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UNA-SUS/UERJ: Curso "Política Nacional de Saúde Integral Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT)"




O curso Política Nacional de Saúde Integral Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT), ofertado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UNA-SUS/UERJ), foi organizado para contribuir com os profissionais de saúde, especialmente os trabalhadores do Sistema Único de Saúde (SUS), para que realizem suas ações de cuidado, promoção e prevenção da população LGBT com qualidade, de forma equânime, garantindo à população LGBT, acesso à saúde integral.

O curso possui três unidades, que tratam dos temas: Gênero e Sexualidade; Estudo da Política LGBT e seus marcos e o Acolhimento e o Cuidado à População LGBT.

Matrículas podem ser feitas por aqui: http://moodle.uerj.unasus.gov.br/aimoodle/cursos/lgbt/
A partir de 11 de maio a 10 de setembro de 2015.

Carga horária: 45 horas totalmente autoinstrucionais.

Público-alvo: O curso é aberto para todos os profissionais de saúde e demais interessados no tema.

Certificação: Para ser aprovado, o aluno deverá obter o mínimo de 70% de acertos em avaliação somativa. Será possível a realização de até três tentativas, em que será considerada a maior nota atingida. Ao ser aprovado, o aluno receberá seu certificado de conclusão via e-mail cadastrado na plataforma AROUCA, em um período de até duas semanas.

IMPORTANTE: A Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS) reconhece o direito de opção por nome social em seus certificados. Para tanto, estamos em processo de revisão de nosso cadastro de pessoas, no intuito de incluir o campo “nome social” em todos os certificados.

Entretanto, não foi possível finalizar esta ação antes do lançamento do curso “Política Nacional de Saúde Integral Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais” (LGBT), que ocorreu no dia 12 de maio. A previsão é de que no segundo semestre de 2015 a opção já esteja possível no ato do cadastro.

Desta forma, para aqueles que desejam ter o seu nome social considerado em seu certificado, siga os passos abaixo:

Caso este seja seu primeiro acesso à Plataforma Arouca, utilize seu nome social no campo “nome” em seu cadastro no CNPS.

Caso tenha realizado cadastro prévio e tenha utilizado seu nome civil, acesse nosso suporte e solicite alteração, caso tenha interesse: https://sistemas.unasus.gov.br/suporte/

Caso já tenha realizado o curso e emitido seu certificado com nome civil e tenha interesse em alterar, solicite a alteração em nosso suporte: https://sistemas.unasus.gov.br/suporte/


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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO

Durante o jantar de hoje, tive a grata surpresa de ouvir meu marido dizer que está fazendo um curso online oferecido pelo SUS em parceria com a UERJ, a fim de ampliar seus conhecimentos sobre saúde para o segmento LGBT da população. Marcos se graduou em enfermagem e está sempre buscando mais conhecimento sobre sua área.

Decidi dar uma olhada no curso, e ele me mostrou o primeiro módulo, iniciado hoje mesmo. Fiquei super bem impressionado com o nível do conteúdo.

Na verdade, o curso é voltado para os profissionais de saúde, mas seu conteúdo pode ser aproveitado por profissionais de outras áreas, inclusive da educação.

Diante de todas as investidas LGBTfóbicas por parte de fundamentalistas e conservadores nas Casas Legislativas desse país, recomendo muito que profissionais da saúde e da educação, assim como familiares e amigos de pessoas LGBT que se interessem em compreender melhor o que significa diversidade sexual e identidade de gênero se inscrevam. É gratuito e concede certificado.

Se você é lésbica, gay, bissexual, transexual, travesti ou transgênero não binário, os conteúdos podem ser muito úteis e instrutivos. Aproveite.

Só para colocar sal na boca de vocês, meus queridos leitores, apresento um dos vídeos que o curso disponibiliza para reflexão dos alunos a respeito dos papéis de gênero.

O filme é protagonizado por Paulo Betti e Eliane Giardini.

Confiram. ;)



13 Coisas que não se deve dizer às pessoas bissexuais

13 Coisas que não se deve dizer às pessoas bissexuais

Sim, pessoas bissexuais realmente existem, mas não são mais — ou menos — promíscuas, monogâmicas ou indecisas que quaisquer outras pessoas.

por ELIEL CRUZ 
The Advocate 
02 de junho de 2014
https://www.advocate.com/bisexuality/2014/06/02/13-things-never-say-bisexual-people

Traduzido por Sergio Viula para o blog Fora do Armário


Como um homem bissexual orgulhoso de si mesmo, há anos tenho navegado pela área cinzenta e complicada que minha identidade ocupa no espectro da sexualidade. Apesar de todos os ganhos que a comunidade LGBT conquistou, bissexuais ainda são vistos com dúvidas — ou rechaço direto — por gays, lésbicas e heterossexuais igualmente. Desde pessoas me perguntando se eu já sou um "gay completo" até outras questionando minhas motivações, eu já devo ter ouvido de tudo.





Infelizmente, o pensamento binário daqueles que negam a existência da bissexualidade oprime a todos, perpetuando padrões inabaláveis de identidade, sejam heteronormativos ou homonormativos. Ser íntimo de alguém do mesmo sexo não significa que você seja gay, exatamente como ser íntimo de alguém do sexo oposto não significa que você seja heterossexual — simplesmente significa que você se encontra em algum lugar do lindo e fluido espectro da sexualidade.

Então, aqui estamos nós no supostamente iluminado ano de 2014, e todavia, a bifobia persiste. Sem obedecer qualquer ordem em particular, aqui vão algumas das mais cansativas mentiras que a sociedade realmente precisa parar de contar sobre a comunidade bissexual.


1. Bissexuais não existem.




Essa é a primeira e mais difundida mentira sobre a bissexualidade. Algumas pessoas simplesmente não compreendem uma sexualidade na qual os indivíduos sejam atraídos por mais de um gênero. Você pode testar as águas, mas você em algum momento vai escolher um lado, segue o raciocínio. Mas pessoas bissexuais não precisam de ciência  —  ou da aprovação daqueles que se sentem atraídos por apenas um dos gêneros  — para provar que existem.


2. Bissexuais estão apenas passando por uma fase. 

Sim, é verdade que existem muitos gays e lésbicas que usaram a bissexualidade como uma forma de reduzir o impacto de se assumirem para seus pais conservadores. Muitos podem ter se identificado como bi por um tempo, enquanto estavam ainda tentando compreender sua própria orientação. E ao mesmo tempo que se assumir é uma decisão intensamente pessoal, as estratégias de alguns não deveriam invalidar as identidades da maioria, para a qual a bissexualidade não foi uma "pedra de apoio", mas um destino concreto e final. 


3. Bissexuais são sexualmente gulosos.

Pessoas bissexuais não são automaticamente mais promíscuas do que qualquer outra pessoa — gay ou heterossexual. Ser atraído por mais de um gênero realmente atrai mais parceiros em potencial, mas não aumenta as probabilidades de se conectar física e emocionalmente com o dito parceiro em potencial. E assim como ter um gosto eclético não torna alguém em alcoólatra, ser bissexual não faz de ninguém um guloso.


4. Bissexuais são traidores.



Um traidor é um traidor. Pessoas bissexuais traem, e o mesmo fazem pessoas que se identificam como heterossexuais, gays, transexuais, ou o que quer que seja. A sexualidade de uma pessoa ou sua identidade de gênero não a obrigam a trair.


5. Todos os bissexuais são poliamorosos.

Enquanto o poliamor parece se mostrar mais prevalente na comunidade queer, não há informação consistente que conecte o poliamor mais diretamente aos bissexuais do que às pessoas de quaisquer outras orientações sexuais. Buscar esse tipo de estrutura de relacionamento não está ligado a uma ou outra sexualidade especificamente.


6. Bissexuais tem medo de compromisso.

Ser atraído por ambos os gêneros não tem nada a ver com compromisso. Alan Cumming abordou essa concepção errônea numa cândida entrevista no ano passado. "Eu tenho um apetite sexual saudável e uma imaginação saudável" - disse Cumming à revista Instinct. "Eu ainda me defino como bissexual apesar de ter escolhido estar com Grant. Eu sou sexualmente atraído pela forma da fêmea apesar de estar com um homem e acho apenas que os bissexuais têm uma reputação ruim."


7. Todas as mulheres são bissexuais.




A sexualização da mulher não conhece fronteiras na cultura contemporânea. Mas só porque a mídia do mainstream continua a explorar a sexualidade feminina, numa clara tentativa de vender produtos, não significa que todas as mulheres transitem entre os dois lados, a la Shakira e Rihanna em "Can't Remember to Forget You." Desculpe, Shakira, não vamos comprar o que aqueles quadris estão vendendo.


8. Bissexuais são atraídos por qualquer coisa que se mova.


Ah, por favor. Só porque alguém é bissexual não significa que ele não tenha padrões. Essa é a mesma lógica que os caras homofóbicos usam para explicar porque não querem dividir um vestiário com homens gays. Você bem que gostaria que estivéssemos olhando para o seu material, querido.   


 9. Bissexuais não são atraídos por gêneros binários.


Robyn Ochs


A respeitada ativista bissexual Robyn Ochs descreve a bissexualidade como o potencial "de ser atraído — romântica e/ou sexualmente — por pessoas de mais de um sexo e/ou gênero, não necessariamente ao mesmo tempo, não necessariamente do mesmo modo, e não necessariamente com a mesma intensidade." Então, não, não tem nada a ver com binarismos, minha gente.


10. Bissexuais espalham HIV.

Homens que fazem sexo com homens não estão em risco desproporcional de infecção por HIV. Os bissexuais também não estão mais propensos a espalhar a doença do que os outros — tomar as devidas precauções é necessário, independentemente de sua orientação sexual. Sempre use proteção, conheça o estado sorológico de seu parceiro e o seu próprio.


11. Bissexuais vivem para sexo a três.

Sexo a três não é uma marca do estilo de vida bissexual  — é apenas uma opção, do mesmo modo que o são para qualquer outro ser sexuado.


12. O apagamento dos bissexuais é um mito.




De fato, a Comissão de Direitos Humanos de San Francisco publicou um relatório de cinquenta páginas em 2011 sobre a invisibilidade bissexual dentro da comunidade LGBT, demonstrando que o fenômeno está vivo e em boa forma. Como detalhado pela comissão,  palavreado como  "casamento gay" ou "homossexualidade" não é inclusivo e apaga a identidade das pessoas bissexuais. E mesmo os principais festivais do Orgulho objetivando ser inclusivos parecem ignorar a mensagem. 


13. Bissexuais são uma comunidade pequena.

Em 2007, uma pesquisa com 768 autoidentificados lésbicas, gays e bissexuais descobriu que um total de 48,9 por cento se identificava como bissexual — aproximadamente metade. Os bissexuais podem não falar tanto quanto seus irmãos gays e lésbicas, mas isso deve-se mais a estigmas persistentes do que à falta de força numérica. Gostem ou não, a comunidade bissexual está aqui, e está aqui para ficar. 

Lésbicas e bissexuais fazem caminhada na capital paulista

Foto: Janaina Garcia / Terra

A caminhada acontece na véspera da 14ª Parada do Orgulho Gay de São Paulo, que acontece também na Paulista, neste domingo, a partir das 10h.


A 12ª Caminhada Lésbica e Bissexual aconteceu hoje, um dia antes da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo - a maior do Brasil.

O Site Terra registra a fala de uma das organizadoras da manifestação, Rute Alonso, as lésbicas e bissexuais têm "algumas pautas específicas das mulheres, que acabam não sendo comuns a toda a população LGBT".

Ela também disse o seguinte ao Terra:

"Quando você vai ao ginecologista, ele já pressupõe que você é heterossexual. E a gente gostaria que fosse um tratamento inclusivo. Deixar as lésbicas e bissexuais mais tranquilas para usar os serviços de saúde", ressaltou Rute. De acordo com ela, o desconforto com o atendimento faz com que muitas mulheres deixem de procurar o auxílio profissional.

Para Rute, a violência é outro ponto que preocupa essas mulheres. Ela reclama que não existem estatísticas sobre os casos de estupro corretivo - quando a mulher é violentada como ataque à sua identidade sexual. "Já existe uma subnotificação de estupros em geral, por toda a vergonha da mulher que é vítima de estupro. Por outro lado, esses profissionais que acolhem não têm necessariamente indicadores para registrar que aquilo foi um estupro corretivo", reclamou. " O que a gente precisa é que o governo se sensibilize e comece a levantar números".

Existem ainda reivindicações específicas das bissexuais. A funcionária pública Natasha Avital reclama da discriminação não só dos heterossexuais, mas também de homossexuais. Segundo ela, existe uma incompreensão sobre as pessoas que transitam pelas duas opções. "Muitos acham que somos héteros e só queremos experimentar, nunca teremos uma relação séria com uma mulher", disse sobre as opiniões que escuta. "Alguns gays e lésbicas têm medo que usem a gente como exemplo de que as pessoas podem mudar [deixar de ser homossexuais]", acrescenta.

Para combater essa visão, Natasha estava com um grupo distribuindo panfletos e esclarecendo sobre a condição de bissexual. "A gente veio aqui falar com todas as mulheres".

O Básico sobre Bissexualidade

Bandeira bissexual





Center for Social Justice Education and LGBT
Communities
247 Tillett Hall (LC) ↔ 848-445-4141
socialjustice.rutgers.edu


O que é bissexualidade?

Bissexualidade é o potencial de sentir-se atraído (sexualmente, romanticamente, emocionalmente) e engajar-se em relacionamentos sensuais ou sexuais com pessoas de ambos os sexos. Uma pessoa bissexual pode não se sentir atraída pelos dois sexos do mesmo modo, e o grau de atração pode variar com o tempo.

A auto-percepção é a chave para a identidade bissexual. Muitas pessoas envolvem-se em atividade sexual com pessoas de ambos os sexos, ainda que não se identifiquem como bissexuais. Do mesmo modo, outras pessoas se envolvem em relações com pessoas de um sexo, ou não se envolvem em atividade sexual alguma, mas consideram-se bissexuais. Não há “teste” comportamental que determine se alguém é bissexual.

Identidade Bissexual

Algumas pessoas acreditam que uma pessoa nasce heterossexual, homossexual, ou bissexual (por exemplo, devido a influências hormonais pré-natais), e que sua identidade é inerente e imutável. Outras acreditam que a orientação sexual dê-se a partir da socialização (por exemplo, por imitação ou rejeição de modelos parentais) ou escolha consciente (por exemplo, escolher o lesbianismo como parte de uma identidade política feminista). Outros acreditam que esses fatores interagem. Porque fatores biológicos, sociais, e culturais são diferentes para cada pessoa, a sexualidade de todo mundo é profundamente individual, sejam elas bissexuais, gays, lésbicas, ou assexuais. O “valor” é colocado sobre a identidade sexual não deve depender de sua origem. Muitas pessoas pressupõem que a bissexualidade seja apenas uma fase que as pessoas atravessam. De fato, qualquer orientação sexual pode ser uma fase.

Humanos são diversos, e sentimentos sexuais individuais e comportamento mudam ao longo do tempo. A criação e consolidação de uma identidade sexual é um processo contínuo. Uma vez que somos geralmente socializados por heterossexuais, a bissexualidade é um estágio que muitas pessoas experimentam como parte do processo de reconhecimento de sua homossexualidade. Muitos outros vêm a se identificar como bissexuais depois de um considerável período de identificação como gays ou lésbicas
.
Um estudo realizado por Ron Fox de mais de 900 indivíduos bissexuais descobriu que 1/3 tinha se identificado previamente como gay. Uma orientação que pode não ser permanente ainda é válida pelo período em que é experimentada.  A bissexualidade, assim como a homossexualidade, pode ser tanto uma experiência de passagem no processo de descoberta sexual, ou uma experiência de identidade estável e de longo prazo.

Quão comum é a bissexualidade?

Não é fácil dizer quão comum é a bissexualidade, uma vez que pouca pesquisa tem sido feita sobre o tema; a maioria dos estudos sobre sexualidade tem focado sobre heterossexuais e homossexuais. Baseado em pesquisa feita por Kinsey nas décadas de 1940 e 1950, 15-15% das mulheres e 33-46% dos homens podem ser bissexuais, baseado em suas atividades e atrações. Bissexuais estão escondidos de muitas maneiras em meio à população. Em nossa cultura, geralmente se pressupõe que uma pessoa seja heterossexual (pressuposto padrão) ou homossexual (baseado na aparência ou em dicas comportamentais). Porque a bissexualidade não se encaixa nessas categorias padrão, ela e frequentemente negada ou ignorada.

Quando é reconhecida, a bissexualidade é frequentemente vista como sendo “parte heterossexual e parte homossexual”, em vez de uma identidade à parte. A bissexualidade desafia a maneira aceita de olhar o mundo apelando para a validade de categorias sexuais rígidas, e encoraja o reconhecimento da existência de uma série diversa de sexualidade. Uma vez que não há aparência bissexual ou modos de agir estereotipados, os bissexuais são geralmente vistos como sendo heterossexuais ou homossexuais. Para aumentar a consciência [da bissexualidade], os bissexuais começaram a criar suas próprias comunidades visíveis.


Relacionamentos bissexuais

Relacionamentos bissexuais, como com todas as pessoas, têm uma ampla variedade de estilos. Contrário ao mito comum, uma pessoas bissexual não precisa estar sexualmente envolvida tanto com um homem quanto com uma mulher simultaneamente. De fato, algumas pessoas que se identificam como bissexuais nunca se envolvem em atividade sexual com um ou outro (ou qualquer) gênero. Como é o caso dos heterossexuais, dos gays e das lésbicas, a atração não significa agir a partir de cada desejo. Como os heterossexuais e as pessoas gay, muitos bissexuais escolhem ser sexualmente ativos com um parceiro(a) apenas, e mantém relacionamentos monogâmicos de longa duração Outros bissexuais podem manter casamentos abertos que permitam relacionamentos com parceiros do mesmo sexo, relacionamentos a três, ou uma série de parceiros do mesmo e do outro gênero (sozinhos ou simultaneamente). É importante ter a liberdade de escolher que tipo de relacionamentos afetivos e sexuais são certos para as pessoas envolvidas, qualquer que seja sua orientação.


Bifobia

Mulheres e homens homossexuais não podem ser definidos por seu parceiro ou parceiro em potencial, e por isso são lançados à invisibilidade dentro de uma moldura heterossexista. A invisibilidade (bifobia) é um dos aspectos mais desafiadores da identidade bissexual. Viver numa sociedade que é baseada e se mantém em oposição, sobre reafirmações e polaridades dicotômicas “equilibradas”, afeta o modo como vemos o mundo, e como negociamos nossas próprias vidas e as vidas de outras pessoas para as encaixarmos na “realidade”.

A maioria das pessoas não tem consciência de suas pressuposições homossexuais ou heterossexuais até que uma pessoa bissexual fale ou assuma e desafie seus pressupostos.  Muito frequentemente, os bissexuais são dispensados, e ouvem que estão “confusos” e que “simplesmente têm que se decidir e escolher”. Para pessoas que se identificam como bissexuais, manter sua integridade numa sociedade heterossexista e homo-odiadora, demanda um forte senso de “self” e coragem e convicção para viverem suas vidas em desafio ao que passa por “normal”.


Com o que se parece a Bifobia?

  1.  Assumir que todo mundo que você encontra é heterossexual ou homossexual.
  2.  Apoiar e compreender uma identidade bissexual para jovens porque você se identificava “desse modo”  antes de chegar à sua verdadeira identidade lésbica/gay/heterossexual.
  3.  Esperar que um bissexual se identifique como heterossexual quando forma um par com o sexo/gênero “oposto”.
  4.  Acreditar que homens bissexuais espalham AIDS/HIV  outras DSTs para heterossexuais.
  5.  Pensar que pessoas bissexuais não se decidiram ainda.
  6.  Pressupor que uma pessoa bissexual quereria realizar suas fantasias e curiosidades sexuais.
  7.  Pressupor que bissexuais quereriam “passar” por outra coisa que não bissexuais.
  8.  Sentir que pessoas bissexuais são muito declaradas e abusadas a respeito de sua visibilidade e direitos.
  9.  Automaticamente assumir que casais românticos de duas mulheres sejam lésbicas, ou que dois homens sejam gays, ou que um homem e uma mulher seja heterossexuais.
  10.  Esperar que pessoas bissexuais obtenham serviços, informação e educação de agências de serviço heterossexuais para seu “lado heterossexual” e que depois se dirijam a agências de serviço gay e/ou lésbico para seu “lado homossexual” (sic).
  11.  Sentir que bissexuais são simplesmente gulosos, querendo o bolo todo para si.
  12.  Acreditar que mulheres bissexuais espalham AIDS/HIV e outras DSTs para lésbicas.
  13.  Usar termos como “fase” ou “estágio” ou “confuso” ou “em cima do muro” ou “bissexual” ou “gilette” ou “vira-casaca” como modo de ofender ou acusar.
  14.  Pensar que bissexuais só tenham relacionamentos comprometidos com parceiros do sexo/gênero “oposto”.
  15.  Olhar para uma pessoa bissexual e automaticamente pensar na sua sexualidade ao invés de vê-la como uma pessoa completa, inteira.
  16.  Acreditar que bissexuais estejam confusos sobre sua sexualidade.
  17.  Pressupor que bissexuais, se tivessem escolha, prefeririam estar com o sexo/gênero “oposto” para usufruírem os benefícios sociais de um par “heterossexual”.
  18.  Não confrontar uma declaração bifóbica ou piada por medo de ser identificado como bissexual.
  19.  Pressupor que bissexual signifique “disponível”.
  20.  Pensar que pessoas bissexuais terão seus direitos quando lésbicas e gays tiverem os deles.
  21.  Ser gay ou lésbica e perguntar ao seu amigo bissexual sobre seu amante quando aquele amante for do mesmo sexo/gênero.
  22.  Sentir que não pode confiar num bissexual porque eles não são realmente gays nem realmente heterossexuais.
  23.  Pensar que as pessoas se identificam como bissexuais porque é “moda”.
  24.  Esperar que um bissexual se identifique como gay ou lésbica quando estiver em relacionamento com alguém do “mesmo” sexo/gênero.
  25.  Esperar que ativistas bissexuais e organizadores minimizem os assuntos bissexuais (i.e. HIV/AIDS, violência, direitos civis básicos, lutar pelo Direito, vida militar, casamento entre pessoas do mesmo sexo, custódia de filhos, adoção, etc.) e que priorizem a visibilidade de temas “lésbicos e/ou gays”.
  26.  Evitar mencionar aos amigos que você está envolvido com um bissexual ou que trabalha com um grupo bissexual porque tem medo de que eles pensem que você seja bissexual.
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Fonte de outros recursos - http://www.biresource.org

Esse panfleto foi reproduzido e adaptado de UC Riverside LGBT Resource Center “Bissexual Basics”. Revisado em agosto/11.

Tradução para a língua portuguesa: Sergio Viula para o blog Fora do Armário


CNCD-LGBT publica nota sobre a Comissão de Direitos Humanos e Minorias



Conselho Nacional de Combate à Discriminação e Promoção de Direitos Humanos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – CNCD/LGBT
Decreto nº 7.388, de 9 de dezembro de 2010.


NOTA PÚBLICA

O Conselho Nacional de Combate a Discriminação e Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (CNCD/LGBT), em função da escolha do deputado federal Marco Feliciano (PSC) para presidir a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados e considerando que:

a) O deputado Marco Feliciano já se posicionou diversas vezes de forma preconceituosa e homofóbica em relação à população LGBT, ora defendendo que a AIDS é um "câncer gay", ora trabalhando para que os psicólogos brasileiros voltem a considerar a homossexualidade como doença, ora responsabilizando os "sentimentos homoafetivos" como causadores de ódio, crimes e rejeição;

b) O deputado Marco Feliciano também se manifestou de forma preconceituosa e racista em relação à África, considerando como "amaldiçoado" esse importante e negro continente que trouxe contribuição humana e cultural para o Brasil;

c) O deputado Marco Feliciano desrespeitou, diversas vezes, as várias denominações religiosas de matriz africana, ao defender que elas cultuam entidades satânicas e congêneres;
Entende que o referido deputado federal não possui o perfil e história para ocupar o cargo máximo de uma Comissão que deve ser pautada pela defesa dos direitos humanos de todos e todas, em especial daquelas pessoas que como apontam diversos indicadores, são as mais vulneráveis à violência motivada, muitas vezes de forma simultânea, pela homo-lesbo-transfobia, machismo, heterossexismo, racismo e intolerância religiosa.

Em função do exposto, este Conselho considera essencial para o desempenho das atribuições constitucionais e regimentais da Comissão dos Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, que a presidência e as demais vagas que a compõem, sejam ocupadas por parlamentares com histórico de respeito e trabalho pela promoção dos Direitos Humanos.


Brasília, 12 de março de 2013.


Conselho Nacional de Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos de LGBT

Link - http://portal.sdh.gov.br/clientes/sedh/sedh/2013/03/nota-publica-do-conselho-nacional-de-combate-a-discriminacao-e-promocao-dos-direitos-de-lesbicas-gays-bissexuais-travestis-e-transexuais-cncd-lgbt


CONHEÇA O CNCD-LGBT NO PORTAL BRASIL O Conselho Nacional de Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (CNCD-LGBT) é um órgão colegiado, integrante da estrutura básica da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), criado através da Medida Provisória 2216-37 de 31 de Agosto de 2001.

Veja mais aqui: http://www.sedh.gov.br/clientes/sedh/sedh/conselho/cncd

III Semana de Gênero e Sexualidades da Unifesp - Setembro/2012

III Semana de Gênero e Sexualidades da Unifesp






Política, Gênero e Sexualidade: tensões e diálogos
De 17 a 21 de Setembro de 2012


Já estão abertas as inscrições para a III Semana de Gênero e Sexualidades da Unifesp! Neste ano o tema é “Política, Gênero e Sexualidade: tensões e diálogos” e a grande novidade é a inscrição também para Atividades Culturais, além das inscrições em Comunicações Orais, como no ano anterior. Podem se inscrever pesquisador@s de graduação e pós-graduação, independentes, vinculad@s a outros tipos de instituições ou a movimentos sociais.

Isso também vale para grupos que desenvolvam algum tipo de trabalho não necessariamente textual sobre gênero e sexualidades, tais como performances, leituras dramáticas, peças de teatro e dança, vídeos e filmes, apresentações musicais, mostras visuais, etc.

As inscrições deverão ser feitas exclusivamente no site do evento, https://segensex3.blogspot.com/, e se encerrarão no dia 10 de Junho de 2012! O evento ocorre na semana de 17 a 21 de Setembro de 2012. Não percam o prazo!


Participe, compareça, divulgue!

Realização:

MAPÔ - Núcleo Intedisciplinar de Estudos de Gênero, Raça e Sexualidades da Unifesp

Site: http://mapounifesp.webnode.com/
E-mail: unifespmapo@gmail.com
Blog: http://blogdomapo.blogspot.com.br/
Twitter: https://twitter.com/#!/MAPOUnifesp
Facebook: http://www.facebook.com/pages/MAP%C3%94-N%C3%BAcleo-de-Estudos-de-G%C3%AAnero-Ra%C3%A7a-e-Sexualidades-da-Unifesp/128354280584626

Cientistas afirmam que existe desejo bissexual de fato

Estudo afirma que existe desejo bissexual





Nova pesquisa da Universidade de Northwestern aponta que bissexuais se sentem atraídos tanto por homens quanto por mulheres



The New York Times | 28/08/2011 09:25


Numa espantosa retratação científica, pesquisadores da Universidade Northwestern encontraram evidências de que pelo menos alguns homens identificados como bissexuais são, de fato, atraídos tanto por homens quanto por mulheres.

A revelação não surpreende os bissexuais, que há muito tempo afirmam que a atração muitas vezes não se limita a um único gênero. Mas, durante anos a fio, a questão da bissexualidade tem atormentado os cientistas. Em 2005, um estudo amplamente divulgado, também elaborado por pesquisadores da Northwestern, relatou que “sobre a excitação e a atração sexual, a existência da bissexualidade masculina permanece discutível”.

Essa conclusão indignou homens e mulheres bissexuais, que disseram que ela parecia apoiar a ideia de que homens bissexuais seriam homossexuais enrustidos.

No novo estudo publicado online pela revista Biological Psychology, os pesquisadores adotaram um critério mais rigoroso para seleção dos seus participantes. Para melhorar as chances de encontrar homens sexualmente atraídos tanto por homens quanto por mulheres, os cientistas recrutaram voluntários a partir de espaços virtuais especialmente criados para bissexuais.

Eles também exigiram que os participantes possuíssem experiências sexuais passadas com pelo menos duas pessoas de cada sexo e uma relação amorosa de pelo menos três meses com ao menos uma pessoa de cada gênero.

Por outro lado, no estudo de 2005, os homens foram recrutados via anúncios em publicações gays e alternativas e passaram a ser identificados como heterossexuais, bissexuais ou homossexuais por meio de respostas a um questionário padrão.

Nos dois estudos, os participantes assistiram a vídeos íntimos de homens e mulheres mantendo relações com parceiros do mesmo sexo, enquanto sensores genitais monitoravam as respostas eréteis. Enquanto o primeiro estudo divulgou que os bissexuais normalmente assemelhavam-se aos homossexuais nas suas respostas, a nova pesquisa descobriu que os homens bissexuais reagiram da mesma maneira tanto para os vídeos entre homens quanto para os vídeos entre mulheres, ao contrário dos homossexuais e heterossexuais que participaram do estudo.

As duas pesquisas também descobriram que os bissexuais relataram excitação subjetiva pelos dois sexos, não obstante as suas respostas genitais.

“Um bissexual poderá dizer: 'sim, e daí?!”', conta Allen Rosenthal, estudante de doutorado na universidade e primeiro autor do estudo desenvolvido pela Northwestern. “Mas isso tornará válida a conduta de muitos bissexuais que ouviram falar sobre o estudo anterior e pensaram que os cientistas não os estavam compreendendo”. O estudo da Northwestern é o segundo publicado neste ano que relata um padrão distinto de excitação sexual entre homens bissexuais.

Em março, uma pesquisa feita publicada em Archives of Sexual Behavior relatou os resultados de uma abordagem diferente para o problema. Assim como no estudo da Northwestern, os pesquisadores mostraram aos participantes vídeos eróticos de parceiros do mesmo sexo e monitoraram tanto as respostas genitais quanto as respostas subjetivas. Mas eles também acrescentaram cenas de homens mantendo relações com mulheres e homens, seguindo a sugestão de que isso poderia agradar aos homens bissexuais.

Os pesquisadores – Jerome Cerny, professor aposentado de psicologia na Universidade do Estado de Indiana, e Erick Kanssen, cientista sênior no Instituto Kinsey – descobriram que os homens bissexuais eram mais suscetíveis de experimentar excitação genital e subjetiva enquanto assistiam aos vídeos do que os heteros ou os homossexuais.

A Dra. Lisa Diamond, professora de psicologia na Universidade de Utah e especialista em orientação sexual, disse que, tomados em conjunto, os dois novos estudos representam um passo significativo para demonstrar que os homens bissexuais possuem um padrão de excitação específico.

“Entrevistei vários pacientes sobre a frustração que eles sentem quando seus próprios familiares pensam que eles estão confusos, em negação ou passando por uma fase”, diz ela. “Essas linhas convergentes de evidência, utilizando-se de métodos e de estímulos diferentes, deram-nos a segurança científica para dizer que isto é algo verdadeiro”.

Os novos estudos são relativamente pequenos em tamanho, tornando-se difícil traçar generalizações, especialmente quando homens bissexuais estão se envolvendo em níveis oscilantes de atração sexual, romântica e emocional com parceiros de ambos os sexos. E, claro, os estudos não revelam absolutamente nada sobre padrões de excitação entre mulheres bissexuais. A pesquisa da Northwestern incluiu 100 homens, cuidadosamente classificados entre bissexuais, heterossexuais e homossexuais. A pesquisa publicada pela Archives of Sexual Behavior incluiu 59 participantes, entre os quais 13 bissexuais.

O novo estudo da Northwestern foi parcialmente financiado pelo Instituto Americano de Bissexualidade, grupo que promove a pesquisa e a educação sobre o tema.

Mesmo assim, defensores expressaram impressões diversas em relação à pesquisa. Jim Larsen, de 53 anos, diretor do Bisexual Organizing Project, grupo de apoio com sede em Minnesota, disse que as descobertas poderiam ajudar os bissexuais que ainda lutam para se aceitar.

“É maravilhoso que eles tenham afirmado que a bissexualidade existe”, diz ele. ``Dito isto, eles estão provando algo que nós da comunidade já sabemos.

É insultante. Acho lamentável que alguém duvide de um indivíduo que diga: 'Isso é o que eu sou e quem eu sou’''.

Ellyn Ruthstrom, presidente do Bisexual Resource Center em Boston, compartilha o desconforto de Larsen. “Infelizmente isso reduz a sexualidade e os relacionamentos ao simples estimulo sexual”, diz Ruthstrom. “Os pesquisadores querem enquadrar a atração bissexual em uma categoria. Para ser bissexual você precisa sentir-se igualmente atraído por homens e por mulheres. Isso é uma besteira. Eu amo o fato de que as pessoas encontram maneiras diferentes para expressar a sua bissexualidade”.

Apesar de seus elogios cautelosos à nova pesquisa, Diamond também notou que o tipo de excitação sexual testado durante os estudos é apenas um dos elementos para a orientação e para a identidade sexual. Ela acrescenta que a simples interpretação dos resultados sobre excitação sexual é complicada porque o monitoramento de respostas genitais a imagens eróticas em laboratório não pode replicar a verdadeira interação humana.

“A excitação sexual é algo bastante complexo”, ela explica. “Na vida cotidiana, o fenômeno real é extraordinariamente confuso e cheio de fatores”.


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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO

Diante da lentidão desses estudiosos, só posso repetir que Kinsey foi um gênio! E Freud, idem! Apesar da demora e dos contratempos que os estudiosos dessa universidade enfrentaram, fico feliz que finalmente tenham chegado ao óbvio por meio da metodologia da pesquisa científica. Assim, o que já era tão claro quanto a luz do sol fica explicado à luz da técnica.

Bissexuais, eu nunca duvidei de vocês! Meu livro tem passagens inteiras comentando sobre a legitimidade de vosso desejo! Por outro lado, aos homossexuais que mentem para si mesmos, dizendo que são bissexuais para não parecerem "tão gays assim", meu recado é simples: parem de usar a bissexualidade como tentativa de se distanciar da homossexualidade em si. Isso só vai causar mais confusão para vocês mesmos e para outras pessoas. Todas as sexualidades têm suas próprias complexidades, mas é geralmente muito mais simples ser si mesmo. Seja você mesmo: homo, bi, hétero, e incluo aqui o famoso etc., porque 'vai que...' ;) Viva plenamente a si mesmo na perspectiva de que o outro também tem esse mesmo direito. Nada pode ser mais gostoso e saudável do que isso.

Sugiro o excelente filme "Canções de Amor", produção francesa, aqui legendado para português.

Edith Modesto no Jô Soares

Edith Modesto é escritora e fundadora do grupo Pais de Homossexuais. Sua voz é respeitadíssima nesse campo. Vale assistir. Linda entrevista e muito útil para ampliar horizontes. Veja com carinho.










Dr. Drauzio Varela fala sobre homofobia

 "Violência contra homossexuais"



DRAUZIO VARELLA


Por Drauzio Varella
São Paulo, 04 de dezembro de 2010



Violência contra homossexuais

Negar direitos a casais do mesmo sexo é imposição que vai contra princípios elementares de justiça



A HOMOSSEXUALIDADE é uma ilha cercada de ignorância por todos os lados. Nesse sentido, não existe aspecto do comportamento humano que se lhe compare.

Não há descrição de civilização alguma, de qualquer época, que não faça referência a mulheres e a homens homossexuais. Apesar de tal constatação, esse comportamento ainda é chamado de antinatural.

Os que assim o julgam partem do princípio de que a natureza (leia-se Deus) criou os órgãos sexuais para a procriação; portanto, qualquer relacionamento que não envolva pênis e vagina vai contra ela (ou Ele).

Se partirmos de princípio tão frágil, como justificar a prática de sexo anal entre heterossexuais? E o sexo oral? E o beijo na boca? Deus não teria criado a boca para comer e a língua para articular palavras?

Se a homossexualidade fosse apenas uma perversão humana, não seria encontrada em outros animais. Desde o início do século 20, no entanto, ela tem sido descrita em grande variedade de invertebrados e em vertebrados, como répteis, pássaros e mamíferos.

Em alguma fase da vida de virtualmente todas as espécies de pássaros, ocorrem interações homossexuais que, pelo menos entre os machos, ocasionalmente terminam em orgasmo e ejaculação.

Comportamento homossexual foi documentado em fêmeas e machos de ao menos 71 espécies de mamíferos, incluindo ratos, camundongos, hamsters, cobaias, coelhos, porcos-espinhos, cães, gatos, cabritos, gado, porcos, antílopes, carneiros, macacos e até leões, os reis da selva.

A homossexualidade entre primatas não humanos está fartamente documentada na literatura científica. Já em 1914, Hamilton publicou no "Journal of Animal Behaviour" um estudo sobre as tendências sexuais em macacos e babuínos, no qual descreveu intercursos com contato vaginal entre as fêmeas e penetração anal entre os machos dessas espécies. Em 1917, Kempf relatou observações semelhantes.

Masturbação mútua e penetração anal estão no repertório sexual de todos os primatas já estudados, inclusive bonobos e chimpanzés, nossos parentes mais próximos.

Considerar contra a natureza as práticas homossexuais da espécie humana é ignorar todo o conhecimento adquirido pelos etologistas em mais de um século de pesquisas.

Os que se sentem pessoalmente ofendidos pela existência de homossexuais talvez imaginem que eles escolheram pertencer a essa minoria por mero capricho. Quer dizer, num belo dia, pensaram: eu poderia ser heterossexual, mas, como sou sem-vergonha, prefiro me relacionar com pessoas do mesmo sexo.

Não sejamos ridículos; quem escolheria a homossexualidade se pudesse ser como a maioria dominante? Se a vida já é dura para os heterossexuais, imagine para os outros.

A sexualidade não admite opções, simplesmente se impõe. Podemos controlar nosso comportamento; o desejo, jamais. O desejo brota da alma humana, indomável como a água que despenca da cachoeira.

Mais antiga do que a roda, a homossexualidade é tão legítima e inevitável quanto a heterossexualidade. Reprimi-la é ato de violência que deve ser punido de forma exemplar, como alguns países o fazem com o racismo.

Os que se sentem ultrajados pela presença de homossexuais que procurem no âmago das próprias inclinações sexuais as razões para justificar o ultraje. Ao contrário dos conturbados e inseguros, mulheres e homens em paz com a sexualidade pessoal aceitam a alheia com respeito e naturalidade.

Negar a pessoas do mesmo sexo permissão para viverem em uniões estáveis com os mesmos direitos das uniões heterossexuais é uma imposição abusiva que vai contra os princípios mais elementares de justiça social.

Os pastores de almas que se opõem ao casamento entre homossexuais têm o direito de recomendar a seus rebanhos que não o façam, mas não podem ser nazistas a ponto de pretender impor sua vontade aos mais esclarecidos.

Afinal, caro leitor, a menos que suas noites sejam atormentadas por fantasias sexuais inconfessáveis, que diferença faz se a colega de escritório é apaixonada por uma mulher? Se o vizinho dorme com outro homem? Se, ao morrer, o apartamento dele será herdado por um sobrinho ou pelo companheiro com quem viveu por 30 anos?

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