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Relato da 13ª reunião ordinária do Conselho Nacional LGBT - por Leandro Colling




Relato da 13ª reunião ordinária do Conselho Nacional LGBT



Dia 21 de janeiro de 2013, em Brasília.


Os principais assuntos discutidos nesta reunião, a última do primeiro mandato, foram:

- Ministra Maria do Rosário foi ao Conselho defender a proposta de criação de comitês de enfrentamento à homo, lesbo e transfobia nos Estados. A proposta já tinha sido apresentada em reuniões anteriores pelo coordenador geral LGBT da Secretaria de Direitos Humanos, Gustavo Bernades, e recebeu muitas críticas porque, entre outras coisas, no entendimento de vários/as conselheiros/as, o projeto fere a proposta do movimento social, já aprovada nas conferências nacionais, de trabalhar pela criação do chamado tripé da cidadania LGBT (coordenadorias, conselhos municipais e conselhos estaduais).

A proposta da SDH também tinha sido criticada, como é possível ver nos relatos anteriores, porque o Conselho Nacional LGBT não tinha sido consultado. Rosário disse que a ideia não é de inviabilizar o tripé, mas de tentar enfrentar, em caráter emergencial, o crescimento dos casos de violência contra as pessoas LGBT. Admitiu que errou em não ter consultado o Conselho e solicitou a urgente criação de um grupo de trabalho, integrado por quatro conselheiros/as da sociedade civil e quatro do governo, para discutir os ajustes da proposta.

A ideia é criar comitês pelo país com o apoio com do Conselho Federal de Psicologia e da Ordem dos Advogados do Brasil. Para viabilizar financeiramente pelo menos alguns desses comitês, a SDH vai lançar um edital. Por enquanto, R$ 1 milhão e 100 mil já estão assegurados para esse edital, mas a promessa é conseguir mais recursos através do remanejamento de verbas dentro da SDH.

Através desses comitês, a ideia é criar um Sistema Nacional de Enfrentamento à Homo-Lesbo-Transfobia e Promoção de Direitos LGBT no Brasil. “Estamos, em relação à homofobia, numa situação muito grave, muito urgente. E essa é uma responsabilidade nossa também, é minha também, é do Conselho, e não podemos esperar mais. Não podemos ser etapistas”, disse a ministra.

Por fim, o Conselho aprovou a proposta e o grupo será formado com urgência para acompanhar esse trabalho e opinar sobre determinados pontos.

- O deputado federal Jean Wyllys e a deputada federal Érica Kokay, integrantes da Frente Parlamentar Mista pela Cidadania LGBT, estiveram na reunião e disseram o seguinte:

1) Irão apresentar um projeto de lei sobre identidade de gênero, nos mesmos moldes do aprovado na Argentina. A íntegra do projeto pode ser lida em http://homenstrans.blogspot.com.br/2013/02/lei-joao-w-nery-lei-de-identidade-de.html . Além desse projeto, a prioridade também será a aprovação da criminalização da homofobia (cuja relatoria está com Paulo Paim) e do casamento civil igualitário;

2) O próximo seminário nacional LGBT, realizado sempre em maio, será organizado em parceria com a ABGLT, para que não ocorra, como no ano passado, a realização de dois eventos sobre o mesmo tema (um na Câmara dos Deputados e outro no Senado);

3) A Frente irá tentar identificar outras frentes similares que existem nas Assembleias Legislativas e nas Câmaras Municipais para a criação de uma rede de parlamentares interessados nas questões LGBT;

4) A Frente irá tentar ocupar vagas em todas as comissões onde estão tramitando projetos de lei que dizem respeito à população LGBT (lembraram que existem projetos tanto à favor quanto contra os nossos direitos);

5) A nova composição das mesas diretoras do Congresso Nacional não favorece a aprovação de projetos que favoreçam a população LGBT e a bancada fundamentalista demonstra cada vez mais união para inviabilizar qualquer avanço dos nossos direitos.

- Outro ponto discutido tratou sobre o processo de eleição no Conselho. O plenário acatou o recurso do Fórum Nacional da Juventude Negra (Fonajune), que não havia sido credenciada para participar do processo eleitoral pela comissão eleitoral.

Ao final desta discussão do processo eleitoral, me despedi do Conselho, agradeci a oportunidade e lamentei que o Plano Nacional não esteja pronto (nem prazo de conclusão existe, sendo que a II Conferência Nacional foi realizada em dezembro de 2011!) e disse: “Esse trabalho foi muito mais de sofrimento do que de prazeres. Aprendi muitas coisas, mas várias delas eu preferia não ter aprendido”.

- No dia 22 de janeiro, ocorreu a eleição da nova composição do Conselho Nacional LGBT, para o mandato 2013-2015. As organizações que participarão do novo Conselho, a ser empossado em abril de 2013, são:

Entidades LGBT (9 vagas):

ABGLT (2 titularidades e 2 suplências)

ANTRA (2 titularidades e 2 suplências)

ABL (1 titularidade e 1 suplência)

LBL (1 titularidade e 1 suplência)

Rede Afro (1 titularidade e 1 suplência)

E-Jovem (1 titularidade e 1 suplência)

ArtGay (1 titularidade e 1 suplência)

Por acordo da chapa e no esforço de mediação com a SDH, o FONAJUNE será o suplente da categoria e participará com direito a voz de todas as reuniões do CNCD LGBT.

O segundo segmento, das entidades de pesquisa, apenas a ABEH se candidatou e foi reeleita para a titularidade e suplência da cadeira.

O terceiro segmento, das entidades sindicais, tinha 3 vagas. As 4 entidades que pleiteavam entraram em acordo de:

CUT (1 titularidade e 1 suplência)

CNTE (1 titularidade e 1 suplência)

CMP (1 titularidade e 1 suplência)

A FASUBRA irá ser um suplente da categoria.

O quarto segmento, das entidades de classe, tinha 2 vagas para 3 entidades concorrentes (CFP, CFESS e OAB).

Este foi o único segmento em que as entidades não entraram em acordo e ocorreu votação. Nela o CFP e CFESS tiveram 2 votos e a OAB 1 voto.

Por isso, o CFP e o CFESS terão as duas titularidades da categoria e, por acordo, a OAB ocupará a 1ª suplência.

Desejo sucesso à nova composição do Conselho.

Um abraço

Leandro Colling – presidente da ABEH no mandato 2010-2012


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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO

O relatório supra chegou até o Fora do Armário, graças à divulgação de Luiz Henrique Coletto, membro do Conselho LGBT da Liga Humanista Secular do Brasil. Compartilho com todas e todos. É fundamental saber a quantas anda o combate à homofobia tanto para apoiar como cobrar.

Governo Federal apresenta números oficiais sobre assassinatos homofóbicos em 2011


Brasil teve 278 assassinatos por homofobia em 2011, diz governo

28 de junho de 2012 • 21h26 • atualizado às 21h30 - SITE TERRA
https://noticias.terra.com.br/brasil/brasil-teve-278-assassinatos-por-homofobia-em-2011-diz-governo,b99ddc840f0da310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html

Um levantamento realizado pela Secretaria de Direitos Humanos revelou que foram registrados ao menos 278 assassinatos relacionados à homofobia em 2011. Também foi constatada a ocorrência de 6.809 denúncias de violações aos direitos humanos de homossexuais durante o ano passado.

Parte do levantamento, ainda inédito, foi antecipada nesta quinta-feira, Dia Internacional da Cidadania LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais), pela ministra Maria do Rosário. É a primeira vez que um órgão do governo federal divulga oficialmente números ligados à violação dos direitos dos homossexuais, identificados a partir de denúncias feitas aos serviços Disque Direitos Humanos (Disque 100), Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180), de dados do Ministério da Saúde e por meio de notícias publicadas pela imprensa. Até agora, a principal fonte de informações sobre o assunto era o Grupo Gay da Bahia (GGB), cujo último relatório, divulgado em abril deste ano, contabilizava 266 mortes violentas durante o ano passado.

O levantamento aponta que, na maioria dos casos de agressão (61,9%), o autor é alguém próximo à vítima, o que pode indicar um nível de intolerância em relação à homossexualidade. Cerca de 34% das vítimas pertencem ao gênero masculino; 34,5% ao gênero feminino, 10,6% travestis, 2,1% transexuais e 18,9% não informado. Foram identificadas ao menos 1.713 vítimas e 2.275 suspeitos.

O coordenador geral de Promoção dos Direitos LGBT da secretaria, Gustavo Bernades, disse que o fato de 49% das vítimas de homicídios serem travestis indica que este é um dos grupos mais vulneráveis à violência homofóbica, junto com os jovens negros. "Há também uma violência doméstica que nos preocupa muito, porque é difícil para o Estado interceder nestes casos. E a violência contra lésbicas também é pouco denunciada".

O levantamento mostrou ainda a existência de um grande número de casos em que a família rejeita os jovens que revelam sua orientação sexual. "Há, nestes casos, a violência dos pais que abandonam ou negligenciam seus filhos. Tudo isso demonstra que precisamos de políticas públicas de enfrentamento à homofobia, especialmente para os jovens, em particular para os jovens negros".

Pouco após divulgar os dados, a ministra anunciou a proposta de incentivar a criação de Comitês Estaduais de Enfrentamento à Homofobia. De acordo com Maria do Rosário, os comitês serão criados em parceria com governos estaduais, com o Conselho Federal de Psicologia e com outras organizações da sociedade civil.

Os grupos servirão para monitorar a implementação de políticas públicas, acompanhar ocorrências de violências homofóbicas, evitando a impunidade, e sensibilizar agentes públicos responsáveis por garantir os direitos do segmento. Também está em estudo a criação de um comitê nacional que se responsabilize por coordenar a ação dos demais comitês.

"É preciso compreender que um crime contra um homossexual atinge não só a pessoa, mas a família e a sociedade como um todo. É assim que nós sentimos no governo brasileiro", disse a ministra, adiantando que a proposta de criação dos comitês ainda está sendo desenhada e vai depender de parcerias. "Há uma vontade política inabalável do governo federal de constituir mecanismos que mobilizem a sociedade contra a violência homofóbica. Acreditamos que, com as parcerias, os recursos necessários não serão tão grandes. O principal valor investido será a mobilização permanente da sociedade", disse.

O presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Toni Reis, comemorou o anúncio da ministra em pleno Dia Internacional da Cidadania LGBT, mas lamentou os números do levantamento. "Este posicionamento político de estabelecer o comitê nacional e os estaduais é muito importante. Já vínhamos denunciando a situação, mas hoje temos um dado oficial. É o governo brasileiro quem está reconhecendo que houve 6.809 violações dos direitos humanos de pessoas homossexuais", disse Reis, prometendo que as associações não-governamentais irão apoiar qualquer proposta da Secretaria de Direitos Humanos que vise a combater a homofobia, sobretudo a criação dos comitês estaduais.

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