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Jacarezei hoje! kkkkkkkkkk



 Por Sergio Viula


Tomei a vacina contra a Covid-19 hoje, 24 de maio de 2021, pouco antes das 9h da manhã. São quatro horas da tarde agora. Nenhuma reação, exceto a de alegria. 


Gratidão? 

Somente aos profissionais de saúde, cientistas, institutos especializados em imulogia humana, laboratórios farmacêuticos que apostaram no trabalho científico, etc. 


E os governos? 

Meu desprezo ao genocida no Planalto que fez de tudo para impedir a vacinação e continua sabotando as medidas de proteção. Se estou sendo vacinado em maio em vez de janeiro ou fevereiro, é justamente por causa daquele jumento de faixa.


Falando de coisas boas

Agora, falando de coisas boas. Tomei a Astrazênica e volto no dia 16 de agosto para a segunda dose. Se tinha muita gente? Umas 15 pessoas na minha frente, mas o atendimento foi rápido e gentil numa das muitas Clínicas da Família criadas na primeira gestão de Eduardo Paes, e posteriormente sucateadas por Crivella (aquele diabo!), só que agora revitalizadas pelo mesmo Eduardo Paes que as havia criado. Aliás, uma ideia excelente, desde que funcione. E assim como funcionava bem na primeira e segunda gestões de Eduardo Paes, volta a funcionar agora.


Só tenho elogios ao prefeito?

Não. Acho que ele foi muito lento na busca por soluções que agilizassem a vacinação, mas fez mais do que muitos outros. Entretanto, perde para os prefeitos de Belo Horizonte, São Paulo, Porto Alegre e João Pessoa - só para citar alguns - no quesito calendário da vacinação. 


Medo de reação?

Há quem ainda tenha medo de tomar a vacina por causa de alguma reação. A tia aqui só tem duas coisas a dizer:


1. Pegar o vírus é pior do que ter um pouco de febre, dor no corpo, ou apenas dor de cabeça por um dia ou dois dias.


2. Você enche o rabo de cachaça, tem um monte de reações (até vômito e dor no estômago), mas não deixa de beber. 


Deixa de ser tonto, vai lá e toma essa vacina, k-raleo!


E antes de terminar, só mais uma coisa:


#FORABOLSONARO



A TV BAR fechou e o Rio ficou mais cinza

 Por Sergio Viula


A TV Bar costumava ter uns painéis divertidos onde as pessoas podiam tirar fotos.  Essa aqui nós tiramos em 2016.



Foi com muita tristeza que recebemos a notícia de que a querida TV Bar, localizada em Copacabana, Rio de Janeiro, encerrou suas atividades nesse angustiante ano de 2020. 

A pandemia já teria feito estrago demais matando pessoas, mas ela foi além: Matou sonhos, silenciou lugares onde a alegria e o companheirismo se abraçavam.

A TV Bar foi, sem dúvida, um desses lugares. 

Dentre as preciosas lembranças que tenho desse lugar acolhedor, encontram-se várias com meu amado Andre. Nosso primeiro final de semana juntos no Rio incluiu uma noite inteira saboreando o som e os drinks servidos ali. A decoração, um misto de vintage com modernidade, o espaço aconchegante, a música maravilhosa e com clipes projetados nos monitores ao redor do extenso balcão do bar, que sempre servia bebida e simpatia no mesmo drink pelos vários e atenciosos bartenders - tudo conspirava para amarmos cada minuto passado ali dentro. 

Destaque aqui para os banheiros que desconheciam gênero. Homens e mulheres podiam utilizá-los sem qualquer preoconceito e sem qualquer importunação por quem quer que fosse - funcionários ou frequentadores.

Nossa primeira vez juntos na TV Bar foi acompanhada de uma ida ao Arpoador (tem uma foto no vídeo abaixo) para ver o nascer do sol, seguido de um café da manhã na Starbucks de Ipanema, bem na esquina com a Farme de Amoedo. 

Naquela noite, encontramos também o querido Jean Wyllys. Apresentei o Andre a ele, que muito simpático disse: "Cuide bem dessa joia que você tem nas mãos agora." Jean se referia a mim - o que me deixou surpreso e lisonjeado ao mesmo tempo. Faz tempo que nutro admiração muito especial pelo querido Jean e sinto o mesmo vindo dele. Andre ficou admirado com a gentileza e o carinho daquele 'profeta do humanismo e da diversidade'. Logo em seguida, eu comentei que eu também tinha encontrado uma jóia. ^^ E, acreditem, nesses quase cinco anos de relacionamento agora, temos cada vez mais certeza disso um sobre o outro.

Foram muitos momentos especiais na TV. A bus party da Smirnoff foi um dos highlights, mas não foi o único. Confira as fotos aqui: Smirnoff Bus Party - TV Bar. (https://www.xn--foradoarmrio-kbb.com/2016/11/o-marido-sugeriu-e-eu-aderi-bus-party.html)


Despedimo-nos da TV Bar com gratidão e muita tristeza por sabermos que não poderemos mais curtir a alegria e tranquilidade daquele espaço.




Não podia deixar de colocar aqui as palavras dos próprios administradores da TV Bar, publicadas ontem, dia 16/09/2020 no Facebook e em outras redes sociais:


Foram 10 anos de sobrevivência, resistência, acolhimento e muito trabalho para poder inovar e renovar a noite Carioca. Quebramos paradigmas, fomos caretas, fomos ousados.

Erramos e acertamos muitas vezes. Sempre com extravagancia e tesão no que se apresentou para o público. Foram 10 anos de pinta, close e álcool, muito álcool. Nosso trabalho sempre teve amor na veia.

Com a pandemia, fomos paralisados. E como que um susto, tudo parou. Umas das áreas mais afetadas foi a do entretenimento.

Então, comunicamos oficialmente, que nossa pinta, encerra por aqui. Pois, entendemos que nossa atividade, só vai ser bom se AGLOMERAR.

Paramos porque nossa atividade, ainda não está autorizada OFICIALMENTE a funcionar, somado a um desgoverno, sem apoio para pequenas empresas, e assim como muitos, fomos obrigados a fechar nossas portas.

Agradecemos de coração todo carinho que recebemos nesses 10 anos de atividade, apoio dos nossos clientes e amigos, toda galera que fez nosso som, nossa equipe maravilhosa, nossos gerentes que em 90% do tempo eram nossos braços, olhos e pernas.

Somos gratos por ter vivido 10 anos intensamente. Obrigado a todos que fizeram parte dessa família TV BAR, mas a partir de hoje, seremos o TV BAR que marcou 10 anos na historia da noite LGBTQI+ da cidade ainda maravilhosa que é o nosso Rio de Janeiro.

Grato pelo apoio de todos.
Ficamos por aqui. Um beijo

TV BAR E BOATE
( 2009 - 2020 )
Greg - Felipe - Ronaldo

Que o poder das drag queens nos valha!

Por Sergio Viula






Depois de quatro meses de quarentena, decidi fazer uma maratona por RuPaul's Drag Race. Não poderia ter encontrado melhor maneira de passar o tempo livre, especialmente quando Andre não está por perto para me dar uma das minhas maiores alegrias - a de passar tempo com ele. Sempre que estamos juntos, a vida parece mais leve e mais promissora. Mas, como o trabalho dele não pode ser feito remotamente, o que me resta é ocupar o tempo livre entre uma jornada e outra com alguma coisa que reduza o impacto do isolamento. Eu, felizmente, pude trabalhar todos os dias dessa quarentena em casa (contando de 14 de março). Isso reduziu muito o risco de contágio para mim... e para ele, por tabela.


Estou assistindo a sexta temporada de RuPaul agora, e posso dizer que só melhora! Ele é genial! As drag queens que participam têm histórias e personalidades riquíssimas. Fico besta com a criatividade delas - desde a capacidade de entreter até a de produzir seus próprios vestidos e acessórios. Esses meninos in drag literalmente reinam! Quem ainda não viu, veja. Está disponível no Netflix.


Mas entre o glamour de RuPaul com suas queens e o coronavírus, existem mais emoções entre a TV e a cama do que a nossa vã filosofia possa imaginar. Na quinta-feira passada, 09 de julho, Andre sofreu uma tentativa de assalto no ônibus. Três passageiras que estavam perto dele tiveram seus celulares roubados por um único indivíduo maltrapilho, provavelmente mais um sintoma desse sistema político-econômico destruidor de sonhos no qual (sobre)vivemos a cada dia.


Andre quase teve a bolsa arrancada pelo assaltante. Ele só escapou porque segurou a bolsa com firmeza quando viu que o motorista havia parado o ônibus perto de dois policiais. A estratégia deu certo: o bandido, não podendo mais se arriscar, escapou pela porta de trás. Na pressa, o boné dele ficou no chão do ônibus.


Passado o primeiro susto, o trauma causado pelo ataque sofrido em lugar tão público foi revivido em sonho. Andre acordou às cinco horas da manhã no meio de um pesadelo com o bandido. Quem precisa acordar a essa hora num dia de folga, ainda mais por um motivo desses?




Já tivemos noites e dias mais tranquilos. 
Sobreviveremos para viver muitos outros.



Seria fácil, mas equivocado, achar que aquele homem estava ali por mero capricho, ou seja, por alguma escolha teimosa em arriscar a própria vida por algo que está longe de valer uma noite na cadeia, muito menos alguns anos na carceragem insalubre e seviciante de algum presídio tenebroso - outro dispositivo estatal de produção de sociopatas.


Felizmente, eu não precisei chorar a perda de quem eu amo tanto. O assaltante não estava armado. E ainda tem FDP defendendo o armamento da população... Quando será que essa gente estúpida vai aprender, afinal de contas?


É preciso empatia de verdade e um pouco de inteligência para ligar os pontos. Antes de roubar pela primeira vez na vida, esse homem provavelmente sofreu todo tipo de violência. Nós, felizmente, abrigados, vestidos e alimentados, especialmente nós que temos ou tivemos pais amorosos e provedores, não temos a menor ideia do que é passar por todo tipo de violência dentro e fora de casa, e carecer de tudo, até de coisas absolutamente essenciais à produção de um cidadão saudável, trabalhador e - acima de tudo - feliz. Não toleraríamos para os nossos filhos uma só das dezenas de sofrimentos que esse pessoal costuma sofrer já antes de nascer. A miséria transforma a gestação dos miseráveis em trauma antes mesmo do parto.


É fácil condenar o produto final dessa cadeia produtiva. Duro é reconhecer que fazemos parte dela, mesmo sem querer. Mas, uma coisa é indiscutível: ninguém é mais responsável pelo estado em que nos encontramos do que os governantes que se revezaram nessa merda de colônia falsamente independente e ainda mais falsamente chamada de república.


Pode-se deixar bandidos à solta agindo pela cidade? Definitivamente, não! Prendê-los resolve tudo? Não.


É preciso reformar muita coisa, a começar pelo sistema carcerário. É fundamental investir naquilo que poderia evitar que tanta gente fosse empurrada para a marginalidade, isto é, investir em bem-estar social (educação, saúde, moradia, emprego). Só assim superaremos esses 500 anos ininterruptos de desgraça social. Deixar gente morrer de fome na rua é brincar de roleta russa com a própria cabeça.


E o pior é que, a julgar pelo brilhantismo e competência dos que nos governam atualmente, teremos que esperar muito ainda até que possamos atingir algum nível de justiça social que resgate esse exército de miseráveis indigentes, nenhum deles menos brasileiro que qualquer um daqueles que possuem certidão de nascimento e CPF.


Enquanto sofro por um lado, por outro, eu agradeço a Afrodite, deusa da beleza; Atena, deusa da habilidade e da inteligência; e Hefesto, deus dos artesanatos por cada drag queen que alegra meus dias em meio a essa quarentena capitaneada por patifes nos três níveis do Executivo. E agradeço a Eros por me dar o privilégio de amar a beleza (nem todos são capazes), e bela é Afrodite, como dizia Sócrates em O Banquete, discorrendo sobre o Amor (Éros).


Agora, se vocês aqui e todas as divas in drag me permitirem, meu tributo maior vai para ao meu lindo amor Andre, essa pessoa maravilhosa que faz meus dias mais felizes há quatro anos e meio (neste julho de 2020). Mas, não é somente a mim que ele faz bem. Andre faz bem a todos os que o cercam, mesmo àqueles que são incapazes de reconhecer isso. Felizmente, meus pais, meus filhos e mais alguns familiares queridos veem isso claramente.


Ontem, meu pai fez 78 anos. Uma das formas que Andre encontrou de tornar o dia dele ainda mais feliz foi fazendo esse bolo maravilhoso que vocês podem ver abaixo.


Unanimemente considerado delicioso, o maior valor desse bolo não é sua qualidade, mas o fato de ter sido feito pelas mãos do marido para meu pai. Esse velho querido que melhorou muito como pessoa ao longo desses últimos anos. Felizmente, Andre já o encontrou numa versão muito melhor do que aquela que eu tive que encarar quando saí definitivamente do armário.







E seguindo a vibe dessa quarentena, oferecemos comemoração sem aglomeração.


Meu pai, num ato de generosidade, comprou pizza para todos os filhos e seus amores. Andre ganhou uma de bacon com ovos, que ele ama. Eu ganhei uma de quatro queijos, uma das minhas preferidas. Minha irmã e o marido ganharam uma de bacon com ovos também. E para meu pai, minha mãe, meu filho, minha irmã e minha cunhada foram reservadas três pizzas - duas de calabresa e uma de quatro queijos. Todas da Domino's. Imagina só a alegria da galera, apesar de cada um ter comido sua pizza em sua própria casa, com exceção de minha irmã e minha cunhada, que estavam na casa dos meus pais, porque moram mais longe.


Fico muito feliz em ver quanta coisa mudou para melhor por aqui.


Mas, meu principal "obrigado" vai para Andre, essa pessoa fantástica que não tem vergonha de ser e de fazer feliz.


O AMOR só faz sentido quando é recíproco em todas as virtudes. E nosso amor trafega sempre em via de mão dupla, chova ou faça sol.





Imperdível: Travestilizando a história da literatura brasileira


Diálogos LGBTI com Amara Moira
Travestilizando a história da Literatura Brasileira


A ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos) vem realizando algumas 'lives' durante a quarentena. O Blog Fora do Armário está assistindo algumas dessas 'lives' e vai recomendar aquelas que vierem a ser consideradas mais interessantes.

Essa 'live' com Amara Moira, travesti doutora em literatura, é excepcional! Vale muito a pena assisitr.

Veja aqui no Instagram: 
https://www.instagram.com/tv/CA04kDMnkrq/?utm_source=ig_web_copy_link&igsh=MzRlODBiNWFlZA==

A mediação feita pela representante da ABGLT (fico devendo o nome) foi impecável.

Clique na imagem acima e assista esse bate-papo formidável.

Não esqueça de compartilhar esse post com amigas, amigos e amigues. Deixe seu comentário aqui também. Será um prazer ler o que você tem a dizer. Todos os comentários são aprovados, exceto quando são mensagens de ódio.

Mais uma translação completa

Por Sergio Viula
Atualizado em 09/05/2020

Bolo feito por Andre. O número foi ele mesmo que fez.
Nada de velas e sopros. O "mocoronga" vírus não foi convidado.





Um beijo especial para quem via isso aqui depois da escola.
(Perdidos no espaço)



Fazer aniversário é sempre um oximoro: "mais um ano a menos". Honestamente, não sei se comemoro ter vivido mais um ano ou se lamento o fato de que tenho um ano a menos para viver daqui para frente. Não o digo com tristeza. Digo-o com um tantinho de humor, quase de deboche para comigo mesmo. Queiramos ou não, a vida é uma comédia dramática. A gente ri da própria desgraça. E se chorar, não muda nada. Só desidrata.

Houve um tempo quando pensar na segunda década de vida parecia uma realidade tão distante, quase uma outra encarnação. Aos nove ou dez anos, a gente acha o primo ou o tio de 20 quase tão velho quanto nossos pais. Nossa percepção ainda imatura sobre a transitoriedade da vida nos impedem de perceber que, nessa fase da nossa vida, nossos pais estão na flor da idade. 

Ao contrário do que muitos pensam, aos 21 anos, já estamos vivendo nossa terceira década. Se você estranhou o que acabo de dizer é porque ainda não havia percebido que a contagem de uma década termina em 0. O primeiro ano depois desse número já é outra década. De 1 a 10, você vive a primeira década; de 11 a 20, você vive a segunda; e a partir dos 21, você já está na terceira década de sua existência, baby. É, fófis, a senhora é mais velha do que pensa, bunyta! [rindo de doer aqui]. 

Na verdade, eu sempre achei o ano de número 40 super charmoso. Esse número, quando se trata de idade, carrega um simbolismo só seu. Pena que é uma vez só. Quando completei quarenta anos, escrevi um texto comemorativo também. Foi divertido relembrar o que havia acontecido no ano da minha estreia por aqui: https://www.xn--foradoarmrio-kbb.com/2009/04/como-era-o-mundo-40-anos-atras.html 

Aos 50 anos, escrevi outro post marcante, cheio de orgulho gay, inclusive. Dei àquela postagem o título de "Awesome 50!" (https://www.xn--foradoarmrio-kbb.com/2019/05/meio-seculo-hoje.html) A palavra "awesome" é um adjetivo da língua inglesa que significa "impressionante". Não se pode duvidar que, para uma espécie que dificilmente completa 100 anos, chegar a meio século de vida é um feito impressionante, ainda mais se você é gay num país homofóbico como esse. 

Hoje, completo o primeiro ano da minha sexta década, mas preste atenção: eu não disse que estou fazendo 60 anos. Se você entendeu assim é porque não absorveu o que eu disse no terceiro parágrafo. (risos) Inauguro minha 6ª década de vida hoje justamente por estar completando 51 anos de idade. Quando chegar aos 60, terei encerrado a sexta década. E assim por diante. 

A pergunta é: como me sinto? 

E a resposta é: nada diferente de ontem, quando ainda estava na minha quinta década. ^^

E por quê?

Simplesmente, porque ainda posso me alegrar com o fato de estar saudável, trabalhando, casado com uma pessoa fantástica, tendo meus pais vivos e relativamente saudáveis, e convivendo com meus filhos cheios de vida e saúde - Isaac aqui pertinho e Larissa do outro lado do Atlântico, mas, apesar disso, sempre em contato comigo. Ontem mesmo trocamos algumas ideias super "cabeça" e demos muitas risadas juntos falando sobre todo o tipo de coisa.

Sabe qual foi a melhor frase que ouvi nos últimos dias? 

Foi a de Andre hoje de manhã. Ele me abraçou, parabenizou pelo meu aniversário, e disse com todo carinho: "O aniversário é seu, mas você é o meu presente de todo dia." E isso não é mera frase de efeito, não. Nosso amor e parceria são testemunhados pelo sol nascente e pelo sol poente. 

Esse é o quarto aniversário que eu comemoro ao lado dele, e digo a mesma coisa: Andre é um presente renovado a cada nascer e pôr do sol. Acordar e vê-lo ao meu lado ou saracutiando pela casa, já se organizando para ir trabalhar, é uma alegria diariamente renovada. Só é triste ver quanto tempo precisamos passar separados para ganharmos o pão de cada dia. É tempo demais, capataz! 

Ninguém devia trabalhar mais do que um teto de seis horas por dia. E com duas folgas semanais. É pedir demais? Não. É só uma questão de reorganização socioeconômica. E quem não precisasse atender clientes face a face devia trabalhar de casa. Quem sabe a gente aprende alguma coisa que preste com essa peste - o Covid-19?

Não tenho ambições desvairadas, mas se eu atingir a minha meta de viver até os 90 anos com saúde física e mental, provavelmente estarei sentando diante de um equipamento que fará a ficção científica produzida hoje parecer vintage. Ali, escreverei um texto para esse mesmo blog, só que totalmente "upgraded" para a tecnologia de então. Se eu ainda tiver o jeito espirituoso que tenho de encarar a vida hoje, terei muito sobre o que tricotar do alto do meu nonagésimo aniversário. Alguns amigos que leem esse post hoje ainda estarão por aqui, mas outros já terão se tornado queridas memórias na cabeça de um gay sênior - olha esse termo, que chique! Mas, não se abale com isso, não. Veja por outra perspectiva: há jovens leitores acompanhando esse post agora que farão 90 anos e, quando lá chegarem, já nem se lembrarão mais de mim (totalmente transformado em purpurina) ou desse blog, que ainda deverá ficar vagando pelo cyberspace por muito tempo depois que eu bater as sapatilhas. Isso, sim, é um acinte! (risos)

Então, aos que me leem, um conselho: realizem-se! Vivam suas vidas sem medo da morte, dos outros ou de si mesmos, especialmente, se você for gay, lésbica, bissexual ou transgênero. 

Saia desse armário! E se tiver saído, não retorne nunca. Você é uma borboleta de jardim, não uma traça de roupeiro.  

Viva o dia de hoje como se fosse o último. Você gostaria de estar enfiado no armário no seu último dia de vida? Mas, não deixe de ser previdente. Vai que você dá o "azar" de viver até amanhã... Não acha que é uma boa ideia garantir a comida, a bebida, o teto e algum dinheiro para dar garantia? Eu acho. 

Chega de escrever e de ler por enquanto. Vamos borboletear, crianças! 



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Em tempos de quarentena, aniversário a dois é luxo! 
hehehe

Para envolver outras pessoas, dá-lhe videoconferência pelo WhatsApp, pelo Google Meet e conversas por telefone. Foi um dia agitado. Adorei ver amigos e parentes por meio desses apps. O melhor de tudo é saber que estão bem.





Antes que o galo cante três vezes... kkk

Por Sergio Viula


Antes que o galo cante três vezes (hehehe), 
eu terei completado mais uma volta em torno do sol. 



Ao longo dessa semana, escrevi um post em forma de crônica a cada dia, fazendo uma contagem regressiva até o dia 08. A última crônica dessa série está agendada para amanhã, logicamente.

Como qualquer pessoa que publica um texto seu, eu fico muito feliz quando as pessoas o leem. Fico mais feliz ainda quando o comentam. Mas, independentemente do fluxo de leitores que um texto possa atrair, eu mantenho sempre em mente que esse blog acumula duas funções fundamentais: compartilhar minhas ideias com os interessados nelas e arquivar memórias às quais eu possa recorrer sempre que não consiga lembrar de algum detalhe sobre determinada experiência vivida.

Assim sendo, gostaria de registrar mais algumas aqui.



Minha aulas nessa quarentena

Tenho dado aulas exclusivamente online desde o dia 14 de março. Na verdade, já dou aulas online há bastante tempo, mas, antes, eu o fazia com alunos particulares. Agora, preciso trabalhar também com grupos da escola de idiomas onde trabalho. Sem dúvida, são experiências que guardam muitas diferenças entre si. Cada uma dessas modalidades tem seus pontos forte e fracos, distintamente. Porém, de uma forma ou de outra, as experiências costumam ser bastante positivas.

Pessoalmente, tenho muita satisfação em interagir com meus alunos e colaborar para o seu desenvolvimento. À medida que busco esse objetivo, através de cada atividade realizada em sala ou fora dela, aprendo muito com eles também. Já fiz alguns grandes amigos tanto nas aulas particulares como nas aulas em grupo. A maioria, porém, costuma concluir o curso em algum momento e sumir no horizonte. Não posso reclamar. Se eu parar para pensar em quantos professores contatei depois de terminar algum curso ou nível escolar, eles talvez cheguem a pouco mais do que meia-dúzia: dois deles eram professores de inglês e me deram aula na adolescência, uma foi minha professora no antigamente chamado ginásio, e quatro foram meus professores na graduação ou pós-graduação.


Professores que ficaram na memória


Tive a oportunidade de encontrar dois dos meus professores favoritos de inglês dos tempos de adolescência. Um desses professores era meu xará (Sergio Lima) e a outra foi minha professora em dois períodos (Rosely Faria). Procurei deliberadamente por eles anos depois de ter sido aluno de ambos. Foi dois encontros muitos especiais.

Do período escolar, destaco a professora Ana Maria, cujo sobrenome me é totalmente desconhecido, infelizmente. Ela foi minha professora de ciências na quinta-série (sexto ano hoje). Dna. Ana Maria, como eu a chamava, era extremamente inteligente, criativa no modo como dava aulas, carinhosa com os alunos, e nutria uma afeição quase maternal por mim num período que me foi muito difícil - uma fase durante a qual eu sofria muito bullying homofóbico na escola. Dna. Ana Maria fez o que pôde para me fazer perceber que não havia nada de errado comigo; nada de errado em ser gay! Ela era mãe de uma linda menina e um lindo menino - ambos bem pequenos naquele tempo. No meu aniversário de 11 anos, ela veio à minha festa em casa, trazendo as duas fofuras. Não sei se ela está viva ainda, porque faz muito tempo que não a vejo. Quando deixamos de nos ver, não havia celular ou internet ainda.

Do nível acadêmico, mantenho contato e profunda admiração por minha professora de filosofia, a Dra. Dirce Eleonora, que também me orientou em minha dissertação no final do bacharelado. Ela se tornou uma querida amiga e continuamos a manter contato pelas redes sociais. Tive vários professores excepcionais naquele departamento, mas não mantive contato com a maioria, infelizmente.

Outra exceção do período em que estudei filosofia é o meu querido Claudio Pfeil, professor de fenomenologia, com ampla formação em filosofia e psicanálise. Aprendi muito sobre a filosofia sartreana com ele. Somos grandes amigos e mantemos contato quase que diariamente via WhatsApp. Ele é o idealizador da Casa Vitral, espaço de divulgação de filosofia, psicanálise, artes e outras humanidades no Rio de Janeiro.

Do mestrado em linguística, mantenho contato com os queridos professores doutores Poliana Coeli e Bruno Deusdará. São tão formidáveis como professores quanto o são como seres humanos! Poliana foi minha orientadora. Pessoa maravilhosa e extremamente zelosa, ela me proporcionou momentos muito especiais de troca e aprendizado. Bruno participou de muitos desses momentos. Ele é de uma capacidade analítica impressionante também.

Não faltou incentivo por parte dos meus professores do programa de mestrado para que eu seguisse adiante e fizesse um doutorado. Destaco como incentivadores os seguintes queridos professores: Sandra Bernardo, Bruno Deusdará, Poliana Coeli, e o diretor do departamento Décio Orlando S. da Rocha.

Nota: Eu teria colocado apenas Décio da Rocha para seguir o modelo de prenome mais um sobrenome na lista acima, mas isso produziria uma cacofonia curiosa ("Desce-o da rocha"). Por isso, coloquei seu nome completo. Aproveito para mandar um abraço carinhoso a todos os professores citados nesse post. 


Um abraço especial para o meu querido William dos Santos Soares, professor da UFRJ, que não me deu aula, mas me ensinou e continua ensinando muito. Ele foi professor convidado para a minha banca de mestrado, mas já havia trabalhado comigo numa escola de idiomas bem antes de se tornar um acadêmico. Esse é uma daquelas belas exceções de que eu falava acima, quando comentei sobre mestrado e doutorado.


Por que não fui adiante, então?

Primeiro, confesso, porque eu estava exausto. Só quem já fez um mestrado, especialmente almejando excelência no trabalho realizado, sabe como esse programa pode ser devastador física e mentalmente. Quando terminei, não queria nem pensar em ler ou escrever por um bom tempo. Mas, como poderia fazer isso se sou professor e tenho que lidar diariamente com as letras?

Segundo, porque é muito triste ver que dificilmente encontramos espaço para atuar dentro do nosso campo de pesquisa nesse país.

Terceiro, e tão ruim quanto isso, é ter que reconhecer que dificilmente essa especialização produzirá ganho financeiro real em nossa esfera pessoal de trabalho.

Em outras palavras, a pós-graduação não melhorou meus rendimentos na empresa em que atuo e não me garantiu espaço em outra ramo de trabalho, no qual pudesse aplicar meus conhecimentos diretamente.

Vale lembrar que um programa de doutorado exige quatro anos de sua vida! Decidi não encarar...

Lamento dizer, mas para cada exceção que algum leitor possa me apontar aqui, apresentarei dez outras que confirmam o que estou dizendo. Acredite, não estou falando inconsequentemente ou ressentidamente. É apenas uma constatação. Trata-se de um fato.

Quem quiser fazer pesquisa, faça-a por seu desejo de expandir conhecimentos. Se o seu trabalho for recompensado ao longo do caminho, parabéns, aproveite a oportunidade! Mas, saiba que você faz parte de uma diminuta minoria. Lembre-se que muita gente igualmente competente (ou até mais) nunca terá a mesma chance, não pelo menos pelo tempo em que país for governado por gente mais estúpida que uma ameba, do tipo que despreza a ciência em suas mais variadas vertentes.

A boa nova é que como não há limite para o que possamos aprender, assim como também não existe apenas um meio para se construir conhecimento, continuo estudando e aprendendo continuamente por minha própria conta.

Atualmente, porém, dedico mais tempo a me aprofundar em áreas que tenham a ver com o que ensino. Também me interessa muito saber cada vez mais sobre diferentes abordagens pedagógicas que possam ser aplicadas ao aprimoramento das minhas aulas.


Uma triste constatação em sala de aula 


Lamentavelmente, por motivos os mais diversos, muitos alunos falham em aproveitar o que é disponibilizado para eles dentro e fora de sala.

Por outro lado, felizmente, existem outros alunos que fazem uso de tudo o que é proposto.

A diferença de resultados é notória! Vê-se claramente o progresso daqueles que foram mais cuidadosos e empenhados em dominar os conteúdos apresentados.

Ontem, especialmente, fiquei profundamente mal impressionado durante uma aula. Perguntados sobre um determinado assunto, os dois alunos presentes não conseguiram desenvolver uma discussão relativamente simples para o nível deles.

Veja bem, não foi por falta de vocabulário ou de conteúdo gramatical compatível com o nível da conversa. Não mesmo. Daí, a minha perplexidade.

Na verdade, ambos ficaram empacados, dando desculpas para não se engajarem na discussão proposta por motivos que aparentemente não mantém qualquer relação com capacidade linguística de qualquer um dos dois, mas, sim, com a falta de pensamento lógico e criativo, bem como de habilidades comunicativas que estão para além do léxico. Há coisas que dizem respeito ao 'jogo' do diálogo. Numa atividade de conversação, saber manter a bola rolando é mais importante do que marcar um gol.

Provoquei os dois de várias maneiras. Usei perguntas indutivas, apresentei mais informações sobre o assunto (curtas e fáceis de absorver), mostrei fotos, e mesmo assim, eles continuaram andando em círculos. Não foram capazes de fazer conjecturas, deduções, relações com a vida cotidiana, com aquilo que veem e ouvem na TV ou na Internet, e por aí vai.

Observem que estou falando de dois adultos graduados e inteligentes, que não conseguiram sair do rasíssimo diálogo do "gosto/não gosto", "vejo/não vejo", quando deveriam já estar debatendo o que foi proposto. Vale dizer que a questão colocada nasceu de um questionamento feito por um desses mesmos alunos durante uma atividade que pretendia estimular a fala.

Em resumo, fui atropelado pelos fatos como por uma carreta! E qual foi o fato devastador? A constatação de que as pessoas atravessam anos de escolarização só para chegarem ao final deles - inclusive com pós-graduação - sem a menor capacidade de inferir, deduzir, comparar, contrastar, questionar, enfim, pensar lógica e criticamente. E a pergunta que eu me faço (e estendo a vocês) é:

De que adianta dominar mais de um idioma se você não sabe o que fazer com isso na vida real?


E daí?


E daí que nunca foi tão urgente e importante filosofar.

Mas, por favor, "não me venham com churumelas", como dizia o nobilíssimo professor Girafales. Não me venham com cacarecos tirados de crenças religiosas, místicas, míticas ou de autoajuda, como se tais coisas fossem, em qualquer medida, sinônimos de Filosofia de fato. Tal confusão só demonstra mais uma vez o que acabei de dizer: Nunca foi tão importante e urgente filosofar!

E como estou falando, entre outras coisas, de completar mais um ano de vida, quero concluir a crônica de hoje com um pensamento de Epicuro, filósofo grego, nascido em Samos em 341 a.C. e falecido em 271 ou 270 a.C. em Atenas.

Vou dividir o texto em três partes numeradas para facilitar a compreensão. Originalmente, não há essa numeração.


1. Aquele que melhor sabe enfrentar o temor de inimigos externos transformou, como que em uma família, todas as criaturas que pode;

2. quanto as que não pode, ao menos não as tratou de modo hostil;

3. quando até isto lhe pareceu impossível, evitou qualquer contato e fez tudo o que seria útil para mantê-los à distância.


Em outras palavras, relacione-se intimamente com aquilo e aqueles que lhe fazem bem, ou seja, que colaboram para maximizar o prazer e minimizar as dores da sua existência; relacione-se apenas cordialmente com aquilo e aqueles que, por suas próprias razões, não "fedem nem cheiram"; e, por fim, fique longe de tudo e de todos os que impeçam ou atrapalhem a maximização do prazer e a minimização das dores que acometem sua vida.

Ainda sobre esse terceiro grupo, gostaria de encorajá-lo(a) a livrar-se especialmente de cinco temores que vampirizam sua vida. Esses temores também foram alvo do pensamento de Epicuro. São eles:


1. o temor do 'divino'


2. o temor da morte


3. o temor do que o futuro lhe reserva


4. o temor de si (culpa, remorso)


5. o temor dos outros (o que pensam e o que podem fazer contra você)


Observe que não há como viver bem dominado pelo medo.

Amanhã, encerro um ano e começo outro. Porém, um ano é feito de dias. E nada melhor do que viver sem medo e sem ansiedade cada dia de nossas breves vidas. Pense nisso.

Até amanhã.

A três dias do meu aniversário

Por Sergio Viula

Faltam três dias para a minha 'live' de aniversário


Comecei o dia em reunião com minha chefe e colegas de trabalho em videoconferência, mas não podia quebrar a contagem regressiva para o meu aniversário. Estou escrevendo um post por dia até o dia 08 desse mês, sexta-feira. Então, vamos lá!


O que mudou em nossos empregos

Ontem, depois de escrever meu post "A quatro dias do meu aniversário", e de saber ao final da postagem que 70 pessoas haviam sido demitidas da empresa onde Andre trabalha, fui informado pelo presidente da empresa onde eu trabalho que esta precisou aderir à estratégia de redução de carga horária, com consequente redução de salário, bem como à suspensão de contrato (não demissão) daqueles funcionários que não podem trabalhar de casa devido à natureza de sua função: pessoas da zeladoria, porteiros, etc. 

Alguns funcionários que poderiam trabalhar de casa, mas que passaram a não ser necessários por haver mais de um profissional exercendo a mesma função, como é o caso de secretários, também tiveram seus contratos suspensos. Foi preciso escolher um dentre dois ou mais em cada filial para continuar na mesma modalidade de contrato. Os demais foram suspensos, tendo um desconto de algo em torno de 25% do salário, recebendo o restante da seguinte maneira: 30% pagos pela empresa e 70% pagos com o fundo de auxílio-desemprego por parte do governo federal. 

Essas mudanças não me afetaram diretamente e nem a outros professores, pois somos horistas, ou seja, ganhamos por hora trabalhada, e nossas horas continuam as mesmas porque não houve fechamento de turmas. Todas as turmas que eu tinha na unidade em que trabalhava antes da quarentena continuam comigo, felizmente.


Amigos infectados pelo coronavírus

Essas notícias, aliadas ao fato de que soubemos de amigos e de parentes que contraíram o coronavírus nos últimos dias, nos deixaram muito tristes e um tanto ansiosos. Andre chegou a se sentir mal por causa da ansiedade, mas melhorou ao longo da noite. Ele teve que voltar ao trabalho hoje, e isso também foi um agravante, pois, apesar de precisar do emprego, ele teme ser contaminado no percurso casa- trabalho/trabalho-casa ou no próprio ambiente de trabalho, onde lida com muita gente. 

Andre fará o possível para se proteger. Ele usará máscara todo o tempo, trocando-a periodicamente. Isso o protegerá e aos que entrarem em contato com ele, mas não se compara ao distanciamento social, que ainda é o meio mais eficaz de prevenção.

Ontem, soube de vários alunos meus que foram infectados pelo vírus. Felizmente, até agora nenhum deles teve complicações respiratórias ou algo mais grave. Uma amiga do Andre, que se tornou amiga de nós dois, chegou a ser internada, mas já foi liberada e está em casa. A boa notícia nos chegou essa manhã e incluía um dado importante: Seus pulmões estão limpos. Contudo, ela continua isolada em casa sob tratamento e em observação.


Algum alívio de além-mar

No meio desse turbilhão, uma boa notícia. Minha filha, que trabalha num hospital, vai começar a viver um gradual retorno à normalidade. As coisas começarão a funcionar aos poucos em sua região. Apesar de não trabalhar numa ala de atendimento a pacientes de COVID-19, eu sempre temi que ela pudesse ser infectada por alguém assintomático. O afrouxamento não significa autorização para se descuidar. É preciso continuar alerta, usando máscara e álcool gel. Se as coisas começam a voltar ao normal por lá, é justamente porque a população aderiu imediata e massivamente ao isolamento social recomendado pelo governo português.

Ainda não sabemos qual será o custo financeiro e emocional dessa crise, mas uma coisa é certa: precisamos manter nossa saúde mental ao máximo se quisermos VIVER depois de sobreVIVERmos a tudo isso.


Tome cuidado

Cuide-se bem. Observe esses procedimentos com atenção:

1. Não se exponha à rua à toa. 

2. Use máscara se precisar sair e não toque nela até voltar e tomar um bom banho. 

3. Pegue a máscara pelas alças se precisar trocá-la por demasiado tempo de uso, e coloque-a imediatamente em saco plástico bem amarrado. 

4. Não deixe de aplicar álcool gel nas mãos com regularidade. 

Pense bem! Quem deseja ou estimula o contrário do que foi dito acima não dá a mínima para você. Portanto, despreze tudo e qualquer um que disser o contrário do que você leu anteriormente, e dê valor à sua própria vida. 

Ame-se! Proteja a si mesmo e aos seus queridos. Ninguém poderá fazer isso por você.

E, finalmente, sexta-feira vem aí! 

O encerramento dessa contagem regressiva para o dia 08, que é o dia do meu aniversário, será com uma videoconferência. 


A quatro dias do meu aniversário

Por Sergio Viula

Andre e eu a caminho do supermercado hoje.



Segunda-feira, dia 04 de maio. Estou a apenas quatro dias para a finalização de mais uma translação ao redor do sol. 

Sempre digo que amo o outono, mas nunca tinha pensado nisso até agora: Eu nasci no outono! Macacos me mordam, como é que eu nunca tinha feito essa conexão? Estreei meu longametragem no planeta em pleno outono - aquela estação na qual o céu é azulsíssimo, o sol brilha alegremente e as temperaturas são amenas, chegando a ser possível dispensar o ventilador e adotar a manta durante as noites. Adoooooro!

Obrigado, mãe, por ter me preparado em tempo hábil para nascer nessa estação e não no infernal verão carioca. Beijos do filhote!


Supermercado

Fomos ao mercado hoje. Depois de vários dias sem pormos os pés fora de casa, Andre e eu vestimos nossas máscaras e partimos para as compras. 

É curioso vermos como os arquétipos estão alterados. Antigamente, a gente pensava em dois caras mascarados entrando num estabelecimento comercial como assaltantes. Hoje, os caras mascarados são os assaltados! 

É impressionante como gastamos quase 400 reais para comprar tão pouca coisa. Lembro ainda de tempos em que 200 reais enchiam um carrinho. O nosso não chegou sequer à metade. Não mesmo. Ficou bem abaixo disso. 


Socorro!


Fico pensando como é que as pessoas que estão recebendo um socorro de 600 reais vão viver com isso. E pensar que Guedes e seu patrão queriam liberar apenas 200 reais, uma miséria três vezes menor que essa aí que vem sendo paga ao custo de enorme sacrifício dos que se enfileiram em todas as agências. Passamos por duas hoje e testemunhamos - da janela do nosso uber - a aflição dessas pessoas. Não fossem deputados de oposição fazendo pressão, esse povo passaria por tudo isso para receber duas notas de 100 reais na boca do caixa. Isso não daria nem para comprar arroz, feijão e leite para todas as bocas famintas em casa. 

E quem é que vive apenas com arroz e feijão, deusa Ceres? Ou só de leite, deus Hermes? 

Não só isso, mas não podem sequer comprar leite Ninho. Têm que se contentar com caixas de tetrapak (longa vida) que dizem os fabricantes estar cheias do mais puro leite bovino, mas que, na verdade, carregam mais aditivos químicos e mijo de vaca do que qualquer outra coisa.

A nossa "sorte" - muito bem paga em nossa última incursão ao supermercado, diga-se de passarem - é que já tinhamos arroz, feijão, macarrão, molho de tomate, milho, ervilha, cebola e várias outras coisas na dispensa. Essas coisas não entraram na conta de hoje. Imagina se precisássemos de tudo o que compramos e mais essas coisas que já temos na dispensa... Daria quase 1.000,00!!!!! E só para constar: fazemos compras no supermercado três vezes ao mês, geralmente.

Eu me pergunto como é que alguém vive com um salário mínimo para sustentar quatro ou cinco pessoas em casa. E como entender que muita gente dessa classe social continue incensando quem os explora - de patrões a políticos. Sem dúvida, não há pobreza maior do que a falta de pensamento crítico e bem informado.



Mudanças e superação

A vida segue. As coisas mudam. Às vezes, para pior, mas mudam. Às vezes, para melhor, e que bom que mudam! 

Só não muda o fato de que tudo muda o tempo todo. 

Minha mãe, que amamentou um bebê sem um pelo sequer no corpo, agora tem um filho com barba divida entre alguns fios pretos e muitos outros brancos. Ela, porém, continua aí - faceira e guerreira, mesmo depois de enfrentar um terrível câncer ano passado. 

Tenho muitos motivos para comemorar - meus pais, meus filhos, Andre (meu marido e amor!), que estão sempre perto de mim, mesmo quando distantes, como minha filha, que mora em outro país hoje. Além desse círculo mais próximo, tenho vários amigos sinceros e queridos, entre os quais figuram alguns parentes, não todos.

Do alto de minha felicidade por tudo isso, manifesto minha solidariedade para com os que perderam seus entes queridos para o coronavírus ou qualquer outra fatalidade. Sejam fortes, vivam o que houver para viver no melhor de suas forças. Pensem que seus entes queridos, já não presentes, adorariam ver a felicidade de vocês, não a tristeza. Chorem a falta deles. Não reprimam o choro. Mas, depois de chorarem, reúnam suas forças, ainda que pareçam ínfimas, e agigantem-se diante dos desafios que estão pela frente. Viver é uma oportunidade única!  E digo única em pelo menos quatro sentidos em nosso léxico:

1. Não existe outra, é exclusiva, singular.
2. Especial, fora do comum, excepcional.
3. Superior a tudo o mais, incomparável.
4. Sem par, sem igual ou semelhante.


VIVA! 
Mas não saia de casa, exceto em casos extremamente necessários.

Use máscara e lave bem as mãos. Se não puder lavá-las, use ácool gel.



P.S.: Enquanto escrevia esse post, Andre me disse que acabou de saber que 70 pessoas foram demitidas da empresa onde ele trabalha. Não temos ideia do que será o futuro, pessoal, mas precisamos viver um dia de cada vez. Acima de tudo, não desperdice um centavo. Você não sabe quanto tempo precisará enfrentar essa crise. Nós também não.

A uma semana de completar um novo ano

Por Sergio Viula

E dá-lhe trabalho online!


Fossem estes dias comuns como costumavam ser, o mês de maio teria começado da forma mais gostosa possível - com um feriado nacional em plena sexta-feira! Porém, esse ano não teve nada de comum até agora, especialmente desde a segunda quinzena de março. A primeira morte foi registrada precisamente no dia 16 de março. Era um homem de 62 anos. Ele deu entrada no hospital no dia 10 e morreu no dia 16 em São Paulo. 

De 16 de março até agora, 6.434 pessoas morreram de complicações ocasionadas pelo coronavírus.

O número de infectados chegou a 92.630 pessoas até esse sábado de manhã. 38.039 se recuperaram. 

Porém, excluídos os mortos e os recuperados, temos ainda 48.157 pessoas que não sabem ainda se vão viver ou se vão morrer neste exato momento.

Há quem estime que até amanhã (domingo), o número de mortos chegará a 10 mil. Depois disso, se as coisas continuarem como estão, o crescimento deverá escalar. Por isso, há governadores e prefeitos endurecendo as medidas de isolamento. Estão certíssimos!

Por causa dessa conjuntura de crise gravíssima, meu aniversário, que será no dia 08 de maio, sexta-feira que vem, será comemorado sem qualquer aglomeração. Só eu e Andre. Nem meus pais me verão, exceto por videoconferência. E o mesmo vale para os meus filhos.

Devido a uma sugestão de minha amiga Hellowa Corrêa, estou pensando seriamente em fazer uma live comemorativa com as pessoas que desejarem participar. Divulgarei o link para a videoconferência no meu perfil do Facebook. Devo fazer isso na sexta-feira, à noite, porque Andre terá que trabalhar durante o dia.

Tenho trabalhado muito online. Não saio de casa para nada. A última vez que saí foi apenas para ir ao mercado. Isso foi no dia 26/04. Eu havia ficado duas semanas sem sair de casa para nada antes disso e agora já faz praticamente uma semana que não ponho o pé fora de casa. Quando fui ao mercado, fui de máscara e municiado de álcool gel. Uma vez em casa a sequência é sempre a seguinte: roupa no cesto, banho, higienização de todos os itens antes de irem para o armário ou para a geladeira, mãos lavadas com água e sabão, e só depois disso, o sonhado relaxamento.

É inacreditável ver que muita gente ainda defende o indefensável e apoia o senhor dos absurdos em seu picadeiro palaciano ou nas adjacências da Praça dos Três Poderes. Sinto uma vergonha alheia sem tamanho. 

Acreditem, se as pessoas que defendem o indefensável e apoiam o senhor dos absurdos tivessem de si mesmas um décimo da vergonha que sinto delas por serem indivíduos providos de cérebro que agem como se fossem descerebrados, elas certamente abandonariam o discurso que as nivela tão rasteiramente. 

Pelo jeito, não têm.

Mas. apesar de todos esses aí, amanhã há de ser um novo dia para esse sofrido planeta, quer vivamos ou morramos. Mas eu prefiro viver - e viver sem esse vírus ou quaisquer outros.

22º segundo dia de isolamento - Andre e Sergio

Por Sergio Viula




Hoje é domingo, 05 de abril. Isso sigfnifica que estou em isolamento há 22 dias. Muita coisa mudou desde 14 de março, e talvez nada venha a ser como antes, mesmo depois que a pandemia do Covid-19 passar. Aprendi muita coisa nesse período. Também reforcei muita coisa que eu já sabia. Uma delas é que não precisamos da maioria das coisas que consideramos imprescindívies. As básicas são indispensáveis, é claro, mas nós carregamos muita quinquilaria existencial só pela força do hábito. 

E se hábitos são mais difíceis de quebrar do que diamantes, o Coronavírus não tem nada de fraquinho. Cientistas já demonstraram que é preciso quase um milhão de vezes a pressão atmosférica para quebrarmos um único diamante. O Covid-19 não precisou de qualquer aparato tecnológico produzido por seres humanos para se tornar a ameaça que ele veio a ser. Bastou que houvesse mutação em algum componente de sua estrutura para que ele se tornasse altamente perigoso para o bicho humano.

Uma pequena mutação e -  BUMMMM! - nossos diamantinos hábitos se partiram. Tivemos que nos reinventar.

É mais do que sabido que adaptação é o segredo da sobrevivência das espécies. É basicamente isso aqui: 


Adaptção + mutação = sobrevivência e evolução 
Mutação (ou não) sem adaptação = morte e extinção 

Se é verdade que alguns bichos não procriam, mesmo quando preparados e ansiosos para acasalar, também é verdade que bicho morto não dá cria. 

Permanecer vivo é o que os indivíduos ameaçados geralmente buscam. Tudo o mais é efeito colateral, tanto do êxito como do fracasso nessa empreitada. Aqueles que, por alguma razão, não percebem o risco que correm, e não se protegem dele, são os primeiros a serem abatidos. 

No caso dos vírus, ainda temos uma probabilidade: reagir e produzir anticorpos (adpatação em nível microscópico), mas nem todos terão êxito nisso. Basta ver o número esmagador de mortos até agora. Evitar encontros que podem resultar em morte para si mesmo e para aqueles que vivem com você é, no mínimo, estrategicamente superior a apostar a própria vida nesse jogo imprevisível.

Estamos fazendo extamente isso aqui em casa - prevenir. Felizmente, milhões de pessoas também estão seguindo as diretrizes dos médicos e sanitaristas, e as que não estão, têm grandes chances de não sobreviverem para dizerem: "Eu estava errado".

Nessas mais de três semanas de isolamento, experimentamos muitas emoções: Saudade de algumas pessoas, dúvidas sobre o futuro, vontade de caminhar sem poder colocar o pé fora de casa, e por aí vai. Porém, nosso amor segue forte e saudável, renovado a cada dia em que acordamos e olhamos para as tarefas que nos aguardam ao longo do dia. Seguimos comprometidos com a felicidade e bem-estar um do outro. Não conseguimos nem imaginar nossa vida de outro modo. 

Apesar de não podermos sair para um simples jantar em algum dos nossos restaurantes favoritos, vamos transformando o ato de cozinhar em ato de amor. Já preparamos receitas deliciosas ao longo desses dias. 

Cozinhar com carinho é uma forma de amar. Alimentar-se bem é um ato de resistência. Cozinhamos e comemos como quem responde ao canto sufocante e afrontoso da morte, que nos chega de todos os lados. Cada ato de amor nosso é como um desafio musical daqueles que cantores nordestinos costumam fazer com a viola ou a sanfona, respondendo um ao outro. A morte canta de lá com as estatísticas e nós respondemos de cá com isolamento e teimosia em viver, amar e fazer a nossa parte para não nos tornarmos novas vítimas e/ou vetores desse vírus mortal.

Sobre nossos idosos favoritos na família, fazemos o que é melhor para todos - mantemos distância sem deixarmos de nos comunicar com eles. Para isso, vídeoconferências, telefonemas, mensagens de áudio fazem as vezes dos almoços em família, dos abraços e beijos por equanto. Não tem Coronavírus que resista a isso. Ele precisa de proximidade física.

Sofremos vendo a quantidade de pessoas mortas e internadas em vários lugares em estado grave por causa do vírus que gerou essa pandemia. Não tivessem sido tomadas ações concretas pelo isolamento, testagem e campanhas de informação sobre a higiene das mãos e a proteção das vias aéreas, a situação seria ainda pior. 

Ficamos abismados com o nível de ignorância e vileza dos que fazem tudo para sabotar o trabalho daqueles que ainda demonstram algum senso de responsabilidade civil, e que seguem tentando proteger a tresloucada sociedade brasileira (de si mesma, inclusive). 

Contra todas as evidências disponíveis, os sabotadores minimizam a seridade da epidemia e a importância das medidas que vêm sendo tomadas tanto pela OMS como pelas autoridades médicas e sanitaristas que trabalham em consonância com ela. 

Também entram nesse grupo os produtores e divulgadores de fake news sobre a epidemia. Alguns desses divulgadores são vigaristas inveterados, mas existem muitas pessoas que são apenas ignorantes e teimosas, colocando em risco a própria vida por causa desses patifes. Entre estas, pode haver um tio ou primo seu - aquele tipo que repassa tudo o que recebe, desde que tenha algum teor apocalíptico ou que cheire à conspiração.

Imagine o quanto evoluiríamos cognitivamente se as pessoas aproveitassem os intervalos entre o home office e o sono para aprenderem mais sobre ciências humanas, biológicas e exatas em vez de desperdiçarem seu tempo dando ouvidos a patifes que lucram astronomicamente com a estupidez delas. 

Mas quem é o homem que, em seu primeiro ato de sabedoria, reconhecerá sua própria ignorância para, em seguida, começar a expulsá-la de sua mente através da aquisição de saberes verdadeiros? Alerta: Pseudo-conhecimento é apenas um disfarce com ares de sofisticação para a ignorância bronca de sempre. 

Não alimente a estupidez. Ela costuma se voltar contra aqueles que menosprezam sua periculosidade. 




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