Mostrando postagens com marcador sair do armário. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador sair do armário. Mostrar todas as postagens

In a heart beat: Animação sobre a adolescência e o amor #diversidade #lovewins

In a heart beat: Animação sobre a adolescência e o amor 




Por Sergio Viula


"In a Heartbeat" é um curta-metragem de animação independente lançado em 2017, criado por Beth David e Esteban Bravo como parte de um projeto estudantil na Ringling College of Art and Design. Apesar de ser frequentemente associado à Pixar por seu estilo de animação sofisticado, o curta não foi produzido pela Pixar ou pela Disney.

Sinopse

A história acompanha Sherwin, um garoto tímido que se apaixona por seu colega de escola Jonathan. No entanto, Sherwin tenta esconder seus sentimentos, mas seu próprio coração, literalmente, salta para fora de seu peito e persegue Jonathan, expondo seu amor de forma incontrolável. A animação retrata o medo, a vulnerabilidade e a doçura do primeiro amor, especialmente em um contexto LGBTQ+, algo raro em curtas animados.

Impacto e Recepção

Desde seu lançamento no YouTube, In a Heartbeat se tornou um fenômeno viral, alcançando milhões de visualizações rapidamente e recebendo elogios por sua delicadeza e representatividade LGBTQ+. O curta foi indicado a diversos prêmios e elogiado por seu impacto emocional e pela maneira como aborda o amor entre pessoas do mesmo gênero sem precisar de diálogos.

A representatividade LGBTQ+ em animações como In a Heartbeat é fundamental para crianças, adolescentes e até mesmo adultos gays, pois ajuda a combater estereótipos, promove aceitação e oferece um reflexo positivo da diversidade afetiva. Aqui estão alguns dos impactos mais importantes dessa representatividade:

1. Validação da Identidade e dos Sentimentos

Para crianças e adolescentes LGBTQ+, ver um romance gay retratado de forma pura e inocente, como em In a Heartbeat, ajuda a validar seus sentimentos. Isso demonstra que o amor entre pessoas do mesmo gênero é natural e bonito, e não algo vergonhoso ou errado, como muitas vezes a sociedade tenta impor.

2. Combate ao Preconceito e à Homofobia

A falta de representatividade contribui para o desconhecimento e a intolerância. Quando histórias LGBTQ+ são incluídas em conteúdos acessíveis ao público jovem, ajudam a desconstruir preconceitos desde cedo, criando uma sociedade mais empática e inclusiva.

3. Redução do Isolamento e da Solidão

Muitos jovens LGBTQ+ crescem sem referências positivas de relações afetivas que reflitam sua própria experiência. Assistir a conteúdos como In a Heartbeat pode ser um alívio emocional, pois mostra que não estão sozinhos e que seus sentimentos são legítimos.

4. Apoio à Saúde Mental

A invisibilidade e o medo da rejeição podem levar a problemas como ansiedade, depressão e baixa autoestima. Ver personagens que vivem suas emoções sem culpa pode ajudar crianças e adolescentes a se sentirem mais confiantes sobre quem são. Para adultos, especialmente aqueles que cresceram sem esse tipo de representatividade, animações como essa podem ter um efeito reparador, trazendo acolhimento e reconhecimento tardio de suas próprias vivências.

5. Criação de Novas Narrativas e Futuras Representações

A existência de curtas como In a Heartbeat abre caminho para mais produções LGBTQ+ em animações, filmes e séries. Quanto mais histórias forem contadas, mais normalizado será o amor LGBTQ+ na cultura popular.

No fim das contas, a importância de In a Heartbeat e de outras produções inclusivas vai além da simples representatividade. Elas têm o poder de mudar vidas, educar gerações e criar um mundo mais acolhedor para todos. 💖🏳️‍🌈

E você? 

Você acolhe seu filho, sobrinho, afilhado e outras pessoas que talvez contem com você para transitarem em paz e segurança pelo tumultuado mundo que as cerca? Não demonstre a menor hesitação em apoiar a criança, adolescente ou jovem LGBT. E lembre-se que até mesmo alguns adultos precisam de enconrajamento para assumirem quem são e o que desejam e viverem a vida que combina com suas aspirações. Seja a pessoa que oferece esse apoio sem esperar nada em troca.


Assista. ☝☝☝

Perguntei ao Chat GPT (inteligência artificial) se deveria sair do armário


por Sergio Viula


Fiz essa pergunta para o ChatGPT. Olha que resposta excelente ele me deu. Detalhe: Saí do armário há 20 anos. Só estava testando a ferramenta. Gostei da resposta.

Eu:
Sou gay. Devo sair do armário?

ChatGPT:
Sair do armário é uma decisão muito pessoal e única para cada indivíduo. Não posso tomar essa decisão por você, mas posso oferecer algumas informações que podem ajudá-lo a refletir sobre isso.

Sair do armário significa compartilhar sua orientação sexual com outras pessoas, permitindo que elas saibam que você é gay. É um processo que pode ser emocionalmente desafiador, mas também libertador e gratificante.

Antes de decidir sair do armário, é importante considerar alguns fatores, como o ambiente em que você vive, o apoio que tem em sua família e amigos, sua própria segurança e bem-estar emocional. Cada situação é única, e somente você pode avaliar esses aspectos em sua vida.

Algumas vantagens de sair do armário incluem:

Autenticidade: Ser capaz de ser verdadeiro consigo mesmo e viver de acordo com sua orientação sexual, sem a necessidade de esconder quem você realmente é.

Relacionamentos mais autênticos: Ao sair do armário, você permite que as pessoas ao seu redor conheçam sua verdadeira identidade, o que pode levar a relacionamentos mais autênticos e significativos.

Apoio e aceitação: Sair do armário pode levar ao apoio e à aceitação de pessoas importantes em sua vida, permitindo que você construa uma rede de apoio sólida.

No entanto, também é importante considerar os desafios que podem surgir ao sair do armário, como:

Reações negativas: Infelizmente, nem todos reagem de maneira positiva à revelação da orientação sexual. Pode haver pessoas que não entendam ou aceitem sua identidade, o que pode causar dor emocional.

Consequências sociais: Dependendo do ambiente em que você vive, pode haver consequências sociais, como discriminação, preconceito ou exclusão de certos grupos.

Isolamento: Em alguns casos, sair do armário pode levar a um distanciamento temporário ou permanente de pessoas que não aceitam sua orientação sexual.

Lembre-se de que você não está sozinho. Existem organizações de apoio LGBTQ+ e grupos de suporte disponíveis para ajudá-lo em seu processo de sair do armário. Eles podem fornecer orientação, recursos e um espaço seguro para compartilhar experiências com pessoas que passaram por situações semelhantes.

A decisão de sair do armário é pessoal e deve ser tomada quando você se sentir pronto e seguro para fazê-lo. Pode ser útil conversar com pessoas de confiança, como amigos próximos ou membros da comunidade LGBTQ+, para obter apoio emocional e orientação durante esse processo.

*************************

Comentário deste blogueiro:

Estou fora do armário desde 2003. São 20 anos completos agora em 2023. Nunca me arrependi dessa decisão por um só minuto. Valeu tudo o que passei para assumir o controle da minha própria vida.

Sergio Viula

Kenneth Felts sai do armário aos 90 anos — e é só o começo


Kenneth Felts, 90 anos e finalmente fora do armário


“Ele é tão corajoso e nem perecebe que é, mas é extraordinário”, diz a filha dele.


Esse post baseia-se no artigo especial de Sarah Kuta (https://theknow.denverpost.com/author/sarah-kuta/) para The Denver Post (https://theknow.denverpost.com/2020/06/18/kenneth-felts-arvada-coming-out-pride-month/240633/) em 18 de junho de 2020. Traduzido e adaptado por Sergio Viula.




Kenneth Felts é um senhor de 90 anos de idade. Por quase um século de vida, ele agiu como um homem heterosexual, mas, finalmente, encontrou forças para deixar o armário e mostrar suas cores verdadeiras. 

Kenneth nunca planejou sair do armário, mas a quarentena do coronavírus sacudiu seus alicerces. Decidido a usar seu tempo livre no isolamento, Felts começou a trabalhar em sua autobiografia, o que trouxe à tona uma enxurrada de memórias.

Uma dessas memórias era a de seu grande amor, Phillip. Os dois apaixonaram-se na Califórnia no final da década de 1950. 

Apesar da força desse amor, Felts decidiu viver como se fosse heterossexual, pois viver como gay assumido era extremamente difícil naquele tempo.

Algumas semanas atrás, porém, enquanto conversava com sua filha Rebecca Mayes, ele deixou escapar que se arrependia de ter deixado Phillip. Foi a primeira vez que ele mencionou sua homossexualidade para a filha, que é sua única prole de um casamento que terminou em divórcio. A filha tentou consolá-lo. Ela mesma lésbica assumida há 20 anos, isto é, desde sua graduação na universidade. Felts precisou se acostumar à ideia de ter uma filha lésbica, mas não demorou a aceitar e apoiá-la e a esposa dela, Tracie Mayes, apesar de suas próprias questões internas.

Depois de sair do armário, Kenneth Felts decidiu que era hora de se colocar francamente no mundo. Ele mandou e-mails e postou uma mensagem no Facebook, explicando que havia acumulado duas personalidades dentro dele – a de Ken, um homem heterossexual, e a de Larry, um homem gay. Depois de anos suprimindo Larry, era hora de libertá-lo.

Em minutos, mensagens de apoio transbordaram a página e a caixa de e-mails dele.

“Eu estive no armário toda a minha vida — no fundo do armário, atrás de pilhas e pilhas de roupa. Estou de volta”, disse ele. 

“Ao abrir aquela porta frontal, eu passei por grande trepidação sobre o que as pessoas diriam. Eu estava muito preocupado porque eu precisava das pessoas e não aguentaria perdê-las só porque decidi finalmente ser que eu realmente era.”

O resultado foi fenomenal. Agora, ele está entusiasticamente assumido e orgulhoso. Além de uma bandeira e um casaco com gorro do arco-íris, ele participa de um grupo de idosos LGBTQ organizado pelo Center on Colfax (https://lgbtqcolorado.org/). Ele também está fazendo campanha para arrecadar dinheiro para eventos que apoiam a comunidade LGBTQ.

Felts nasceu em 1930 em Dodge City, Kansas, Estados Unidos. Quando criança, foi alvo de bullying nas escolas por onde passou. Aos 12 anos, ele entendeu que era gay. Depois de uma vida inteira no armário, a única coisa que Felps não se arrepende de ter feito foi gerar Rebecca, sua filha amada. Ele deixa isso bem claro. Porém, lamenta ter vivido de uma forma que não condizia com sua verdadeira afetividade e sexualidade. Agora, ninguém segura a alegria desse homem que se reconcilia consigo mesmo e com seu círculo familiar e de amigos, finalmente.

Lutador profissional sai do armário depois de encontrar o amor

Mike Parrow, de Orlando, Flórida, fala publicamente sobre sua sexualidade pela primeira vez em matéria exclusiva do Gay Star News





Por Sergio Viula
Com informações do Gay Star News
Originalmente escrito por David Hudson

https://www.gaystarnews.com/article/pro-wrestler-mike-parrow/#gs.zi69qjY



Mike Parrow, 34, diz que finalmente decidiu sair do armário para os amigos, a família e os companheiros lutadores há quatro anos. Isso aconteceu na mesma época em que ele encontrou, e se apaixonou, pelo homem a quem ele recentemente pediu em casamento.

Essa imponente figura de 1,93 m e 136 quilos lutou com poderosos oponentes, mas não foi no ringue que ele enfrentou as maiores batalhas. Suas lutas interiores por causa da homofobia internalizada o levaram a pensar em suicídio e a buscar terapias de conversão, também conhecidas como "cura gay".

Filho de um policial com uma professora, ele passou para a faculdade de Direito, mas decidiu seguir sua voz interior: "Alguma coisa simplesmente me disse: Sabe de uma coisa? Experimente. A pior coisa que pode acontecer é você não gostar. A faculdade de Direito sempre estará lá.’

Foi assim que ele seguiu adiante, rumo à sua primeira fase de treinamento na 3D Academy, em Kissimmee, Flórida. Isso foi em 2009.




Apesar das exigências físicas do curso, Parrow topou o desafio.

"Eu sou uma pessoa extremamente competitiva. Extremamente competitiva. Eu odeio absolutamente perder. Então, em tudo que eu fiz na minha vida, eu estabeleci alvos para mim mesmo."

A dedicação de Parrow o levou a muitos lugares nos ringues independentes. Atualmente, ele compete em todo o território americano através das empresas de luta Evolve e MLW.

Lutas com sua sexualidade

Apesar de Parrow estar OK com relação à sua mudança para a Flórida e sua decisão de se tornar um lutador profissional, outras partes de sua vida não estavam tão bem assim.

"Eu sempre soube que era gay. Isso nunca foi uma questão na minha cabeça. Mas ao crescer, eu frequentei uma escola católica por toda a minha vida. Minha mãe é professora de escola dominical. Eu vim de uma pequena cidade no estado de Nova York. Não havia uma pujante comunidade gay por lá."

"Talvez seja uma escolha", Parrow se lembra de ter pensado.

"Então, eu tentei esconder isso. Eu joguei futebol americano e fiz muitas das coisas de homem. Não era por eu ser gay. Aquelas eram coisas em torno das quais eu gravitava - coisas competitivas. A única exposição que eu via de qualquer cultura gay era extremamente efeminada e isso era o que aparecia na TV. Eu não sou como Jack em Will and Grace, então eu não sou gay."

Escondendo a homossexualidade

As tentativas de esconder sua homossexualidade incluíram namorar mulheres.

"No começo, quando você é mais jovem, é fácil - você é jovem. Mas quanto mais velho eu ficava, mais difícil se tornou manter qualquer tipo de relacionamento afetivo com uma mulher."

Tentando sair do armário


Ao tentar dar seus primeiros passos para fora do armário, Parrow acabou se enfiando ainda mais dentro dele. Ele pensou: "Estou numa nova cidade, ninguém me conhece. Estou no final dos meus 20 anos. Vamos tentar!".

Infelizmente, as coisas não saíram como planejado. Ele se deparou com gays muito mesquinhos e cruéis. Eles o consideravam "gordo", "feio", "um enrustido". "Naquele momento, eu estava tentando entender o que estava acontecendo", diz Parrow.

"Eu descobri que você pode passar constrangimentos por ser muito masculino na comunidade gay recente, o que é realmente muito estranho, mas acontece."

"E isso me fez voltar para o armário em vez de seguir adiante. Então, eu me enterrei na luta e foquei na minha carreira. E eu tive algum sucesso, mas isso continuava no fundo da minha mente."

"Isso se tornou meu maior medo. Será que alguém vai descobrir a meu respeito? Será que minha carreira vai acabar? Será que as pessoas são me verão como gay, mais do que quem sou e como vai meu trabalho?"

"Eu orei a Deus e disse: Ei, mostre-me o que eu preciso fazer. Apenas mostre-me um sinal. Mostre-me algo: Eu sou gay? Eu sou hétero?"

Terapias de conversão

Sobre as "terapias de conversão", ele diz:

"Era uma piada completa. Algo hilário. Basicamente, eles diziam: 'Nós vamos te apresentar garotas e é disso que você vai gostar'. O quê, tudo assim de repente? Um, não! Esse é exatamente ponto. Nós não gostamos de garotas!"

A resposta da psiquiatria

Parrow foi ver um psiquiatra. Ele disse o seguinte: "Não há nada errado com você. Você está deprimido porque você é gay!"

Insistente, Parrow disse que queria consertar isso.

"Isso é algo que você não pode consertar", disse o psiquiatra.

"Isso é algo que me faz rir agora, mas eu levava isso a sério naquele tempo: 'Não, eu quero consertar isso'. E então, uma coisa estranha aconteceu. Eu conheci meu noivo."




O namoro e o noivado


Parrow namorou Morgan por quatro anos e meio. Um dia antes de conversar com o repórter do Gay Star News, ele havia proposto casamento.

"Eu fui a um bar com amigos para jogar sinuca, e ele estava sentado no bar sozinho. Eu soube logo: Aquele é meu sinal".

Parrow não disse anda. Alguns dias depois, ele estava no supermercado e Parrow o seguiu para um lado e para outro. De novo, o fortão não disse nada.

"Naquele tempo, eu estava atuando como bar tender. Três dias depois, ele entra no meu bar com a tia dele - era como um bar e restaurante - e eu finalmente conversei com ele."

"Partimos então para o nosso pior encontro, pois eu não tinha ideia de como falar com homens. E foi engraçado, mas eu disse a ele: 'Você nunca vai conhecer meus amigos, eu provavelmente nunca sairei do armário, e o único momento em que você poderá me ver é nessa casa'."

"Algumas semanas depois de conversarmos sobre isso, ele rompeu comigo. E foi a primeira vez na minha vida que eu me senti completamente arrasado. Foi aí que eu soube."



Fonte: parrow49 | Instagram
https://www.instagram.com/parrow49/


"Você precisa começar a ser você mesmo."

"Eu disse a mim mesmo: 'Se você quer que isso funcione, você precisa parar de ficar tão assustado. Você precisa começar a ser você'."

"Ele me ligou de volta e eu disse: 'Nós começaremos tudo de novo e eu prometo que teremos um encontro de verdade. Nós vamos sair, vamos fazer coisas reais'."

"E ele disse: 'Isso é tudo o que eu peço'. E daquele diz em diante, pouco a pouco, tudo melhorou."

"Eu trabalhei a coragem para estar com ele e para contar ao meu melhor companheiro de luta. Na verdade, ele é meu gerente. Ele foi a primeira pessoa a quem contei, e ele pensou que fosse piada no começo."

"Todo mundo para quem eu contei pensou que eu estivesse brincando. A percepção deles sobre os gays era totalmente diferente. Então, quando eu contei a eles, ele ficaram chocados, mas toda vez que eu conto a alguém fica mais fácil, e eu sempre tento contar isso as pessoas."


A reação da família

Logo depois de conhecer Morgan, Parrow contou à família. Segundo ele, todos o apoiaram - o que o surpreendeu em função de seus temores iniciais.

A reação mais surpreendente veio de seu pai.

"Eu contei ao meu pai e ele disse: 'Sim?' E eu disse: 'Sim?' E ele: 'Bem, você tem que me dar algum crédito. Eu sou um detetive. Eu meio que percebi que todas as garotas que você manteve eram para negar que você não gostava de garotas, eu estava apenas esperando que você me contasse!'"

A resposta de sua mãe (professora de escola dominical) foi simples: "Deus não comete erros."


A reação dos outros lutadores

Parrow tem orgulho em estar noivo do homem que ele ama e está feliz com o modo como sua carreira vai indo. Ele diz que raramente experimentou homofobia no circuito de luta.

Parrow diz que as duas empresas de luta com as quais ele trabalha são fantásticas!

Porém, vez por outra, ele se depara com algum tipo de comentário ofensivo em certos ambientes.

"Você ouve muitas coisas no vestiário que nunca diria na vida real. As pessoas lançam insultos à direita e à esquerda. Então, eu simplesmente abordo o caso quando sinto que já foi longe demais. Talvez não seja contra mim, mas se foi longe demais, eu me dirijo a eles. Eu digo: 'Vocês realmente acham isso necessário agora?'"

Parrow diz que os lutadores geralmente têm curiosidade sobre algumas coisas e que está aberto a conversar sobre essas questões. Ele não é alvo de ataques pessoais por parte de colegas, mas se um dia o for, ele diz que não recuará. É do tipo que encara. ^^

CURA GAY É VIVER LIVRE DE HOMOFOBIA INTERNALIZADA


Copie e cole no seu navegador:
https://www.amazon.com.br/Busca-Mim-Mesmo-Sergio-Viula-ebook/dp/B00ATT2VRM


Fui pastor batista, casado com uma mulher, pai de dois filhos, militante entre o que acreditam ser possível reverter a orientação sexual de uma pessoa homossexual. Decidi reavaliar "aquela velha opinião formada sobre tudo" que caracteriza o fundamentalismo religioso e passei por uma tremenda metamorfose nos na estrutura do pensamento, da crença, da maneira de lidar com a afetividade e, consequentemente, com a vida, sem contudo modificar meu verdadeiro eu, o qual encontrou terra fértil, luz e oxigênio para desabrochar. 

As páginas que você vai começar a ler trazem os detalhes dessa metamorfose. Dogmas serão questionados, comportamentos serão modificados, coisas consideradas inquestionáveis serão postas em xeque, mas o resultado é belo, assim como belo é o resultado da metamorfose que a lagarta experimenta para finalmente se transformar numa bela borboleta - o que, no meu caso, é uma metáfora absolutamente apropriada. Confira!

Sergio Viula



Copie e cole no seu navegador: 

https://www.amazon.com.br/Busca-Mim-Mesmo-Sergio-Viula-ebook/dp/B00ATT2VRM



Autoridades sauditas querem pena de morte para quem sair do armário

Um relatório publicado indica qu epessoas que saírem do armário na Arábia Saudia poderiam enfrentar pena de morte. 


Traduzido por Sergio Viula para o Blog Fora do Armário





Oraz, um jornal saudita, reportou no sábado passado que procuradores da cidade de Jiddah propuseram nova lei com pena de morte em resposta a dezenas de casos que eles processaram nos últimos seis meses. Estes incluem 35 pessoas que receberam sentenças de aprisionamento por sodomia.
 
Okaz reportou que as autoridades de Jiddah processaram 50 casos em que homens supostamente se vestiram como mulheres. Um médico que mora na cidade portuária no Mar Vermelho foi solto depois de pagar fiança por ter sido preso sob a acusação de ter hasteado uma bandeira do Orgulho LGBT sobre sua casa.

Um homem gay saudita que mora fora do reino disse ao Washington Blade na segunda-feira, durante uma entrevista telefônica, que as penalidades reforçadas que os procuradores de Jiddah propuseram se aplicariam ao país inteiro. O homem, que administra uma conta no Twitter que publica notícias especificamente relacionadas a LGBT, bem como outras informações sobre a Arábia Saudita, disse que a proposta desencadeou medo entre as pessoas LGBT do país.

Chanan Weissman, um porta-voz do Escritório de Democracia do Departamento de Estado, Direitos Humanos e Trabalho (State Department’s Bureau of Democracy, Human Rights and Labor), disse ao Blade na terça que os Estados Unidos estão "cientes dessas denúncias, mas não podem verificar sua exatidão."

“Continuamos a reunir mais informações" - disse ele.

Usuários de mídias sociais na Arábia Saudita e em toda parte começaram a usar a hashtag "Você não me aterrorizará. Eu sou gay" no Twitter para expressar sua oposição à pena proposta.

A Arábia Saudita está entre os países nos quais sexo consensual entre pessoas do mesmo sexo continua punível com a pena de morte. Agora, essas denúncias indicam que eles querem estender essa pena para o simples ato de se assumir LGBT online.

O texto de Michael K. Lavers sobre esse assunto é mais extenso do que essa introdução. 

Veja mais aqui:
https://www.washingtonblade.com/2016/03/28/report-saudi-authorities-seek-death-penalty-for-coming-out/


Círculo do Michael K Lavers

Michael K. Lavers tem trabalho como parte da equipe de escritores para o Washington Blade desde maio de 2012. Entre as histórias que ele cobriu, estão a aprovação da lei de casamento entre pessoas do mesmo sexo em Maryland, a epidemia de HIV/AIDS, o crescimento do movimento LGBT na América Latina e a consagração do Bispo de New Hampshire, o primeiro homossexual assumido, V. Gene Robinson.


---------------------------------------------------------------------
UM TEXTO MEU SOBRE ESSE TEMA


Islamismo, intolerância e a resistência dos muçulmanos LGBT



Islamismo, intolerância e a resistência dos muçulmanos LGBT
Por Sergio Viula
11/01/2015 
 
Muçulmanos LGBT nos EUA em passeata pelos direitos LGBT

 
Domingo passado, publiquei aqui um texto, intitulado “O que a xenofobia judaica tem a ver com a homofobia dos três monoteísmos”. Não é preciso pensar muito para se perceber que o cristianismo e o islamismo importaram da Torá muitos de seus princípios, doutrinas e mandamentos.
 
No texto da coluna de hoje, gostaria de pensar brevemente sobre o que há a respeito das relações entre pessoas do mesmo sexo no livro sagrado dos muçulmanos o Alcorão, também chamado de Corão.
 
Destaco aqui a menção feita, na 7ª Surata, ao profeta Ló – ou Lot como eles grafam no Corão:
 
E (enviamos) Lot,(505) que disse ao seu povo: Cometeis abominação como ninguém no mundo jamais cometeu antes de vós, acercando-vos licenciosamente dos homens, em vez das mulheres. Realmente, sois um povo transgressor.
 
E a resposta do seu povo só constituiu em dizer (uns aos outros): Expulsai-vos da vossa cidade porque são pessoas que desejam ser puras(506).
 
Porém, salvamo-los, juntamente com a sua família, exceto a sua mulher, que se contou entre os que foram deixados para trás.(507)
 
E desencadeamos sobre eles uma tempestade.(508) Repara, pois, qual foi o destino dos pecadores!
 
Apesar dessa passagem e mais umas poucas que abordam as relações entre homens, não se pode dizer que o Corão tenha regras realmente aplicáveis a questões contemporâneas que nada tem a ver com promiscuidade sexual, tais como: casamento igualitário e demais direitos civis dos cidadãos gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros. 

Por isso, as nações que adotam o islamismo como religião oficial ou que tem maioria populacional muçulmana agem de modos diferentes para com as pessoas LGBT: há países que punem com a pena de morte qualquer pessoa encontrada em ato sexual com alguém do mesmo sexo e há países que aplicam penas mais brandas, como prisão.
 
É preciso esclarecer que a homossexualidade e a transexualidade nem sempre são tratadas do mesmo modo. Explico:
 
No Irã, homossexuais são enforcados, inclusive adolescentes. Porém, se o indivíduo for transexual e fizer a operação de adequação genital, não será perseguido. Isso porque tal pessoa será absorvida pela cultura do binarismo de gênero que os líderes islâmicos geralmente enfatizam e fazem questão de preservar.
 
A má notícia é que há registro de homens gays que se submeteram à transexualização para escaparem à perseguição para logo depois caírem em depressão, porque nunca foram mulheres transexuais, mas homens gays cuja identificação com o gênero masculino foi profunda e irreversivelmente violada.
 
Vale lembrar que essa brecha para a aceitação das pessoas transexuais não existe invariavelmente em todos os países muçulmanos. E há um estranho silêncio sobre homens transexuais, ou seja, aqueles que nasceram com genitália feminina e assumem o gênero masculino. Levando em consideração que a adequação genital de vagina para pênis não corresponde tão perfeitamente quanto seu inverso, é bem provável que os homens transexuais não desfrutem do mesmo beneficio que as mulheres transexuais – aquelas que nasceram com genitália masculina e exibem identidade feminina.
 
Enquanto a sanguinária perseguição contra pessoas LGBT em diversos países islâmicos continua sendo patrocinada pelo Estado ou propositadamente ignorada por ele, um filme fez enorme sucesso no Ocidente. Seu nome é A Jihad for Love. Trata-se de um documentário com depoimentos de pessoas muçulmanas que são LGBT. Elas falam de seus dramas, aspirações e vivências. A revista A Capa fez matéria sobre isso.
 
A rede jornalística Al Jazeera publicou notícia sobre um Imã assumidamente gay no Canadá. Obviamente, ele só pôde se assumir e permanecer em liberdade (para não dizer vivo), graças à democracia canadense e à laicidade daquele Estado. Transcrevo um trecho traduzido por mim aqui, mas a matéria pode ser encontrada no site da Al Jazeera.
 
Ele tem sido condenado por outros líderes muçulmanos, e alguns imãs locais têm se recusado a cumprimenta-lo. Mas o Imã Daayiee Abdullah – que se crê ser o único imã assumidamente gay das Américas – orgulha-se de sua história.
 
Ele nasceu e cresceu em Detroit, onde seus pais eram batistas [da Convenção Batista] do Sul. Aos 15 anos, ele assumiu-se para eles. Aos 33, enquanto estudava na China, Abdullah se converteu ao Islã, e foi estudar religião no Egito, na Jordânia e na Síria. Mas como homem gay na América, ele viu muçulmanos gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros terem suas necessidades espirituais negligenciadas e se tornou o primeiro imã a oferecer apoio comunitário.
 
Por aí, já se vê que o número de pessoas LGBT entre muçulmanos não é diferente do número encontrado em outros grupos religiosos e não religiosos. Na verdade, levando-se em conta a naturalidade da homossexualidade, da bissexualidade e da transgeneridade, é de se esperar que essas pessoas sejam encontradas em quaisquer grupos humanos. Agora, o modo como cada grupo lida com essa diversidade é que pode ser produtivo ou destrutivo. Se o grupo produz e reproduz homofobia, bifobia e transfobia, então haverá sofrimento, mas se essas características humanas forem encaradas com a naturalidade que já trazem em si mesmas, então não haverá conflito quanto ao que se é, como se ama, e como se vive.

A grande questão que salta aos olhos das pessoas ateias, agnósticas e céticas é:
 
Para que ser religioso e querer participar de uma comunidade de fé que, além de todos absurdos do ponto de vista epistemológico, ético e existencial, ainda acumula e cultiva preconceitos contra homoafetivos, biafetivos e transgêneros?
 
A pergunta parece até retórica, mas não é tão simples assim. As pessoas não são religiosas porque são heterossexuais e nem deixam de o ser porque são lésbicas, gays, bissexuais ou transexuais.
 
Uma coisa, porém, é certa: o número de pessoas secularizadas em locais que são maciçamente religiosos vai crescendo discretamente. E entre elas também existem aquelas que, sendo LGBT, ousaram pensar livremente, chegando à conclusão de que religião, qualquer que seja ela, não é mais verdadeira que qualquer mito rebaixado à posição de mera produção cultural – o que não deixa de conferir-lhe algum valor, obviamente, mas longe de ser o de verdade absoluta.
 
Parece-me que a melhor maneira de se combater o fanatismo violento é promovendo o esclarecimento da população com foco nos direitos humanos e no pensamento secularista humanista, porque suas premissas dão espaço para a convivência pacífica de todos, sem adotar qualquer crença religiosa como verdade final.
 
Aliás, é esse conceito de verdade como revelação divina, que não pode ser questionada, que mobiliza tanta gente para atos de violência como o que vimos na última quarta-feira, quando extremistas islâmicos mataram Charlie Hebdo e outras 11 pessoas na França. Não nos dobremos de modo algum, mas também não percamos a clareza do pensamento racional, acompanhado daquela terna firmeza que caracteriza as pessoas serenas e donas de si, porque de fanáticos, bastam os extremistas religiosos.

E se você também for um Truman?


O SHOW DE TRUMAN
O SHOW DA VIDA


A primeira vez que eu vi "O show de Truman. O show da vida" foi há muito tempo. Só não foi numa galáxia, muito, muito distante (risos).

Obviamente, fiz várias conexões entre seu enredo e a vida "real". Na verdade, a questão já começa por aí: Real, até que ponto? Real para quem? Cada olho constitui um mundo diferente que parece muito real para aquele que assim o enxerga. Então, o que eu vejo sobre mim e sobre o que há a meu redor não é a mesma coisa que o outro vê a meu respeito e a respeito do que há à minha volta. E isso também funciona para todos os "vice-versas" que você puder imaginar.

Na verdade, o enredo do filme trabalha com a noção de que tudo pode virar show de TV, e de que tudo o que pode ser assistido, gerando audiências cada vez mais fiéis, pode ser transformado em dinheiro cada vez mais abundante nas contas de todos os envolvidos na produção e transmissão do show. Um bom ponto de partida para pensarmos o mundo da mídia e do entretenimento, inclusive o jornalismo: quanto mais sensacionalista ou comovente, mais vende, mais gera renda para os que exploram os "fatos". Será que "a verdade" é realmente um fim a ser perseguido no jornalismo? Bem, é preciso que pareça ser. Não precisa ser de fato.

Mas, o que me trouxe de volta ao filme essa semana foi um comentário do meu amigo Israel Russo do Mundo de Is. Ele viu o filme e ficou fascinado. Ele notou vários pontos em comum com as técnicas de manipulação da "realidade" que muitos líderes religiosos fazem e com a qual arrastam milhões de pessoas e de dólares. Concordei com ele, claro. Ele inclusive me pediu que falasse sobre isso quando tivesse um tempinho. Decidi falar hoje.

O que acontece com Truman? O produtor do reality show "emprega" um menino recém-nascido como protagonista do programa. Tudo na vida dele é fake (falso, inventado, criado para parecer real sem ser), só que ele não sabe disso. Ele vive num mundo perfeito, onde tudo é programado. Até o sol e a chuva aparecem quando o produtor determina, a partir de truques de estúdio. O bairro dele é um cenário. Os colegas de trabalho, familiares, vizinhos, amigos, enfim, são todos atores coadjuvantes e figurantes. Ele está absolutamente convencido de que o mundo ao seu redor é real e perfeito. O problema é que existe uma restrição. Ele não pode se aventurar no mar. E para garantir que não o fizesse, um acidente foi simulado para que ele acreditasse que estava se afogando, tendo sido salvo por muita sorte.

Encurtando para não entregar tudo a respeito do filme, Truman vive uma farsa e tem que escolher entre sair dela e enfrentar o "mundo real" ou ficar nela e continuar vivendo num mundo controlado em cada detalhe, como um pássaro na gaiola que tem tudo, mas não pode voar livremente. E se não pode voar livremente, o pássaro não pode conhecer e usufruir de sua "passarice" em todos os sentidos. Não é exatamente isso que acontece nas seguintes situações? Cito duas, mas outras poderiam ser pensadas:

1. Você vive no armário. Se sair dele, ganha a liberdade, mas também pode perder alguns aparentes "mimos", concedidos apenas aos que se submetem à farsa de parecer algo que não são vivendo uma "harmonia" que não existe;

2. Você é religioso e já sacrificou muito pelo deus em que você crê, mas percebe que é muito provável que tudo isso não passe de imaginação. Você está investindo o melhor que tem numa futura existência que é tão imaginária quanto Hogwarts em Harry Potter, só que sem um décimo da diversão. Você se assume cético, agnóstico ou ateu e enfrenta a vida com racionalidade e amor à vida, imbuído de compaixão pelos que compartilham o mesmo planeta que você, ou continua praticando os ritos e repetindo os mantras da fé para não perder a aparente "harmonia" que desfruta em casa e em sua agremiação religiosa?

De que vale continuar com o show quando você já percebeu que tem muita gente se "divertindo" às suas custas sem que você possa viver o que realmente deseja viver? De novo, para onde vai toda aquela sua "passarice" ansiosa para alçar voo?

Saber-se sujeitado a sistemas de coerção, de controle, de repressão, de manipulação sem sequer oferecer resistência a essa sujeição, ou seja, sem tentar emancipar-se, sem querer correr o risco de viver tudo o que você pode viver (para mais ou para menos) longe do vampirismo desses sistemas, é uma das maiores misérias existenciais do meu ponto de vista.

Toda aparente bondade das pessoas e sistemas que parecem garantir que suas "necessidades" sejam satisfeitas, sob a condição de que você siga o script (veja que Truman não tinha um script para chamar de seu), não tem qualquer relação com bondade, compaixão ou respeito por sua dignidade como pessoa, mas é parte do jogo de sujeição e manipulação. Assim como no filme em apreço, se você reconhecer a farsa e se recusar a continuar nela, eles serão os primeiros a desligar as câmeras, apagar as luzes e abandonar o setting de filmagem. São os primeiros a dizer que você não tem mais serventia, valor, préstimo. Você deixará de ser a galinha dos ovos de ouro para esses sistemas, que agenciam as famílias, as organizações religiosas, as escolas, entre outros, mas terá a oportunidade de alçar voos fantásticos - uma das muitas coisas que as galinhas - com todo respeito a essas ovíparas - nunca poderão fazer.

A questão é: você quer mesmo ficar livre de tudo isso?

Há mais de 12 anos, eu derrubei as paredes do "estúdio"e assumi o roteiro da minha própria vida. Existem inúmeros fatores surpresa que podem alterar o curso das coisas, ora para mais alegria, ora para mais tristeza, mas lá no "reality show" dos meus armários, eu também estava sujeito a diversos fatores surpresa, mas nunca disponível para as maiores alegrias - a de poder fazer o que eu achar melhor, em vez seguir uma cartilha religiosa que ditava tudo - desde o que assistir na TV até a quem e como amar na cama. Felizmente, o sol fajuto do estúdio se foi. O sol de verdade é melhor, mas como tudo na vida, tem mais de dois lados. Sem problema, já inventaram chapéu, sombrinha, protetor solar, etc. ;) Vale a pena viver o mais perto possível daquilo que corresponde às nossas mais legítimas aspirações.

Muitas leituras da vida a partir desse filme podem ser feitas. Essas aqui foram as que os meus olhos privilegiaram. Fica a provocação, então.

Pastor diz o que faria se seus filhos lhe dissessem que são gays

Pastor John Pavlovitz e sua família


Leia o que esse pastor cristão prometeu fazer se seus filhos forem gays


Um pastor cristão na Carolina do Norte ficou impressionado com a reação a uma de suas recentes publicações em seu blg, na qual ele escreveu sobre como seria sua reação se um de seus filhos crescesse e lhe dissesse que é gay

De acordo com o jornalista David Hudson, para o site Gay Star News, John Pavlovitz (foto acima) é um pastor veterano com 18 anos de ministério em sua igreja local.

Atualmente, ele é pastor de uma igreja chamada North Wake House Church, e também um voluntário na North Raleigh Community Church.

Casado com Jennifer e pai de dois filhos, Noah e Selah, ele também é um blogueiro dedicado, e numa postagem sua em meados de setembro desse ano, intitulada "If I Have Gay Children: Four Promises From A Christian Pastor" (Se eu tiver filhos gays, quatro promessas de um pastor cristão), tornou-se viral e provocou milhares de comentários.

A razão? Porque ele acredita que trataria seus filhos, caso fossem lésbica, gay, bissexuais ou transgêneros, com o mesmo amor e apoio que lhes daria se fossem heterossexuais. Além disso, oraria para que eles não fossem vítimas de ignorância ou ódio.

De acordo com a matéria do Gay Star News, o pastor comentou o seguinte:

"Eu estava preparado para que algumas pessoas aplaudissem, e para que outras condenassem. Isso é o que acontece sempre que você expressa uma opinião por aí. Eu estava plenamente preparado para as ondas de apoio e hostilidade que acompanham qualquer ponto de vista, especialmente sobre um tema controverso como esse."

"O que eu não estava preparado para ver de qualquer modo eram as literalmente centenas e centenas de pessoas que me procuraram para agradecer por trazer cura e esperança às suas famílias; por dar-lhes uma mensagem que eles raramente recebem de líderes cristãos."

‘Muitos pais, filhos e irmãos confiaram em mim - alguns pela primeira vez - contando sobre a dor, o bullying e o ostracismo que eles receberam de igrejas, pastores e membros de igrejas."

"Eles dividiram comigo suas histórias de exclusão, isolamento, de orações sem resposta, de terapias destrutivas, de tentativas de suicídio, e de ser ativamente e passivamente afastados da fé, por pessoas de fé."

"É por isso que eu faço o que faço: faço com que pessoas que têm sofrido dano e exclusão, sintam-se vistas, conhecidas e amadas."

Com informações de GAY STAR NEWS:
https://www.thepinknews.com/2014/09/29/christian-pastors-heartfelt-promise-if-i-have-gay-children-ill-love-them-goes-viral/ 


------------------------------------------
COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO

Tenho recebido muitas mensagens de jovens em busca de ajuda, de alguém que os ouça e compreenda. Esses contatos são geralmente motivados pela leitura de matérias ou entrevistas publicadas a respeito da minha experiência com grupos de "terapia" de "reversão" ou "conversão" e minha saída do armário há 12 anos.

Entrevista aqui: https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2015/01/14/ex-pastor-que-pregava-cura-gay-e-homossexual-e-diz-e-uma-farsa.htm

Se por um lado é doloroso ver a dor que essas pessoas passam por envenenamento de ideias a partir de pregações fundamentalistas e destrutivas, por outro, é bom poder oferecer alternativas a tais pensamentos e atitudes para consigo mesmas e para com os outros ao seu redor.

Já pude conversar com pais, irmãos e até cônjuges de pessoas LGBT. Geralmente, é a própria pessoa LGBT que faz contato. Felizmente, em muitos casos, vi superação, retomada da vida, abertura para o amor sem medo e sem culpa.

Infelizmente, em alguns casos, não importando o que se diga e se procure demonstrar, a pessoa continua alimentando o que a enfraquece e mata: o medo, a culpa, a crença castradora, as neuroses nascidas a partir de interações com pessoas absolutamente neuróticas a respeito das sexualidades humanas e seus desdobramentos.

Querendo ou não, a escolha sobre o que se fará daquilo que nos fizeram é exclusivamente nossa. Alguns transformam isso em força e seguem em frente. Outros se submetem às diversas opressões a que foram expostos, mesmo quando as fontes dessas opressões já não estão mais por perto.

Essa semana, tive o privilégio de ser contatado por um professor de São Paulo que está fazendo um trabalho fantástico contra o preconceito em sua escola. É um evento de grandes proporções - o terceiro ano de evento, na verdade. E isso me dá esperança de que os jovens daquela escola cresçam com noções mais apuradas de respeito e de celebração da diversidade que caracteriza a vida e os seres humanos. Gravei um vídeo que será apresentado durante o evento. Provavelmente, haverá troca de ideias a respeito do que será apresentado. Quando o professor me enviar as fotos e vídeos do evento, compartilharei aqui no Fora do Armário.

Entretanto, uma das coisas mais importantes, do meu ponto de vista, é conscientizar os pais de que seus filhos não são propriedades suas e nem cópias fiéis de sonhos egoisticamente elaborados ao longo de suas vidas.

Do mesmo modo, os filhos precisam entender que se seus pais não os aceitarem e amarem como eles são, então, é melhor deixá-los remoendo suas próprias misérias e seguir adiante em busca de independência, felicidade, amor e paz. Nenhum filho pode obrigar os pais a compreendê-lo, mas também não é obrigado a beijar a mão que o atormenta. Qualquer metro quadrado com paz é melhor que um palácio onde sua individualidade não é respeitada.

O melhor, porém, é que pais e filhos vivam em paz do modo como desejam e que respeitem honestamente as decisões uns dos outros. Afinal de contas, a vida já é dura demais. E a última coisa que precisamos é de pais que nos rejeitem ou de filhos que nos pentelhem. Não demora até que a tampa do nosso caixão ou do deles se feche para sempre. Então, é melhor não perder tempo tentando dizer como é que o outro tem que ser ou deixar de ser em sua individualidade e subjetividade.

Então, não perca seu tempo. Seja você mesmo com toda intensidade do seu ser e por todo o tempo em que você tiver o privilégio de ver o nascer e o pôr do sol.

LEIA: Em Busca de Mim Mesmo:
https://www.amazon.com.br/Busca-Mim-Mesmo-Sergio-Viula-ebook/dp/B00ATT2VRM

Não precisa de qualquer leitor especial. O livro vai para seu computador, smartphone, tablet, etc. Basta baixar o programa gratuitamente e em dois minutos no próprio link acima.

Jovem ex-testemunha de Jeová e gay fala sobre sua emancipação




Maurício é um jovem nascido do amor entre um suíço, filho de italianos, e uma brasileira. Foi ensinado na religião de seus pais, Testemunhas de Jeová. Cresceu na Suíça, mas nunca perdeu a conexão com o Brasil, onde sua avó materna mora até hoje. Tive o privilégio de conhecê-lo em 2014. Ele havia deixado o Salão do Reino das Testemunhas de Jeová havia pouco tempo e pudemos trocar boas ideias sobre religião e emancipação. Ele leu Em Busca de Mim Mesmo. Disse que gostou, emprestou para a avó, e comprou outro para dar de presente. Logo em seguida, voltou para a Suíça, mas esteve no Brasil novamente há pouco tempo.

Jovem, inteligente e comunicativo, Maurício fala muito bem a língua portuguesa, mas sente-se mais à vontade para conversar em inglês. Ele carinhosamente concedeu ao Blog Fora do Armário a entrevista que você lerá abaixo:

Fora do Armário: Mauricio, você foi testemunha de Jeová, certo? Quando você nasceu sua família já pertencia à organização?

Maurício: Certo. Meus Pais se conheceram e se casaram dentro da organização. Meu pai nasceu na Suíça, de pais italianos, e minha mãe é carioca. Se conheceram na Assembleia Internacional das TJ no Rio de Janeiro e se casaram em 1992. Quando eu nasci, em 1994, aqui na Suíça, a minha família já fazia parte da organização.
 
Fora do Armário: Conte-nos sobre sua experiência no Salão do Reino.


Maurício: Desde infante, fui levado ao Salão do Reino pelos meus pais. A reunião costumava ser segunda-feira, à noite; sexta-feira, à noite; e domingo, pela manhã. Em 2009 a organização decidiu reduzir as reuniões para duas reuniões por semana. Porém, a segunda-feira tinha que ser reservada para estudar em família.

Como criança sempre tive amiguinhos no Salão do Reino. A gente brincava antes da reunião começar e depois dela terminar. Amizades fora da organização não são recomendadas e só surgiram depois que eu comecei a frequentar o jardim de infância, mas continuavam sendo muito limitadas. Nos cinco anos do meu ensino fundamental, o meu melhor amiguinho foi um menino que fazia parte da minha congregação.

Como criança era muito chato ter que me vestir formalmente, ir para o Salão do Reino, e me sentar por aproximadamente duas horas calado, quando eu não entendia nenhuma palavra. Mas acredito que foi muito enriquecedor para o meu vocabulário (risos).

A primeira atração pelo mesmo sexo da qual eu ainda me lembro foi em 2001 (eu tinha 7 anos), quando ganhei um CD do cantor Italiano Tiziano Ferro. Gostava tanto da foto dele naquela capa que fantasiava sobre beija-lo. Por sentir-me muito culpado, contei para minha mãe. Ela me disse que eu tinha que orar para Jeová, e ele ia me ajudar a lutar contra isso.


Às vezes me pergunto quando foi que ficou claro para mim o que que é a homossexualidade. Não lembro direito, mas se nessa época já via essa fantasia como algo errado, então acho que eu já estava bem doutrinado.

Decidi "dedicar minha vida" à organização em 2011 e fui batizado em julho do mesmo ano. Pensava que para mim aquela era a verdade e que não existia outra, então eu me sentia como se não tivesse nada a perder.

Em 2012, conheci uma garota que pertence à organização e mantivemos contato. Eu gostava muito dela, mas de uma forma muito platônica, e depois de algumas semanas começamos a nos encontrar com mais frequência. Quando ela mostrou interesse, achei uma boa oportunidade para conhecê-la também, porque minha intenção ainda era viver uma uma vida dentro do armário.

Mas, assim que ela exprimiu os sentimentos afetivos dela, eu caí numa fase depressiva, e um dia, ao voltar do trabalho, contei para os meus pais e me assumi gay. Eles falaram que a decisão era minha: escolher entre a aprovação de Deus ou viver uma "vida homossexual". Por mais um tempo, fiquei dentro da organização.

Já sabia que depois de me formar em farmácia, eu não quereria mais morar na Suíça. Morar no Rio com meus parentes ainda não era uma opção, porque eles não pertenciam à organização, e viver com eles significaria um alto risco de eu perder meus princípios e eventualmente abandonar a organização. Porém, no início de 2012, eu conheci um grupo de Testemunhas de Jeová num ônibus turístico em Roma. Eles também eram turistas, missionários que se mudaram dos EUA e Canadá para o México, porque a organização precisava de pessoas que falassem inglês para divulgar a Palavra lá. Estava considerando me mudar para o México para sustentar a obra.

Então, em outubro de 2012, visitei o México por duas semanas e estava determinado a me mudar depois da minha formatura.

Assim que voltei, conheci pela Internet (ainda tinha 18 anos na época e uma visão sobre relacionamentos bem distorcida) um homem que, assim como eu, é um fã dedicado da Madonna e comecei a conversar com ele. Com o tempo, o contato ficou muito mais frequente. A gente se falava muito. Tinha dias em que eu acordava 1 hora antes do trabalho para conversar com ele pelo Skype, e me apaixonei por ele. Sonhava em viver em Los Angeles com ele depois de me formar.

Mas tudo isso pra mim era um peso, porque eu estava vivendo uma vida dupla. Sabia que nunca ia poder dar-lhe o amor e a atenção que ele merecia.

Pensei em escrever uma carta assinada e abandonar a organização de vez, mas acho que para os meus pais teria sido um choque e muito mais pesado para "aceitar" (coisa que até hoje não aconteceu). Começou mais uma fase muito difícil pra mim.

Fora do Armário: Em que ano você deixou a Sociedade Torre de Vigia?

Maurício: Deixei a Sociedade em Março de 2013. Em fevereiro de 2013, tinha viajado sozinho para visitar um amigo e conheci um homem com o qual decidi me relacionar. Quando voltei para casa recebi uma visita dos anciãos da congregação e fui questionado. Não tinha escondido a minha viagem "mundana" e tinha publicado fotos dela nas redes sociais, coisa que chamou a atenção deles.

Contei tudo: que não tinha mais vontade de continuar, que sou gay e também confessei o meu "pecado".



Sede das TJ nos EUA: Sociedade Torre de Vigia

Sete dias depois fui chamado para responder a uma comissão judicativa, um tipo de tribunal religioso. Lá, ficou decidido que eu seria desassociado, ou seja, excomungado da congregação, porque não tinha me arrependido do pecado.

Foi ao mesmo tempo um choque e um grande alívio. Uma parte da minha mente me dizia que eu nunca ia ser feliz fora da organização, mas por outro lado, eu sabia que todas as possibilidades estavam agora abertas para mim e que poderia fazer o que quisesse.

Fora do Armário: Qual foi a reação dos seus pais, parentes e amigos TJ?

Maurício: Meus pais ficaram devastados e não entendiam o porque de todo isso. Tivemos muitas discussões e momentos difíceis, porque, a partir daquele momento, cada um queria fazer a sua opinião valer, tanto eu como eles.

Os outros parentes e amigos simplesmente cortaram relações comigo imediatamente.

Fora do Armário: Quando você começou a pensar em deixar a organização, você recebeu apoio de outros TJ que saíram também ou fez essa transição sozinho? Como se sentiu nesse período? Maurício: No início comecei a visitar sites "apóstatas", tais como jwfacts.org, taze.co, jwsurvey.org e aawa.co.

Quando entrei em contato com minha tia que não é TJ, contei a situação pra ela e ela me deu o contato de um amigo dela que também deixou a organização por conta da sexualidade. Graças a ele, ficou claro pra mim que a vida e a felicidade não acabam depois de largar a organização. Pelo contrário, começam de verdade. Essa foi uma fonte de esperança pra mim. Hoje em dia ainda o vejo como um bom irmão e sou grato pelas coisas que ele me ensinou.

Porém, só procurei esse apoio um mês antes de deixar a congregação. Antes disso, os pensamentos sobre deixar a organização vinham da leitura do material "apóstata".

Fora do Armário: Qual é a visão da Sociedade Torre de Vigia sobre a homossexualidade? O que você acha dessa visão?

Maurício: "A Bíblia não fala diretamente dos fatores biológicos envolvidos nos desejos homossexuais, embora reconheça que todos nós nascemos com a tendência de ir contra os mandamentos de Deus. (Romanos 7:21-25) Mas, em vez de focalizar a causa dos desejos homossexuais, a Bíblia simplesmente proíbe as práticas homossexuais."

JW [site oficial da Sociedade Torre de Vigia]: https://www.jw.org/pt/ensinos-biblicos/perguntas/biblia-diz-sobre-homossexualidade/#?insight[search_id]=9900c557-647b-4da2-8300-a6dfeab715de&insight[search_result_index]=1

Um Testemunha de Jeová homossexual dedicado tem duas escolhas: ou continua solteira para o resto da vida ou se casa com uma pessoa de sexo diferente do seu.

Um homossexual nunca vai poder viver um Amor verdadeiro dentro da congregação.

Essa visão é a mesma visão que a maioria das religiões cristãs têm. Como não acredito que a Bíblia seja um livro inspirado por alguma entidade espiritual, não tenho uma opinião sobre essa visão. Ela é simplesmente tão irrelevante pra mim quanto qualquer outra doutrina bíblica.

Fora do Armário: Como é vista pela congregação do Salão do Reino das Testemunhas de Jeová a pessoa que abandona a organização?

Maurício: O Corpo Governante proíbe o contato dos membros da congregação com qualquer pessoa que foi batizada na organização e depois abandonou a congregação ou foi excomungada.

Qualquer pessoa que não concorda plenamente com os ensinamentos e as doutrinas do Corpo Governante é considerada apóstata.

"Suponha que um médico lhe recomendasse evitar contato com alguém que está infectado com uma mortífera doença contagiosa. Você entenderia as palavras do médico, e você seguiria estritamente o seu conselho. Bem, os apóstatas estão "mentalmente doentes", e tentam contaminar outros com seus ensinamentos desleais. Jeová, o Grande Médico, nos diz que devemos evitar o contato com os apóstatas." (Edição de Estudo da Sentinela, 15 de Julho de 2011 pág. 16)

Fora do Armário: Comparando o tempo em que você viveu nesse círculo religioso - e dentro do armário - com o momento que você vive agora, quais foram os ganhos do ponto de vista pessoal ao deixar a organização? Houve perdas? Se tivesse que fazer essa transição para fora do armário e do Salão do Reino de novo, faria algo diferente?

Maurício: Ganhei uma liberdade pessoal que nunca tinha tido antes. Foi uma emancipação completa.

Cinco meses depois de deixar a organização, fui pro Rio de Janeiro e passei 15 meses lá. Foi uma experiência maravilhosa. Tive uma família que me aceitou do jeito que eu sou, e experimentei muito mais liberdade pessoal. Consegui desconstruir o preconceito em relação aos LGBTs conhecendo muitos LGBTs maravilhosos que hoje em dia são ótimos amigos.

Tive o meu primeiro relacionamento maravilhoso. Hoje, apesar de não sermos mais namorados, somos ótimos amigos.
 
Não consigo pensar em nenhuma perda que tive deixando a organização, por que as coisas que parecem ser perdidas na verdade nunca existiram. Por exemplo: várias pessoas cortaram o contato comigo depois de deixar a organização.

Uma pessoa desassociada poderia lamentar que perdeu amizades. Mas pra mim, isso não tem nada ver com amizade. Não foi um Amor incondicional. Durou enquanto tínhamos as mesmas visões sobre a vida e sobre deus; assim que isso mudou, a amizade se dissolveu. Não lamento.

Se tivesse que fazer essa transição de novo, faria muito mais cedo. Diria bem cedo para as pessoas e para os meus pais que sou gay, lutaria muito mais contra o preconceito, contra as doutrinas com as quais não concordo. Não teria me batizado.

Fora do Armário: Que mensagem ou conselho você deixaria para as pessoas LGBT que vivem no armário?

Acho que não tem nada que uma pessoa possa dizer para alguém que vive dentro do armário que vá fazer a pessoa mudar o pensamento ou que possa dar a coragem para sair. É um processo interior, pessoal e que acontece dentro da própria pessoa.

Infelizmente ainda existem muitas pessoas que não tem a coragem de lutar contra o preconceito e assumir a homossexualidade, continuam vivendo uma vida de mentira. Mas que bom que tem muitas pessoas que acordam e enxergam que esconder a verdadeira identidade é um ato que derrota a pessoa por dentro, uma vida de sofrimento todos os dias. E eu tive que questionar as doutrinas para ver como tudo isso é injusto, que eu não posso ter a mesma liberdade de viver a minha identidade como têm as pessoas heterossexuais na organização. Depois disso, você vai juntando e juntando mais e mais força, e quando essa força é suficiente, você consegue dar o passo necessário para se libertar.

Acredito que esse seja o processo pelo qual a maioria das pessoas LGBT passa antes de se libertar. Mas a decisão de acordar tem que ser da pessoa mesmo, e essa decisão é muito mais difícil quando a pessoa é doutrinada.

Posso dizer com certeza absoluta que VALE A PENA todo o esforço e sofrimento. Viver a própria verdade/identidade não tem preço. Inclusive, esse é um dos motivos pelo qual eu dei essa entrevista tão abertamente: não tenho nada a esconder. Quero que as pessoas me amem pela pessoa que eu realmente sou, e essa história faz parte da minha vida, de quem eu sou hoje.

Esses sites fornecem mais informações sobre a Organização da Torre de Vigia:

Site oficial da Sociedade Torre de Vigia: https://www.jw.org/pt/ 

Ex-testemunhas de Jeová:
https://extestemunhasdejeova.net/forum/app.php/portal

Fora do Armário: Obrigado pela atenção e pelas respostas, Maurício. Certamente, serão palavras de estímulo e inspiração para muitas pessoas que leem esse blog ou que virão a lê-lo no futuro. Forte abraço, queridão.

Gêmeos saem do armário para o pai e colocam no Youtube



Gêmeos gays, os Irmãos Rhodes, saem do armário para o pai em video emocionante no Youtube

Agora legendado!!!


O vídeo (em inglês) pode ser acessado aqui:
https://www.youtube.com/watch?v=L3K0CJ8usPU


Fonte: The Huffington Post  |  By James Nichols
https://www.huffpost.com/entry/gay-twins-come-out_n_6474068

Tradução: Sergio Viula para o Blog Fora do Armário


Austin e Aaron Rhodes são dois irmãos gêmeos que se tornaram personalidades no YouTube. Eles têm uma mídia social significativa, apesar de só terem começado a carregar clips há aproximadamente seis meses.

Essa semana, os dois decidiram começar 2015 de um jeito especial, utilizando sua plataforma para sair do armário para seu pai pelo telefone e gravar o momento para compartilha-lo com seus seguidores – e com o mundo.

Esse vídeo inspira um avalanche de emoções, porque os garotos inicialmente lutam para colocar as palavras para fora. Quando finalmente, conseguem, o pai deles dá a resposta perfeita aos seus filhos: “É assim que são as coisas, sabe? Vocês são adultos. Vocês cresceram numa geração diferente da minha. Vocês cresceram numa geração muito diferente da minha. Eu simplesmente não sei o que dizer – vocês sabem que amo os dois e que isso nunca mudará.."

Quando indivíduos saem do armário sempre nos sentimos emocionados e inspirados, mas há uma coisa especialmente incrível sobre dois gêmeos vivendo autenticamente e abertamente juntos (e permitindo que façamos parte de um momento tão especial).

Em Agosto passado, outra dupla de gêmeos e personalidades do YouTube, Luke e Adam Monastero, também saíram do armário para seus pais e captaram tudo na câmera.

Além disso, em 2011, um aviador gay ligou para sua mãe apenas horas depois que a política do “Não Pergunte, Não Fale” foi banida e saiu do armário, publicando toda a experiência no YouTube.

Parabéns, Austin e Aaron – estamos orgulhosos de vocês!

-----------------------------------------------------------------------------

COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO


Eu e muita gente que lê o Blog Fora do Armário também estamos orgulhosos de vocês! 

Parabéns pela atitude!


Post atualizado em 26/02/15 com esse vídeo da Ellen DeGeneris:

PÕE NA RODA: E FORA DO ARMÁRIO?



Adorei esse trabalho da equipe do Põe na Roda. 

E tem tudo a ver com esse blog. 

Então, coloquei aqui para não perder mais de vista. 

Assista você também. ;)


X-Men: Dias de um Futuro Esquecido - coisas que não podemos esquecer.



X-Men: Dias de um Futuro Esquecido

Por Sergio Viula


Demorei a ver o lançamento desse ano, mas dei sorte de ainda estar em cartaz no Largo do Machado. Finalmente, assisti “X-Men: Dias de um Futuro Esquecido”. Sou fã incondicional da obra criada por Stan Lee e Jack Kirby, mesmo não tendo o capital de conhecimento que os fantásticos nerds (ou geeks) já acumularam sobre personagens e enredos desde sua estreia nos Estados Unidos em setembro e 1963, graças à Marvel.

Entendo que o cinema pode simplificar e até modificar bastante o original, mas é preciso reconhecer também que a telona conseguiu elevar a turma de Xavier e de Magneto a um patamar absolutamente novo.

A rivalidade entre o grupo do Professor Xavier e o grupo de Magneto em boa parte da história serve para mostrar modos totalmente diferentes de lidar com os humanos não-mutantes e suas neuroses ameaçadoras de perseguição, experimentação e extermínio.

Pois bem. X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido (no original, X-Men: Days of Future Past) apresenta questões extremamente relevantes: “o futuro não é garantido” (ou numa outra tradução ‘não está determinado); não podemos combater a violência gerada por extremistas com violência e discursos semelhantes; uma simples decisão pode desencadear ações e reações totalmente diferentes dependendo de qual seja ela; autopiedade e conformismo não mudam nada, e por aí vai.

Não vou tecer detalhes sobre o enredo, porque estes podem ser encontrados magistralmente dispostos aqui: https://pt.wikipedia.org/wiki/X-Men:_Dias_de_um_Futuro_Esquecido

Porém, gostaria de fazer alguns paralelos entre os pontos que destaquei no terceiro parágrafo e as lutas das minorias, especialmente das pessoas LGBT. Claro que essas ponderações podem ser aplicadas a quaisquer minorias aspirando ao direito de cidade.

1. “O futuro não é garantido” (ou numa outra tradução ‘não está determinado).

Tomando a tradução como ponto de partida, gostaria de chamar atenção para o fato de que direitos conquistados não podem ser descuidados. Eles precisam ser fortalecidos através da aplicação prática e da demanda por direitos que se desdobrem a partir deles.

Por exemplo, se o casamento entre pessoas do mesmo sexo já está garantido, que seja aplicado. Pelo menos 1.000 casais já o fizeram ao longo do primeiro ano da decisão do STF e da regulamentação do CNJ. Mas para que esse número cresça - o IBGE já identificou 60 mil casais de pessoas do mesmo sexo no censo - é preciso que os casais tenham orgulho próprio e coragem suficientes para assumirem sua relação pública e juridicamente. Casais que vivem no armário deixam de desfrutar desse direito e acabam não colaborando para traduzi-lo em biografia ou seja práxis.

Agora, tomando a tradução “o futuro não está determinado”, podemos fazer as seguintes inferências:

a) Não está determinado, portanto podemos construí-lo a partir de agora.

b) Seremos responsáveis pelo que fizermos dele. Que façamos o melhor, então. E o melhor será criar todas as condições necessárias para que as pessoas, sejam quais forem suas especificidades subjetivas, possam realizar biografias felizes e livres de qualquer tipo de coerção, desde que seus atos não impeçam terceiros de fazerem o mesmo.

2. Não podemos combater a violência gerada por extremistas com outras formas de violência e discursos semelhantes.

Pode até dar vontade de vez em quando. Muita gente LGBT já deve ter sentido vontade de esmurrar a cara de um propagador de discurso de ódio ou perpetrador de violência física ou simbólica. Vontade desse tipo pode até dar, mas tem que passar. O caminho que dará frutos saudáveis e duradouros é o do diálogo, tanto no nível do dia a dia - o nível pessoal, o que se materializa no círculo mais íntimo de familiares, amigos e conhecidos - como também no nível institucional, inclusive no Parlamento, às mesas de planejamento do Executivo e nos tribunais do Judiciário, nas universidades, bem como nos órgãos reguladores e representativos de profissionais especializados e dos trabalhadores em geral, etc.

E é bom que se diga que o diálogo travado nesse nível, com as ferramentas disponíveis, não impede – pelo contrário, inclui – as manifestações pacíficas, sejam enérgicas ou festivas, que celebrem a diversidade dos sujeitos e a igualdade de reconhecimento social, político e jurídico dos mesmos.

3. Uma simples decisão pode desencadear ações e reações totalmente diferentes dependendo de qual seja ela.


Sem dúvida, essa máxima pode e deve ser aplicada às nossas ações diárias - desde a escolha por alimentos mais saudáveis em detrimento de outros mais nocivos; até com quem desejamos compartilhar momentos de prazer ou mesmo uma vida inteira de compromisso; se queremos ser pais/mães ou não; a carreira que pretendemos seguir; e especialmente nossos votos que escolhem nas urnas os candidatos que ocuparão os cargos que compõem o cenário político brasileiro.

Esse ano é ano de eleições. Nosso voto poderá mudar para melhor ou para pior o que vemos aí, seja qual for a instância: federal, estadual, municipal, ou a esfera de poder – Executiva, Legislativa ou Judiciária. Mas não basta votar, tem que fiscalizar, pressionar, exigir aquilo que é direito nosso.

As decisões tomadas pelas organizações representativas da luta dos cidadãos LGBT por direitos iguais também podem mudar bastante o tabuleiro do jogo - para melhor ou para pior. Há que se perguntar que tipo de alianças elas fazem, com quem as fazem, por que as fazem. Se devem se alinhar a partidos específicos ou a pessoas que abraçam de verdade a causa da igualdade? Quando um partido sai, o que fazer se tudo se pautava de modo partidarista? Ignorar os partidos não é totalmente possível, mas trabalhar com eles pensando para além deles, sim. Pensar em políticas de Estado mais do que em meras políticas de governo - sempre transitório - é fundamental. 

Até mesmo a decisão entre sair ou ficar no armário fará uma grande diferença para mais ou para menos, inevitavelmente. Aliás, essa também é uma questão posta no filme. Em mais de um momento da trama - especialmente no final - fica muito claro que os mutantes querem sair de seus esconderijos, deixar seus disfarces e terem o direito de viver autentica e harmoniosamente entre os não-mutantes: mais uma metáfora perfeita para a reflexão que coloco aqui.

Tem muita gente que ainda pensa e age como o Dr. Bolivar Trask (Peter Dinklage), dono das Indústrias Trask, gente que só consegue pensar em ‘nós versus eles’, que acha que não haverá paz enquanto houver diversidade, que o diferente tem que ser estudado para ser ‘curado’ ou exterminado. É desse material que são feitos preconceitos como a homofobia e a transfobia, dentre tantos outros em nossa sociedade.

É gente assim que usa os meios de comunicação em horários pagos para disseminar discursos de ódio e faturar alto a partir deles.

É gente assim que cria legislação anti-gay em países como Uganda, Rússia, Índia, e quer fazer o mesmo por aqui.

É gente assim que propõe terapias de cura para o que não é doença e quer usar pseudociência para corroborar suas próprias neuroses, muitas vezes motivadas por extremismo religioso, positivista, ou de outros ramos do conservadorismo. Aliás, foi esse conservadorismo que chegou ao ápice durante a ditadura militar, mas que infelizmente não se extinguiu com a abertura do país e sua redemocratização. Pelo contrário, permeia muito do pensamento de direita e de esquerda nesse país. Aqui, os liberais são liberais economicamente, mas no campo da moral são extremamente conservadores, retrógrados mesmo. E com isso quero dizer que aplicam uma moral enraizada em pressupostos religiosos em vez de adotarem uma moral crítica e uma ética do reconhecimento, da afirmação e da celebração das diferenças que, quando vivenciadas sem a sombra de ameaças de qualquer espécie, são a própria liberdade em ato. Afinal, liberdade que somente se aspira não é liberdade, é sonho. A liberdade de fato é aquela que se materializa no direito de ser como se é ou como se deseja ser, com tudo o que isso significa.

4. Autopiedade e conformismo não mudam nada.

Reclamar que as pessoas não nos entendem, não nos querem por perto, não nos respeitam não vai mudar nada. Dizer que vai ser sempre assim só ajuda a engessar as coisas que deveriam ser transformadas.

Na verdade, diferente do que foi colocado acima, muita gente nos entende; nos quer por perto, sim; e nos respeita de fato.

Além disso, muita coisa já mudou. E só mudou por causa dos esforços de pessoas LGBT e não-LGBT que entendem que nossas subjetividades, com toda a diversidade que lhes é característica, enriquecem a experiência da vida, e que toda tentativa de uniformização, padronização, normatização de nossa subjetividade empobrece e mata.

Nos últimos 40 ou 50 anos, a comunidade gay internacional fez avanços nunca antes experimentados em tantos campos e em tão diferentes culturas. Diversos fatores colaboraram para isso, mas nenhum deles poderia substituir a decisão de não mais nos escondermos, de não mais tentarmos nos adequar a padrões arbitrariamente impostos, mas exigirmos o respeito que nos devido, bem como a todo ser humano, independentemente de suas diferenças incidentais ou subjetivas. E esse ‘independentemente’ não significa que elas estejam de fora. Não é respeito, apesar de... É respeito e ponto.

Os X-Men sempre fecundam minha imaginação e me instigam a fazer conexões com o mundo ao meu redor. Espero que você também se sinta desafiado a ser a mudança que você quer ver no mundo, e que essa mudança seja do tipo que amplia as condições de existência, e não do tipo que as reduz.

Postagens mais visitadas