de políticos pró-homossexuais no governo Dilma.

No entanto, com o aumento da diversificação, com a renovação de gerações e com a reação de outros setores religiosos e arreligiosos (ninguém cresce sem formar "inimigos"), de um lado, perde-se o ímpeto de crescimento, de outro, aumenta-se o caldo religioso que possibilita a formação dos "tipos exóticos" e, por fim, chega-se ao limite máximo de crescimento, vindo a seguir uma estagnação e um encolhimento até surgir outro movimento religioso que inflame a população.

Assim, não deixa de ser notório que, embora tenham cada vez mais tentando influenciar questões públicas relacionadas à saúde, educação e sexualidade e até conseguindo inflingir certas derrotas, os pentecostais e fundamentalistas evangélicos não têm conseguido impor um RETROCESSO qualitativo ao que já se conquistou, mas, com mais frequência, um ATRASO na evolução/aprovação das pautas mais progressistas. Comparativamente, do final dos anos 80/início dos anos 90 para cá, se nos ativermos ao cenário gay, a comparação mostra que houve um processo evolutivo: gays têm mais direitos e garantias hoje do que antes. Foi o mesmo período em que os pentecostais cresceram e entraram na política e, até o momento, eles fizeram essas pautas andarem mais devagar - mas não retroagirem.

Dentro disso, o cenário que considero mais provável no Brasil possa ser semelhante ao dos Estados Unidos, embora com menos força, já que, nos EUA, o processo é mais antigo, em que há uma constante medição de forças entre os lados progressistas e fundamentalistas na política, com vitória para um e para outro, mas, no cômputo geral, com progressismo das pautas. Isso deve se fazer sentir ainda mais conforme, no movimento de "exotismo" a que falei, a população começa a se distanciar dos dogmas tradicionais e fazer suas próprias escolhas "privativas" e, conforme mostrou o teólogo, haja um aumento das escolhas racionais não mágicas. Nos EUA, dos 4 estados que votarão a união gay em plebiscito em novembro, pela primeira vez, a expectativa, dada pelas pesquisas, é que todos a aprovem, em vez de bani-la.

Evidentemente, não podemos, porém, esperar sentados. É preciso que os setores progressistas, religiosos ou não, arreligiosos e até ateístas se articulem, para que essa condição se torne o menos difícil possível de ser enfrentada e diminuam o poder de fogo do fundamentalismo mais rápido a médio prazo.


Por João Marinho

Carta Capital: Gays, evangélicos e o direito à igualdade num Estado laico

Sociedade


Carta Capital

Associação LGBT
30.07.2012 16:46


Gays, evangélicos e o direito à igualdade num Estado laico

por Toni Reis*

Um deputado federal e pastor evangélico fez um chamado no mês de julho de 2012 a todas as denominações evangélicas do Brasil para que se unam contra a criminalização da homofobia e criticou as decisões do Supremo Tribunal Federal “de esquerda” a favor de “tudo que não presta”, incluída aí a “união estável homoafetiva”.
O pastor é longe de ser o único a fazer manifestações públicas desta natureza: basta fazer uma busca em alguns sites fundamentalistas na internet, assistir a determinados programas de televisão e ouvir discursos proferidos por certos parlamentares evangélicos fundamentalistas.


A decisão do STF de reconhecer a união homoafetiva foi uma afirmação da soberania da Constituição no País

Fico me perguntando por que tanto desprezo, tanto ódio, tanta agressão, tanto amedrontamento infundado dos fiéis, tanto anúncio da “catástrofe” por vir que representaria a proteção jurídica dos direitos humanos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT), e tanta perseguição até contra pessoas que não são LGBT mas que têm manifestado seu apoio à causa da diversidade, vide alguns ataques que já se iniciaram nessas eleições. Nestas posturas, onde está o espírito do cristianismo exemplificado e pregado pelo próprio Cristo? O que aconteceu com o mandamento pregado por ele: “amai-vos uns aos outros como eu vos amei”?
A homofobia é pecado, assim como o racismo. Vejam por analogia, quando Tiago relata “Todavia, se estais cumprindo a lei real segundo a escritura: “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo, fazeis bem. Mas se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, sendo por isso condenados pela lei como transgressores;” e também em Atos: “Então Pedro, tomando a palavra, disse: Na verdade reconheço que Deus não faz acepção de pessoas.” Mesmos fossemos utilizar argumentos de livros sagrados, o que não é o caso, está havendo – sim – acepção da comunidade LGBT.

Querer marginalizar segmentos da sociedade em nome de uma suposta verdade é uma prática perigosa, e também um erro no sentido original da palavra pecar (errar o alvo). A este respeito é impossível não fazer um paralelo com o extermínio nazista de todas as pessoas que – segundo o dogma deles – também “não prestavam”. O resultado disso foi o holocausto. O paralelo também se espelha no seguimento incondicional, cegamente e sem senso crítico, das pregações dos líderes fundamentalistas, até se chegar ao caos irreversível, o verdadeiro inferno na terra: o holocausto no caso do regime nazista; a intolerância e barbárie no caso do islã fundamentalista, por exemplo. Seria imperdoável a religião, no caso o fundamentalismo evangélico no Brasil, errar mais uma vez.

Os protestantes / evangélicos já sofreram muito no Brasil e em outros países católicos, chegando a ser uma minoria perseguida. Por que então perseguir outra minoria por causa de sua condição sexual? Não se aprendeu nada da triste lição de ser objeto de preconceito, discriminação e até de morte por serem “hereges”, ou terem uma religião diferente da predominante, assim como as pessoas LGBT sofrem hoje por terem uma sexualidade diferente da convencionalmente aceita. Apenas como exemplo, na semana passada publicaram-se os resultados de mais uma pesquisa que apontou que 70% dos gays de São Paulo já sofreram agressão, entre agressão verbal, física e sexual.

Temos plena consciência de que é um erro generalizar e sabemos – de primeira mão – que há muitas pessoas evangélicas que não seguem essas posturas fundamentalistas homofóbicas e, sim, procuram respeitar a todos na profissão e no exercício de sua fé.
Um exemplo é o bispo negro sul africano, Desmond Tutu, da igreja Anglicana, ganhador do Prêmio Nobel da Paz, que tem se posicionado inúmeras vezes contra a prática de fazer acepção às pessoas LGBT: “Discriminar nossas irmãs e nossos irmãos que são lésbicas ou gays por motivo de sua orientação sexual é para mim tão totalmente inaceitável e injusto quanto o apartheid… Opor-se ao apartheid foi uma questão de justiça. Opor-se à discriminação contra as mulheres é uma questão de justiça. Opor-se à discriminação por orientação sexual é uma questão de justiça. É improvável que o Jesus a quem louvo colabore com aqueles que vilipendiam e perseguem uma minoria que já é oprimida” (tradução minha, fonte).

Não queremos uma guerra santa ou uma guerra arco-íris, muito menos criar e impor uma “Ditadura Gay” ou um “Império Gay”. Não! Absolutamente! Não queremos ser excluídos das famílias e nem destruí-las, como se alega. Queremos ter a nossa vivência e construir a nossa família da nossa forma, em coexistência pacífica e harmoniosa com as já estabelecidas. A diversidade existe e isso há de ser reconhecido e respeitado. Uma sociedade se faz com toda a diversidade: “Quase sempre minorias criativas e dedicadas tornam o mundo melhor” (Martin Luther King). Não se deve discriminar ninguém, sejam 0,25%, 25% ou 90% da população. Respeitar as minorias é dever de todos, como já diz o grande pacifista Gandhi: “Uma civilização é julgada pelo tratamento que dispensa às minorias”.

Também há muitas pessoas LGBT que são cristãs e para as quais é dolorido serem taxadas de pecadores e desviantes dentro do seio das igrejas, ao ponto de se sentirem excluídas e desistirem de frequentá-las. Neste sentido, gostaria de citar o primeiro ministro do Reino Unido, David Cameron (partido conservador) em pronunciamento recente: “Eu sei que isso é muito complicado e difícil para todas as igrejas, mas acredito fortemente que as instituições devem redescobrir a questão da igualdade e as igrejas não devem ser oposição a pessoas que são gays, bissexuais ou transgêneros, que também podem ser membros plenos das igrejas, assim como muitas pessoas com visões cristãs profundamente enraizadas são homossexuais”.

A igualdade é uma das questões no cerne deste debate. O Brasil é um Estado laico – não há nenhuma religião oficial, as manifestações religiosas são respeitadas, mas não devem interferir nas decisões governamentais – e o País é regido por uma Lei Magna, a nossa Constituição Federal. E a Constituição garante que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, e que não haverá discriminação. Por isso as proposições legislativas que visem a restringir nossos os direitos se veem derrotadas uma a uma.
No caso da população LGBT no Brasil, ainda não temos igualdade de direitos em todos os quesitos, e ainda sofremos muita discriminação. Os dados oficiais do governo federal para o ano 2011, obtidos através do módulo LGBT do serviço telefônico Disque-denúncia, revelam que houve 6.809 denúncias de violações de direitos humanos de pessoas LGBT, representando 18.6 violações por dia. As violências mais denunciadas são as de ordem psicológica (42.5%), por discriminação (22.3%) e a violência física (15.9%).

Este quadro, e incluindo também o elevado nível de assassinatos, se repete todos os anos no Brasil. Apesar disso, o Congresso Nacional tem sido omisso e em 11 anos não aprovou nenhuma proposição em resposta a esta situação. Esta omissão é mais um sinal de desrespeito aos preceitos constitucionais da igualdade, da não discriminação, da dignidade humana, entre outros e, acima de tudo, um sinal claro do desrespeito e da indiferença quanto à situação vivida pela população LGBT. Diante disso, não podemos mais ficar de braços cruzados e aceitar o descaso. Buscamos junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) a possibilidade do reconhecimento de nosso direito à proteção jurídica contra a violência e a discriminação homofóbica, como já existe em 58 países.
Isso não é uma ameaça à liberdade de expressão, e nem à liberdade de crença. A nossa iniciativa não é um ataque frontal voltado para as igrejas. Defendemos intransigentemente essas liberdades, contanto que não sejam utilizadas como salvo-conduto para ataques à nossa cidadania, e nos defenderemos com todas as armas políticas e jurídicas disponíveis – incluídos aí o Ministério Público e o Judiciário, sempre.

O mandado de injunção apresentado ao STF é uma tentativa de reverter o comprovado quadro de violência e discriminação que nós, cidadãs e cidadãos LGBT brasileiros, vivenciamos nos mais diversos campos, mas que – ao contrário do racismo, por exemplo – não é punido por legislação específica, de modo a incentivar e perpetuar a impunidade de quem pratica esses crimes.

A decisão de 5 de maio de 2011 do STF em reconhecer a união estável homoafetiva foi uma afirmação da soberania da Constituição em nosso País e da indivisibilidade da igualdade dos direitos. Isto quer dizer que não há mais direitos para alguns setores da sociedade, e menos para outros, mas que os direitos são iguais, ou pelo menos deveriam ser, no dia-a-dia da sociedade brasileira. Enquanto o Legislativo Federal persiste em não reconhecer isso, a mais alta instância do Judiciário foi firme e unânime em fazer valer os preceitos constitucionais indiscriminadamente. Que o mesmo exemplo seja dado em relação à criminalização da homofobia.


* Toni Reis é doutor em educação e presidente da ABGLT – Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais

Evangélicos, gays, e o inferno



Evangélicos, gays, e o inferno

Marcelo Carneiro da Cunha
De São Paulo
Sexta, 9 de dezembro de 2011


Na minha visão do inferno, estimados leitores, o calor é porto-alegrense, a comida é de bufê por quilo, a música se alterna entre o sertanejo universitário, o axé e um mix dos melhores momentos de Los Hermanos e Legião Urbana. A melhor parte é que as únicas opções de conversa são o Silas Malafaia, a Benedita da Silva, o Magno Malta e Anthony Garotinho.

Assim é o inferno, lugar tão dantesco que o diabo mesmo se mandou, após uma candidatura bem sucedida ao Senado pelo PR de qualquer estado. O inferno é o lugar para onde os evangélicos acreditam que eu, você, o senhor aqui ao lado, todos vão, se forem gays. Evangélicos sentem muito, muito medo dos gays.

Os nazistas também sentiam muito medo dos judeus. Os turcos sentiam muito medo dos armênios. Os brancos do sul dos Estados Unidos sentiam muito, muito medo dos negros. Os hutu tinham muito medo dos tutsi. Os fundamentalistas islâmicos morrem de medo das mulheres, dos adúlteros, ah, e dos gays. Os brancos têm muito medo dos indígenas. Os destros sentem medo dos canhotos. Os japoneses já tiveram medo dos coreanos e chineses, assim como os israelenses não atravessam a rua se do outro lado vier um palestino, e, nesse caso, ao que parece, o medo é recíproco.

Os nazistas também sentiam muito medo dos judeus. Os turcos sentiam muito medo dos armênios. Os brancos do sul dos Estados Unidos sentiam muito, muito medo dos negros. Os hutu tinham muito medo dos tutsi. Os fundamentalistas islâmicos morrem de medo das mulheres, dos adúlteros, ah, e dos gays. Os brancos têm muito medo dos indígenas. Os destros sentem medo dos canhotos. Os japoneses já tiveram medo dos coreanos e chineses, assim como os israelenses não atravessam a rua se do outro lado vier um palestino, e, nesse caso, ao que parece, o medo é recíproco.

Magno Malta, que sim, é um senador da República, além dos bicos que faz de papagaio de pirata da Dilma, tem medo de que o Brasil vire um império gay.

O inferno, caros leitores, é o lugar criado especialmente para se armazenar os nossos medos, todos eles. Os medrosos nada mais querem do que transformar a vida de todos em um inferno. A tal de frente evangélica quer transformar a nossa vida em um inferno, tudo graças ao medo.

Quem é mediado pelo medo não é capaz de dar um passo em direção ao que não conheça. E quem é ignorante, tem medo de tudo, exatamente por ser ignorante. Quem, além de ignorante, recebe uma bíblia e todas as certezas do mundo, sente o seu medo se transformar em ódio e intolerância. E é isso que vivemos, graças a esses representantes do pior, instalados de maneira muito equivocada em um parlamento democrático.

A democracia, ora vejam, caros leitores, não é simplesmente o sistema que representa a maioria. A democracia se define por ser o sistema que defende os interesses de todos. Ela preserva, acima de tudo, os direitos das minorias. As maiorias não precisam tanto assim de proteção, concordam?

O nosso sistema democrático está sendo ameaçado por gente que não acredita em direitos dos demais, porque, na sua ignorância total e totalitária, se acredita dona da razão. Isso seria engraçado, se não fosse aqui e agora. Gente que vive na mais completa ignorância se achando dona da razão, algo de que abdicaram em troca das suas certezas. O que, mas o que mesmo, gente do calibre de um Garotinho, de uma Benedita, de um Magno Malta, podem ter a acrescentar ao que quer que valha a pena ver e ouvir?

Eles vêm nos dizer que aqui, diferentemente do Irã, existem gays e eles são o mal. O que você acha disso, nobre leitor? Você acha que o mal é culpa dos gays? Ou dos judeus, dos palestinos, dos negros, dos indígenas, dos tutsis, das mulheres, dos coreanos, dos chineses, dos canhotos, dos armênios ou dos Carneiro da Cunha? O mal é frequentemente praticado por gente ruim. Olhe a foto de um Jean Wyllys, e então olhe a foto de um Malafaia, de um Garotinho, de um Magno Malta ou de um Wellington Jr. Quem lhe parece mais capaz de fazer maldades com a mais total tranquilidade?

A nossa Constituição é o nosso maior e melhor documento anti-inferno. Ela diz que somos todos iguais perante o estado e a lei. Olhem bem: todos. Até mesmo o Malta e Garotinho, até mesmo esses seres desdotados da mínima capacidade de leitura do que não for uma velha e inútil bíblia, se estamos em uma república laica. Todos, todos iguais.

Eu não acho que os Malafaia, Garotinho, Malta ou Benedita sejam iguais a mim, porque eu acredito na igualdade e eles não. Eu acredito na bondade e eles não. Tanto eles não acreditam na bondade, que não aceitam a lei que torna a homofobia um crime. Se eles não querem a lei, é porque querem manter o direito de praticar a odiosa homofobia, como fazem nas suas seitas. Querem o direito equivalente ao direito de praticar o racismo, a discriminação e o sexismo, que não existe.

Eles querem, basicamente, que o nosso mundo se transforme num inferno sobre a Terra. Normalmente, eu não acredito no inferno. Olhar para eles me faz acreditar, se não na sua existência, então na sua possibilidade. Eu não quero que essa possibilidade seja vencedora. Existe muita beleza em toda parte, nesse mundo de tantas partes. Se eles não vêem, nós vemos. E, quem vê, ora vejam, vence.

Marcelo Carneiro da Cunha é escritor e jornalista. Escreveu o argumento do curta-metragem "O Branco", premiado em Berlim e outros importantes festivais. Entre outros, publicou o livro de contos "Simples" e o romance "O Nosso Juiz", pela editora Record. Acaba de escrever o romance "Depois do Sexo", que foi publicado em junho pela Record. Dois longas-metragens estão sendo produzidos a partir de seus romances "Insônia" e "Antes que o Mundo Acabe", publicados pela editora Projeto.

Fale com Marcelo Carneiro da Cunha: marceloccunha@terra.com.br
ou siga @marceloccunha no Twitter

PARQUE GOSPEL COM DINHEIRO PÚBLICO NO ACRE: DESABAFO DE "INTELECTUALÓIDE" ATEU

Sergio Viula: Só falta transformar a turma do Mickey e concorrentes em santos agora... Sorria, o Mickey te ama! hehehe



DESABAFO DE "INTELECTUALÓIDE" ATEU

https://www.altinomachado.com.br/2011/10/desbafo-de-intelectualoide-ateu.html


POR THIAGO FIAGO


O jornalista Altino Machado publicou em seu blog matéria revelando que o governador do Acre, Tião Viana (PT), pretende criar um Parque Gospel com verbas públicas, com ajuda do deputado federal Henrique Afonso (PV).

A matéria foi espalhada pelo Twitter, Facebook e a saraivada de críticas não demorou chegar.

Recomendando proselitismo e dinheiro público postagem da Maria Fro sobre o assunto, quero aqui analisar o muxoxo da Srª "advogada, evangélica e jornalista" Rachel Moreira no post "Desabafo a uma Sociedade Hipócrita":

1. Deixando de lado o apelo sentimentalista e pessoal das primeiras linhas (04 parágrafos!), ela afirma que nós, defensores das minorias, que levantamos a bandeira da igualdade (ahh, a generalização!) massacramos o governo de Tião Viana porque somos hipócritas: não nos posicionamos contrariamente à reforma da Catedral de Rio Branco, bancada com verbas públicas estaduais; o financiamento pelo Estado de todas as edições da Semana da Diversidade; os apoios financeiros ao Santo Daime e a reconstrução da Igreja Santa Inês (cujo estacionamento construído com verbas públicas é cobrado como se privado fosse).

Em primeiro lugar, é falácia de falsa analogia comparar a Semana da Diversidade (ou mesmo Paradas da Diversidade Sexual) ao Parque Gospel. O primeiro trata de políticas públicas como mecanismo de respeito e garantia de Direitos Humanos de LGBTs - o mesmo se dá com relação a eventos que discutam violência doméstica, criança e adolescente, idoso, raça etc.; já o segundo traz uma inconstitucional e promíscua aliança entre Estado e religião proibida pelo texto constitucional.

Em segundo, o erro (se houve) do financiamento público dessas obras não explica tampouco justifica o erro do financiamento do Parque Gospel. O fato de ela não considerá-lo errado também não o faz, magicamente, algo correto.

É verdade que "ações e políticas [estatais] devem atender aos interesses de todos os grupos sociais, étnicos, religiosos e políticos", mas na exata medida dos limites que a Constituição impõe: no tocante às religiões, o Estado pode, no máximo, travar uma colaboração de interesse público (como a assistência religiosa em presídios, da qual discordo, mas não vem ao caso analisar).

Eu não sou acreano e desconhecia esses financiamentos. Terei prazer de mandar uma representação ao Ministério Público do Acre para tomar as medidas cabíveis.

2. A jornalista, bem como o líder do PT acreano, LeonardoBrito, alegam que está justificado o financiamento público do parque porque 50% dos habitantes do Acre são evangélicos, segundo uma pesquisa da Secretaria de Segurança Pública. 

Desconheço qualquer outro estado em que uma Secretaria de Segurança Pública faça as vezes de instituto de pesquisa ou de IBGE para fazer esse tipo de levantamento. Tenho a leve impressão que talvez, apesar de a criminalidade ser equilibrada, o aumento de 187,3% na taxa de homicídios no estado não preocupe as autoridades acreanas. 

Particularmente, prefiro confiar nos dados da Fundação Getúlio Vargas, que no seu " Novo mapa das religiões" (2011), com base na Pesquisa de Orçamentos Familiares (2008-2009) - IBGE, aponta que os evangélicos petencostais (24,18%) e mais os evangélicos de outras denominações (12,46%) somam apenas 36,64% da população. O Acre é o estado mais evangélico do Brasil, mas não chega a 50% da população - ou seria o milagre da multiplicação dos números não explicável pela matemática? 

Ainda que assim fosse, o fato de a esmagadora maioria da população brasileira ser cristã não autoriza que o Estado deixe de lado o laicismo.

3. Quando alguém se refere a seus opositores como intelectualóide", a expressão diz mais de quem fala do que a quem se refere.

O "lóide" lembra "debilóide", "mongolóide", que remete aos que têm síndrome de Down. Não é questão de ser politicamente correto, mas com certeza para quem tem síndrome de Down (ou ter um filho portador) não é nada prazeroso ouvir esse tipo de expressão infeliz e ofensiva. E isso vale para outras palavras que remetam a esse sentido, como é o caso de "intelectualóide".

4. O apelo à divindade de Jesus ou qualquer coisa que o valha não é
argumento racional para se colocar numa discussão pública, em que está em jogo dinheiro público (não só de evangélicos!), mas a jornalista desconhece os mais básicos princípios de um debate racional, tantas e tão sofríveis são as falácias, os argumentos.

O que merecia refutação era isto. O resto é tão descartável quanto o texto todo.

É de causar, no mínimo, indignação que num Estado onde certamente há muitos problemas a ser resolvidos (educação, segurança, saúde, habitação, saneamento básico etc.) o governo de um histórico petista (cadê os princípios do partido? Por que a vista grossa dos dirigentes petistas?) se proponha a encampar tal projeto.

As igrejas evangélicas são isentas de tributos (impostos, por exemplo) e arrecadam milhões e milhões de reais todo ano com essa isenção e com o dízimo, maliciosamente se aproveitando, em regra, do sofrimento, angústia e fé dos fieis, com direito a aulas de como extorqui-los. A arrecadação é tamanha que dá para fazer lavagem de dinheiro; a grana também viaja em jatinho em malas de bispos que também são parlamentares no Brasil e no exterior.

Desde a eleição de 2010, o fundamentalismo religioso (não compartilhado por todos os religiosos, deixo claro!) tem mostrado suas asinhas no Legislativo. Está na hora de abrir os olhos e agir contra essa investida que deseja tomar o poder e sacrificar qualquer um que não compartilhe de sua crença - uma talebanização do país. Como bem diz o pastor Ricardo Gondim, "Deus nos livre de um Brasil evangélico".


Thiago Fiago é jurista e escreve no blog "Comendo o fruto proibido"

Destaque da Marcha para Jesus é uma aposentada: Jovelina das Cruzes

Foto Pinterest (alterada para essa postagem)



'A serviço de satanás'


Entre os milhares de pessoas que participaram da marcha, os temas polêmicos também foram os assuntos principais. A reportagem do iG abordou um grupo de oito jovens que veio de Cidade Adhemar para a marcha e perguntou quais as opiniões deles sobre direitos homossexuais, homofobia, aborto e legalização da maconha. Com visual moderno, estilo emo, todos disseram ser contra a união civil de pessoas do mesmo sexo, aborto e legalização das drogas e defenderam os pastores que consideram o homossexualismo uma prática pecaminosa.

"Quem defende o homossexualismo e a maconha está aqui a serviço de Satanás", disse o auxiliar de informática Natanael da Silva Santos, de 19 anos, que foi à marcha usando calça apertada, cinto de taxinhas e a tradicional franja emo. Enquanto a reportagem entrevistava os jovens, a aposentada Jovelina das Cruzes, de 68 anos, ouviu a conversa e fez uma intervenção. "Vocês estão falando sobre o que não conhecem. Meu sobrinho é gay e é um rapaz maravilhoso. Ótimo filho, muito educado, muito honesto e estudioso. Já o meu filho é machão e vive batendo na esposa, não respeita ninguém, não para no emprego."

Quando Jovelina virava as costas para continuar a marcha Natanael, que não se deu por vencido, fez uma observação. "Cuidado, tia. Se o pastor escuta a senhora falando uma coisa dessas ele não deixa mais a senhora entrar na igreja". E Jovelina respondeu. "Igreja é o que não falta por aí. Se me impedirem de ir em uma, vou em outra. Não tem problema."


Fonte: IG

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