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Ativista lésbica pioneira Connie Kurtz morre aos 81 anos de idade

Ativista lésbica pioneira Connie Kurtz morre aos 81 anos de idade


Connie Kurtz. Foto The Advocate


Connie Kurtz foi uma ativista durante décadas, processando a Secretaria de Educação de Nova York por benefícios para a parceria doméstica, sendo co-fundadora de capítulos do PFLAF, a primeira e maior organização americana apoiando famílias de pessoas LGBT e seus aliados, e defendendo os idosos LGBT.


A informação sobre a morte de Connie Kurtz 
vem de TRACY E. GILCHRIST, a
través do site THE ADVOCATE 
em 30 de maio de 2018.
Fonte: https://www.advocate.com/women/2018/5/30/pioneering-lesbian-activist-connie-kurtz-dies-81

Traduzido e adaptado por Sergio Viula 


A ativista Connie Kurtz, personagem (junto com sua esposa, Ruth Berman) do documentário (2002) Ruthie and Connie: Every Room in the House (Ruthie e Connie: Todos os Cômodos da Casa), que ficou famosa por processar a Secretaria de Educação da Cidade de Nova York para garantir benefícios de parceria doméstica no final dos anos 80, morreu domingo passado, aos 81 anos, em sua casa em West Palm Beach, Flórida, depois de um longo período enferma, de acordo com o Gay City News.

Nascida no Brooklyn em 1936, Connie foi casada com um homem e se mudou para Israel em 1970 com ele e a família dele. Ao voltar para os EUA, depois de quatro anos fora, ela reencontrou uma velha amiga, Ruth. As duas se apaixonaram, divorciaram-se de seus maridos e passaram a viver juntas. Finalmente, em 2011, elas puderam se casar em Nova York.

Gay City News: http://gaycitynews.nyc/connie-kurtz-lesbian-activist-artist-dies-82/

Ruth Berman (esquerda) e Connie Kurtz. 
Fonte da Foto: gaycitynews.nyc



Em 1988, Connie e Ruth processaram a Secretaria de Educação de Nova York por não permitir que Connie incluísse Ruth no plano de saúde e no seguro de vida. Elas venceram. As compensações financeiras chegaram a um milhão de dólares. Por causa desse vitorioso marco na história da Justiça americana e dos direitos civis, elas apareceram no The Phil Donahue Show e em Geraldo para discutirem direitos iguais. Video aqui: https://www.youtube.com/watch?v=C1TeFlRPQLc

O processo que elas venceram abriu caminho para que todos os servidores municipais da cidade de Nova York também pudessem desfrutar dos mesmos benefícios.

Ativistas de longa data, Connie e Ruth fundaram filiais da organização PFLAG em Nova York e na Flórida. Em 2000, elas se tornaram co-diretoras da Força-Tarefa pelos Direitos Lésbicos (Lesbian Rights Task Force), um capítulo da Organização Nacional para Mulheres do estado de Nova York. 

PFLAG: https://www.youtube.com/watch?v=C1TeFlRPQLc

A Rabina Sharon Kleinbaum, amiga e rabina de Connie e Ruth, oficiou a cerimônia de casamento delas em 2011 e, posteriormente, uma cerimônia religiosa em 2000, quando o casamento entre pessoas do mesmo sexo foi declarado legal em qualquer lugar dos Estados Unidos pela Suprema Corte.


Rabina Sharon Kleinbaum no dia do Orgulho LGBT
Foto: alchetron.com


“Connie era uma força da natureza. Todos que se encontravam com ela — mesmo pela primeira vez e mesmo que brevemente — sentiam sua paixão, seu amor, sua força, e seu humor,” disse a Rabina Kleinbaum por ocasião do falecimento de Kurtz. “Connie e seu amor Ruthie mudaram o mundo e nunca perderam o amor pela vida, pela arte, e por todo o seu povo. Eu envio meu amor a Ruthie e a todos os que estão em luto por essa terrível perda. Uma grande luz deixou nosso mundo. Que sua memória nos abençoe para sempre e que nossas vidas sejam para sempre uma benção em sua memória.”

Connie e Ruth foram ativistas LGBT por décadas. Elas fundaram o Centro de Aconselhamento A Resposta é Amar (The Answer Is Loving Counseling Center) na cidade de West Palm Beach, onde moravam. O casal trabalhou lá por 20 anos.

Connie permaneceu ativa, assumindo causas LGBT, causas feministas, e causas de pessoas de cor junto ao Vidas Negras Importam (Black Lives Matter).


Michael Adams, CEO do SAGE
Foto: gaycitynews.nyc


“As palavras não podem explicar quão triste estamos pelo falecimento de Connie. Enviamos nosso amor e condolências a Ruth", disse Michael Adams, CEO do SAGE, uma organização que atua junto a pessoas LGBT idosas. "E celebramos e honramos o legado corajoso e apaixonado que tornou o mundo um lugar melhor para tantos de nós".

SAGE: https://www.youtube.com/watch?v=C1TeFlRPQLc

A Rabina Kleinbaum oficiou o funeral de Connie Kurtz na última quarta-feira, 30 de maio, no Cemitério Estrela de Davi em Palm Beaches em West Palm Beach.

Cemitério Estrela de David em Palm Beaches
Fonte: Internet (agingcare.com)

Com informações de The Advocate:
https://www.advocate.com/women/2018/5/30/pioneering-lesbian-activist-connie-kurtz-dies-81

"E, no entanto, amamos... - por Ricardo Rocha Aguieiras

Por Ricardo Rocha Aguieiras




"E, no entanto, amamos...


Como é difícil amar, né? Triste perceber que a grande maioria das pessoas vai morrer sem saber o que é amar. E, para os gays, é muito mais difícil, pelo óbvio preconceito e cerceamentos. Mas, no entanto, amamos. Aliás, já falei muito que a Luta Gay é a única revolução que é por amor. A única. Pelo direito de amar. Nenhuma outra luta, no mundo, se equipara à nossa, nesse quesito. E, também no entanto, nos negam, e tornam a negar, há infinitas desculpas e justificativas para impedirem tão forte e bela revolução.

Por isso, considero parceiros gays que se unem pelo amor verdadeiros heróis, enfrentam o mundo do contra, caminhamos na contramão e em tuneis escuros, onde não há luz no fim, pois a luz somos nós, gays. Gays que amam.

No passado recente era ainda mais difícil. Quantos dramas horríveis vimos com questões de herança em famílias onde existia um gay com companheiro, um deles morria e lá estava o egoísmo familiar, contrário do amor, exigindo todos os bens e deixando o companheiro de anos e anos na míngua , após a morte desse gay . Não importava se tinham adquirido bens juntos, o gay perdia tudo e, pelo preconceito e medo da exposição preferia sumir e se calar. Para as famílias só valiam os bens materiais deixados, nunca validaram o amor gay. Queriam tudo, independente de terem expulsado esse gay no passado. Hoje, ainda acontece, mas a Justiça, ainda bem, tem se posicionado em nosso favor na maioria dos casos.

Lembro-me do poeta Reinaldo Bayrão, companheiro de décadas do militante gay, escritor e artista plástico Darcy Penteado, uma das primeiras vítimas da Aids no Brasil. Darcy sempre foi rico. Retratou princesas e artistas da Hollywood de sua época. Seu apartamento numa cobertura na rua Teixeira da Silva, no bairro Jardins, em Sampa, era enorme e uma verdadeira festa lúdica, cheio de túneis com suas obras, lá os dois viviam em felicidade. Tive o privilégio de conhecer, tanto o espaço como os grandes seres que eram, Darcy e Reinaldo. Após a morte de Darcy, a família ficou com tudo e o Reinaldo foi para a rua. Durante alguns anos eu ainda o via, sempre bêbado, numa sauna gay que existe até hoje, a Termas Le Rouge 80. Sempre procuramos acolhimento nesses espaços que os outros, não gays, condenam com, novamente, um monte de “argumentos” e negam o preconceito, negam a homofobia, negam a gayfobia. Não fica bem na foto a verdade da alma.

Um dia, Reinaldo me disse: “eu sou homem de um homem só, de um homem só”. Eu sabia que ele se referia ao Darcy. Pouco depois, Reinaldo se matou.

E, no entanto, amamos. Quem sabe sentir, quem lê nas entrelinhas da vida e nas entrelinhas dos aplicativos de paquera gay, quem enxerga o fundo dos pixels de uma selfie, percebe o amor, ali, brotando mesmo em meio ao desespero e ao medo. Fortes que somos, nós, gays, pulamos esses obstáculos melhor que cavalo de corrida lá no Jóquei Clube, tudo para nos deparar com o escondido amor que há no olhar de outro gay. Ele , o amor, existe! Um dia, irão entender. E faremos outra revolução e outra ainda e mais outra. Sempre pelo amor. Cupidos também flecham Triângulos Rosa."

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