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Sexo, Gênero e Identidade: Uma Perspectiva Científica

Sexo, Gênero e Identidade: Uma Perspectiva Científica

Definições de Mulher, Homem e Pessoa Não-Binária


Por Sergio Viula



Uma mulher é uma pessoa cuja identidade de gênero se alinha com as características sociais, comportamentais, culturais e/ou físicas que ela associa à feminilidade.

Semelhantemente, um homem é alguém cuja identidade de gênero se alinha com as características que ele associa à masculinidade.

Uma pessoa não-binária é aquela cuja identidade de gênero não se alinha nem com sua percepção de masculinidade, nem com sua percepção de feminilidade.

O uso de “e/ou” indica que a identidade de gênero pode se alinhar com diferentes características simultaneamente, não sendo necessário que todas se apliquem ao mesmo tempo. Assim, mesmo que uma mulher apresente comportamentos ou aparência tradicionalmente masculinos, ela continua sendo uma mulher se essa for sua identidade de gênero; e um homem, mesmo com comportamentos ou aparência tradicionalmente considerados femininos, continua sendo homem se essa for sua identidade de gênero.


Masculino e feminino não tem nada a ver com o sexo biológico ou com a orientação sexual

Em outras palavras, mulheres "masculinizadas" e homens "efeminados" não são necessariamente pessoas trans, visto que a transgeneridade refere-se à condição de uma pessoa cuja identidade de gênero difere do sexo que lhe foi atribuído no nascimento — o que não é o caso de alguém simplesmente estereotipado como "mulher masculinizada" ou "homem efeminado".


Sexo e Gênero: Distinções Fundamentais

Sexo refere-se às características biológicas e anatômicas associadas ao masculino ou feminino, incluindo cromossomos, genitália, gônadas e composição hormonal.

Gênero, por outro lado, é uma construção social que envolve papéis, comportamentos, normas culturais e identidades atribuídas a cada sexo.


Pessoas transgêneras existem e devem ser respeitadas como tais
Vale lembrar que pessoas trans são bissexuais, homossexuais, heterossexuais, etc.,
assim como qualquer pessoa não trans (ou cisgênera).


Tentar definir "homem" ou "mulher" exclusivamente com base em características biológicas ignora a complexidade da identidade de gênero e a diversidade humana. Por isso, conceitos como "macho" e "fêmea" não equivalem a "homem" e "mulher" do ponto de vista da identidade.

Em outras palavras, "homem" e "mulher" são categorias construídas socialmente, que dialogam com fatores culturais, comportamentais e psicológicos, enquanto "macho" e "fêmea" se referem ao sexo biológico, baseado em critérios fisiológicos e reprodutivos. Portanto, uma pessoa pode ter sexo biológico masculino (macho) e ainda se identificar como mulher, ou ter sexo biológico feminino (fêmea) e se identificar como homem.


Sexo Biológico: Uma Realidade Multivariada

Sexo é tipicamente categorizado como binário, mas na prática é multivariado. Nenhum marcador isolado determina o sexo de um indivíduo.


É fundamental entender que o trabalho artístico de uma drag queen (homem vestido como mulher) ou de drag king (mulher vestida como homem) não tem nada a ver com transgeneridade.


É possível falar de diferentes dimensões do sexo biológico:

  1. Dimensão cromossômica: XX, XY ou variações como XXY, X0
  2. Dimensão genética: Genes que influenciam o desenvolvimento sexual
  3. Dimensão gonadal: Ovários, testículos, gônadas ovotestes (órgãos que apresentam tanto tecido ovariano [produtor de óvulos] quanto tecido testicular [produtor de esperma], reforçando que o sexo não é realmente binário)
  4. Dimensão fenotípica: Genitália, seios, pênis, vulva
  5. Dimensão hormonal: Níveis de testosterona, estrogênio, progesterona

Nenhum desses marcadores isoladamente equivale a “homem” ou “mulher”.


Pessoas Intersexo: Uma Realidade Comum e Invisibilizada

Pessoas intersexo possuem características sexuais que não se encaixam claramente nos padrões médicos e sociais para corpos femininos ou masculinos.

Segundo a ONU, entre 0,05% e 1,7% da população mundial é intersexo, o que equivale a cerca de 136 milhões de pessoas — aproximadamente a população da Rússia. Muitas são classificadas como homens ou mulheres por conveniência. Geralmente, não desejam ser categorizadas como “terceiro sexo”, mas buscam reconhecimento, representação e respeito por sua identidade. No Brasil, existe uma associação que trabalha pelos direitos das pessoas intersexo. Ela se chama ABRAI (Associação Brasileira Intersexo). Conheça o trabalho deles: https://abrai.org.br/


O Caso dos Guevedoces

A palavra guevedoce, etimologicamente, significa "ovos aos doze". Isso alude ao fato de que essas crianças identificadas como fêmeas desenvolvem um pênis a partir dos doze anos e passam a agir como homens, ao contrário do que se pensava até então.


Um exemplo emblemático são os guevedoces, uma população na República Dominicana. Esses indivíduos nascem com genitália externa feminina devido a uma deficiência na enzima 5-alfa-redutase, que impede a conversão adequada de testosterona durante o desenvolvimento fetal. Ao nascer, muitas dessas pessoas são identificadas por médicos e familiares como meninas, mas, durante a puberdade, experimentam um aumento considerável nos níveis de testosterona, o que leva ao desenvolvimento de testículos e pênis. A partir desse momento, muitos guevedoces passam a viver como homens. Este caso evidencia que sexo biológico e identidade de gênero nem sempre estão alinhados e que categorias rígidas, baseadas apenas em genitália ou cromossomos, são insuficientes.


Síndrome de Swyer

Outra condição que ilustra a diversidade biológica é a síndrome de Swyer, na qual indivíduos com cromossomos XY apresentam fenótipo feminino. Pessoas com essa síndrome podem ter genitália externa feminina e gônadas subdesenvolvidas, geralmente denominadas gônadas estéreis, que não produzem óvulos nem espermatozoides. Apesar disso, algumas mulheres com síndrome de Swyer conseguiram engravidar utilizando óvulos doados e técnicas de reprodução assistida, como a fertilização in vitro, já que possuem útero funcional.

Essa condição demonstra que o sexo cromossômico (XY) não determina de forma absoluta o fenótipo ou a capacidade reprodutiva, reforçando que sexo biológico e identidade de gênero são conceitos distintos. De forma análoga, embora menos comum, existem situações em que pessoas com cromossomos XX podem desenvolver características típicas masculinas ou, em casos intersexo, homens podem ter útero ou outros tecidos reprodutivos femininos. Esses exemplos mostram que categorias rígidas baseadas apenas em cromossomos ou órgãos sexuais não capturam toda a complexidade da biologia humana e da identidade de gênero.


Sexo e Gênero Não São Sinônimos

O consenso científico, aceito por grandes associações médicas, como a American Medical Association (AMA) e a American Psychiatric Association (APA), por sociedades de endocrinologia, pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e por diversos sociólogos e antropólogos, é que sexo e gênero são conceitos distintos e nem sempre congruentes. Sexo refere-se às características biológicas e fisiológicas, incluindo cromossomos, gônadas, genitália e composição hormonal, enquanto gênero envolve papéis sociais, comportamentos, normas culturais e identidades subjetivas. Negar essa distinção é comparável a negar fatos amplamente comprovados, como a eficácia de vacinas, a teoria da evolução ou a forma esférica da Terra, pois ignora evidências científicas consolidadas.

Identidade de gênero é uma construção social que depende da autoidentificação do indivíduo, assim como acontece com identidades políticas ou religiosas. É uma forma de expressão e reconhecimento pessoal que não se reduz ao sexo atribuído ao nascimento, nem a características físicas observáveis. Essa perspectiva permite compreender a diversidade humana de maneira mais ampla, incluindo pessoas transgênero, não-binárias e intersexo, cujas experiências demonstram que identidade de gênero e sexo biológico não são necessariamente alinhados, mas igualmente válidos e respeitáveis.

Vale ressaltar que aquilo que se costuma denominar como "disforia de gênero", ou o desconforto significativo que uma pessoa sente em relação ao gênero atribuído ao nascer, tem bases biológicas reconhecidas pela ciência. Pesquisas indicam que fatores genéticos, hormonais pré-natais e neurobiológicos podem influenciar a identidade de gênero. Estudos com gêmeos sugerem uma componente hereditária, enquanto alterações na exposição a hormônios sexuais durante o desenvolvimento fetal podem afetar estruturas cerebrais ligadas à percepção de gênero. Neuroimagem mostra que regiões do cérebro de pessoas trans podem se assemelhar mais ao gênero com o qual se identificam do que ao sexo atribuído ao nascimento. Condições intersexuais, como guevedoces ou síndrome de Swyer, evidenciam que sexo biológico não é estritamente binário e contribuem para a diversidade de experiências de gênero. Embora fatores culturais e psicossociais influenciem a expressão de gênero, eles não “causam” disforia. Assim, a identidade de gênero é intrínseca, legítima e deve ser respeitada para garantir saúde mental e bem-estar.


A Complexidade do Critério Biológico

Alguns argumentos populares tentam definir “homem” ou “mulher” com base na capacidade reprodutiva ou em características anatômicas rígidas. No entanto, reproduzir não é um critério válido para determinar gênero: muitas pessoas cisgênero não podem ou não desejam se reproduzir, mas isso não as torna menos homens ou mulheres. De forma semelhante, embora mulheres sejam tipicamente anatômica e cromossomicamente fêmeas, nem sempre é o caso; homens são tipicamente XY, mas podem apresentar variações genéticas como XXY ou X0.

A ciência moderna demonstra que o sexo biológico deve ser entendido como um espectro de características, incluindo cromossomos, gônadas, genitália e hormônios, e que o modelo binário “homem-mulher” é apenas uma convenção prática, não uma regra absoluta da natureza. Essa perspectiva permite incluir pessoas intersexo, assim como casos específicos como os guevedoces da República Dominicana — que nascem com genitália feminina e desenvolvem órgãos sexuais masculinos na puberdade — e a síndrome de Swyer, em que indivíduos XY podem desenvolver fenótipo feminino e até gerar filhos com óvulos doados. Tais evidências reforçam que categorias rígidas de “homem” e “mulher” não capturam a complexidade do sexo biológico nem a diversidade das identidades de gênero.


Conclusão: Inclusão e Reconhecimento

Negar a diversidade de sexo e gênero não é apenas ignorar evidências científicas consolidadas, mas também desconsiderar experiências reais de milhões de pessoas. Respeitar a identidade de gênero, baseada na autoidentificação, é fundamental para garantir inclusão, dignidade e direitos humanos, prevenindo discriminação, violência e marginalização. Quando a transgeneridade é demonizada, criminalizada ou desconsiderada socialmente, os indivíduos enfrentam consequências graves: maiores índices de depressão, ansiedade, suicídio, abuso físico e psicológico, exclusão escolar e profissional, além de barreiras ao acesso a serviços de saúde adequados.

Pessoas trans e intersexo existem e merecem respeito

No Brasil, em 2024, foram registrados 122 assassinatos de pessoas trans e travestis, evidenciando que o país continua sendo o mais letal para essa população no mundo. Além disso, o Disque 100 registrou 4.482 violações de direitos humanos contra pessoas trans em 2023, incluindo agressões físicas, psicológicas, discriminação e ameaças. Estudos também indicam que pessoas trans têm até 16 vezes mais chances de sofrer de depressão e 11 vezes mais de ansiedade em comparação com a população geral, devido à transfobia estrutural e barreiras no acesso à saúde. 

A sociedade como um todo também sofre prejuízos quando se nega ou se deslegitima a identidade de gênero. Políticas públicas que não reconhecem pessoas trans contribuem para desigualdades estruturais, aumento da violência social e desperdício de potencial humano. Por outro lado, o reconhecimento e o respeito à autoidentificação promovem coesão social, inclusão e bem-estar coletivo.

Compreender o gênero como construção social e o sexo como um sistema biológico multivariado permite perceber a complexidade da experiência humana, sem reduzir indivíduos a estereótipos, simplificações ou casos isolados. Excluir ou ignorar essa realidade significa perpetuar injustiças, reforçar preconceitos e negar direitos fundamentais a pessoas trans e intersexo, enquanto aceitar e validar essas identidades contribui para sociedades mais justas, inclusivas e saudáveis.


Assista a esse vídeo para mais alguns pensamentos: Autodeterminação e gênero

Relato: pirralhos no chat querendo aquilo. Tô fora!



Minha gente, sexo é bom demais! E eu adoro! Mas tem que coisa que não entra na minha cabeça nem com o melhor lubrificante já inventado: pegação em comunicador de Facebook e de Whatsapp ou semelhantes. Especialmente, quando se trata de gente que eu nunca vi mais "broxa" (em respeito aos gordos). Que dirá quando se trata de gente menor de idade - pirralhos mesmo? Isso, então, não rola nem que deus consiga dar nó em pingo d'água.

Pois bem, ontem eu fui abordado por um desses. Claro que eu disse "NÃO, OBRIGADO!". 

Grande abraço a todos, todas e todes. E mais prazer e liberdade sem perder a noção, é claro.

Sergio Viula


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De onde vem essa história de que a carne é fraca?

Um dos muitos mitos de origem


A prisão de Cristo (1598), Caravaggio


Por Sergio Viula


De onde vem essa história de que a carne é fraca?


Diversos fatores passíveis de exame crítico/histórico podem servir de plataforma para explicar como a morte de um homem que nasceu num dos lugares mais distantes do centro de poder da época (Roma), viveu numa região das mais pobres (Nazaré), e veio a se tornar um ícone tão poderoso e mobilizador de tanta energia mental em tantas partes do mundo ao mesmo tempo, acabou se tornando esse messias que tanta gente adora.

Basta que chegue uma data como a semana santa ou o natal para que vejamos a força que essa tradição exerce até sobre aqueles que vivem o ano inteiro como se ela fosse tão importante quanto qualquer outra crença. De seres fantásticos integrados e dependentes da floresta até um deus acima de tudo e todos, que não depende de nada para ser, a religião passou por uma tremenda evolução - ou involução, dependendo do ponto de vista.

É interessante ver como tanta gente que se deleita com um bom churrasco, seja de carne de frango, de gado bovino ou suíno, ou alguma de origem mais exótica, é capaz de deixar tudo isso de lado para comer peixe e frutos do mar, sem sequer estabelecer qualquer conexão necessária entre isso e a morte de Jesus.

Dizer que isso é feito em respeito ao corpo torturado de Cristo não parece ser uma boa razão, visto que nas próprias escrituras cristãs não há qualquer passagem que sugira tal coisa.

Bem, para mim isso não é problema, porque há três anos parei de comer carne, exceto pelo peixe. Então, comer peixe hoje ou no carnaval não é nada que fuja da minha rotina.
Mas, não é dessa carne que eu quero falar. O que quero pensar aqui é de onde as pessoas tiraram essa contraposição entre a ” carne” e o “espírito”.

Quando algum cristão (ou seu mímico, sem qualquer vínculo com a fé no nazareno) pensa que a “carne é fraca”, ele geralmente tem em mente o corpo decaído. Decaído, porque em Adão todos caíram, conforme apregoa a maioria das teologias cristãs. Assim, o corpo já nasce contaminado pelo pecado e com uma tendência intrínseca para pecar sempre, devendo, portanto, ser meticulosamente cerceado. Daí, as dietas religiosas, as indumentárias da santidade, o controle do sexo, entre outras técnicas de repressão e condicionamento.

Como supostamente disseram Paulo e Tiago, respectivamente, nas passagens abaixo, o corpo deve ser subjugado:

Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado. 1 Coríntios 9:27

Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, o tal é perfeito, e poderoso para também refrear todo o corpo. Tiago 3:2

Não é de admirar que os castigos corporais e restrições aos prazeres mais banais façam parte do imaginário e da prática da cristandade. As orações prolongadas em jejum, as vigílias, as penitências, a autoflagelação e outras formas mais agressivas de subjugação (só que não subjugam coisa alguma) são também algumas dessas “técnicas”.

Contudo, o convento, o mosteiro, as sacristias, os gabinetes pastorais, e outros ambientes onde o controle do corpo é uma neurose constante, negam a eficácia dessas “técnicas” repressivas. Há coisas que acontecem ali que fariam as/os profissionais do sexo duvidarem de seus próprios olhos se pudessem vê-las.

Na verdade, não haveria razão para reprovar a maioria desses “atos pecaminosos”, caso fossem experiências vivenciadas por outros que não os mesmos que condenam tais coisas na vida alheia. De fato, não fosse a pedofilia, tão comum nesses ambientes, as outras relações seriam absolutamente inofensivas em quaisquer outros contextos, fosse o relacionamento entre homens e mulheres, o relacionamento entre homens e homens, ou o relacionamento entre mulheres em mulheres. Só que essas experiências corporais ganham contornos bem diferentes quando desfrutadas por padres, freiras, pastores e pastoras. E por que isso? Justamente porque esses clérigos e essas “noivas de Cristo”, que é como as freiras geralmente se denominam, são a representação de toda essa repressão supostamente justificada por uma busca de santidade, mas que é – ela sim – absolutamente contra a natureza. O antagonismo se revela em pares: céu x terra, corpo x alma, santidade x prazer, e por aí vai.

Mas o pior é sempre a repetição irrefletida, desprovida de crítica, e de averiguação. Um dos chavões mais repetidos entre os cristãos e – de novo – seus mímicos é: “a carne é fraca”. Trata-se de um recurso para quem se defende ou para quem tenta justificar o “erro” de alguém que lhe interessa de modo mais especial do que o restante da humanidade.

Entretanto, essa frase atribuída a Jesus nunca foi usada nesse sentido, nem no contexto de pecado, nem com ideia de que o “corpo do pecado” é mais forte do que alma. A contraposição que Jesus faz é bem outra. Veja a passagem (grifos meus):

36  Então chegou Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani, e disse a seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto vou além orar.

37 E, levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se muito.

38 Então lhes disse: A minha alma está cheia de tristeza até a morte; ficai aqui, e velai comigo.

39 E, indo um pouco mais para diante, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres.

40 E, voltando para os seus discípulos, achou-os adormecidos; e disse a Pedro: Então nem uma hora pudeste velar comigo?

41 Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca.

42 E, indo segunda vez, orou, dizendo: Pai meu, se este cálice não pode passar de mim sem eu o beber, faça-se a tua vontade.

43 E, voltando, achou-os outra vez adormecidos; porque os seus olhos estavam pesados.

44 E, deixando-os de novo, foi orar pela terceira vez, dizendo as mesmas palavras.

45 Então chegou junto dos seus discípulos, e disse-lhes: Dormi agora, e repousai; eis que é chegada a hora, e o Filho do homem será entregue nas mãos dos pecadores.

(Mateus 26:36-45)

Qual foi a intenção de Jesus com essa fala, então? Foi simplesmente a de reconhecer que os três discípulos que ele havia levado para um ponto mais retirado do Getsêmani, a fim de que vigiassem e orassem, enquanto ele se afastava para orar sozinho, estavam dispostos (o espírito está pronto), mas não conseguiam se manter acordados (a carne é fraca), devido ao cansaço resultante das jornadas dos dias anteriores e das emoções que precederam sua prisão ali mesmo naquele horto. Ele chegou a reprovar Pedro por não ter conseguido ficar uma hora sequer velando com ele – o mesmo Pedro que teria dito ser capaz de morrer por ele, mas nunca nega-lo.

O significado dessa fala, se parafraseada, seria o seguinte:

Eu sei que vocês estão dispostos, não é por mal que vocês pegaram no sono, mas porque o corpo não aguenta mais ficar em pé. Então, durmam, porque não fará diferença. Serei entregue de qualquer modo nas mãos dos que me odeiam.”

Isso nada tem a ver com pênis, vagina, boca, ânus, seios, peitos, pelos, pele, orgasmo, ejaculação, ereção, contrações vaginais ou anais, e por aí vai. A ideia de associar a fala de que “a carne é fraca” às relações sexuais e ao erotismo do corpo humano, do qual a mente também é produto, vem de outro momento: vem dos apóstolos metidos a tradutores do pensamento de Jesus, os quais disseram, em suas cartas, coisas que ele nunca disse em seus sermões e conversas íntimas com os discípulos, conforme registrado.

Posteriormente, Santo Agostinho, querendo aproximar a teologia católica da filosofia grega, criando um híbrido perigoso, falou de sua própria juventude como um tempo de satisfação da “carne”, reforçando a ideia de que o corpo é desprezível e que tudo o que vem dele condenável. Ele reduz o homem a uma entidade espiritual, condenada a um invólucro que o arrasta para baixo (mais baixo do que o animal), mas tudo isso não passa de uma manobra realizada por uma consciência adoecida por culpas que ela mesma inventou para si. Agostinho, bem como alguns de seus antecessores e muitos de seus contemporâneos, padeciam dessa neurose que faz desprezar o corpo e incensar a alma.

Que coisa me deleitava senão amar e ser amado? Mas, nas relações de alma para alma, não me continha a moderação, conforme o limite luminoso da amizade, visto que, da lodosa concupiscência da minha carne e do borbulhar da juventude, escalavam se vapores que me enevoaram e ofuscaram o coração, a ponto de não se distinguir o amor sereno do prazer tenebroso. (SANTO AGOSTINHO. Confissões. São Paulo: Nova Cultural, 2000. [Coleção Os Pensadores]. 2000, p. 63-64)

E não apenas na juventude, mas ele lamentava que suas concupiscências continuavam e continuariam atormentando sua “alma”, enquanto ele não morresse. A linguagem é rebuscada, mas é exatamente isso que ele diz:

[…] concluiremos, assim, as tentações da concupiscência da carne, que ainda me perseguem, fazendo-me gemer e desejar ser revestido pelo nosso tabernáculo que é o céu. Os olhos amam a beleza e a variedade das formas, o brilho e amenidade das cores. Oxalá que tais atrativos não me acorrentassem a alma! (SANTO AGOSTINHO. Confissões. São Paulo: Nova Cultural, 2000. [Coleção Os Pensadores]. 2000, p. 294)
Essa ideia de que a alma é superior ao corpo é uma reedição adaptada do platonismo. Para Platão, o mundo sensível era inferior ao mundo ideal (o mundo das ideias). Agostinho vai buscar essa premissa platônica para construir sua “antropologia teológica”. O céu é superior a terra, a alma é superior ao corpo, e Deus é o supremo bem – coisa que Platão nunca sonhou em dizer. Até porque os gregos nunca deixaram de usufruir dos prazeres que o corpo podia proporcionar: a degustação de bom vinho, boa comida, a camaradagem entre homens (o que incluía o relacionamento sexual), o conhecimento do mundo e de seu funcionamento como uma atividade emancipadora, e por aí vai. Agostinho e Tomás de Aquino conseguiram perverter isso. O primeiro o fez com o platonismo, e o segundo, com o aristotelismo.

Não admira que ainda haja tanta gente coxeando entre o pensamento de ser feliz e o pensamento de ser obediente. Mas obediente a quem? Obediente a neuróticos que ganharam renome com o tempo? Obediente a escrituras absolutamente questionáveis sob diversos aspectos? Obediente a homens e mulheres borrados de óleo e que portam chapéus engraçados ou vestimentas espalhafatosas? Obediente a ideias de “santidade” que nada mais são do que a negação de tudo o que é natural, prazeroso, tudo o que fomenta nossa criatividade, alegria e potencial para ser e para fazer feliz?

Não é exatamente essa obediência que se constitui a plataforma de todo o tipo de fundamentalismo? Não é dessa repressão que se faz toda sublimação que põe tanta gente a trabalhar incansavelmente por recompensas pós-mundanas? E quem ganha com isso? Os administradores dos dividendos da fé, é claro. Toda a riqueza das religiões que trabalham com essa “lógica” é incomensurável – da Basílica de São Pedro (no Vaticano) até a mais simples capelinha da mais nova igreja fundada por aquele pastor ex-traficante, que mal sabe escrever, ali na esquina.

Qual é a moral dessa história, então?

É preciso libertar-se dos fantasmas que têm assombrado o mundo, graças a um considerável número de homens e mulheres, mas principalmente homens, sexualmente mal resolvidos e dominados por ressentimentos contra a humanidade, contra o mundo, e contra tudo o que diga respeito às incríveis possibilidades, bem como as inegáveis limitações, de nossa existência.

Abandonemos ideias como recompensas ou castigos pós-mundanos ou intra-mundanos promovidos por uma divindade, ou lei estabelecida por uma força ou entidade superior aos seres humanos.

Desprezemos completamente o discurso dos desprezadores do corpo.

Como dizia Nietzsche no preâmbulo de seu Assim falou Zaratustra:

“Exorto-vos, irmãos meu, a permanecerdes fiéis à terra e a não acreditardes naqueles que vos falam de esperanças supra-terrestres. São envenenadores, quer o saibam ou não. São menosprezadores da vida, moribundos que estão, por sua vez, envenenados, seres de quem a terra encontra-se fatigada; vão-se de uma vez.”

O mais irônico é que os desprezadores do corpo não compreendem que a mente doentia, que nega sua própria corporalidade, continua sendo projeção desse mesmo corpo. Por mais que acreditem que possam se emancipar do corpo, nunca deixarão de ser corpo e de viver de acordo com aquilo que ele mesmo projeta, mesmo quando o negam. O corpo é a origem de tudo o que somos, pensamos e sentimos, inclusive aquilo a que chamamos de “mente” e aquilo a que chamamos de “ego”. Tudo isso é produzido pelo corpo, é projeção dele - de intrínsecas e incríveis combinações bioquímicas dentro de nós.

Os desprezadores viverão reprovando o corpo e negando seu potencial erótico/criativo, mas não sobreviverão à própria morte para descobrir que perderam tempo precioso e irrecuperável. Isso é lamentável, obviamente, mas uma coisa é fantástica: podemos viver nossa corporalidade, ou seja, não precisamos seguir o rebanho de corte, pastoreado por aqueles que vivem de suas mortes, podemos viver intensa e plenamente a despeito deles. Vivamos, então, sem qualquer restrição que não apenas a de vivenciar nossos prazeres com aqueles que espontânea e consensualmente desejam a mesma coisa. Nada mais é necessário.

Originalmente publicado em 19 de fevereiro de 2017. Atualizado em 18/08/17.

A Magia do Encontro

NATURAL WONDER.
Dois rapazes admirando a vista do Grand Canyon - obra do artista Michael Breyette.



A Magia do Encontro


Por Sergio Viula


Quantidade ou qualidade? Profundidade ou superficialidade? Permanência ou transitoriedade? Compromisso ou desprendimento? É interessante como pensamos aos pares, especialmente quando o assunto é relacionamento(s):

É melhor ter vários ou só um? Profundos ou superficiais? Manter relacionamentos que duram ou simplesmente colhê-los avulsos?

Essas perguntas, por si só, despertam uma série de pensamentos e reações nas pessoas. Cada uma com sua própria fórmula sobre o que é certo, ou bom, ou simplesmente mais satisfatório.

Particularmente, penso que todas as maneiras de viver os relacionamentos afetivos e/ou eróticos podem ser certas, boas e/ou muito satisfatórias. E, na maioria das vezes, as coisas acontecem à revelia de nossos planejamentos e expectativas. Pelo menos, muito mais frequentemente do que gostaríamos de admitir.

Relacionamentos começam, duram e terminam independentemente de nosso (falsamente chamado livre) arbítrio. E para ficar só no campo da vontade, isso se dá porque não depende só de uma das partes. Em alguns casos, não depende de nenhuma das duas, mas de configurações, condições ou contextos que estão muito além do poder de decisão e/ou das possibilidades dos parceiros.

Mas o que é que torna algumas pessoas tão especiais e tão aparentemente indispensáveis em certos momentos de nossas vidas? Algumas até pelo resto da vida?

O que é e como se dá essa ‘coisa’ que faz com que uma pessoa passe quatro horas ao telefone, de madrugada, conversando com alguém que está fora do alcance de suas mãos, de seus olhos, de seus lábios, e mesmo assim extrair e dar prazer como este raramente acontece na vida?

Por que algumas relações são absolutamente incandescentes, enquanto outras simplesmente não produzem faíscas sequer?

Como acontece isso que faz com que duas pessoas transem por quase seis horas seguidas, acreditando que estivessem há apenas duas horas do primeiro beijo? Sim, porque só depois de olharem para o celular é que se deram conta de que estavam ali por três vezes mais tempo do que seria um tempo acima da média? Afinal, quantas pessoas podem realmente se dar ao luxo de passar duas horas na cama numa noite em pleno meio da semana? Quanto menos seis horas inteiras!!!

O que é isso que faz com que olhemos, desejemos e amemos, por pouco ou muito tempo, profunda ou superficialmente, essa determinada pessoa entre 7 bilhões de outras – e, geralmente, alguém cuja existência - até outro dia - era completamente desconhecida para nós?

Por isso, não deixo de me espantar e encantar com a magia do encontro, especialmente quando ela é acompanhada dessa indecifrável dinâmica que combina tesão e ternura, transformando o que poderia ter sido (e sido deliciosamente) apenas um encontro para sexo numa oportunidade de autoconhecimento e profundo desnudamento de si e do outro, mas refiro-me àquele desnudamento quando já nenhuma roupa resta para cobrir o mais íntimo pelo pubiano.

Refiro-me àquele desnudamento que brota da troca desarmada, que só acontece quando duas pessoas, sem o menor receio de si e do outro, determinam-se a transformar aquela "partícula" de tempo, não importando se haverá outras ou não, numa das maiores e mais deliciosas experiências de suas vidas, qual seja, a de entrar em perfeita simbiose psico-afetiva-erótica com alguém que poderia ter simplesmente passado a toda a existência sem experimentar esse momento, no qual tudo parece conspirar a favor da felicidade, desdenhando retumbantemente de nosso supostamente livre arbítrio e nossa mais visceral solidão. E nessa hora, o que menos interessa é pensar no devir. A gente só quer saber daquele “átomo de tempo” em que parecemos conectados com o outro numa frequência e numa profundidade totalmente novas e irresistivelmente sedutoras.

Poucas coisas conseguem devolver à vida a magia que ela costumava ter antes que nos déssemos conta de nossa irremediável solidão, seja no imenso mundo que nos cerca ou no profundo abismo que nos constitui logo que nos tornamos unidades autoconscientes.

E por isso mesmo, cada um desses momentos é precioso demais para que nos perguntemos o que significa, quanto vai durar, e se vai se repetir.

Viver é o que há, mas não dura para sempre. Não admira que todo encontro seja único. Mas, indubitavelmente, alguns são inexplicavelmente especiais. ;)

Controlar a vida sexual dos outros, chega dessa neurose!


Controlar a vida sexual dos outros, 
chega dessa neurose!


por Sergio Viula


Não é interessante que um estudo intitulado “Who are the Swingers and Why do they Swing?”, falando de casais que fazem sexo com outras pessoas, tenha descoberto que os swingers são geralmente pessoas de classe média-alta que vêm tanto da ala conservadora como da ala liberal no campo político? Não posso deixar de destacar que, curiosamente, o percentual de conservadores é o mais alto.

Ninguém deveria se espantar com o fato de que sexo seja algo tão poderosamente estimulante e potencialmente satisfatório. Afinal, ao longo da história evolutiva, desenvolvemos um sistema nervoso minuciosamente conectado aos nossos órgãos sexuais, enchemos nosso sangue de hormônios sexuais e dedicamos vastas áreas do nosso cérebro a pensamentos sobre sexo. O que causa espanto é por que tanta gente se sente impelida a condenar a própria vida sexual e a dos outros ao celibato ou a algum tipo de moralismo castrador que impeça a fruição do que tão efemeramente se esvai – o corpo. Mesmo que um ser humano possa desfrutar prazer sexual por 100 anos, isso ainda seria considerado tempo ínfimo no contexto da história universal.  Prazer está relacionado à vida. Na morte, não há dor nem prazer. 

Ironicamente, nossos restos mortais poderão abastecer outros seres vivos que, mesmo vivendo menos do que nós, farão muito mais sexo do que muitos daqueles que lhes servirão de pasto. Imagine servir de lanchinho para minhocas que sempre se fertilizam mutuamente fazendo um 69... Para que desperdiçar tempo precioso que poderia ser bem gozado? Por que se submeter a coisas nocivas como medo, culpa e ansiedade? Cada minuto de prazer mutuamente consentido dispensa qualquer justificativa. 

É quase certo que enquanto nos deleitamos aqui pensando em sexo (fazer é melhor ainda) alguma voz irada esteja gritando palavras como gonorreia, sífilis, AIDS, para silenciar o desejo que o dono dessa mesma voz sente aflorar dentro de si mesmo e para espalhar pânico entre os que não sigam sua cartilha de autocastração. Contudo, deixar de desfrutar do próprio corpo e/ou do corpo alheio não é solução para nada disso. O cuidado de si não impede o sexo e vice-versa. Além disso, a falta de prazer sexual, assim como de outros prazeres na vida – todos eles direta ou indiretamente ligados à satisfação dos sentidos – pode gerar diversas doenças psicossomáticas (aquelas caracterizadas pela circularidade mente-corpo).

O que pessoas neuróticas geralmente fazem quando se trata de falar de sexo é acentuar o negativo. Essa parece ser – para elas – a melhor forma de encerrar o assunto antes que sintam comichões na glande ou na vulva.

A “sabedoria” popular dirá que não há coisa mais perigosa para seu lar, família e país, para sua saúde e bem-estar do que SEXO. De acordo com Stephen Mason, Ph.D. em seu aritgo Look At It This Way, publicado em Agosto de 2009, 31% dos homens e 43% das mulheres hoje sofrem de um ou mais sintomas de disfunção sexual. Como poderia ser diferente em meio ao controle exercido pelo Estado, pelas religiões, pelas famílias, etc.? 

O Dr. Mason destaca que o mais óbvio sinal de neurose é uma necessidade esmagadora de controlar alguma coisa.  O neurótico se sente à deriva em meio a emoções e crenças irracionais.  Ele faz de tudo para exercer controle sobre si mesmo e sobre os outros. Essa parece ser a força motivadora por trás daqueles que censuram e condenam tudo o que eles não podem manejar.

Ultimamente, tenho ouvido algumas pessoas dizerem que é importante controlar a Internet. Geralmente, essas pessoas saem com pérolas tais como: “pornografia é coisa do diabo”, “a promiscuidade vai acabar com o casamento”, “masturbação é igual ao adultério”, “camisinha estimula a prostituição”, “prostituição é coisa de comunista” (dizem alguns da direita), “prostituição é coisa de capitalista” (dizem alguns da esquerda), e por aí vai. 

Tem gente que ouve ou lê esse tipo de coisa e conclui que tudo isso deve estar certo. Outros repetem essa papagaiada acreditando que esse discurso poderá lhes dar um status de superioridade moral ou uma qualidade de pureza tipo exportação. Essas pessoas acreditam que sexo não seja normal, íntegro, saudável. É muito provável que essas pessoas nunca tenham visitado um hospício.  O pior é que esse tipo de discurso prevalece em muitos ambientes e na cabeça de muita gente. 

Esses dias, eu estava vendo comentários feitos por HOMENS GAYS a respeito de casamento e de promiscuidade num grupo GAY desses que se criam no Facebook. Numa postagem sobre direitos civis, um cara soltou essa: “Como podem querer respeito se não se dão o respeito”. Ele se referia à liberdade com que alguns encontram parceiros e vivenciam a sexualidade. A lógica aqui é: você não pode exigir direitos civis e segurança social se der o cu para qualquer um ou se comer o cu de qualquer um. Mas, pergunto: Será que dar o seu PRÓPRIO cu ou comer o cu dos outros quando esses VOLUNTARIAMENTE o dão faz de você menos cidadão do que qualquer pessoa que não trepe, ou que só trepe de um jeito, ou sempre com a mesma pessoa a vida inteira? Recorro ao dito popular: O que tem a ver o cu com as calças?

Ah, e é bom que fique claro: recorro ao cu por ser um dos tabus que os neuróticos adoram alimentar e manter. A maior e melhor parte do sexo pode não ter nada a ver com penetrar ou ser penetrado(a), mas com lamber e ser lambido(a). Só isso já poderia diminuir imensamente as tensões masculinas com relação à expectativa de mulheres ou de outros homens por ereção, tornando tudo ainda mais divertido. 

Outro mito é pensar que os homens são naturalmente predadores sexuais. Quem acredita nisso esquece que as mulheres, tanto as heterossexuais quanto as homossexuais e as bissexuais, carregam imenso potencial para experiências sexuais. Provavelmente, fatores históricos, culturais e sociais expliquem porque as mulheres ‘parecem’ menos ativas que os homens na pegação. Ninguém me convence de que isso nada tenha a ver com genuína falta de desejo ou com algum tipo de natureza intrinsicamente romântica. Esse tipo de hipótese parece – isso, sim – mais uma das muitas estratégias de infantilização da mulher. Mulheres fogosas podem deixar um homem ou outra mulher no tatame quando o assunto é relação sexual.

O mais interessante é ver que as pessoas que fazem esse discurso moralista em público são as mesmas que fazem o contrário dele em particular. A sensação que tenho é que quanto mais santarrona, mais puta; quanto mais pudico em público, mais puto entre quatro paredes. E, às vezes, nem precisa de paredes.

Sobre a luta por controle, vale dizer que esse batalhão de neuróticos devota toda energia possível para tentar estabilizar suas próprias psiquês movediças - nada menos que desespero. Já os que estão confortáveis com o sexo têm mais o que fazer. A lógica dessas pessoas é a seguinte: para que declarar uma guerra diária aos desequilibrados se esse tempo pode ser gasto desfrutando do que realmente interessa: de SEXO? 

O Dr. Mason caridosamente nos faz lembrar que cem anos atrás, os especialistas estavam convencidos de que a masturbação desviava sangue do cérebro para as genitais e causava demência. Quanta gente deve ter enlouquecido sob o peso da ansiedade de que a loucura se instalasse depois de uma simples ‘bronha’ ou ‘siririca’. É provável que pouquíssimas mulheres se permitissem esses prazeres, levando em conta que sempre foram mais vitimadas pelo controle social sobre o sexo. Não admira que o número de casos de histerismo entre mulheres tenha chamado a atenção de Freud.

O Dr. Mason também recorda que cinquenta anos atrás, livros de medicina ainda incluíam como sintomas da masturbação a postura encurvada e os olhos fundos. Imagine quantos acadêmicos, de tanto se debruçarem sobre livros e computadores, seriam rotulados atualmente como punheteiros ‘compulsivos’. O Dr. Mason registra também que apenas uma geração atrás, o cirurgião geral das Nações Unidas foi demitido porque ousou usar os termos masturbação e educação sexual na mesma frase.  

Hoje os neuróticos entre nós (juntamente com aqueles que sabem mais e nada fazem) têm espalhado uma mensagem realmente doente: Se as pessoas vão se masturbar, elas pelo menos terão que se sentir culpadas e envergonhadas.

Então, da próxima vez que alguém começar a lhe dizer que é preciso banir a pornografia, censurar a Internet, fechar clubes de swing, casas de massagem, saunas e similares, ou simplesmente ‘dar-se o respeito’, ou que tudo o que não se encaixe no casamento monogâmico e vitalício é promiscuidade, pergunte a si mesmo(a) se essa necessidade de controlar outros que eles demonstram não seria simplesmente a incapacidade deles de se controlarem a si mesmos. E nunca esqueça: os neuróticos nunca ficam satisfeitos. Deixe que eles fechem o sex shop local, e a próxima coisa que eles farão será fechar todo e qualquer site que fale com naturalidade, liberdade e prazer sobre as delícias de um encontro sexual bem-sucedido, mesmo quando esse encontro for apenas de si consigo mesmo num delicioso cinco contra um. 

Faça tanto sexo tanto quanto desejar com aqueles/aquelas que legitimamente o consentirem; ou faça sexo a vida inteira com apenas uma pessoa se os dois desejam isso; ou não faça sexo algum se esse ‘não-fazer’ for fruto de um ‘não-desejo’ tão tranquilo quanto o ‘não-desejo’ de comer carne por parte de uma zebra. Se o ‘jejum’ for fruto de autoimposição e de imposição externa, essa abstinência não passará de mera repressão e hipocrisia. 

Gente que goza em paz geralmente vive em paz.. Gente sexualmente frustrada geralmente transfere essa frustração para tudo e todos à sua volta. Há quem chegue às raias do estupro e da morte. Não é a pornografia, o swing, a masturbação, a prostituição e coisas semelhantes que promovem a violência sexual. Pelo contrário, onde homens e mulheres podem se entregar livremente ao prazer que aspiram, desde que sob consentimento mútuo e em condições semelhantes, não há motivação para toma-lo à força.





REVISTA SOU MAIS EU: Depoimento de Sergio Viula (agosto/2013)

A revista Sou Mais Eu de agosto/2013 traz um depoimento meu, nascido de uma entrevista com a jornalista Luiza Furquim, que fez um trabalho extremamente profissional e com uma sensibilidade incomum. Sou grato à revista pela oportunidade e gostaria de incentivar todos os meus leitores e amigos a adquirem seu exemplar nas bancas de jornal. 

Veja abaixo o exemplar que traz meu depoimento:




Utilize esse texto para esclarecer amigos, parentes, colegas de trabalho/classe, etc. Invente, tente, promova a diversidade de um jeito diferente. ;)

ATEU HOMOFÓBICO – UMA QUIMERA




ATEU HOMOFÓBICO – UMA QUIMERA

De um ateu para outros ateus ou a quem possa interessar

Por Sergio Viula



Muitas quimeras já foram idealizadas por esse mundo afora, mas nenhuma é mais paradoxal do que um ateu que cultiva pensamentos homofóbicos ou palavras e posturas desse feitio. Felizmente, essas pessoas são vistas em número cada vez menor por aí. Alguns são muito barulhentos, mas não perfazem a maioria dos ateus. Alguns dos maiores nomes do ateísmo moderno são realmente pró-diversidade em todos os sentidos. O que me deixa perplexo é ver como os desafinados com a diversidade sexual não percebem que todo esse fervor anti-gay é herança da religião (ou das religiões) a que foram submetidos desde pequenos, bem como das instâncias – também influenciadas por estas – que se ocuparam de sua educação. Uma vez acriticamente internalizados, tais preconceitos contra a homossexualidade, a bissexualidade, a transexualidade, etc nunca foram esquadrinhados com o mesmo zelo racional com que tais precipitados ateus puseram à prova outros preconceitos e dogmas religiosos. 



Metaforicamente falando, não adianta um ateu se livrar da cabeça (deus) e guardar o resto do cadáver (crenças preconceituosas e moralismo dogmático). É preciso se livrar do morto todo. Aliás, desse cadáver que tanta gente tenta conservar só se tira uma lição: a de que a vida não pode ser encaixotada por mandamentos, prescrições e ordenanças. 

A ciência, por sua vez, não dita comportamento sexual (ou outros). Em outro campo, um dos prediletos da filosofia, uma ética da felicidade rechaça tais preconceitos, uma vez que o amor entre pessoas capazes de decidirem por si mesmas é absolutamente digno de existir, qualquer que seja a orientação sexual ou a identidade de gênero dos envolvidos. Tal postura ética diante da vida entende que as pessoas são livres para realizarem suas biografias, e estimula cada uma delas a construir sua própria história visando à realização pessoal, ao mesmo tempo em que conclama cada indivíduo a respeitar o espaço do outro, bem como suas possibilidades e seus direitos, de modo que este também possa experimentar o máximo de felicidade na vida. E não me refiro a momentos de euforia; refiro-me àquela sensação de que se está vivendo o mais fielmente possível a si mesmo, somando-se a isto uma convivência politicamente correta com o outro. Tal vivência nos coloca anos-luz à frente de qualquer pessoa guiada por mandamentos. E que ninguém se precipite: "viver de maneira politicamente correta" nada tem a ver com esse arremedo debochado que alguns espalham por aí, como se fossem muito originais em sua rebeldia contra o que é justo, belo e bom no sentido em que os gregos entendiam a virtude. Quem assim faz demonstra sequer ter compreendido o que significa a frase "o homem é um animal político". Como esperar, então, que entenda o que é viver de modo politicamente correto? 

Ainda de olho em nossa espécie, quando penso naquele humano mais primitivo, que, já sendo um de nós, vez por outra, se divertia despreocupadamente com o outro macho, ou nas primitivas fêmeas de nossa espécie que transavam com outras fêmeas, exatamente como fazem centenas de outras espécies, que se relacionam esporádica ou fixamente com membros do mesmo gênero em nossos dias, sem qualquer problematização desse gozo, não posso evitar um sorriso ironicamente condescendente para com os que já se acham muito distantes do Pentateuco ou das Epístolas Paulinas, enquanto continuam sendo assombrados por fantasmas dali emanados. Será que esses ateus pela metade, que ainda sustentam discursos religiosos, fazendo malabarismos hermenêuticos para não soarem tão dogmáticos quanto os crentes assumidos, isto é, para não soarem “cristãos” demais, não percebem a armadilha em que caíram? Como ousam se gabar de fundamentos tão lodacentos na construção de sua moralidade? Mesmo que utilizem um termo ou outro falsamente científico, com alguma retórica aparentemente irrefutável, será que não percebem que enfeitar o cadáver não o torna menos morto ou – ainda pior – não diminui seu potencial de contaminação para quem o carrega continuamente sobre as costas? 

A relação sexual entre membros do mesmo gênero, dentro de uma mesma espécie, remonta aos primórdios da nossa história evolutiva e parece que vai permanecer entre nós enquanto esse bicho que a gente chama de humano não vier a ser outra coisa, alguma coisa que não transe, por exemplo. Porque, uma coisa se pode afirmar com base em nosso histórico: enquanto houver sexo, haverá bi/homo/heterossexualidade, como sempre houve. Antes, sem problematização de qualquer ordem. Não era sequer nomeado dessa maneira pelos primeiros homens, como não é pelos outros animais. A herança maldita imposta pelas religiões monoteístas à sexualidade humana, por meio de suas crenças castradoras, mortificadoras, desnaturalizantes, não pode ter outro destino senão o completo descarte por aqueles que desejam pensar e agir de modo plenamente racional. As interpretações desses fenômenos da afetividade e da sexualidade humanas poderão ganhar novas cores no futuro, mas o fato de dois indivíduos do mesmo gênero transarem, identificados ou não por certas “etiquetas”, é e sempre será um fenômeno (aquilo que aparece, aquilo que acontece) inerente à humanidade. E, a menos que nossa espécie se extinga por circunstâncias cosmológicas previsíveis ou jamais pensadas, o mundo ainda será palco de muitos orgasmos entre pessoas do mesmo sexo e de sexos diferentes, exclusiva, simultânea ou alternadamente. E que diferença faz para a ordem natural se fulano e sicrano entendem isso ou complicam tudo? A natureza, inclusive a nossa, abrirá passagem e seguirá indiferente.

Agora, uma coisa é certa: Os seres humanos e suas comunidades serão muito mais felizes se viverem sob o comado de uma razão a serviço da felicidade humana, começando pela sua própria. E vejam que já existem vários religiosos experimentando essa liberdade, a despeito de sua crença no divino ou até mesmo por causa dela. Deviam se envergonhar de sua superficialidade, esses ateus quiméricos muitos dos quais vivem ridicularizando as pessoas de fé tanto quanto ridicularizam os LGBT. 

Já deu. Se não deu, devia ter dado - se é que me entendem. ;)


P.S.: A Liga Humanista Secular do Brasil (LiHS), a Atheist Alliance International (AAI) e a International and Ethical Union (IHEU), só para citar três, são exemplos de organizações que agregam ateus, agnósticos, céticos, secularistas, humanistas e são francamente pró-diversidade com igualdade de tratamento e de direitos.

Qual é o seu coelho/sua coelha nessa páscoa?



Será que o seu coelhinho ou sua coelhinha é hetero, gay, bi ou trans? Ou uma combinação de tudo isso?

Seja qual for o caso, divirta-se!

E não esqueça de abanar o rabinho... (risos)










O Leilão da Virgindade

Reproduzo aqui um comentário que eu fiz no blog de meu amigo Cláudio Pfeil sobre a sua postagem "Quem dá mais por Catarina?": http://claudiopfeil.blogspot.com/2012/10/quem-da-mais-por-catarina.html



Catarina Migliorini, que fez leilão de sua virgindade,
deve vir ao Brasil no início de novembro
(Foto: Arquivo Pessoal)


Catarina nem um pouco santa, senhora do próprio corpo, mas talvez escrava da ambição, vende o que é seu e - por isso mesmo - não presta contas a ninguém.

Ao mesmo tempo ambiciosa e desprendida, ela perde a suposta virgindade, ou não, como diria Caetano. Vende-a? Sim, e por excelente preço!

Mas a $oma vem em função de uma subtração. O que foi vendido, vendido está, e nunca mais voltará. Agora é saber aplicar o dinheiro.

A bem da verdade, virgindade não configura qualquer função corpórea; não é órgão, muito menos vital. Catarina não se desfez de grande coisa. Ignorando propositadamente que "mãe virgem" é coisa que o panteão católico plagiou das mais famosas mães pagãs da história da religião, fica decretado (pelo papa e seus cardeais) que só Maria detém o privilégio de parir sem perder o lacre.

Portanto, contentem-se com a efemeridade da própria virgindade, Catarinas, Luzias, Bárbaras, Bernadetes, Claras, Joanas, Ritas, Terezinhas e todas as outras santidades canonizadas por decreto papal. Consolai-vos com o fato de que a supervalorização religiosa ou monetária da virgindade é apenas o eco da primitiva ânsia do macho por ser o primeiro a copular para ter certeza de que é realmente sua a prole que a fêmea gesta. Pagam preço alto pelo hábito transformado em crença. Sinceramente, como ter pena de quem cultiva mentalidade tão obtusa ainda hoje?

Nossa esperta Catarina, ao se deixar dominar, usou astutamente sua dominação contra o dominador. Lucrou a partir do mito, provando que os sacerdotes já não são os únicos que têm o poder de fazê-lo,e tornou-se mais independente do que nunca. Resta saber se ela já percebeu isso... ;)

Na França e Alemanha as mulheres solteiras tradicionalmente fazem pedidos e festas à santa Catarina no dia 25 de novembro com a intenção de encontrar um esposo fiel. Com todo esse dinheiro proporcionado por sua bem vendida virgindade, Catarina vai precisar é de dois homens fiéis (ou mulheres): um para contador e outro consultor financeiro.

Vai que é tua, Catarina! Ou não é mais... ;)

Sergio Viula

Portadores de Necessidades Especiais e Sexualidades (COM VÍDEO)




O projeto PIPA - Prevenção Especial e a APTA (Associação de Prevenção e Tratamento da Aids), com apoio da Unesco e da organização Carpe Diem, produziu o kit Pipas no Ar, composto de vídeo e cartilha de suporte pedagógico para a atenção a jovens portadores de Síndrome de Down. O vídeo, com músicas cedidas pelo compositor Lenine, exibe oficinas realizadas com jovens, pais e professores.

Pipas no Ar: https://pbvideo.blogspot.com/2006/11/pipas-no-ar.html




Você precisa conhecer o projeto Pipas no Ar:
https://pbvideo.blogspot.com/2006/11/pipas-no-ar.html


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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO


Em meu livro, eu cito as pessoas com necessidades especiais e falo sobre a diversidade sexual entre eles também. É um comentário despretensioso, apontando apenas o fato. Agora, deparei-me com o projeto Pipas no Ar e fiquei super feliz de ver que há quem tenha a sensibilidade de perceber essas necessidades e a a capacidade de agir para atende-las. Parabéns à UNESCO e ao Carpe Diem.

Meu livro: https://www.amazon.com.br/Busca-Mim-Mesmo-Sergio-Viula-ebook/dp/B00ATT2VRM

E, aproveito para lembrar que fica aí uma lição aos babacas que acham que kit anti-homofobia é propaganda sexual. Aprendam com as crianças, os adolescentes e os jovens com necessidades especiais que discutir sexualidade, vida saudável, amor, relacionamentos é facilita e otimiza processo de crescimento e amadurecimento de todo ser humano sem qualquer ressalva.

Ah, alguém pode recomendar à presidente Dilma esse? Quem sabe ela aprende alguma coisa sobre as sexualidades humanas com esses brasileiros fantásticos aí da roda de conversas?

A Assustadora Cruzada Cristã Contra os Gays

A Cruzada da Direita Cristã Contra os Gays é Muito Mais Assustadora Do Que Você Pensa


Por 
Chris Hedges


O dinheiro disponível à direita crista está solidificando instituições – de universidades da ala direita a concessões de mídia – que propagam a cultura do ódio.



Tradução: Sergio Viula 





A sentença de Dharun Ravi por abuso movido por ódio que possivelmente levou seu colega de quarto na Rutgers, Tyler Clementi, a cometer suicídio, ou a aceitação pública de Barack Obama do casamento gay, impede que muitos de nós vejamos que a vida para gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros está piorando – e muito.

Ninguém entende isso melhor que o ativista gay e pastor Mel White. White, juntamente com seu marido e parceiro de 30 anos, Gary Nixon fundaram a Soulforce, uma organização comprometida a usar resistência não-violenta para acabar com a opressão com base religiosa. White e centenas de voluntários da Soulforce protestam do lado de fora de mega igrejas que pregam ódio e preconceito em nome da religião. White viaja para comunidades onde jovens gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros cometeram suicídio. Ele realiza cultos memoriais na intenção deles em frente às portas das igrejas. White também acusa os pastores dessas igrejas de assassinato. Seus livros “Stranger at the Gate” (Estranho no Portão) “To Be Gay and Christian in America” (Ser Gay e Cristão na América) e “Holy Terror: Lies the Christian Right Tell Us to Deny Gay Equality” (Terror Santo: Mentiras que a Direita Cristã nos Conta para Negar a Igualdade Gay), são dois dos mais importantes trabalhos que examinam a crueldade inata e o proto-fascismo da direita cristã. White, mais do que talvez qualquer outro pregador no país, tem tirado homens e mulheres jovens do precipício do desespero, ou seja, de sucumbir ao destino trágico de Tyler Clementi. E White está assustado.

“Que tipo de ambiente cria um Dharun Ravi que levaria a praticar aquele tipo de bullying, bem como uma criança como Tyler a se tornar uma vítima dele?” – perguntou White quando eu o contactei por telefone em sua casa em Long Beach, Calif. “É a sociedade,e no coração dela é a igreja. As igrejas deveriam ser condenadas, não apenas Ravi. Ele é apenas uma extensão do ódio que as pessoas sentem contra essa ameaça, a ameaça gay. O Papa Bento XVI deveria ser julgado. Richard Land dos Batistas do Sul deveria ser julgado. Líderes religiosos, protestantes e católicos, deveriam ser julgados. Eles fizeram isso acontecer, mas muito poucos americanos fazem essa conexão.”

White aplaude o presidente Obama por tomar uma posição pessoal a favor da igualdade no casamento. Mas ele também destaca que o discurso do presidente foi acompanhado por uma reiteração de que os estados têm o direito de determinar suas próprias políticas para com o casamento.

Apesar dos ganhos conquistados pelos gays na cultura mais ampla, especialmente na indústria do entretenimento, e apesar do banimento do “não pergunte, não diga”, os direitos civis de gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros na maioria dos estados estão deteriorando, disse White.

A cultura de ódio alimenta as frustações e sentimentos de traição entre os empobrecidos, desempregados, subempregados e desesperados. E quanto mais tempo a expansão da crescente classe baixa for ignorada, quanto mais tempo nos recusarmos a definir o que está acontecendo em nosso estado corporativo como uma viciosa luta de classes, mais a cultura de ódio vai se espalhar. A minguante cultura de tolerância está confinada agora principalmente a membros brancos, urbanos, com nível universitário e da classe media, porque esse grupo se recusa a envolver-se na luta de classes, e despercebidamente endossa o deslocamento econômico que está fortalecendo uma potencial cultura do ódio.

“Os progressistas deveriam se mudar para fora de Nova York imediatamente”, White continua. “Pessoas gays deveriam evacuar as maiores cidades para ver como é a vida para gays em áreas rurais. Os centros urbanos para a comunidade gay estão isolados demais da realidade mais ampla. Muitos nestas comunidades [urbanas] parecem não se preocupar com a realidade. As pessoas gays podem sobreviver, infelizmente, sem prestar atenção à realidade, especialmente se forem brancos e do sexo masculino. Se você é homem e branco, você geralmente pode passar.”

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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO

O fenômeno é semelhante no Brasil, onde as igrejas fundamentalistas se inspiram no fundamentalismo católico e protestante dos EUA. A diferença é que aqui, ao invés de prevalecer o suicídio, prevalece o homicídio. Por isso, precisamos urgentemente da aprovação da lei anti-homofobia, associada a uma pedagogia da inclusão que celebre a diversidade sexual e combata o ódio.


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Uma seleção de posts para quem se interessa pelo tema "Homossexualidade e Religião"




Tradução: ALGUNS CRISTÃOS SÃO GAYS. SUPERE ISSO!

Fonte: https://diversidadecatolica.blogspot.com/2012/04/dicotomias-lutas-fe-e-amor-gays-versus.html

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Dia dos Namorados e das Namoradas



Santo Antônio anda ocupado. O que tem de gente choramingando atrás do santo, não é brincadeira. E o motivo é o mesmo: arrumar marido. As mulheres são campeãs nisso - a maioria, heterossexual. Deve haver alguma parcela de homens heterossexuais que também fazem suas mandingas com o santo para arrumar mulher, mas são bem mais raros. Acredito que alguns homossexuais também façam suas rezas e simpatias em torno de Toninho, mas não são a maioria, provavelmente. Tem gente que jura que sua receita funciona.


Comentários humorísticos de lado, vamos a alguns fatos imporantes:

Primeiro, celebrada no domingo passado (3 dias atrás), a Parada do Orgulho LGBT de São Paulo deve ter promovido muitos encontros. Fico pensando em quantos desses encontros acabaram sendo marcados de novo, telefones compartilhados, um novo relacionamento iniciado. Seria interessante saber, mas talvez seja impossível. Quem sabe um dia o pessoal da Parada faça uma enquete no site oficial e as pessoas comecem a contar suas histórias de amor.

Muita gente reflete pouco e critica muito. Isso também acontece com a Parada do Orgulho LGBT. A maioria das pessoas não percebe o poder da alegria, da afirmação positiva, da celebração do orgulho de ser quem se é. Nem só de discursos e gritos de ordem se faz política. E a Parada do Orgulho LGBT, com sua descontração e quebra de paradigmas, está aí para demonstrar isso. Nada irrita mais os fundamentalistas do que a alegria dos 'pecadores'. hehehe Mas, nossa alegria não é para eles, nem mesmo para apenas irrita-los. Nossa alegria é pela vida! É alegria de viver, de ser, de gozar o que a vida oferece e conquistar o que ela nega.

Felizmente, há pouco mais de um ano o STF aprovou a isonomia das uniões estáveis, independentemente do sexo dos contratantes. Isso foi uma vitória para a cidadania, especialmente para os LGBT, pois reconheceu igualdade onde a diversidade anteriormente era motivo para a exclusão. Muitos casais homoafetivos, porém, têm enfrentado dificuldades para converter a união civil em casamento civil. Isso precisa ser resolvido urgentemente. Felizmente, alguns casais têm obtido o reconhecimento de seus casamentos, com tudo o que isso significa do ponto de vista legal.

Uma das coisas, porém, que mais me irritam quando se fala de casamento igualitário é que tem muita gente - novamente por falar muito e pensar pouco - que acha que casamento igualitário significa que o casal homoafetivo poderá obrigar o pastor ou o padre a casa-los em suas respectivas igrejas. Isso é de uma ignorância ou má-fé injustificáveis. Explico por quê:

1. Casamento igualitário é civil, essencialmente jurídico. Nada tem a ver com casamento religioso.

2. A igreja católica e muitas de suas filhas protestantes gostam de arrogar a si o direito de casar apenas as pessoas que elas consideram dignas. O Estado ignora isso. O Estado reconhece o direito de todos - o que não significa que essas igrejas farão a mesma coisa, mas isso não faz a mínima diferença juridicamente. O casamento religioso tem a força de um ritual, e ponto. Por isso mesmo, só tem valor para os que acreditam no que aquela comunidade de fé prega, porque o que vale de fato é o casamento civil. Até hoje a igreja católica não faz segundo casamento. Já o Estado reconhece quantos casamentos o indivíduo realizar nos moldes da lei. A mesma coisa vale para os casais homoafetivos. Quando o Estado reconhecer plenamente o casamento homoafetivo, o direito civil estará garantido, mas as cerimônias religiosas continuarão sendo realizadas e acordo com as crenças das agremiações religiosas. Algumas farão, outras não - conforme decisão de cada uma.

3. Da mesma maneira que uma sinagoga só casa judeus, a igreja católica só casa católicos, as igrejas evangélicas só casam evangélicos (algumas nem fazem o casamento de um membro da comunidade com um membro do Candomblé, por exemplo), as agremiações religiosas poderão continuar não celebrando cerimônias matrimoniais para casais homoafetivos, a menos que o desejem. Isso não tem nada a ver com casamento civil igualitário.

4. Além disso, já existem terreiros inclusivos, igrejas inclusivas, etc., que celebram todas as sexualidades e fazem cerimônias de casamento, antes mesmo do Estado reconhecer esse direito. Casais homoafetivos já têm celebrado seus casamentos - sem valor legal, exatamente como os de qualquer agremiação religiosa, uma vez que o único casamento que tem valor jurídico é o civil, ou seja, o do cartório. As pessoas podem assinar o contrato de casamento onde for, mas ele tem que proceder de um cartório. Portanto, cerimônia religiosa de matrimônio e casamento civil são duas coisas distintas e que não precisam se misturar.

5. Casais homoafetivos que não são religiosos ou que são ateus (como é o meu caso) não dão a mínima para sacramentos, ordenanças e preceitos religiosos. Nem passa pela nossa cabeça ficar diante de um altar e cumprir este ou aquele ritual. A única coisa que nos interessa é o reconhecimento jurídico de uma direito que é nosso como seres humanos. Se não houvesse um templo no mundo, ainda haveria casamento, porque é da natureza do ser humano querer viver em sociedade. O casamento é uma sociedade na qual as relações sexuais desempenham um papel importante, mas não exclusivo. Há muito mais envolvido nisso do que apenas sexo. Aliás, para transar, ninguém precisa casar. ;)

Portanto, quando você ouvir alguém dizer "sou a favor da união civil, mas não do casamento igualitário", lembre-se que essa pessoa nunca pensou nessas coisas ou está simplesmente agindo com má-fé para criar cismas onde não existem conflitos de fato. E se você é uma pessoa sensata que entende tudo isso e até muito mais do que isso, não vai se deixar levar pela intriga da oposição.

Agora, uma coisa é certa: só case quem quiser! Quem não quiser casar, não case! E se quiser montar um harém em casa, monte - seja de machos, de fêmeas ou dos dois. Ninguém tem nada a ver com isso. Além disso, não é de uniformização de costumes que estamos falando, mas de direitos civis. Quem quiser viver de modo totalmente diferente, pode! A única condição é que não se faça nada que viole o direito do outro e que as partes envolvidas sejam legalmente responsáveis por si mesmas e estejam de acordo por livre e espontânea vontade. Se as pessoas não envolvidas concordam ou discordam, só tenho um imperativo para elas: F-dam-se! ;)

Abaixo a carolice!

Viva o casamento igualitário!

Viva a liberdade sexual!

Viva a fidelidade conjugal!

Viva a relação aberta!

Viva a monogamia!

Viva a poligamia!

Viva a heterossexualidade!

Viva a homossexualidade!

Viva a bissexualidade!

E um viva especial para todas as identidades de gênero!


Tudo isso é valido. E a base é uma só: Você decide o que faz com seu corpo e com seus afetos. O único limite: Não violar o direito dos outros.

E quem quiser viver no estilo papai, mamãe e prole, que viva. Isso não afeta o meu direito, assim como a minha vivência da afetividade não afeta o deles. Basta que cada um cuide de sua própria vida... isso já elimina um bocado de problemas.

Sergio Viula - Blog Fora do Armário




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