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🌈 Protesto em Ipanema denuncia execuções LGBT+ no Irã durante a Cúpula do BRICS

🌈 Protesto em Ipanema denuncia execuções LGBT+ no Irã durante a Cúpula do BRICS

Ipanema ontem durante a Cúpula do BRICS


Ato simbólico escancara homofobia institucionalizada no Irã e questiona relações diplomáticas do Brasil com regimes que perseguem LGBTQIA+

Neste domingo (6), enquanto líderes mundiais se reuniam no Rio de Janeiro para a Cúpula de Lideranças do BRICS, um protesto silencioso, mas visualmente impactante, tomou conta da Praia de Ipanema, em frente à Rua Farme de Amoedo — ponto tradicional da cena LGBTQIA+ carioca.

Organizado pela ONG StandWithUs Brasil, o manifesto chamou a atenção de quem passava pela orla ao exibir mil bandeiras do orgulho LGBTQIA+ cravadas na areia, cercando dez forcas simbólicas e cartazes com os dizeres: "O Irã mata gays em praça pública."

A ação buscou denunciar as execuções sistemáticas de pessoas LGBTQIA+ pelo regime iraniano, que criminaliza a homossexualidade com base na Sharia (lei islâmica). Em muitos casos, o simples afeto entre pessoas do mesmo sexo pode levar à pena de morte. Estima-se que entre 4 mil e 6 mil pessoas tenham sido executadas no Irã desde a Revolução Islâmica de 1979 por crimes relacionados à orientação sexual e identidade de gênero.
🇮🇷 O Irã e o BRICS: um paradoxo diplomático

O Irã foi admitido oficialmente no bloco BRICS em 2024, ao lado de Arábia Saudita, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos — todos países com histórico grave de violações aos direitos humanos, especialmente no que se refere a mulheres, dissidentes políticos e minorias religiosas e sexuais.

Para a StandWithUs Brasil, o protesto teve como objetivo enviar um recado claro:

"Essa é uma lembrança de que o Irã é contra a liberdade, não só de gays, mas também de mulheres, cristãos e outras minorias. O Irã não pode ser amigo do Brasil", afirmou a organização.
  
🏳️‍🌈 Por que precisamos falar sobre isso?

O Brasil, enquanto país democrático e com avanços importantes (ainda que insuficientes) no campo dos direitos LGBTQIA+, não pode fechar os olhos para o que acontece em regimes autoritários com os quais escolhe manter relações diplomáticas e comerciais.

Aceitar, sem críticas, a presença de países como o Irã no BRICS é passar a mensagem de que execuções por homossexualidade não são motivo suficiente para levantar a voz.

Não se trata de uma questão religiosa ou cultural, como muitos tentam argumentar. Trata-se de direitos humanos básicos: viver, amar, existir sem medo.
 
✊🏽 Nossa resposta precisa ser coletiva

O ato em Ipanema é um lembrete doloroso de que, enquanto no Brasil podemos andar de mãos dadas na praia (ainda que com riscos e preconceitos), em outros lugares isso pode significar uma sentença de morte.

Por isso, é urgente que ativistas, organizações, artistas, professores, estudantes e a sociedade civil como um todo se posicionem. O silêncio nos torna cúmplices.

📸 As imagens do protesto podem ser vistas nas redes da StandWithUs Brasil e foram amplamente divulgadas por veículos como CNN Brasil, Pleno.News e Gazeta do Povo.
https://www.instagram.com/standwithus_brasil/

📣 Compartilhe essa postagem. Amplifique essa causa. A luta pelos direitos LGBTQIA+ é global — e a solidariedade também precisa ser.


Paula, uma pessoa intersexo


 
Por Sergio Viula


Decidi resgatar uma experiência que eu tive em 12/02/2103, na cidade de Fortaleza, CE. 


Essa experiência de troca humana fantástica aconteceu na Praia do Futuro, que é pontilhada por barracas em estilo de choupanas. Tomei uns belos drinks (lembram?) e comi moqueca de arraia com um acompanhamento de arroz, maionese, batata frita e farofa - tudo simples, mas super gostosinho.

O melhor de tudo porém, foi ter conhecido Paula. Assim que cheguei, percebi que Paula era uma mulher especial, apesar de todas as mulheres terem algo de especial por natureza. Mas, Paula chamava atenção por ter alguns traços masculinos. De início, pensei que ela fosse uma mulher transexual em processo de feminilização. Decidi seguir o caminho mais seguro para descobrir como ela se identificava - perguntei qual era o seu nome. Assim, ela poderia indicar se preferia ser tratada no feminino, como eu imaginava. Ela me disse que se chamava Paula. 

Acontece que Paula não é transexual. De forma absolutamente tranquila, como deve ser quando se trata de nossa própria identidade, Paula me disse: "Sou hermafrodita". Apesar desse nome conjugar dois deliciosos deuses gregos - Hermes e Afrodite - e de Paula utiliza-lo para facilitar a compreensão popular quando comenta o assunto, as pessoas com essas características geralmente preferem ser chamadas de intersexo. Então, eu achei que nossa conversa fluiria melhor se ela soubesse que eu tinha algum conhecimento de causa:

- Paula, que privilégio para mim poder conhecer uma pessoa intersexo em pleno passeio em Fortaleza!

Ela me olhou surpresa e disse:

- Você acha?

Eu respondi:

- Claro. Eu mantenho um blog voltado para as questões LGBTI+, e que tudo que se refere ao tema me interessa. 

Ela ficou fascinada e eu acrescentei que adoraria conversar melhor sobre isso, inclusive para uma entrevista. Mas, Paula não tinha tempo para conversar - ela estava sempre atendendo os clientes do quiosque para cima e para baixo. Apesar da correria, ela tomava um um minuto ou dois para sentar ao meu lado e trocar mais uma palavrinha entre um pedido e outro. Ela só não topou gravar a entrevista em vídeo por uma razão absolutamente compreensível para a maior parte das mulheres: ela achava que não estava produzida para uma filmagem. De fato, Paula estava suada, com o uniforme e boné da barraca, e sem maquiagem. Entendi perfeitamente e fiquei super satisfeito com tudo o que conversamos e com a permissão dela para que eu transcrevesse aqui alguns detalhes da nossa conversa aqui.


******** 


Nome: Paula (prefiro ocultar o sobrenome dela)

Ocupação atual: garçonete

Estado civil: solteira

Gênero: Feminino

Sexo: Intersexo



Breve Histórico: 

Paula não foi criada pela mãe biológica, tendo logo passado aos cuidados de uma outra senhora. Tempos depois, uma babá a adotou como filha. É a essa senhora que Paula se refere como mãe. 
Infelizmente, por desconhecimento e (des)orientação dos médicos, a mãe encaminhou Paula para operações e tratamentos que lhe dessem uma configuração totalmente masculina por achar que ela deveria ser "definida" como garoto. 

Só mais tarde, um namorado explicou a Paula que ela, na verdade, era uma mulher. Em seguida, ela procurou uma médica que também constatou a intersexualidade de Paula e contou a ela que ela era dona de órgãos femininos. 

Depois disso, o namorado temia que ela pudesse engravidar por algum descuido deles, pois apesar da definição pelo masculino, ela era totalmente capaz de engravidar, já que um canal para a saída da menstruação havia sido mantido até que outras etapas do tratamento pudessem eliminar os órgãos femininos. Só que Paula não estava ciente de tudo que fizeram com ela quando ela ainda era muito pequena.

Paula não se sentia realmente homem, apesar de ter um pênis e tratamento hormonal para masculinização. Juntamente com essas características, ela possuía órgãos internos de mulher, podendo menstruar e até engravidar - o que seria super arriscado na condição em que ela se encontrava naquele momento. 

Então, Paula decidiu desistir do tratamento de masculinização e deixar a natureza seguir seu curso. Logo nasceram peitos, a voz começou a mudar para feminina, as funções sexuais masculinas "ficaram totalmente amortecidas" (como ela mesma diz) e Paula retomou sua feminilidade, porém com alguns traços masculinos deixados pelo longo período de masculinização. Com o tempo, esses traços provavelmente desaparecerão ou serão minimizados.

Agora, Paula é acompanhada por uma ginecologista e uma série de outros médicos, assim como um psicólogo e um psiquiatra também. Porém, ela não tem nada de mal resolvida. Pelo contrário, Paula coloca-se no mundo como a mulher que é, e vive em paz com as pessoas ao seu redor. Atualmente, ela mora sozinha. O romance com o homem que a ajudou a se reencontrar terminou por decisão dela, mas ele foi muito gentil, apesar do final do relacionamento, colaborando para que ela conseguisse estabelecer residência sozinha. 

A mãe de Paula reconheceu que errou ao tentar masculinizar a filha, optando por um dos sexos de nascença, e passou a apoiá-la integralmente no redirecionamento de sua identidade e sua performance de gênero.

A moral da história é que nenhuma pessoa intersexual deve ser submetida a qualquer tipo de 'adequação' contra sua vontade ou sem seu consentimento explícito. Pessoas intersexuais não têm que fazer qualquer escolha por um dos sexos anatômicos ou por um dos muitos papéis de gênero que ela pode assumir antes de ter consciência do que deseja, podendo inclusive manter os dois sexos e adotar um papel de gênero definido ou não. 

Ela me contou sobre um parente que lhe disse uma vez: 

- Mas tu não passou por todo um processo para ser homem? Eu te via como homem. Agora, tu me diz que aquilo tudo foi um erro...  Como é que eu devo te ver agora? O que é que tu é, afinal de contas?

Ela simplesmente disse: Como mulher, ora!

Eu agradeci muito pela confiança que Paula depositou em mim ao me contar essas e outras coisas. Fiquei extremamente feliz quando ela me disse:

- Sergio, que bom te conhecer. Nossa conversa me fez muito bem.

Respondi:

- Você não imagina o quanto sua vida e relato enriqueceram minha vida hoje!

Trocamos contatos e nos despedimos. Fui pagar a conta direto no caixa. E, lógico, fiz um elogio bem caprichado à Paula e a seu atendimento. A dona do estabelecimento ficou radiante. 

Faça o mesmo sempre que você for bem atendido por uma pessoa LGBTQIA+. Elogie o trabalho dessas pessoas para elas mesmas e para seus superiores na hierarquia da empresa, deixe uma gorjeta, faça um comentário positivo em suas redes sociais e marque a empresa. Essa é uma forma super simples e rápida de empoderar nossa comunidade. 

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