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Andre e Sergio: Sobrevivendo numa combinação de estilo e simplicidade

 Por Sergio Viula


Não está fácil para ninguém: pandemia, governo federal genocida e corrupto, governos estaduais incompetentes e corruptos, prefeituras corruptas e operando com total descaso para com a população e para com os equipamentos da cidade.







Como não surtar quando tudo isso ainda vem com o maldito "bônus" do desemprego, dos salários congelados, dos serviços e produtos essencias super faturados (água, luz, gás), da violência das milícias, dos traficantes, dos assaltantes 'profissionais' ou de ocasião, e das forças de segurança (polícia, guarda municipal, etc.) que matam cidadãos honestos e desaramados sempre que possível?

Minha gente, isso dá um desânimo sem tamanho, uma desesperança sem medida. Sim, porque se o povo fosse inteligente, combativo, e tivesse um nível saudável de orgulho próprio, essas coisas poderiam ser vencidas, mas, infelizmente, não é esse o caso. O país está infestado de imbecis em todos os níveis - fanáticos de todos os tipos, gente que não enxerga um palmo na frente do nariz quando se trata de ciência, história, política, sociedade, etc. Como ter esperança? A impressão que tenho é que vivemos num carrossell que espalha merda para todo lado enquanto gira ao som de alguma musiquinha do tipo tema de filme de terror com palhaços e crianças. 

Honestamente, a única coisa que sinto vontade de dizer é um grande FODA-SE para tudo isso, mas estou no mesmo barco. E se ele afundar, afundamos eu e todos os que eu amo também.




Por isso, apesar da minha indignação pessoal e do desprezo por tudo o que eu acabo de enumerar como parte dessa desgraça toda, não me resta fazer outra coisa, senão o que todo ser vivo bem-sucedido na arte da sobrevivência faz: adaptar-me e prosperar. Superar as adversidades e os obstáculos do ambiente que me cerca ou aprender a conviver com eles. 

E é isso que venho tentando fazer dentro das minhas possibilidades e contingências. Já faz 1 ano e três meses que eu me encontro em confinamento praticamente total. Evito até ir ao supermercado. Na maioria das vezes, utilizo aplicativos que me entregam as compras na porta. Se precisar sair, tenho que ter dinheiro para o Uber, senão não saio.

Esse ano, decidi abrir uma rara exceção para o Dia dos Namorados, mas com meus movimentos friamente calculados, como diria Chapolim Colorado. Andre e eu decidimos dar umacaminhada pela orla Ipanema-Leblon, com direito a uma paradinha no Mirante do Leblon. Parece tolice, mas uma coisa besta como essa se reveste de uma importância sem tamanho. A gente chega a pensar que é um privilégio, dadas as circunstâncias. 




Além da caminhada, almoçamos num restaurante japonês. A que horas? Quase na hora do lanche da tarde. Por que tão tarde? Para evitar a turba que se aglomera na hora do almoço e muito mais ainda na hora do jantar num dia como esse. 

Nunca pensei que eu fosse dizer isso um dia, mas quero distância de gente. Eu que sempre gostei de socializar... 

De qualquer modo, nosso Dia dos Namorados foi caracterizado por um bate e volta bem rápido com MÁSCAR A e ÁLCOOL gel nos acomapanhando ao longo de todo o trajeto, tanto na ida quanto na volta. As exceções foram os momentos das fotos ao ar-livre e o tempo exato de almoçarmos.



Na verdade, a coisa mais segura a se fazer é FICAR EM CASA. E é isso que temos feito e continuaremos a fazer. A média móvel de mortes por Covid tem sido de quase duas mil por dia. Houve dia em que o número de mortos passou de 2.40. Não adianta dizer que está cansado, é tomar cuidado ou ficar doente e até morrer. Então, tome cuidado!

Um dia desses, só para mudar de ambiente, reservamos um quarto de hotel para descansarmos em outras paragens e sem grandes riscos. Ficamos lá de sábado até segunda-feira de manhã, antes do trabalho. Foi muito relaxante e as fotos falam por si mesmas. Porém, no restaurante do hotel, a nossa mesa era a única ocupada entre outras oito ao nosso redor. Isso só para dar uma ideia do que estou dizendo quando uso o termo 'SEM AGLOMERAÇÃO'.




Mas, nosso ninho (nossa casa), apesar de simples é muito aconchegante e fazemos muitas coisas divertidas aqui. Às vezes, um simples jogo de sinuca online (um contra o outro) já serve para distrairmos a cabeça do trabalho e dos problemas que nos cercam. Outras vezes, um jantarzinho caprichado feito por um de nós é uma linda oportunidade para alimentarmos mais do que o estômago. E nós dois mandamos bem na cozinha. Dia desses, eu fiz um salmão ao molho de alcaparras que deixou o Andre nas nuvens. E ficou mais barato do que pedir comida pelo Ifood. 

Mas, Andre já fez coisas deliciosas também. Só que eu trabalho remotamente, enquanto ele precisa ir até o trabalho todos os dias. Então, tenho mais chances de deixar as coisas engatilhadas para o fim do expediente, à noite. O meu dia de trabalho termina bem depois do dele, mas o dele começa bem antes do meu.  De novo, adaptação é o segredo.



Ontem mesmo, tivemos uma manhã deliciosa. Tomamos nosso café no terraço. Estávamos enroscados em nossos roupões, porque finalmente chegou um pouco de frio ao Hell de Janeiro (inferno quase o ano ineiro). 

Depois do café, tivemos nossa 88ª aula de inglês lá mesmo. Que orgulho ver o quanto Andre pode falar e entender agora perto do que ele sabia há poucos meses! 


Meu roupão foi presente dele pelo Dia dos Namorados.


Dali, nos preparamos para almoçarmos com meus pais. Eles haviam organizado um almoço bem especial para nós. Já fazia quase UM MÊS que não íamos à casa deles, apesar dos dois estarem VACINADOS COM A SEGUNDA DOSE. 


Essa portuguesinha faz um bacalhau gostosinho demais!


Não fosse uma perturbação com a campainha tocando na hora do almoço, teria sido perfeito. Mas, sabendo como eu penso, minha mãe só falou com os importunadores ao portão e depois voltou para terminar o almoço que já estava frio por causa do inconveniente. Não é seguro receber visitas, se tivermos que ficar sem máscaras e ao redor da mesma mesa.

Gostem as pessoas ou não, eu tenho dois princípios que eu sigo à risca: 

1) NÃO visito ninguém em HORÁRIO DE REFEIÇÃO e JAMAIS vou à casa de alguém sem telefonar antes, inclusive na casa dos meus pais. 

2) NÃO VIAJO para lugar algum se não tiver QUARTO DE HOTEL reservado. A viagem pode ser para visitar parentes e até melhores amigos. SE NÃO TENHO dinheiro para o HOTEL, NÃO VIAJO. É passagem aérea e reserva de hotel na mão, ou nada. Não espero nada menos de outras pessoas. 




À noite, demos um pulo bem rapidinho no shopping para comprarmos umas roupinhas de bebê que eu acabo de enviar através de uma agência dos Correios há 300 metros da minha casa. Ninguém no guichê quando cheguei. Adoooro! Destino? Para a senhorita Clara, minha neta, que colocará a carinha no sol em outubro. Larissa, minha filha, e Vitor, meu genro, estão muito felizes com essa perspectiva e vivenciando cada dia com alegria. 

Os presentinhos foram nossos e dos meus pais. Coloquei tudo junto e enviei hoje pela manhã. Daqui a 15 dias, ela vai receber lá. Fiz isso porque fiquei sabendo que Portugal vai começar a taxar compras internacionais. Já comprei pelo Ali Express antes e achei super prático, mas agora é diferente, e não é justo que alguém receba um  presente e tenha que pagar taxas para retirá-lo. Prefiro pagar a remessa e enviar na qualidade de presente mesmo. Nada de taxação para os pais de Clarinha. Os presentes são uma gracinha. Assim que eles receberem e fotografarem, eu vou postar no Diário de um Avô Colorido (https://www.xn--foradoarmrio-kbb.com/2021/04/bebe-bordo-diario-de-um-avo-colorido.html). Esse é um post que vai sendo atualizado até o dia do nascimento de Clara. Dê uma olhada. ^^

Se estamos ansiosos para o fim desse pesadelo que é o binômio pandemia-genocida? Sim. Por nós, esse traste nunca teria ganho sequer uma eleição para síndico de condomínio, mas ESTAMOS VIVOS e PRETENDEMOS CONTINUAR ASSIM, apesar dele e de todos os outros que colaboraram e/ou continuam colaborando para o inferno que estamos vivenciando.



Em suma, cuide-se, use máscara, tome as duas doses da vacina, continue usando máscara e higienize bem as mãos, sempre!






Quando a realidade esmaga o mito - pequeno obituário negacionista

 

Bolsonaro gargalha ao falar de pacientes com coronavírus - Fórum (https://revistaforum.com.br/politica/bolsonaro/bolsonaro-gargalha-de-brasileiros-que-contrairam-coronavirus-estou-com-covid-veja-video/)



Por Sergio Viula



Não foi falta de aviso. Televisão alertando, sites confiáveis alertando, artistas falando nisso o tempo todo. As pessoas fazem escolhas, mesmo quando os horizontes delas são curtos.

Uma coisa é a necessidade de trabalhar, com os riscos implícitos em tudo isso, e outra coisa é a irresponsabilidade. Pior ainda: com a pregação de um comportamento literalmente suicida. Não tenho a menor simpatia por negacionismo, ainda que eu não quisesse que ninguém morresse.

Infelizmente, muitos ainda vão morrer pela própria estupidez. Poderiam evitar, mas juram que tudo isso é uma grande conspiração. Não tenho a menor simpatia por negacionistas. Seria ótimo que não contaminassem outros por causa de sua própria estupidez, mas infelizmente não é isso o que acontece. 

Cuide-se! Cuide-se com tudo o que for possível se cuidar. Viver é uma delícia quando não estamos confinados a uma cama e sujeitos a dores infindáveis.















Que o poder das drag queens nos valha!

Por Sergio Viula






Depois de quatro meses de quarentena, decidi fazer uma maratona por RuPaul's Drag Race. Não poderia ter encontrado melhor maneira de passar o tempo livre, especialmente quando Andre não está por perto para me dar uma das minhas maiores alegrias - a de passar tempo com ele. Sempre que estamos juntos, a vida parece mais leve e mais promissora. Mas, como o trabalho dele não pode ser feito remotamente, o que me resta é ocupar o tempo livre entre uma jornada e outra com alguma coisa que reduza o impacto do isolamento. Eu, felizmente, pude trabalhar todos os dias dessa quarentena em casa (contando de 14 de março). Isso reduziu muito o risco de contágio para mim... e para ele, por tabela.


Estou assistindo a sexta temporada de RuPaul agora, e posso dizer que só melhora! Ele é genial! As drag queens que participam têm histórias e personalidades riquíssimas. Fico besta com a criatividade delas - desde a capacidade de entreter até a de produzir seus próprios vestidos e acessórios. Esses meninos in drag literalmente reinam! Quem ainda não viu, veja. Está disponível no Netflix.


Mas entre o glamour de RuPaul com suas queens e o coronavírus, existem mais emoções entre a TV e a cama do que a nossa vã filosofia possa imaginar. Na quinta-feira passada, 09 de julho, Andre sofreu uma tentativa de assalto no ônibus. Três passageiras que estavam perto dele tiveram seus celulares roubados por um único indivíduo maltrapilho, provavelmente mais um sintoma desse sistema político-econômico destruidor de sonhos no qual (sobre)vivemos a cada dia.


Andre quase teve a bolsa arrancada pelo assaltante. Ele só escapou porque segurou a bolsa com firmeza quando viu que o motorista havia parado o ônibus perto de dois policiais. A estratégia deu certo: o bandido, não podendo mais se arriscar, escapou pela porta de trás. Na pressa, o boné dele ficou no chão do ônibus.


Passado o primeiro susto, o trauma causado pelo ataque sofrido em lugar tão público foi revivido em sonho. Andre acordou às cinco horas da manhã no meio de um pesadelo com o bandido. Quem precisa acordar a essa hora num dia de folga, ainda mais por um motivo desses?




Já tivemos noites e dias mais tranquilos. 
Sobreviveremos para viver muitos outros.



Seria fácil, mas equivocado, achar que aquele homem estava ali por mero capricho, ou seja, por alguma escolha teimosa em arriscar a própria vida por algo que está longe de valer uma noite na cadeia, muito menos alguns anos na carceragem insalubre e seviciante de algum presídio tenebroso - outro dispositivo estatal de produção de sociopatas.


Felizmente, eu não precisei chorar a perda de quem eu amo tanto. O assaltante não estava armado. E ainda tem FDP defendendo o armamento da população... Quando será que essa gente estúpida vai aprender, afinal de contas?


É preciso empatia de verdade e um pouco de inteligência para ligar os pontos. Antes de roubar pela primeira vez na vida, esse homem provavelmente sofreu todo tipo de violência. Nós, felizmente, abrigados, vestidos e alimentados, especialmente nós que temos ou tivemos pais amorosos e provedores, não temos a menor ideia do que é passar por todo tipo de violência dentro e fora de casa, e carecer de tudo, até de coisas absolutamente essenciais à produção de um cidadão saudável, trabalhador e - acima de tudo - feliz. Não toleraríamos para os nossos filhos uma só das dezenas de sofrimentos que esse pessoal costuma sofrer já antes de nascer. A miséria transforma a gestação dos miseráveis em trauma antes mesmo do parto.


É fácil condenar o produto final dessa cadeia produtiva. Duro é reconhecer que fazemos parte dela, mesmo sem querer. Mas, uma coisa é indiscutível: ninguém é mais responsável pelo estado em que nos encontramos do que os governantes que se revezaram nessa merda de colônia falsamente independente e ainda mais falsamente chamada de república.


Pode-se deixar bandidos à solta agindo pela cidade? Definitivamente, não! Prendê-los resolve tudo? Não.


É preciso reformar muita coisa, a começar pelo sistema carcerário. É fundamental investir naquilo que poderia evitar que tanta gente fosse empurrada para a marginalidade, isto é, investir em bem-estar social (educação, saúde, moradia, emprego). Só assim superaremos esses 500 anos ininterruptos de desgraça social. Deixar gente morrer de fome na rua é brincar de roleta russa com a própria cabeça.


E o pior é que, a julgar pelo brilhantismo e competência dos que nos governam atualmente, teremos que esperar muito ainda até que possamos atingir algum nível de justiça social que resgate esse exército de miseráveis indigentes, nenhum deles menos brasileiro que qualquer um daqueles que possuem certidão de nascimento e CPF.


Enquanto sofro por um lado, por outro, eu agradeço a Afrodite, deusa da beleza; Atena, deusa da habilidade e da inteligência; e Hefesto, deus dos artesanatos por cada drag queen que alegra meus dias em meio a essa quarentena capitaneada por patifes nos três níveis do Executivo. E agradeço a Eros por me dar o privilégio de amar a beleza (nem todos são capazes), e bela é Afrodite, como dizia Sócrates em O Banquete, discorrendo sobre o Amor (Éros).


Agora, se vocês aqui e todas as divas in drag me permitirem, meu tributo maior vai para ao meu lindo amor Andre, essa pessoa maravilhosa que faz meus dias mais felizes há quatro anos e meio (neste julho de 2020). Mas, não é somente a mim que ele faz bem. Andre faz bem a todos os que o cercam, mesmo àqueles que são incapazes de reconhecer isso. Felizmente, meus pais, meus filhos e mais alguns familiares queridos veem isso claramente.


Ontem, meu pai fez 78 anos. Uma das formas que Andre encontrou de tornar o dia dele ainda mais feliz foi fazendo esse bolo maravilhoso que vocês podem ver abaixo.


Unanimemente considerado delicioso, o maior valor desse bolo não é sua qualidade, mas o fato de ter sido feito pelas mãos do marido para meu pai. Esse velho querido que melhorou muito como pessoa ao longo desses últimos anos. Felizmente, Andre já o encontrou numa versão muito melhor do que aquela que eu tive que encarar quando saí definitivamente do armário.







E seguindo a vibe dessa quarentena, oferecemos comemoração sem aglomeração.


Meu pai, num ato de generosidade, comprou pizza para todos os filhos e seus amores. Andre ganhou uma de bacon com ovos, que ele ama. Eu ganhei uma de quatro queijos, uma das minhas preferidas. Minha irmã e o marido ganharam uma de bacon com ovos também. E para meu pai, minha mãe, meu filho, minha irmã e minha cunhada foram reservadas três pizzas - duas de calabresa e uma de quatro queijos. Todas da Domino's. Imagina só a alegria da galera, apesar de cada um ter comido sua pizza em sua própria casa, com exceção de minha irmã e minha cunhada, que estavam na casa dos meus pais, porque moram mais longe.


Fico muito feliz em ver quanta coisa mudou para melhor por aqui.


Mas, meu principal "obrigado" vai para Andre, essa pessoa fantástica que não tem vergonha de ser e de fazer feliz.


O AMOR só faz sentido quando é recíproco em todas as virtudes. E nosso amor trafega sempre em via de mão dupla, chova ou faça sol.





Mais uma translação completa

Por Sergio Viula
Atualizado em 09/05/2020

Bolo feito por Andre. O número foi ele mesmo que fez.
Nada de velas e sopros. O "mocoronga" vírus não foi convidado.





Um beijo especial para quem via isso aqui depois da escola.
(Perdidos no espaço)



Fazer aniversário é sempre um oximoro: "mais um ano a menos". Honestamente, não sei se comemoro ter vivido mais um ano ou se lamento o fato de que tenho um ano a menos para viver daqui para frente. Não o digo com tristeza. Digo-o com um tantinho de humor, quase de deboche para comigo mesmo. Queiramos ou não, a vida é uma comédia dramática. A gente ri da própria desgraça. E se chorar, não muda nada. Só desidrata.

Houve um tempo quando pensar na segunda década de vida parecia uma realidade tão distante, quase uma outra encarnação. Aos nove ou dez anos, a gente acha o primo ou o tio de 20 quase tão velho quanto nossos pais. Nossa percepção ainda imatura sobre a transitoriedade da vida nos impedem de perceber que, nessa fase da nossa vida, nossos pais estão na flor da idade. 

Ao contrário do que muitos pensam, aos 21 anos, já estamos vivendo nossa terceira década. Se você estranhou o que acabo de dizer é porque ainda não havia percebido que a contagem de uma década termina em 0. O primeiro ano depois desse número já é outra década. De 1 a 10, você vive a primeira década; de 11 a 20, você vive a segunda; e a partir dos 21, você já está na terceira década de sua existência, baby. É, fófis, a senhora é mais velha do que pensa, bunyta! [rindo de doer aqui]. 

Na verdade, eu sempre achei o ano de número 40 super charmoso. Esse número, quando se trata de idade, carrega um simbolismo só seu. Pena que é uma vez só. Quando completei quarenta anos, escrevi um texto comemorativo também. Foi divertido relembrar o que havia acontecido no ano da minha estreia por aqui: https://www.xn--foradoarmrio-kbb.com/2009/04/como-era-o-mundo-40-anos-atras.html 

Aos 50 anos, escrevi outro post marcante, cheio de orgulho gay, inclusive. Dei àquela postagem o título de "Awesome 50!" (https://www.xn--foradoarmrio-kbb.com/2019/05/meio-seculo-hoje.html) A palavra "awesome" é um adjetivo da língua inglesa que significa "impressionante". Não se pode duvidar que, para uma espécie que dificilmente completa 100 anos, chegar a meio século de vida é um feito impressionante, ainda mais se você é gay num país homofóbico como esse. 

Hoje, completo o primeiro ano da minha sexta década, mas preste atenção: eu não disse que estou fazendo 60 anos. Se você entendeu assim é porque não absorveu o que eu disse no terceiro parágrafo. (risos) Inauguro minha 6ª década de vida hoje justamente por estar completando 51 anos de idade. Quando chegar aos 60, terei encerrado a sexta década. E assim por diante. 

A pergunta é: como me sinto? 

E a resposta é: nada diferente de ontem, quando ainda estava na minha quinta década. ^^

E por quê?

Simplesmente, porque ainda posso me alegrar com o fato de estar saudável, trabalhando, casado com uma pessoa fantástica, tendo meus pais vivos e relativamente saudáveis, e convivendo com meus filhos cheios de vida e saúde - Isaac aqui pertinho e Larissa do outro lado do Atlântico, mas, apesar disso, sempre em contato comigo. Ontem mesmo trocamos algumas ideias super "cabeça" e demos muitas risadas juntos falando sobre todo o tipo de coisa.

Sabe qual foi a melhor frase que ouvi nos últimos dias? 

Foi a de Andre hoje de manhã. Ele me abraçou, parabenizou pelo meu aniversário, e disse com todo carinho: "O aniversário é seu, mas você é o meu presente de todo dia." E isso não é mera frase de efeito, não. Nosso amor e parceria são testemunhados pelo sol nascente e pelo sol poente. 

Esse é o quarto aniversário que eu comemoro ao lado dele, e digo a mesma coisa: Andre é um presente renovado a cada nascer e pôr do sol. Acordar e vê-lo ao meu lado ou saracutiando pela casa, já se organizando para ir trabalhar, é uma alegria diariamente renovada. Só é triste ver quanto tempo precisamos passar separados para ganharmos o pão de cada dia. É tempo demais, capataz! 

Ninguém devia trabalhar mais do que um teto de seis horas por dia. E com duas folgas semanais. É pedir demais? Não. É só uma questão de reorganização socioeconômica. E quem não precisasse atender clientes face a face devia trabalhar de casa. Quem sabe a gente aprende alguma coisa que preste com essa peste - o Covid-19?

Não tenho ambições desvairadas, mas se eu atingir a minha meta de viver até os 90 anos com saúde física e mental, provavelmente estarei sentando diante de um equipamento que fará a ficção científica produzida hoje parecer vintage. Ali, escreverei um texto para esse mesmo blog, só que totalmente "upgraded" para a tecnologia de então. Se eu ainda tiver o jeito espirituoso que tenho de encarar a vida hoje, terei muito sobre o que tricotar do alto do meu nonagésimo aniversário. Alguns amigos que leem esse post hoje ainda estarão por aqui, mas outros já terão se tornado queridas memórias na cabeça de um gay sênior - olha esse termo, que chique! Mas, não se abale com isso, não. Veja por outra perspectiva: há jovens leitores acompanhando esse post agora que farão 90 anos e, quando lá chegarem, já nem se lembrarão mais de mim (totalmente transformado em purpurina) ou desse blog, que ainda deverá ficar vagando pelo cyberspace por muito tempo depois que eu bater as sapatilhas. Isso, sim, é um acinte! (risos)

Então, aos que me leem, um conselho: realizem-se! Vivam suas vidas sem medo da morte, dos outros ou de si mesmos, especialmente, se você for gay, lésbica, bissexual ou transgênero. 

Saia desse armário! E se tiver saído, não retorne nunca. Você é uma borboleta de jardim, não uma traça de roupeiro.  

Viva o dia de hoje como se fosse o último. Você gostaria de estar enfiado no armário no seu último dia de vida? Mas, não deixe de ser previdente. Vai que você dá o "azar" de viver até amanhã... Não acha que é uma boa ideia garantir a comida, a bebida, o teto e algum dinheiro para dar garantia? Eu acho. 

Chega de escrever e de ler por enquanto. Vamos borboletear, crianças! 



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Em tempos de quarentena, aniversário a dois é luxo! 
hehehe

Para envolver outras pessoas, dá-lhe videoconferência pelo WhatsApp, pelo Google Meet e conversas por telefone. Foi um dia agitado. Adorei ver amigos e parentes por meio desses apps. O melhor de tudo é saber que estão bem.





Faltam dois dias: minha teimosia em planejar o futuro, apesar de tudo

Por Sergio Viula




Por Sergio Viula

Hoje é quarta-feira, e eu sempre gostei das quartas-feiras. Talvez seja pela sensação de que, quando ela chega, já vivi metade da semana, mas ainda me resta metade dela para viver. 

Fico pensando se não é porque tenho a sensação de “realizado” e “realizável” ao mesmo tempo, ou seja, a metade que ficou para trás significa trabalho feito, emoções vividas, novas memórias registradas, enquanto a metade que está adiante significa possibilidades, coisas que poderão ser feitas do mesmo jeito ou de um modo totalmente diferente, tempo livre no final de semana, entre outras coisas. 

Essa quarta-feira, especificamente, se torna ainda mais significativa por ser a antevéspera do meu aniversário esse ano. Porém, se por um lado eu projeto o depois de amanhã, por outro, não sei sequer se terei amanhã. 

Nossa teimosia em planejar o futuro

Nosso irresistível impulso de  antecipar o futuro, planejá-lo ou organizá-lo [até mesmo de sofrê-lo ou gozá-lo], quando ele ainda nem existe de fato parece ser uma característica exclusiva do bicho humano. 

Não que outros animais não se antecipem ao porvir de alguma forma. Formigas acumulam comida, guaxinins e esquilos também. Mas será que suas mentes são capazes de raciocínios elaborados sobre o minuto seguinte? Talvez, sim. Talvez, não. De qualquer modo, até o presente momento, tudo indica que fora da nossa espécie, não há bicho capaz de projeções tão ricas em detalhes como as que a nossa imaginação é capaz de realizar, principalmente porque aliamos a ela a capacidade de operar logicamente e de fazer toda espécie de cálculo em quadros hipotéticos, os mais variados – coisa que só se tornou possível, em grande parte, graças à nossa evolução linguística. 

E se quisermos indicativos de como operamos essas projeções cotidianamente, basta darmos uma olhada na lavanderia ou na cozinha. Lavar a roupa que usaremos amanhã é evidência suficiente do que digo aqui. A dispensa na cozinha também. E isso para não mencionar agendas encadernadas ou virtuais, uma vez que nem todo mundo mantém uma. 

E disso às projeções como onde nosso planeta estará daqui a 100 milhões de anos, é só uma questão de especialização. Desculpem o redutor “só” nessa frase. Afinal, é um baita salto que nenhuma espécie conhecida foi capaz de dar até agora, mas vocês devem ter entendido o que quis dizer.

De qualquer modo, é curiosíssimo que até mesmo aqueles indivíduos que sabem perfeitamente não ter controle fático sobre a vida continuem projetando e planejando, sofrendo e gozando dias que ainda nem nasceram, como é o meu caso. 

Perspectiva + perspicácia + prudência = previdência.

Essa vontade de colocar alguma ordem no caos obstinado do jogo das probabilidades que caracteriza a [nossa] vida nos confere mais do que alguma sensação de segurança, mesmo que ilusória – ela possibilita a identificação ou construção de possíveis saídas de emergência quando as coisas complicarem para o nosso lado. 

Marsupial da espécie Dasyuroides byrnei - por Spencer, 1896 – Kowari


Boas lições nos vêm da própria natureza 

Os marsupiais da espécie Dasyuroides byrnei parecem ser bons em evitar futuros riscos desnecessários. Eles constroem tocas com diversas entradas – o que previne seu encurralamento por predadores que eventualmente decidam fazer-lhes uma visitinha inesperada. Na contramão dessa lógica, bichos que fazem suas tocas com apenas uma entrada acabarão ficando sem saída quando alguma cobra faminta na vizinhança decidir ir às compras.

Quando relaxar?

Por isso, planejo, mesmo sabendo que as coisas podem não sair como eu esperava. Porém, essa verdade tem outro lado também, isto é, planejo muito, mas depois de fazer tudo o que podia, eu relaxo. E o faço sem desperdiçar meu tempo ou energia pedindo ajuda a amigos imaginários.

Nada de orações, preces, rezas, mandingas, correntes, simpatias ou quaisquer coisas do gênero. O que faço é ficar atento ao que acontece ao meu redor e às oportunidades de última hora que possam ser aproveitadas, minimizando o impacto do jogo momentaneamente desfavorável para mim. E não confundir nada disso com oportunismo do tipo que tira vantagem dos outros em prejuízo deles. Não. Pouca coisa me dá mais prazer do que não dever nada a ninguém, exceto o respeito que caracteriza qualquer cidadão com um mínimo de civilidade.

E relaxar foi exatamente o que fiz dentro de um avião da TAM na ponte aérea Rio-SP em 3 de junho de 2014, quando um desafortunado urubu, que voava bem diante dele em seus últimos segundos de vida, foi aspirado, inutilizando i

turbina completamente. Eu estava sentado na cadeira ao lado dela. Vi quando o equipamento sofreu o impacto, parando imediatamente. Mantive a serenidade, sabendo que nada havia que eu pudesse fazer, exceto manter o cinto afivelado e prestar atenção à possível máscara de oxigênio que poderia despencar diante de mim a qualquer momento, caso houvesse despressurização. Relembrei as instruções da aeromoça sobre como usar o assento como boia, caso houvesse aterrissagem sobre a água.

Fora isso, eu não tinha nada mais a fazer. Só havia uma pessoa capaz de resolver o problema: o piloto. Ninguém mais. E como eu não estava de posse do manche, felizmente, só me restava aguardar. 

Então, me recostei à poltrona e relaxei, só lamentando que, se eu morresse, não poderia beijar meus filhos de novo. Só pensava no futuro deles, mas não me deixei dominar por essa ideia. Na época, ainda não conhecia o Andre, meu amor. Se já o tivesse conhecido, isso acrescentaria outras preocupações à minha mente. 

Quanto à possibilidade de queda, eu provavelmente não sentiria coisa alguma, nem saberia que tinha morrido depois que isso acontecesse. Seria apenas como uma TV que se desliga quando alguém puxa o fio da tomada. 

Enquanto os passageiros ao meu redor quase morreram de um ataque cardíaco absolutamente inútil e desnecessário, o piloto manobrou o avião e fez o caminho de volta ao Galeão. 

Se ele tivesse fracassado, você não estaria lendo esse texto agora. Se eu tivesse infartado, mesmo com o avião estando a salvo no solo, também não. Ver tantas pessoas que acreditam em vida melhor após a morte se comportando tão desesperadamente diante da possibilidade de ficarem finalmente livres de um mundo que elas geralmente desprezam, seja em maior ou menor grau, acabou sendo um experimento em tempo real com duas conclusões distintas para mim: 

1. Esse pessoal que acredita em mundos pós-morte e seres espirituais não leva tudo isso tão a sério quanto alega.

2. Ateus de fato continuam ateus, mesmo em aviões que ameacem cair.


A cara que eu estou fazendo por dentro agora.


Faz diferença?

E que diferença faria isso se tivéssemos morrido? Nenhuma. 

Mas, faz muita diferença enquanto vivemos. Falo por mim mesmo. Repito: não falo em nome de ninguém. Porém, sei muito bem como é viver acreditando em um monte de bobagens, sempre niilistas em alguma medida, uma vez que negam o mundo, a vida e o corpo. E faz mais de 17 anos agora que sei como é viver livre de quaisquer superstições, principalmente aquelas baseadas em supostos livros sagrados, cuja ignorância e imoralidade ficam patentes aos olhos atentos de leitores capazes de pensar sem medo. 

A vida é curta, mas será melhor vivida na medida em que sua raridade e transitoriedade nos motivarem a aproveitá-la ao máximo em vez de adiarmos nossa felicidade para mundos tão improváveis quanto o Olimpo dos gregos, o Valhala dos vikings, ou o Sekhet-Aaru dos egípcios. A obsolescência dos paraísos desses povos aparentemente contrastante com a suposta validade dos paraísos cridos por muitos atualmente é só uma questão de tempo, mesmo que leve muito tempo. 

O ser humano troca de deuses e de sistemas de recompensa continuamente. Quem sabe um dia, ele cresça de uma vez e deixe essas infantilidades para trás? Quem viver, verá. ^^ 

Eu quero chegar aos 90 pelo menos, mas vivendo bem cada dia. Já estou praticamente a “seis minutos” nesse segundo tempo. Então, bola pra frente! 

A uma semana de completar um novo ano

Por Sergio Viula

E dá-lhe trabalho online!


Fossem estes dias comuns como costumavam ser, o mês de maio teria começado da forma mais gostosa possível - com um feriado nacional em plena sexta-feira! Porém, esse ano não teve nada de comum até agora, especialmente desde a segunda quinzena de março. A primeira morte foi registrada precisamente no dia 16 de março. Era um homem de 62 anos. Ele deu entrada no hospital no dia 10 e morreu no dia 16 em São Paulo. 

De 16 de março até agora, 6.434 pessoas morreram de complicações ocasionadas pelo coronavírus.

O número de infectados chegou a 92.630 pessoas até esse sábado de manhã. 38.039 se recuperaram. 

Porém, excluídos os mortos e os recuperados, temos ainda 48.157 pessoas que não sabem ainda se vão viver ou se vão morrer neste exato momento.

Há quem estime que até amanhã (domingo), o número de mortos chegará a 10 mil. Depois disso, se as coisas continuarem como estão, o crescimento deverá escalar. Por isso, há governadores e prefeitos endurecendo as medidas de isolamento. Estão certíssimos!

Por causa dessa conjuntura de crise gravíssima, meu aniversário, que será no dia 08 de maio, sexta-feira que vem, será comemorado sem qualquer aglomeração. Só eu e Andre. Nem meus pais me verão, exceto por videoconferência. E o mesmo vale para os meus filhos.

Devido a uma sugestão de minha amiga Hellowa Corrêa, estou pensando seriamente em fazer uma live comemorativa com as pessoas que desejarem participar. Divulgarei o link para a videoconferência no meu perfil do Facebook. Devo fazer isso na sexta-feira, à noite, porque Andre terá que trabalhar durante o dia.

Tenho trabalhado muito online. Não saio de casa para nada. A última vez que saí foi apenas para ir ao mercado. Isso foi no dia 26/04. Eu havia ficado duas semanas sem sair de casa para nada antes disso e agora já faz praticamente uma semana que não ponho o pé fora de casa. Quando fui ao mercado, fui de máscara e municiado de álcool gel. Uma vez em casa a sequência é sempre a seguinte: roupa no cesto, banho, higienização de todos os itens antes de irem para o armário ou para a geladeira, mãos lavadas com água e sabão, e só depois disso, o sonhado relaxamento.

É inacreditável ver que muita gente ainda defende o indefensável e apoia o senhor dos absurdos em seu picadeiro palaciano ou nas adjacências da Praça dos Três Poderes. Sinto uma vergonha alheia sem tamanho. 

Acreditem, se as pessoas que defendem o indefensável e apoiam o senhor dos absurdos tivessem de si mesmas um décimo da vergonha que sinto delas por serem indivíduos providos de cérebro que agem como se fossem descerebrados, elas certamente abandonariam o discurso que as nivela tão rasteiramente. 

Pelo jeito, não têm.

Mas. apesar de todos esses aí, amanhã há de ser um novo dia para esse sofrido planeta, quer vivamos ou morramos. Mas eu prefiro viver - e viver sem esse vírus ou quaisquer outros.

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