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Antes que o galo cante três vezes... kkk

Por Sergio Viula


Antes que o galo cante três vezes (hehehe), 
eu terei completado mais uma volta em torno do sol. 



Ao longo dessa semana, escrevi um post em forma de crônica a cada dia, fazendo uma contagem regressiva até o dia 08. A última crônica dessa série está agendada para amanhã, logicamente.

Como qualquer pessoa que publica um texto seu, eu fico muito feliz quando as pessoas o leem. Fico mais feliz ainda quando o comentam. Mas, independentemente do fluxo de leitores que um texto possa atrair, eu mantenho sempre em mente que esse blog acumula duas funções fundamentais: compartilhar minhas ideias com os interessados nelas e arquivar memórias às quais eu possa recorrer sempre que não consiga lembrar de algum detalhe sobre determinada experiência vivida.

Assim sendo, gostaria de registrar mais algumas aqui.



Minha aulas nessa quarentena

Tenho dado aulas exclusivamente online desde o dia 14 de março. Na verdade, já dou aulas online há bastante tempo, mas, antes, eu o fazia com alunos particulares. Agora, preciso trabalhar também com grupos da escola de idiomas onde trabalho. Sem dúvida, são experiências que guardam muitas diferenças entre si. Cada uma dessas modalidades tem seus pontos forte e fracos, distintamente. Porém, de uma forma ou de outra, as experiências costumam ser bastante positivas.

Pessoalmente, tenho muita satisfação em interagir com meus alunos e colaborar para o seu desenvolvimento. À medida que busco esse objetivo, através de cada atividade realizada em sala ou fora dela, aprendo muito com eles também. Já fiz alguns grandes amigos tanto nas aulas particulares como nas aulas em grupo. A maioria, porém, costuma concluir o curso em algum momento e sumir no horizonte. Não posso reclamar. Se eu parar para pensar em quantos professores contatei depois de terminar algum curso ou nível escolar, eles talvez cheguem a pouco mais do que meia-dúzia: dois deles eram professores de inglês e me deram aula na adolescência, uma foi minha professora no antigamente chamado ginásio, e quatro foram meus professores na graduação ou pós-graduação.


Professores que ficaram na memória


Tive a oportunidade de encontrar dois dos meus professores favoritos de inglês dos tempos de adolescência. Um desses professores era meu xará (Sergio Lima) e a outra foi minha professora em dois períodos (Rosely Faria). Procurei deliberadamente por eles anos depois de ter sido aluno de ambos. Foi dois encontros muitos especiais.

Do período escolar, destaco a professora Ana Maria, cujo sobrenome me é totalmente desconhecido, infelizmente. Ela foi minha professora de ciências na quinta-série (sexto ano hoje). Dna. Ana Maria, como eu a chamava, era extremamente inteligente, criativa no modo como dava aulas, carinhosa com os alunos, e nutria uma afeição quase maternal por mim num período que me foi muito difícil - uma fase durante a qual eu sofria muito bullying homofóbico na escola. Dna. Ana Maria fez o que pôde para me fazer perceber que não havia nada de errado comigo; nada de errado em ser gay! Ela era mãe de uma linda menina e um lindo menino - ambos bem pequenos naquele tempo. No meu aniversário de 11 anos, ela veio à minha festa em casa, trazendo as duas fofuras. Não sei se ela está viva ainda, porque faz muito tempo que não a vejo. Quando deixamos de nos ver, não havia celular ou internet ainda.

Do nível acadêmico, mantenho contato e profunda admiração por minha professora de filosofia, a Dra. Dirce Eleonora, que também me orientou em minha dissertação no final do bacharelado. Ela se tornou uma querida amiga e continuamos a manter contato pelas redes sociais. Tive vários professores excepcionais naquele departamento, mas não mantive contato com a maioria, infelizmente.

Outra exceção do período em que estudei filosofia é o meu querido Claudio Pfeil, professor de fenomenologia, com ampla formação em filosofia e psicanálise. Aprendi muito sobre a filosofia sartreana com ele. Somos grandes amigos e mantemos contato quase que diariamente via WhatsApp. Ele é o idealizador da Casa Vitral, espaço de divulgação de filosofia, psicanálise, artes e outras humanidades no Rio de Janeiro.

Do mestrado em linguística, mantenho contato com os queridos professores doutores Poliana Coeli e Bruno Deusdará. São tão formidáveis como professores quanto o são como seres humanos! Poliana foi minha orientadora. Pessoa maravilhosa e extremamente zelosa, ela me proporcionou momentos muito especiais de troca e aprendizado. Bruno participou de muitos desses momentos. Ele é de uma capacidade analítica impressionante também.

Não faltou incentivo por parte dos meus professores do programa de mestrado para que eu seguisse adiante e fizesse um doutorado. Destaco como incentivadores os seguintes queridos professores: Sandra Bernardo, Bruno Deusdará, Poliana Coeli, e o diretor do departamento Décio Orlando S. da Rocha.

Nota: Eu teria colocado apenas Décio da Rocha para seguir o modelo de prenome mais um sobrenome na lista acima, mas isso produziria uma cacofonia curiosa ("Desce-o da rocha"). Por isso, coloquei seu nome completo. Aproveito para mandar um abraço carinhoso a todos os professores citados nesse post. 


Um abraço especial para o meu querido William dos Santos Soares, professor da UFRJ, que não me deu aula, mas me ensinou e continua ensinando muito. Ele foi professor convidado para a minha banca de mestrado, mas já havia trabalhado comigo numa escola de idiomas bem antes de se tornar um acadêmico. Esse é uma daquelas belas exceções de que eu falava acima, quando comentei sobre mestrado e doutorado.


Por que não fui adiante, então?

Primeiro, confesso, porque eu estava exausto. Só quem já fez um mestrado, especialmente almejando excelência no trabalho realizado, sabe como esse programa pode ser devastador física e mentalmente. Quando terminei, não queria nem pensar em ler ou escrever por um bom tempo. Mas, como poderia fazer isso se sou professor e tenho que lidar diariamente com as letras?

Segundo, porque é muito triste ver que dificilmente encontramos espaço para atuar dentro do nosso campo de pesquisa nesse país.

Terceiro, e tão ruim quanto isso, é ter que reconhecer que dificilmente essa especialização produzirá ganho financeiro real em nossa esfera pessoal de trabalho.

Em outras palavras, a pós-graduação não melhorou meus rendimentos na empresa em que atuo e não me garantiu espaço em outra ramo de trabalho, no qual pudesse aplicar meus conhecimentos diretamente.

Vale lembrar que um programa de doutorado exige quatro anos de sua vida! Decidi não encarar...

Lamento dizer, mas para cada exceção que algum leitor possa me apontar aqui, apresentarei dez outras que confirmam o que estou dizendo. Acredite, não estou falando inconsequentemente ou ressentidamente. É apenas uma constatação. Trata-se de um fato.

Quem quiser fazer pesquisa, faça-a por seu desejo de expandir conhecimentos. Se o seu trabalho for recompensado ao longo do caminho, parabéns, aproveite a oportunidade! Mas, saiba que você faz parte de uma diminuta minoria. Lembre-se que muita gente igualmente competente (ou até mais) nunca terá a mesma chance, não pelo menos pelo tempo em que país for governado por gente mais estúpida que uma ameba, do tipo que despreza a ciência em suas mais variadas vertentes.

A boa nova é que como não há limite para o que possamos aprender, assim como também não existe apenas um meio para se construir conhecimento, continuo estudando e aprendendo continuamente por minha própria conta.

Atualmente, porém, dedico mais tempo a me aprofundar em áreas que tenham a ver com o que ensino. Também me interessa muito saber cada vez mais sobre diferentes abordagens pedagógicas que possam ser aplicadas ao aprimoramento das minhas aulas.


Uma triste constatação em sala de aula 


Lamentavelmente, por motivos os mais diversos, muitos alunos falham em aproveitar o que é disponibilizado para eles dentro e fora de sala.

Por outro lado, felizmente, existem outros alunos que fazem uso de tudo o que é proposto.

A diferença de resultados é notória! Vê-se claramente o progresso daqueles que foram mais cuidadosos e empenhados em dominar os conteúdos apresentados.

Ontem, especialmente, fiquei profundamente mal impressionado durante uma aula. Perguntados sobre um determinado assunto, os dois alunos presentes não conseguiram desenvolver uma discussão relativamente simples para o nível deles.

Veja bem, não foi por falta de vocabulário ou de conteúdo gramatical compatível com o nível da conversa. Não mesmo. Daí, a minha perplexidade.

Na verdade, ambos ficaram empacados, dando desculpas para não se engajarem na discussão proposta por motivos que aparentemente não mantém qualquer relação com capacidade linguística de qualquer um dos dois, mas, sim, com a falta de pensamento lógico e criativo, bem como de habilidades comunicativas que estão para além do léxico. Há coisas que dizem respeito ao 'jogo' do diálogo. Numa atividade de conversação, saber manter a bola rolando é mais importante do que marcar um gol.

Provoquei os dois de várias maneiras. Usei perguntas indutivas, apresentei mais informações sobre o assunto (curtas e fáceis de absorver), mostrei fotos, e mesmo assim, eles continuaram andando em círculos. Não foram capazes de fazer conjecturas, deduções, relações com a vida cotidiana, com aquilo que veem e ouvem na TV ou na Internet, e por aí vai.

Observem que estou falando de dois adultos graduados e inteligentes, que não conseguiram sair do rasíssimo diálogo do "gosto/não gosto", "vejo/não vejo", quando deveriam já estar debatendo o que foi proposto. Vale dizer que a questão colocada nasceu de um questionamento feito por um desses mesmos alunos durante uma atividade que pretendia estimular a fala.

Em resumo, fui atropelado pelos fatos como por uma carreta! E qual foi o fato devastador? A constatação de que as pessoas atravessam anos de escolarização só para chegarem ao final deles - inclusive com pós-graduação - sem a menor capacidade de inferir, deduzir, comparar, contrastar, questionar, enfim, pensar lógica e criticamente. E a pergunta que eu me faço (e estendo a vocês) é:

De que adianta dominar mais de um idioma se você não sabe o que fazer com isso na vida real?


E daí?


E daí que nunca foi tão urgente e importante filosofar.

Mas, por favor, "não me venham com churumelas", como dizia o nobilíssimo professor Girafales. Não me venham com cacarecos tirados de crenças religiosas, místicas, míticas ou de autoajuda, como se tais coisas fossem, em qualquer medida, sinônimos de Filosofia de fato. Tal confusão só demonstra mais uma vez o que acabei de dizer: Nunca foi tão importante e urgente filosofar!

E como estou falando, entre outras coisas, de completar mais um ano de vida, quero concluir a crônica de hoje com um pensamento de Epicuro, filósofo grego, nascido em Samos em 341 a.C. e falecido em 271 ou 270 a.C. em Atenas.

Vou dividir o texto em três partes numeradas para facilitar a compreensão. Originalmente, não há essa numeração.


1. Aquele que melhor sabe enfrentar o temor de inimigos externos transformou, como que em uma família, todas as criaturas que pode;

2. quanto as que não pode, ao menos não as tratou de modo hostil;

3. quando até isto lhe pareceu impossível, evitou qualquer contato e fez tudo o que seria útil para mantê-los à distância.


Em outras palavras, relacione-se intimamente com aquilo e aqueles que lhe fazem bem, ou seja, que colaboram para maximizar o prazer e minimizar as dores da sua existência; relacione-se apenas cordialmente com aquilo e aqueles que, por suas próprias razões, não "fedem nem cheiram"; e, por fim, fique longe de tudo e de todos os que impeçam ou atrapalhem a maximização do prazer e a minimização das dores que acometem sua vida.

Ainda sobre esse terceiro grupo, gostaria de encorajá-lo(a) a livrar-se especialmente de cinco temores que vampirizam sua vida. Esses temores também foram alvo do pensamento de Epicuro. São eles:


1. o temor do 'divino'


2. o temor da morte


3. o temor do que o futuro lhe reserva


4. o temor de si (culpa, remorso)


5. o temor dos outros (o que pensam e o que podem fazer contra você)


Observe que não há como viver bem dominado pelo medo.

Amanhã, encerro um ano e começo outro. Porém, um ano é feito de dias. E nada melhor do que viver sem medo e sem ansiedade cada dia de nossas breves vidas. Pense nisso.

Até amanhã.

Gazeta do Povo: Liminar inédita no país suspende o Escola Sem Partido em Curitiba

Foto: Internet


Liminar deferida pela 2ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba trancou a tramitação na Câmara Municipal do projeto Escola Sem Partido. O pedido de suspensão faz parte de um mandado de segurança ajuizado pelos vereadores Goura (PDT), Professora Josete (PT), Professor Euler (PSD) e Marcos Vieira (PDT). Com a liminar, a proposta não pode ser levada à votação em plenário, até que a Justiça analise o mérito da questão. A decisão, da última sexta-feira (15), é inédita no país.

Ao conceder a liminar, o juiz substituto Thiago Flôres Carvalho observou que o Supremo Tribunal Federal (STF) já reconheceu “que a liberdade de ensinar e o pluralismo de ideias são princípios e diretrizes do sistema educacional nacional”. Portanto, estabelecer legislação sobre o tema é de competência exclusiva da União – não de câmaras municipais ou assembleias legislativas, segundo a decisão.

O projeto Escola Sem Partido que teve a tramitação suspensa é de autoria de três vereadores da bancada evangélica – Thiago Ferro (PSDB), Ezequias Barros (PRB) e Osias Moraes (PRB). A proposta proíbe que os professores “se aproveitem de audiência cativa dos alunos para promover seus próprios interesses, opiniões, concepções ou preferências”.

O projeto vinha em andamento na Câmara e teve três pareceres contrários expedidos por comissões da Casa. Agora, os parlamentares têm dez dias para enviar eventuais informações adicionais à Justiça, antes da decisão em definitivo.

O advogado Maurício Corrêa Rezende – da Bentivenha Advocacia Social e um dos que assina a ação em nome dos vereadores – manifestou expectativa de que a Justiça mantenha a suspensão do Escola Sem Partido, ao analisar o mérito do mandado de segurança.

“Trata-se de um projeto proposto por autoridade que não tinha competência jurídica para isso e que viola competências da federação”, resumiu o advogado. “Somos completamente a favor do diálogo, mas pelo diálogo que passe pelos pressupostos da Constituição”, acrescentou.

Decisão inédita

A liminar concedida pela 2ª Vara de Fazenda Pública de Curitiba é a primeira decisão a suspender um projeto do Escola Sem Partido, antes de sua aprovação. Em outros municípios – como Paranaguá (PR) e Jundiaí (SP) –, as leis municipais chegaram a ser aprovadas, mas, posteriormente, foram declaradas inconstitucionais pela Justiça.

Na avaliação dos advogados que moveram a ação em Curitiba, a decisão da 2ª Vara de Fazenda Pública abre um entendimento que deve ser replicado em outros projetos semelhantes, que estão em tramitação em câmaras de outras cidades ou em assembleias legislativas estaduais.

“A grande vitória é que se trata da primeira decisão a barrar o Escola Sem Partido ainda em sua tramitação. É uma hipótese de controle judicial preventivo, antes de as leis serem aprovadas. Isso deve ser uniforme no país inteiro”, disse Rezende.

Na Assembleia Legislativa do Paraná, uma proposta de instituir o Escola Sem Partido nos colégios estaduais também está tramitando. A propositura já passou pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, o que a torna apta para ir a plenário.

Veja a matéria na íntegra no Gazeta do Povo.
https://www.gazetadopovo.com.br/politica/parana/liminar-inedita-no-pais-suspende-o-escola-sem-partido-emcuritiba-59zqrlq8li7rpoxcl9sev3izo

Dia dos professores: compartilhando para inspirar




Por Sergio Viula


Dia 15 de outubro é dia dos professores, essa classe essencial para nossa sociedade, mas geralmente ignorada. Pelo menos, até o que o "boneco" entre em recuperação ou prova final. hehehehe Fato. Há pais de alunos menores que não dão a mínima às dificuldades que o filho enfrenta ou promove em sala de aula. Sim, porque existem alunos com dificuldade de aprendizagem, mas também existem aqueles que vão para a sala de aula com os mais diversos objetivos, menos aprender alguma coisa.

Infelizmente, não percebem que o mundo fora da sala de aula não será tão tolerante quanto os professores que tentam prepara-lo para enfrentar a realidade lá fora. O "mercado" tem sido impiedoso até mesmo com indivíduos super especializados, imaginem com alguém que, apesar de alfabetizado, é incapaz de interpretar um texto! Ou tome como exemplo alguém que sabe as quatro operações básicas da matemática (soma, subtração, multiplicação e divisão), mas não tem a menor ideia de como utiliza-las para algum fim, além de calcular quantos pontos faltam para seu time vencer o campeonato. Mais ainda, tome alguém que "estuda" uma língua estrangeira, termina um curso depois de anos de "estudos", e não sabe expressar um ponto de vista que vá além do "eu acho...", "eu gosto...", "eu não gosto...".

E tudo isso por quê? Simplesmente porque nunca se interessou de fato ou, na pior das hipóteses, teve um professor de meia tigela que nunca buscou alternativas inteligentes que pudessem favorecer o aprendizado. Isso acontece, e todo mundo, inclusive eu, conhece algum.

Contudo, na minha experiência diária atual, o que tenho visto é um magistério empenhado em ensinar, assim como muitos alunos ávidos por aprender, mas existe sempre uma "meia-dúzia" que não quer nada com a hora do Brasil, como diz meu pai. ;) Ainda assim, o professor comprometido não desiste, mesmo sabendo que os resultados nunca chegarão perto dos obtidos por ele e por aqueles alunos que são tão comprometidos quanto ele.

Quem me dera que os alunos, cujos pais tanto investem neles entendessem o valor (mais do que o custo) de tudo isso!

Quem me dera os pais entendessem que professores não fazem milagres e que eles mesmos precisam se envolver no processo pedagógico, fazendo sua parte em casa. Mas, com isso quero dizer algo totalmente diferente de tarefa do "bonequinho", porque, caso contrário, "tadinho", ele não vai saber fazer... Fazer isso pode levar esse "pobrezinho" a nunca enfrentar desafios com segurança, com auto-estima, com empenho, com disposição para o sacrifício, para o esforço pessoal. O dever de casa está completo, mas o aluno continua incompetente naquele tema, tanto quanto era antes de seus espertinhos pais fazerem o que ele mesmo deveria ter feito.

Quem me dera os pais não enfiassem o filho em zilhões de tarefas ou atividades extra escolares que só os estressam, exaurem e fazem com que entrem em sala de aula como zumbis querendo dormir por um milhão de anos. O professor pode dançar a rumba que o aluno não terá a menor reação. O corpo está ali, mas a mente só enxerga travesseiros.

Quem me dera as escolas deixassem de agir como fábricas, achando que basta "fabricarem" uma infinidade de artigos, leiam-se tarefas, para se mostrarem eficientes em sua "linha de produção". Essa fábricas de doidos multiplicam disciplinas, provas e projetos de todos os tipos - todos ao mesmo tempo, diaa após dia, incluindo finais de semana - pensando que assim justificarão os altos preços das mensalidades junto aos pais que confundem filho ocupado com filho sem encrenca. Canso de perguntar aos alunos na segunda-feira: "O que vocês fizeram no final de semana?", e ouvir: "Estudei." For dog's sake (lol), todo mundo devia ter um dia de descanso, de mudança de rotina, de desopilação, mas esses alunos estudam neuroticamente para três provas em cada dia da semana que vai se iniciar, todos os dias.

Bem, provavelmente, essa não é a realidade de todos os alunos e professores. Estou me referindo a alunos de classe média, estudando em escolas particulares. É claro que, na rede pública, os professores reclamam do contrário: os alunos não estudam como deviam, seja em sala ou em casa. É gritante o contraste entre a carga de informação que têm os alunos anteriormente mencionados e estes. Mas, nem sempre tais conteúdos foram adquiridos na escola.

Os alunos a que me referi antes costumam viajar pelo Brasil e pelo mundo a cada período de férias, e voltam cheios de experiências na bagagem. Além disso, geralmente têm pais que não ficam apenas discutindo a violência na favela, a invasão da polícia, as contas a pagar no final do mês, a gravidez precoce da própria filha ou da filha da vizinha, com que roupa vai ao baile funk, que horas é o churrasco na laje da dona fulana, o que o pastor disse para fazer ou deixar de fazer, e por aí vai. Os pais daquelas crianças e adolescentes viajados têm negócios: são engenheiros, médicos, advogados, pesquisadores, enfim, seus filhos estão expostos a conversas que os colocam em contato com realidades e desafios aos quais as crianças das camadas mais pobres dificilmente terão acesso. E por isso mesmo é que eu sou a favor de políticas inclusivas para reduzir as desigualdades. Pelo menos, para dar aos interessados em superar a pobreza uma margem maior de chances do que teriam se fossem deixados à própria sorte.

Mas, ninguém se engane. Não são todos os alunos oriundos desses lares abastados que pensam acima da média, especialmente quando o papo é sociedade, diversidade, políticas de promoção social, e coisas desse gênero (muitos só pensam na tristeza de não terem ainda o último lançamento da marca tal nos EUA que ainda não chegou ao Brasil - futilidade total!). Do mesmo modo, nem todo aluno das camadas mais pobres é apenas um produto do meio que o circunda. Já tive alunos extraordinariamente inteligentes, informados, críticos e inclusivos em turmas de projetos sociais com os quais trabalhei em favelas.

E aí vemos que os extremos são sempre prejudiciais: estudar neuroticamente ou não estudar de modo algum são comportamentos igualmente danosos para a saúde mental e a vida social ou para a preparação para o futuro. Ambos cobram algum preço.

O equilíbrio é tudo. E cada um precisa encontrar o seu nessa empreitada que se chama educar(-se): professores, escolas, pais e alunos.

Não apenas isso, mas a sala de aula tem que ser um ambiente de crescimento em termos de conteúdos, mas também de expansão de horizontes, seja no que diz respeito a si mesmo, ao outro mais próximo, bem como em relação às realidades mais distantes, porque, no final das contas, tudo isso pode e deve ser integrado e usado para construir o novo, o mais excelente, o que promove mais felicidade, mais prosperidade, mais conforto para si mesmo e para o mundo ao seu redor.

E aqui vai uma homenagem especial aos professores que se feriram em sua missão de ensinar. Meus votos de superação e felicidade plena àqueles que já foram ameaçados e agredidos por alunos; àqueles que já foram injustiçados por diretores, coordenadores e afins; àqueles que já foram demitidos por politicagem de alunos e/ou seus pais, quando esperam que o professor seja um "doador de médias" e não um "facilitador da aprendizagem" de fato; àqueles que já foram discriminados por serem LGBT, negros, mulheres, portadores de necessidades especiais, moradores de bairros menos favorecidos; àqueles que foram aposentados antecipadamente por invalidez, devido ao stress descomunal a que foram repetidamente submetidos em sala de aula e em outras dependências da escola, seja na relação com alunos, pais, colegas de trabalho ou "superiores" na hierarquia de comando. A todos esses e muitos outros, um abraço especial e meu encorajamento a que se vejam, antes de tudo, como seres humanos belos, inteligentes, criativos e interessantes, e não apenas como uma engrenagem nessa máquina de produção de mão-de-obra que deixa a desejar até nisso. Caso continuem no magistério, apesar de toda essa pressão em contrário, tenham coragem e força sem perderem a doçura. E acima de tudo, aquele saudável orgulho próprio, aquele prazer de ser quem se é - o que não tem nada a ver com a prepotência ou a soberba. Caso tenham deixado o magistério, que sejam bem-sucedidos por onde quer que forem.

Um parabéns especial aos professores que se aposentaram por tempo de serviço, exercendo a função sem jamais terem perdido o "tesão" pelo ofício, pelo desenvolvimento pessoal e dos outros. VOCÊS SÃO HERÓIS E HEROÍNAS!

Nesse dia dos professores, preparei esse vídeo que você poderá assistir abaixo, falando um pouco da minha experiência como professor e do que considero ser o nosso papel para além de qualquer relação de compra e venda. Assista. Depois deixe um comentário. Essa troca é preciosa.

Feliz dia dos professores!


Sergio Viula

Vamos nos encontrar nessa sexta, dia 18/09/15?



Vamos nos encontrar nessa sexta, 18/09/15, às 18h, no auditório Paulo Freire


1ª Opção: Utilizar os ônibus CENTRAL–SEROPÉDICA ou CASTELO–SEROPÉDICA, da Viação Real Rio. O primeiro sai do Terminal Américo Fontenele, na Central do Brasil, e o segundo do Terminal Menezes Cortes, no Castelo.

2ª Opção: Pegar o trem saindo da Estação Dom Pedro II (Central do Brasil). Nesse caso, deve – se desembarcar em Campo Grande e tomar, próximo a Estação Ferroviária (Rua Campo Grande), um dos seguintes ônibus da Empresa Real Rio: Campo Grande – Seropédica.

3ª Opção: Da Rodoviária NOVO RIO tomar os ônibus CENTRAL–SEROPÉDICA ou CASTELO–SEROPÉDICA, da Viação Real Rio no ponto de ônibus próximo a passarela em frente as DOCAS do RIO DE JANEIRO

Dia dos Professores, ciência, religião e humanismo



Dia dos Professores

Por Sergio Viula


Existem professores de todos os tipos, porque tudo o que se sabe pode ser compartilhado, e quando isso é feito por alguém que se dedica à arte de facilitar a aquisição desses conhecimentos, então isso é magistério.

Porém, ao mesmo tempo em que isso é fato, pode ser também problema, pois, por um lado, significa que existirão professores que divulgarão conhecimentos verdadeiros, adequadamente verificados e verificáveis caso se sua consistência seja posta em dúvida.

Por outro lado, também existirão professores que ensinarão coisas contrárias ao conhecimento científico como se fossem verdades absolutas, mesmo quando se chocam com o que já foi verificado, experimentado, descoberto, compreendido e sistematizado por cientistas, inventores, historiadores, filósofos, etc. Nessa categoria encontram-se os mitos e fábulas religiosos ensinados como verdade absoluta e inquestionável.

Entre o cientista numa ponta e o teólogo na outra, ficam os indispensáveis professores das diversas artes e humanidades que tanto enriquecem nossa existência, instigam nossa emoção, percepção e pensamento. A estes, nosso muito obrigado por compartilharem suas obras e por nos ensinarem suas técnicas.

Como seríamos pobres se tivéssemos somente os computadores de Steve Jobs, mas não tivéssemos as pinturas de Leonardo da Vinci ou de Michelangelo ou a arte de Salvador Dali e Romero Brito - todas deslumbrantes, ainda que tão diferentes entre si. E o mesmo poderia ser dito ao contrário.



Papa Urbano VIII condenou Galileu por sua defesa do heliocentrismo, mas posteriormente Galileu recebeu indulgência plena e a bênção do papa e morreu aos 78 anos em sua própria cama.


Galileu defendeu o heliocentrismo contra a ideia amplamente aceita de que que o sol girava em torno Terra.

Mas, voltando à questão do professor que reproduz conhecimento verdadeiro e aquele que ensina fábulas como se verdades fossem, vale ressaltar que a Igreja Católica gaba-se de seus mestres, alegando que seu magistério, juntamente com a tradição e a bíblia, constituem a mais absoluta verdade. Portanto, de acordo com essa crença, os sacerdotes detêm a verdade e a ensinam fielmente aos filhos de Roma, que, por sua vez, devem recebe-la sem questionamento, sob o risco de blasfêmia ou heresia. Sem esquecer que, numa escala micro, existem ainda os catequistas, os quais atuam sob a vigilante orientação dos párocos.

Semelhantes à igreja romana nesse ponto, as Igrejas Protestantes gabam-se de seus pastores e reverendos como mestres da sã doutrina, mantendo incontáveis professores de Escola Bíblica Dominical (a famosa EBD), os quais geralmente não abrem somente o texto bíblico para trabalhar com suas classes, mas também possuem alguma edição do que costuma se denominar como "revista de EBD".

Esses dias fiquei horrorizado ao perceber que a revista que a igreja dos meus pais utiliza é produzida pela Central Gospel do Silas Malafaia. Passando pela sala-de-estar, dei de cara com uma foto do pastor-showman logo na capa. A igreja dos meus pais nem é Assembleia de Deus, e o povo de lá nutre a fantasia de que seja uma igreja equilibradíssima, confiabilíssima, mas como atribuir esses adjetivos corretamente a uma igreja que adota o material viciado em todo tipo de preconceito publicado pela editora do pastor Silas Milionário? Por aí, vocês podem imaginar o que vem sendo ensinado pelas milhares de classes de EBD espalhadas por esse Brasil todo domingo!


Lição 3 dessa edição: Tema da lição "A Homossexualidade é Condenada por Deus"
- o redator é o próprio Silas Malafaia


Aliás, essas editoras evangélicas descobriram que EBD pode ser um filão ($) fantástico. Veja só. A média dos brasileiros dificilmente compra um livro pelo simples prazer da leitura (por ano!), mas todas as pessoas da igreja precisam comprar uma revista de EBD para frequentar as classes dominicais (ou sabatistas, no caso do Adventismo do 7º Dia). Numa família de 4 ou 5 pessoas, cada um tem a sua própria revista. Agora, imagine uma igreja com 1.000 pessoas (existem várias delas; algumas até com mais), só aí são 1.000 revistas! E elas geralmente são trimestrais. Isso significa que aquela editora venderá 4.000 revistas por ano só para aquela igreja ali. Sem falar nas incontáveis portinhas de garagem transformadas em templo que existem por aí. É um super negócio! Infelizmente, um negócio que enriquece alguns e condena ao obscurantismo tantos outros. É triste pensar num país que carece tanto de conhecimento científico mergulhando cada vez mais na Idade das Trevas editada e reeditada nas páginas dessas revistas e na fala desses professores.

Só para se ter uma ideia, esses professores de EBD multiplicam textos que difamam a ciência, desprezam o evolucionismo, ridicularizam os movimentos sociais libertários, perseguem os homossexuais, espalham informações distorcidas sobre DST/AIDS e sua prevenção, geralmente criticam métodos contraceptivos, engessam hierarquias, reproduzem machismo, difamam grandes pensadores, além de instilar medo e culpa em crianças, jovens e adultos. Isso tudo contraria o próprio conceito de magistério ligado à ideia de multiplicar o conhecimento e ajudar os indivíduos a tornarem-se autônomos e capazes de construir biografias felizes, criativas e produtivas para si mesmos e para a sociedade em que estão inseridos.

Esse ódio (ou ressentimento) contra o conhecimento científico, do qual os crentes (quaisquer que sejam eles) ironicamente dependem tanto quanto qualquer ateu ou agnóstico, projeta-se principalmente contra os médicos.


O próprio mito do Éden estabelece essa inimizade entre conhecimento e submissão a deus.


Esses estudiosos que colocam o conhecimento a serviço do bem-estar físico e mental dos seres humanos, a quem chamamos médicos, são alvo de muita maledicência nesses círculos religiosos.

É comum ouvirmos pregadores, que nada mais são do que autoritários professores de doutrina religiosa, dizendo que "Jesus faz o que os médicos não podem fazer" ou que "Jesus faz melhor que qualquer médico, porque não deixa cicatriz nem provoca efeito colateral", e por aí vai. Quanta gente já morreu ou teve seu quadro de saúde complicado por dar ouvidos tais pegadores de ilusões! Quanta gente já suspendeu tratamentos vitais porque esses ministros do erro disseram que seria falta de fé em deus e na cura divina continuar com os remédios! Isso sem falar no descaramento e ingratidão por parte das pessoas que só sobreviveram, graças à competência de um homem ou uma mulher que estudou anos a fio e continua se especializando o tempo todo, cujos testemunhos nos púlpitos ou programas religiosos de TV mentem dizendo "Jesus me curou", quando foram os profissionais da saúde com um aparato milionário, construído graças a diversas ciências combinadas, que restauraram sua saúde.

Alguém aqui já viu um milagre de fato? Uma perna amputada crescer de novo? Ou um olho extirpado do globo ocular ser substituído por outro? Ou um órgão falido ser trocado por outro sem ajuda de transplante? Nunca!

As igrejas estão cheias de gente em cadeiras-de-roda, apoiadas em bengalas, com deficiência auditiva, visual, MENTAL! E essas pessoas continuam assim até morrerem, sem jamais serem "agraciadas" com um milagre decente! Nada do que se ouve desses milagreiros do erro pode ser conferido a olho nu ou mediante exame. Quando há alguma cura, tem medicina no meio ou trata-se de algum desequilíbrio que o próprio organismo consegue eliminar. Além disso, existem aqueles que juram que foram curados e morrem logo em seguida. Tive amigos queridos que passaram por isso em igrejas pentecostais, principalmente.

Enquanto isso, a ciência vai desenvolvendo tecnologia para fazer tetraplégicos se moverem!!! Universidades como as de Oxford, Duke, Cambridge estão trabalhando nisso e obtendo fantástico êxito. Já existem amputados das pernas correndo olimpíadas! Enquanto isso, as religiões continuam ressentidas por seu fracasso, muito mais ainda quando percebem que não há limites para o conhecimento humano. E por isso mesmo tentam embarreirar o avanço da ciência em áreas como aquelas das pesquisas com células-tronco, nanotecnologia, etc. Estas, porém, é apenas as mais atuais das controvérsias geradas por gente que se opõe ao conhecimento científico, por se basear em crenças míticas. Não são as primeiras, contudo. Os religiosos já foram contra a vacinação, o transplante, a transfusão, etc. Já se opuseram ao avanços na astronomia, paleontologia, ciências da reprodução humana e do controle da natalidade, e por aí vai.

Contudo, é ao médico - e aos mais caros - que recorrem esses pastores milionários quando têm qualquer problema de saúde. Um caso emblemático recente foi o do milagreiro Valdemiro - dono da Igreja Mundial do Poder de Deus - que diz curar até AIDS (charlatão!), mas procurou o hospital Albert Einstein para curar seu joelho. Mais detalhes aqui:  https://www.paulopes.com.br/2011/12/milagreiro-valdemiro-procurou-um.html#.UHwVdW_BFVU&gsc.tab=0


Kaká se submetendo aos bispos Sônia e Estevam Hernandes


Fico muito triste quando vejo celebridades, especialmente do futebol - que poderia ser um veículo super eficiente de incentivo ao conhecimento, especialmente para os mais jovens - investindo milhões nessas igrejas. Kaká (que continua crente) foi fervoroso defensor da Igreja Renascer durante muito tempo. A mesma igreja cujos bispos-fundadores (leiam-se "donos") foram presos nos EUA. A mulher dele chegou a ser ordenada ao pastorado lá. Agora os dois estão desligados daquela igreja e não duvido que estejam investindo uma nota em alguma outra denominação ou congregação semelhante... Eles poderia investir esses preciosos recursos em iniciativas educativas baseadas em ciência de fato, ou investir em pesquisa científica, como faz Bill Gates que já destinou bilhões de dólares aos estudos para combater a AIDS e o câncer.


Rivaldo abrindo igreja em Angola


Ontem (domingo, 14/10/12), assistindo o programa Esporte Espetacular, fiquei sabendo que o famoso jogador Rivaldo está alocando muita grana para financiar igrejas em Angola. Ele chegou a dizer que já existem muitas igrejas na África, mas que muitas ainda são necessárias. Não consigo deixar de me perguntar por quê Rivaldo não investe em escolas de qualidade naquele país que de superstição, já passou da cota?! Para que encher aquelas mentes com mais superstição, castração, medo, culpa, etc.? Na realidade, o que os angolanos precisam é de mais ciência, tecnologia, arte, filosofia, e por aí vai. Eles não precisam de mais igrejas e pregadores que vivam do dinheiro suado e sofrido de tantos miseráveis.

O Brasil vem descobrindo que ciência pode ser um bom negócio. Aquela ideia do cientista abnegado enfiado num laboratório na garagem tentando inventar alguma coisa para depois patentea-la já era! Ainda existem esses 'heróis' por aí, mas atualmente o quadro principal é outro. Grandes empresas têm percebido o potencial financeiro por trás do conhecimento verdadeiro colocado a serviço de soluções para os mais diversos dilemas das interações humanas. Outras têm percebido que sua própria sobrevivência e expansão dependem de cabeças inteligentes, criativas e capazes de construir novos conhecimentos. Um exemplo interessantíssimo sobre isso no Rio de Janeiro é a parceria entre a UFRJ e a Petrobrás no campus da Ilha do Fundão. A entidade federal cuja existência dedica-se a construção e propagação do conhecimento está trabalhando com uma empresa cuja existência destina-se a produzir lucro através da exploração, industrialização e comercialização de energia (petróleo, gás, etc.). É curioso ver como ambas estão ganhando com isso, e com elas, a própria sociedade.


Parque tecnológico da Ilha do Fundão - Rio de Janeiro


A coisa funciona, grosso modo, assim: A UFRJ recebe investimentos em seu campus e pessoal, e em contrapartida dá espaço e coopera com a Petrobrás, que - graças a isso - deu um salto em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias. Até o meio-ambiente está ganhando com isso, porque graças a essa parceria, biólogos, oceanógrafos e profissionais correlatos estão envolvidos em projetos de recuperação e preservação do entorno da ilha. Vegetação nativa está sendo recuperada, espécies marinhas e do mangue estão se multiplicando. Até mesmo aves marinhas cujo canto não se ouvia mais voltaram a cruzar os céus da Ilha do Fundão, da Ilha do Governador e adjacências.

Agora, uma coisa é certa: Se dependesse da oração dos mais fervorosos santos católicos, protestantes e evangélicos, ou das preces mais sinceras de espíritas, umbandistas, candomblecistas, ou da prostração mais submissa de muçulmanos e hindus, ou das meditações e orações mais desprendidas de budistas e taoístas, nada disso teria sido realizado. Tudo isso tornou-se realidade, porém, quando pessoas de todas essas crenças e pessoas sem crença religiosa alguma colocaram seus talentos à serviço do conhecimento verdadeiro e da busca por soluções reais e viáveis para problemas reais e urgentes.

Contudo, é importante ressaltar que a ciência deve ser pautada pelo humanismo. Sua ética deve ser humanista, a fim de que não se promova o progresso científico a qualquer custo e/ou com quaisquer objetivos. A ciência deve servir ao homem (ou a todos os homens), ao seu bem-estar, mas sem perder de vista a manutenção, preservação e até mesmo restauração do meio-ambiente. Não podemos ignorar que os defensores da guerra e do extermínio de grupos minoritários sejam capazes de usar de um certo cientificismo para atingirem seus objetivos; ou que cientificistas possam se utilizar do dinheiro disponibilizado por esses exterminadores para avançar em seu projeto egocêntrico de busca por riqueza e reconhecimento. Por isso, é fundamental que se mantenham os valores humanistas como fio condutor de todo o processo de desenvolvimento científico-tecnológico.


O CEA-Jequiá (Centro de Educação Ambiental) 
da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMAC) 
servirá de referência sobre o ecossistema manguezal, 
em especial, o Manguezal do Jequiá - Ilha do Governador,
Rio de Janeiro



Agora, mantendo em mente que todo esse post começou porque falávamos do que é ser professor, vale ressaltar que nada disso teria sido feito sem os professores dos níveis mais elementares aos níveis mais especializados, com os quais cada profissional pôde contar para desenvolver seu potencial. Então, no dia dos professores, parabéns aos que dedicam-se à busca pelo conhecimento verdadeiro, mantendo-se sempre atualizados e compartilhando esses conhecimentos. Parabéns a todos os que estimulam crianças, jovens e adultos a desenvolver todo seu potencial psico-cognitivo, a realizarem todo seu potencial existencial aqui e agora, porque - no final das contas - tudo o que temos é o agora. E que seja um agora cada vez melhor para todos!


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SUGESTÃO DESTE BLOGUEIRO


Hoje é Dia dos Professores e eu quero dar uma sugestão (descarada!!! hehehe), mas interessante. E essa sugestão é baseada na experiência de gente que eu conheço. Aproveite o Dia dos Professores para presentear seu professor predileto com um

livro que poderá dar assunto para o pensamento dele/dela.

Se não quiser entregar pessoalmente, basta fornecer o nome do(a) professor(a) e o endereço da escola que o livro será enviado diretamente para ele/ela. Faça a diferença! :)

No Amazon: https://www.amazon.com.br/Busca-Mim-Mesmo-Sergio-Viula-ebook/dp/B00ATT2VRM

Projeto DAMAS abre inscrições para a terceira turma

Projeto DAMAS abre inscrições para a terceira turma


Projeto de incentivo a educação e empregabilidade de trans no Rio abre inscrições para terceira turma

23/08/2012 - 15h42
Por : Gean Oliveira - Mix Brasil 




Foto: Internet:


Estão abertas as inscrições para a terceira turma de 2012 do projeto DAMAS, ação da Coordenadoria Especial da Diversidade Sexual junto com a Secretaria Municipal de Assistência Social. O projeto da prefeitura do Rio é pioneiro no Brasil e voltado para a reinserção social e profissional de travestis e transexuais através de capacitação, incentivo a escolaridade e empregabilidade.

As turmas serão compostas por 20 alunas que durante 27 semanas passam por oficinas de trabalho, ética e comportamento: representação dos espaços de trabalho disponíveis; orientação vocacional, educação, informações sobre prevenção e reduções de danos a saúde, noções de direitos humanos e visitas guiadas. Dentre os profissionais responsáveis pelas aulas estão psicólogos, fonoaudiólogos, professores, juristas, médicos, infectologistas e especialistas em hormonioterapia.

Segundo pesquisa do grupo de convivência TransRevolução, 95% das travestis e transexuais gostariam de ter a possibilidade de ter outras oportunidades de trabalho que não a prostituição. Tendo em vista esse dado, o projeto serve como um estímulo e uma preparação eficaz para mudar o panorama e inserí-las no mercado de trabalho.

As interessadas devem enviar a ficha de inscrição para o e-mail projeto.damas2012@gmail.com ou pelo telefone (21) 2535-3564 até o dia 6 de setembro. As aulas têm início em 25 de setembro, todas as terças e quintas-feiras, das 13h às 17h, no centro do Rio.

Fundamentalistas criam uma guerra santa em torno do 'design inteligente'



Em Dover, uma cidade nos EUA, um julgamento que durou 6 semanas para decidir sobre um pleito absurdo promovido por fundamentalistas contra a ciência - uma tentativa de recristianizar o sistema escolar americano.

Fundamentalistas são pessoas famintas por poder e dispostas a eliminar tudo que não sirva a seus propósitos. Um desafio à sensatez de qualquer sociedade.




Outro golpe contra o fundamentalismo, só que numa outra perspectiva.





Os videos do Projeto Escola sem Homofobia




O que você ouviu por aí a respeito do Kit Anti-Homofobia pode não estar certo.


Gente mal-intencionada, tentando lançar lama num projeto digno de países de primeiro mundo, espalhou videos que não tinham nada a ver com o projeto de fato. Então, seguem abaixo os links dos videos do Projeto Escola sem Homofobia.

Veja cada um, mantendo em mente que eles se dirigem a um público adolescente e são meros fomentadores de discussão e reflexão. O objetivo principal é combater a homofobia no ambiente escolar e incluir milhares de alunos que sofrem diariamente com a discriminação, inclusive com agressões verbais por parte de alunos (e, infelizmente, algumas vezes, até por parte de professores), além das já conhecidas agressões físicas.

Coletivo de Educação para diversidade Sexual do Grupo Dignidade apresenta os videos que compõem o projeto Escola sem Homofobia.

Lembrete: Todo o material do Projeto Escola sem Homofobia, incluindo os videos foram aprovados pelo MEC, pela UNESCO, pelo Conselho Federal de Psicologia, entre outras organizações de renome no campo da pedagogia, da psicologia e dos direitos humanos.

Torpedo
https://youtu.be/EycLuTDWq_0

Encontrando Bianca
https://youtu.be/gr0nns-XPv4

Probabilidade:
https://youtu.be/tKFzCaD7L1U

Medo de quê?

https://youtu.be/SxpKiopAnF0

Boneca Na Mochila

https://youtu.be/xGRTa7BPWy4

Educação para a diversidade de gênero é a principal reivindicação LGBT (Jorna da Câmara Federal)

Educação para a diversidade de gênero é a principal reivindicação LGBT


Movimento quer incluir tema no Plano Nacional de Educação. Segundo estudo da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, quanto mais jovens os estudantes, maior o índice de homofobia




JORNAL DA CÂMARA - DF | GERAL
LGBT
25/11/2011

Maria Neves

A inclusão de conteúdos sobre orientação sexual e diversidade de gênero nos currículos escolares e na formação de professores é a principal reivindicação do movimento LGBT para o Plano Nacional de Educação (PNE - PL 8035/10). A informação é do diretor da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, TRAVESTIS e TRANSEXUAIS(ABGLT), Beto de Jesus, que participou de seminário na quarta-feira na Câmara. Em discussão no Congresso, o PNE estabelece metas para o setor no período de 2011 a 2020.

Beto de Jesus ressaltou que, na versão atual do plano, consta apenas uma estratégia sobre o assunto - a que prevê a adoção de políticas de prevenção da evasão escolar por motivo de preconceito e discriminação em função de orientação sexual.

De acordo com o diretor da ABGLT, todas as metas defendidas pelo movimento foram aprovadas na Conferência Nacional de Educação Básica, tanto em 2008 quanto em 2010. "As demandas não são de gays, de lésbicas, de TRAVESTIS, mas de educadores e educadoras, aprovadas em duas grandes conferências", frisou.

Educação de qualidade - A presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, deputada Manuela d'Ávila (PCdoB-RS), ressaltou que as entidades que representam a população LGTB "dão um salto muito grande quando propõem a inclusão do combate à homofobia no PNE". Na opinião da parlamentar, a educação representa o "principal instrumento para garantir o Brasil diverso, que luta pelo combate às desigualdades".

Representante da Frente Parlamentar Mista pela Cidadania LGBT na Câmara, o deputado Jean Wyllys (Psol-RJ) destacou que o objetivo da população LGBT é discutir a qualidade da educação para todos. "Queremos debater educação de qualidade, que requer melhor formação de professores, salários dignos, mas também um currículo para formação de cidadãos que respeitem a dignidade e a diversidade", sustentou.

Criminalização - Para a pesquisadora do Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero (Anis), Débora Diniz, a criminalização da homofobia representa um instrumento de garantia da igualdade. A especialista destacou ainda que "não há sistema de crença que legitime a homofobia, porque nenhuma religião autoriza o discurso do ódio, muito menos na escola".

Apesar disso, uma pesquisa conduzida por ela mostrou que os livros de ensino religioso utilizados nas escolas apresentam conteúdo homofóbico e discriminatório. Para a pesquisadora, essa é uma questão fundamental que o País deverá enfrentar: o lugar da religião no Estado laico.

Na concepção da especialista, estabeleceu-se no Brasil a ideia de que o "pacto religioso" é anterior ao político, e, por isso, o Estado "não pode botar a mão" em assuntos religiosos. Para ela, no entanto, trata-se de um equívoco. "Se está na escola pública, o Poder Público precisa controlar."
O seminário "Plano Nacional de Educação - mobilização nacional por uma educação sem homofobia" foi promovido pelas comissões de Legislação Participativa; de Direitos Humanos e Minorias; e de Educação e Cultura.

Pesquisa: homofobia é maior em pessoas mais jovens

Segundo a coordenadora de Juventude e Políticas Públicas da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, Miriam Abramovay, o trabalho de conscientização nas escolas deve começar o mais cedo possível, pois quanto mais jovem o aluno mais homofóbico ele se apresenta. Estudo coordenado por ela em 2009 mostrou que, entre estudantes de 11 anos de idade, 48,7% manifestaram preconceito contra homossexuais. Na faixa de 13 a 14 anos, o índice cai para 38,4%.

O mesmo levantamento apontou que os homens são mais homofóbicos que as mulheres. Dos estudantes do sexo masculino pesquisados, 45% disseram que não gostariam de ter colega de classe HOMOSSEXUAL, contra apenas 15% das meninas.

Em trabalho anterior, 55% dos homens ouvidos relataram que não gostariam de ter um vizinho gay. Entre as mulheres, o índice foi de 40%. Um terço dos entrevistados se disse indiferente. "Observamos que, quase sempre, indiferente quer dizer sim, o que torna esses números muito chocantes", explicou. (MN)

Diversidade Sexual e de Gênero: Dicas para Educadores



Pessoal, criei uma página independente aqui no blog com links super úteis para educadores interessados em abordar questões relacionadas à diversidade sexual e de gênero em sala de aula. São textos para professores, bem como planos de aula sugeridos por diversos mestres e que constam do portal do educador, mantido pelo MEC. Tudo o que fiz foi coletar o mais interessante para essa temática e colocar prontinho ali para quem ainda não souber exatamente que atividades desenvolver e como abordar os temas.

A página estará permanentemente listada entre outras que eu já criei. No momento, elas ficam logo abaixo das postagens, depois da propaganda do livro.

Basta clicar lá em
Diversidade para Educadores (links para aulas)

Abraço a todos e todas que trabalham por um Brasil melhor a partir da sala de aula!

Sergio Viula

Veja os deputados que votaram contra os 26% de reajuste para os professores do estado do Rio de Janeiro


Vejam os nomes dos deputados que boicotaram o aumento de 26% para a educação!
Dentre eles estão: a Myriam Rios (atriz, que deveria prezar pela cultura e educação de qualidade), Samuel Malafaia (parente do pastor Silas Malafaia), Waguinho (ex-cantor de pagode que atualmente se diz crente e foi apoiado por um pastor que tem programa de TV evangélico). E lista continua... Até tu, Bebeto? Veja abaixo:

Deputados que votaram contra os 26% de aumento prometido pelo Governador Sérgio Cabral.

Votaram “NÃO” os Senhores Deputados:

Alessandro Calazans,
Alexandre Correa,
André Ceciliano,
André Correa,
André Lazoroni,
Andréia Busatto,
Átila Nunes,
Bebeto,
Bernardo Rossi,
Chiquinho da Mangueira,
Coronel Jairo,
Dionísio Lins,
Domingos Brazão,
Edson Albertassi,
Fabio Silva,
Geraldo Moreira,
Graça Matos,
Graça Pereira,
Gustavo Tutuca,
Iranildo Campos,
Janio dos Santos Mendes,
João Peixoto,
Luiz Martins,
Marcus Vinicius,
Myriam Rios,
Paulo Melo,
Rafael do Gordo,
Rafael Picciani,
Ricardo Abrão,
Roberto Henriques,
Rosângela Gomes,
Samuel Malafaia,
Waguinho e
Xandrinho.


52 Deputados votaram: 34 “NÃO” e 18 “SIM”. Abstenção: 0.

NÃO ESQUEÇAMOS DOS AUSENTES, QUE TB TERÃO QUE SE EXPLICAR... Lembrando que todos eles poderiam ter colocado o suplente para votar, mas não o fizeram. Será omissão intencional para não se comprometer. Isso, porém, já seria muito comprometedor...

Cidinha Campos
Dica
Edino Fonseca
Enfermeira Rejane
Flavio Bolsonaro (se ausentou no início da votação e depois retornou)
Geraldo Moreira
Gerson Bergher
Gilberto Palmares
marcelo Simão
Marcos Abrãao
Nilton salomão
Pedro Augusto
Roberto Dinamite
Rogério Cabral
Thiago Panplona
Wagner Montes

Os deputados abaixo, porém, votaram a favor, mas seu voto foi derrotado pelos adversários do magistério público citados acima:


LISTA DOS DEPUTADOS QUE VOTARAM A FAVOR DO AUMENTO DE 26% AOS PROFESSORES:

1-Altineu Cortes (PR)
2-Aspásia Camargo (PV)
3-Bruno Correia (PDT)
4-Claise Maria Zito (PSDB)
5-Clarissa Garotinho (PR)
6-Comte Bitencourt (PPS)
7-Dr. José Luiz Nanci (PPS)
8-Inês Pandeló (PT)
9-Janira Rocha (PSOL)
10-Luis Paulo Corrêa (PSDB)
11-Marcelo Freixo (PSOL)
12-Marcio Pacheco (PSC)
13-Miguel Jeovani (PR)
14-Paulo Ramos (PDT)
15-Robson Leite (PT)
16-Sabino (PSC)
17-Samuquinha (PR)
18-Zaqueu Teixeira (PT)

Fonte: SEPERJ

Professora transexual: educador não quer discutir homofobia

Marina Reidel


Angela Chagas
Direto de Porto Alegre
https://www.terra.com.br/noticias/educacao/professora-transexual-educador-nao-quer-discutir-homofobia,929942ba7d2da310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html


Nesta terça-feira, dia que marca a luta mundial de combate à homofobia, especialistas em educação apontam que os professores têm o desafio de discutir o combate ao preconceito no ambiente escolar. Para a transexual Marina Reidel, professora de artes e ética de um colégio público de Porto Alegre (RS) e mestranda em educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o maior problema está relacionado à falta de interesse dos profissionais em discutir o tema. "Eu acho que há uma acomodação, os professores não querem se envolver com esses temas, eles dizem que isso não tem relação com a disciplina deles. Mas precisam entender que isso faz parte das nossas vidas, está nos meios de comunicação, na internet, basta procurar um especialista, uma ONG para levar essa discussão para a escola".

A pós-doutora em Cultura Visual e professora do Grupo de Estudos de Educação e Relações de Gênero da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Jane Felipe, concorda que a escola deve dicutir o tema. "Os professores devem tratar da homofobia desde o começo, nas séries iniciais, para evitar que as crianças cresçam com o preconceito", diz a especialista.

Professora há 20 anos, Marina entende bem do assunto. Quando criança passou pelo mesmo preconceito que ainda está presente em muitas escolas brasileiras. "Desde pequena eu era agredida. Nas escolas que estudei, as equipes de direção não faziam nada para evitar que isso acontecesse, eram negligentes. Uma vez a direção disse que eu era diferente e que, por causa do meu jeitinho, os colegas me agrediam".

Apesar das humilhações que sofreu na escola, Marina decidiu que queria ser professora. Nessa época era conhecida como Mario, nome que ainda leva na carteira de identidade. Em 2006, quando já trabalhava como professora da Escola Estadual Rio de Janeiro há 3 anos, decidiu se afastar um tempo das aulas para assumir a nova identidade. Trocou as calças e camisas pelo salto alto e vestido, fez plástica e retornou para a escola como mulher.

"Os professores prepararam os alunos para a minha transformação, explicaram sobre a transexualidade. Eles estavam com uma expectativa muito grande, mas foi super tranquilo. Fui muito bem recebida de volta, não tive nenhum problema com os pais e os estudantes", afirma. Após a mudança, a professora percebeu que tinha o apoio da comunidade escolar para desenvolver ações voltadas à inclusão das diferenças. "Hoje todos os alunos sabem que eu sou transexual e respeitam muito o meu trabalho na escola".

A partir da iniciativa da ONG Somos, que orienta os estudantes sobre sexualidade e diversidade, Marina começou a dar aulas de ética nas turmas de sétima e oitavas séries para tratar de direitos humanos e respeito às diversidades. "Substituímos a disciplina de ensino religioso pela de ética e cidadania e passamos a tratar da homofobia, do preconceito contra negros, das questões de gênero", explica. Segundo ela, os alunos das outras turmas também participam das discussões por meio de oficinas com especialistas da ONG, que vão até a escola realizar atividades. "Eles adoram as oficinas, porque nós discutimos aquilo que muitas vezes não é falado em casa e que estão presentes no dia a dia deles".

Kits contra homofobia

O Ministério da Educação (MEC) vai oferecer às escolas brasileiras no segundo semestre de 2011 um kit contra a homofobia. Marina participou de um treinamento realizado em São Paulo para representantes de todos os Estados sobre o material, que segundo ela, "é um grande avanço".

De acordo com informações do MEC, um dos vídeos mostra a relação de duas lésbicas na escola. "Acho a iniciativa dos kits importante, mas cabe às secretarias estaduais e ao próprio ministério promover a equidade de gênero nas escolas. As pessoas em geral ignoram como se constitui a identidade de gênero, não sabem que é uma questão histórica. Por isso, é importante que o professor tenha um conhecimento teórico as temáticas", afirma Jane Felipe.

"Essa discussão não pode ser feita na base do improviso. O professor tem que estudar muito porque a principal função dele é ampliar o conhecimento dos alunos. Os governos precisam investir nessa formação continuada para que ele esteja capacitado para lidar com essas temáticas da diversidade", diz a professora da UFRGS.

Para que os educadores se sintam preparados para abordar a homofobia, a Secretaria Estadual de Educação do Rio Grande do Sul começou, em abril deste ano, o trabalho de capacitação de gestores regionais, que irão "multiplicar o conhecimento" nos municípios. Iris de Carvalho, assessora da equipe da Diversidade do Departamento Pedagógico da secretaria, afirma que os professores estão sendo estimulados "a trabalhar a questão de como o ambiente escolar enfrenta a homofobia e como recebe a diversidade".

Iris afirma que no Estado as coordenadorias de educação estão sendo estimuladas a fazer parcerias com as prefeituras, as universidades e as ONGs para a formação dos professores sobre a sexualidade. "Queremos acabar com a lógica de que é só responsabilidade do professor de biologia discutir isso, mas que é uma ação pedagógica planejada por todas as áreas da educação. E que também não é envolve só as temáticas da gravidez e da aids, mas principalmente as questões de gênero".

Na Bahia, onde a Secretaria Estadual de Educação exonerou do cargo na sexta-feira a vice-diretora de uma escola de Salvador que suspendeu um aluno de 11 anos por "indecência" ao fazer carinho na cabeça de um colega, não há uma política específica de combate à homofobia nas escolas. "Não temos uma ação específica, mas geral de que não pode haver discriminação", diz o chefe de gabinete da secretaria, Paulo Pontes. De acordo com ele, após o a atitude "equivocada" da vice-diretora, representantes da secretaria estão realizando reuniões com os educadores para discutir o tema e evitar que ocorram novos casos.

Família


O MEC pretende disponibilizar o conteúdo dos kits para alunos do ensino médio, mas a professora do Grupo de Estudos de Educação e Relações de Gênero da UFRGS afirma que não só a escola, mas também a família devem promover o respeito às diferenças desde cedo. "Tantos os pais quanto os educadores não devem dizer aos meninos, por exemplo, que se eles tiverem um comportamento diferente do convencionado é porque são 'bichinhas'", diz.

Jane Felipe afirma que desde quando são bebês, as crianças precisam aprender o respeito. "Muitas vezes as famílias ensinam a discriminar, a ter olhar de desprezo aos pobres, negros e homossexuais. A escola sozinha não faz milagre, precisa da parceria e do apoio dos pais", diz a especialista.

A transexual Marina Reidel concorda com a especialista. "As famílias, os professores e a equipe da direção sempre apoiaram o meu trabalho. Tenho orgulho do que conquistei e do que fazemos para promover a inclusão", diz a transexual. "Eu não quero que as pessoas pensem igual a mim, nunca cobrei isso dos meus alunos, eu só quero que eles respeitem as diferenças", conclui. 

Diversidade Sexual e de Gênero na Educação Infantil

Fonte original do texto abaixo:
https://gyblogs.blogspot.com/2011/01/possibilidades-didatico-pedagogicas.html


Possibilidades didático-pedagógicas para um ensino da questão da diversidade sexual e de gênero na educação infantil.






Como abordar a questão da diversidade sexual e de gênero na educação infantil? Qual a melhor forma de introduzir conceitos como sexo, gênero e diversidade na educação infantil? Pais e professores indagam qual seria a melhor forma de fazê-lo e a adequadação à faixa etária. Essas e outras perguntas, de igual relevância, fazem parte dos novos dilemas do professor moderno.

Crianças e adolescentes têm acesso cada vez mais rápido às questões sexuais como: relações sexuais, reprodução, gravidez na adolescência, HIV, doenças sexualmente transmissíveis e violência sexual contra vulneráveis. Também se faz necessário abordar a diversidade de gêneros, a homofobia, o sexismo e demais assuntos que exigem extrema cautela quando trabalhados.

Com o desenvolvimento humano e a necessidade de reeducação sexual, é necessário um novo olhar para as ferramentas intermediárias do processo de ensino, abordagem e aprendizagem relativos à diversidade sexual e de gênero. Fantasiar e tentar abordar o assunto através de contos clássicos e mitos não mais ensinam, sequer educam e muito menos previnem. O conteúdo precisa trabalhado de forma realista, porém adequada à idade.
Na educação infantil, inicialmente, devem ser trabalhadas as questões básicas como: sexo e diferenciação de gênero.

No livro “Gênero, Sexualidade e Educação”, Guacira Lopes Louro chama atenção para as possibilidades de educação sexual com especial atenção às diferentes posições do sujeito e de identidades na modernidade, frisando principalmente as mudanças na relação homem-mulher, nas relações étnicas, classistas, sexuais e políticas.

O professor deverá abolir do seu discurso qualquer resquício de sexismo, racismo ou etnocentrismo. É imprescindível que o professor de educação infantil esteja consciente das
etapas da sexualidade infantil, despindo-se de preconceitos e entendendo que a criança vê a sexualidade de forma diferente do adulto.
É necessário que o professor saiba da necessidade de dar a nomenclatura certa aos órgãos sexuais, com naturalidade, desde a mais tenra idade.

Como se abordar essas questões de forma multidisciplinar?

Esclarecer que a sexualidade faz parte da vida do ser humano e que se deve falar sobre ela, trabalhando a comunicação e expressão nas atividades de roda da conversa.

Dar abertura aos alunos para que perguntem, uma vez que a sexualidade diz respeito ao corpo e a emoção dos seres humanos, desenvolvendo também a comunicação e expressão.

Divulgar que a sexualidade tem a ver com identidade e gênero, sexo e reações do corpo humano a estímulos físicos, trabalhando classificação, seriação e iniciação às ciências.

Entender que a criança é sexual desde o momento em que nasce e tratar com naturalidade o autodescobrimento, abordando também a questão da privacidade e respeito ao corpo, sabendo que a criança não vê o sexo com a mente de um adulto, trabalhando iniciação às ciências, interação social e comunicação e expressão.

Responder, de forma clara e direta as perguntas das crianças, quando elas manifestarem a curiosidade sexual trabalhando, também à iniciação às ciências, interação social e comunicação e expressão.

O professor deve ter ciência que a sexualidade está diretamente ligada com a auto-estima do aluno e, dessa forma, além de usar as palavras e termos adequados, jamais deverá referir-se ao sexo e a diversidade de gêneros como algo sujo ou pecaminoso.

Formas de se trabalhar diversidade sexual e de gênero na educação infantil, através do uso de materiais educativos:

Livros infanto-juvenis: existem, na literatura infantil, ótimos livros, como: “O Menino Que Brincava de Ser”, que conta a história de Dudu, o menino que gostava de se fantasiar de menina e introduz o tema dos papéis sexuais, trabalhando comunicação e expressão e artes.

Vídeos educativos: A série da TV Escola “Direitos do Coração” que é a história de uma família que sofre por causa do alcoolismo, desemprego, só a mãe sustenta a casa e trabalha essa questão de forma lúdica trabalhando interação social.

Jogos, bonecas e bonecos: Família colchete, que são nove bonecos em cada kit, com os respectivos órgãos sexuais, representando pais, avós, casal de jovens, adolescentes e dois bebês. Todos os bonecos possuem colchetes em lugares estratégicos para simular cenas como pegar na mão ou beijar, da Semina Produtos Educativos, trabalhando vários conteúdos.

Pensar em um ensino totalmente livre, sobre a questão da diversidade sexual e de gênero, no ensino infantil, é ilusório, pois exige uma nova postura do professor e o envolvimento dos pais e responsáveis no processo, mas usar recursos didáticos é mais que possível!

Família Colchete Negra.
Família Colchete Branca.




Projeto desenvolvido no CMEI Lar da Criança, no período entre agosto e setembro de 2010, com a turma Maternal I B, turno matutino, sob a responsabilidade da professora Maria da Graça Valndencleide Almeida.


****************

REFERÊNCIAS


LOURO, G. L. Gênero, sexualidade e educação. Uma perspectiva pós-estruturalista. Petrópolis: Vozes, 2010.


MARTINS, G.C. O menino que brincava de ser. DCL Difusão Cultural.


*Ensaio que escrevi ao saber sobre a existência Projeto Papo Cabeça da UFRJ:

http://www.papocabeca.me.ufrj.br

UNAIDS aprova o material do Projeto Escola Sem Homofobia




Ao Senhor
Toni Reis
Presidente da ABGLT
Curitiba-PR


Assunto: Moção de Apoio ao material do Projeto Escola Sem Homofobia


Prezado Senhor,

O Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS – UNAIDS tomou conhecimento e analisou o material educativo destinado ao Projeto Escola Sem Homofobia, financiado pelo MEC e executado em parceria com a Pathfinder do Brasil; a Reprolatina – Soluções Inovadoras em Saúde Sexual e Reprodutiva; e a ECOS – Centro de Estudos e Comunicação em Sexualidade e Reprodução Humana (São Paulo); com o apoio da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT); da Global Aliance for LGBT Education – GALE; e da Frente Parlamentar pela Cidadania LGBT do Congresso Nacional.

O UNAIDS tem entre suas prioridades estabelecidas na matriz de resultados 2009-2011, o apoio à populações vulneráveis, com destaque para a população LGBT no que tange à redução da transmissão do HIV entre homens que se relacionam sexualmente com outros homens e população de pessoas trans (travestis e transexuais). A homo-lesbo-transfobia tem sido um fator agravante das vulnerabilidades da população LGBT para o HIV, a Aids e outras DST.

A educação e a escola devem ser, em sua condição primeira, inclusivas e, portanto, comprometidas com a diversidade como referência para a qualidade do processo de formação do indivíduo. O acesso à educação é um direito previsto pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, documento estabelecido no final da década de 40.

Ao considerar a relevância do enfrentamento da homo-lesbo-transfobia no espaço escolar, assim como a legitimidade e expertise das instituições promotoras de políticas públicas em defesa da cidadania LGBT, o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS, o UNAIDS, torna público seu apoio ao material elaborado para educação sexual no âmbito do Projeto Escola Sem Homofobia e reitera seu parecer favorável à distribuição e implementação continuada das atividades previstas no material educativo em referência.

Nos colocamos à disposição para quaisquer esclarecimentos de dúvidas que se fizerem necessários.


Atenciosamente,

Pedro Chequer
Coordenador do UNAIDS no Brasil

Violência escolar, um grito de protesto

Professor Kássio Vinícius Castro Gomes



J’ACUSE !!!
(Eu acuso!)


(Tributo ao professor Kássio Vinícius Castro Gomes)


« Mon devoir est de parler, je ne veux pas être complice.
(Émile Zola)


Meu dever é falar, não quero ser cúmplice. (...)
(Émile Zola)


Foi uma tragédia fartamente anunciada. Em milhares de casos, desrespeito. Em outros tantos, escárnio. Em Belo Horizonte, um estudante processa a escola e o professor que lhe deu notas baixas, alegando que teve danos morais ao ter que virar noites estudando para a prova subsequente. (Notem bem: o alegado “dano moral” do estudante foi ter que.... estudar!). A coisa não fica apenas por aí. Pelo Brasil afora, ameaças constantes. Ainda neste ano, uma professora brutalmente espancada por um aluno. O ápice desta escalada macabra não poderia ser outro. O professor Kássio Vinícius Castro Gomes pagou com sua vida, com seu futuro, com o futuro de sua esposa e filhas, com as lágrimas eternas de sua mãe, pela irresponsabilidade que há muito vem tomando conta dos ambientes escolares. Há uma lógica perversa por trás dessa asquerosa escalada. A promoção do desrespeito aos valores, ao bom senso, às regras de bem viver e à autoridade foi elevada a método de ensino e imperativo de convivência supostamente democrática. No início, foi o maio de 68, em Paris: gritava-se nas ruas que “era proibido proibir”. Depois, a geração do “não bate, que traumatiza”. A coisa continuou: “Não reprove, que atrapalha”. Não dê provas difíceis, pois “temos que respeitar o perfil dos nossos alunos”. Aliás, “prova não prova nada”. Deixe o aluno “construir seu conhecimento.” Não vamos avaliar o aluno. Pensando bem, “é o aluno que vai avaliar o professor”. Afinal de contas, ele está pagando... E como a estupidez humana não tem limite, a avacalhação geral epidêmica, travestida de “novo paradigma” (Irc!), prosseguiu a todo vapor, em vários setores: “o bandido é vítima da sociedade”, “temos que mudar ‘tudo isso que está aí’; “mais importante que ter conhecimento é ser ‘crítico’.” Claro que a intelectualidade rasa de pedagogos de panfleto e burocratas carreiristas ganhou um imenso impulso com a mercantilização desabrida do ensino: agora, o discurso anti-disciplina é anabolizado pela lógica doentia e desonesta da paparicação ao aluno–cliente... Estamos criando gerações em que uma parcela considerável de nossos cidadãos é composta de adultos mimados, despreparados para os problemas, decepções e desafios da vida, incapazes de lidar com conflitos e, pior, dotados de uma delirante certeza de que “o mundo lhes deve algo”. Um desses jovens, revoltado com suas notas baixas, cravou uma faca com dezoito centímetros de lâmina, bem no coração de um professor. Tirou-lhe tudo o que tinha e tudo o que poderia vir a ter, sentir, amar.


Ao assassino, corretamente , deverão ser concedidos todos os direitos que a lei prevê: o direito ao tratamento humano, o direito à ampla defesa, o direito de não ser condenado em pena maior do que a prevista em lei. Tudo isso, e muito mais, fará parte do devido processo legal, que se iniciará com a denúncia, a ser apresentada pelo Ministério Público. A acusação penal ao autor do homicídio covarde virá do promotor de justiça. Mas, com a licença devida ao célebre texto de Emile Zola, EU ACUSO tantos outros que estão por trás do cabo da faca:

EU ACUSO a pedagogia ideologizada, que pretende relativizar tudo e todos, equiparando certo ao errado e vice-versa;

EU ACUSO os pseudo-intelectuais de panfleto, que romantizam a “revolta dos oprimidos” e justificam a violência por parte daqueles que se sentem vítimas;

EU ACUSO os burocratas da educação e suas cartilhas do politicamente correto, que impedem a escola de constar faltas graves no histórico escolar, mesmo de alunos criminosos, deixando-os livres para tumultuar e cometer crimes em outras escolas;

EU ACUSO a hipocrisia de exigir professores com mestrado e doutorado, muitos dos quais, no dia a dia, serão pressionados a dar provas bem tranqüilas, provas de mentirinha, para “adequar a avaliação ao perfil dos alunos”;

EU ACUSO os últimos tantos Ministros da Educação, que em nome de estatísticas hipócritas e interesses privados, permitiram a proliferação de cursos superiores completamente sem condições, freqüentados por alunos igualmente sem condições de ali estar;

EU ACUSO a mercantilização cretina do ensino, a venda de diplomas e títulos sem o mínimo de interesse e de responsabilidade com o conteúdo e formação dos alunos, bem como de suas futuras missões na sociedade;

EU ACUSO a lógica doentia e hipócrita do aluno-cliente, cada vez menos exigido e cada vez mais paparicado e enganado, o qual finge que não sabe que, para a escola que lhe paparica, seu boleto hoje vale muito mais do que seu sucesso e sua felicidade amanhã;

EU ACUSO a hipocrisia das escolas que jamais reprovam seus alunos, as quais formam analfabetos funcionais só para maquiar estatísticas do IDH e dizer ao mundo que o número de alunos com segundo grau completo cresceu “tantos por cento”;

EU ACUSO os que aplaudem tais escolas e ainda trabalham pela massificação do ensino superior, sem entender que o aluno que ali chega deve ter o mínimo de preparo civilizacional, intelectual e moral, pois estamos chegando ao tempo no qual o aluno “terá direito” de se tornar médico ou advogado sem sequer saber escrever, tudo para o desespero de seus futuros clientes-cobaia;

EU ACUSO os que agora falam em promover um “novo paradigma”, uma “ nova cultura de paz”, pois o que se deve promover é a boa e VELHA cultura da “vergonha na cara”, do respeito às normas, à autoridade e do respeito ao ambiente universitário como um ambiente de busca do conhecimento;

EU ACUSO os “cabeças–boas” que acham e ensinam que disciplina é “careta”, que respeito às normas é coisa de velho decrépito,

EU ACUSO os métodos de avaliação de professores, que se tornaram templos de vendilhões, nos quais votos são comprados e vendidos em troca de piadinhas, sorrisos e notas fáceis;

EU ACUSO os alunos que protestam contra a impunidade dos políticos, mas gabam-se de colar nas provas, assim como ACUSO os professores que, vendo tais alunos colarem, não têm coragem de aplicar a devida punição.

EU VEEMENTEMENTE ACUSO os diretores e coordenadores que impedem os professores de punir os alunos que colam, ou pretendem que os professores sejam “promoters” de seus cursos;

EU ACUSO os diretores e coordenadores que toleram condutas desrespeitosas de alunos contra professores e funcionários, pois sua omissão quanto aos pequenos incidentes é diretamente responsável pela ocorrência dos incidentes maiores;

Uma multidão de filhos tiranos que se tornam alunos-clientes, serão despejados na vida como adultos eternamente infantilizados e totalmente despreparados, tanto tecnicamente para o exercício da profissão, quanto pessoalmente para os conflitos, desafios e decepções do dia a dia. Ensimesmados em seus delírios de perseguição ou de grandeza, estes jovens mostram cada vez menos preparo na delicada e essencial arte que é lidar com aquele ser complexo e imprevisível que podemos chamar de “o outro”. A infantilização eterna cria a seguinte e horrenda lógica, hoje na cabeça de muitas crianças em corpo de adulto: “Se eu tiro nota baixa, a culpa é do professor. Se não tenho dinheiro, a culpa é do patrão. Se me drogo, a culpa é dos meus pais. Se furto, roubo, mato, a culpa é do sistema. Eu, sou apenas uma vítima. Uma eterna vítima. O opressor é você, que trabalha, paga suas contas em dia e vive sua vida. Minhas coisas não saíram como eu queria. Estou com muita raiva. Quando eu era criança, eu batia os pés no chão. Mas agora, fisicamente, eu cresci. Portanto, você pode ser o próximo.” Qualquer um de nós pode ser o próximo, por qualquer motivo. Em qualquer lugar, dentro ou fora das escolas. A facada ignóbil no professor Kássio dói no peito de todos nós. Que a sua morte não seja em vão. É hora de repensarmos a educação brasileira e abrirmos mão dos modismos e invencionices. A melhor “nova cultura de paz” que podemos adotar nas escolas e universidades é fazermos as pazes com os bons e velhos conceitos de seriedade, responsabilidade, disciplina e estudo de verdade.

Autor: Igor Pantuzza Wildmann


Advogado – Doutor em Direito. Professor universitário.


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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO


Recebi esse texto de uma amiga minha, professora. Lívia não sabe o bem que me fez enviando esse texto. Esse é o grito preso à garganta de quem ama o magistério e o vê sendo arruinado por capitalistas bajuladores ávidos por ganhos financeiros ou a simples manutenção de postos.

Espero que não seja apenas um texto para provocar indignação, mas auto-crítica. Que tipo de aluno é você quando senta para estudar? Que tipo de professor é você quando se propõe a ensinar? Que tipo de coordenador, supervisor, inspetor, diretor é você quando se propõe a administrar o trabalho de quem ensina e de quem aprende, e o ambiente em que o aprendizado deve acontecer?

Tem jeito. Fundamental é o empenho de quem faz acontecer: governantes, legisladores, juízes, diretores, professores. Não serão os alunos, por livre, construtiva e espontânea vontade que farão a mudança acontecer. Os que tem essa boa vontade não podem se arvorar contra os que empunham facas. Eles não têm força política, jurídica ou policial para impor a ordem, no meio da qual se dá o progresso.

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