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Bancada evangélica manobra para controlar a reforma do Código Penal na Câmara

Bancada Evangélica. Foto: Internet
Bancada evangélica tenta garantir controle da reforma do Código Penal na Câmara




Fonte: IG

Por Luciana Lima - iG Brasília | 05/09/2013 13:02 - Atualizada às 05/09/2013 13:55


Grupo de 63 deputados quer a presidência da comissão especial e a relatoria da proposta para barrar mudanças sobre temas como aborto, eutanásia e homofobia

A bancada religiosa na Câmara dos Deputados se articulou para ter a relatoria e a presidência da comissão especial a ser instalada para propor mudanças no Código Penal (Decreto-Lei 2.848/40). A disputa fez com que a reunião para eleger o presidente da comissão e o relator da proposta, marcada para ocorrer na quarta-feira (4), tivesse que ser cancelada.

Tentar impedir mudanças no Código Penal é prioridade na estratégia traçada pela bancada religiosa no início deste ano. Os evangélicos temem que as mudanças na legislação penal, datada de 1940, abram espaço para a flexibilização da punição para crimes como aborto, permita a eutanásia e caracterize como crime a homofobia. A ideia dos 68 deputados que integram a bancada na Câmara é deixar tudo como está.
 
O deputado Alessandro Molon (PT-RJ), que não pertence à bancada religiosa, já havia conseguido a garantia do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), de que seria o relator da comissão especial. No entanto, uma movimentação que contou com o apoio dos líderes do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), e do PR, Anthony Garotinho (RJ), indicou o deputado Hugo Leal (PSC-RJ) para a função. Segundo Leal, o presidente da Câmara também lhe deu a garantia de que será o relator.
 
Molon é considerado mais refratário às pautas evangélicas. Já Leal, embora se beneficie da indicação dos religiosos, diz que não vai acatar prontamente todas as demandas. “Eu aceito discutir, não simplesmente acatar”, disse o deputado.
 
O embate pela relatoria será decidido na próxima semana, quando haverá uma nova reunião com a presença dos líderes, do presidente da Câmara e dos dois deputados para decidir a relatoria.
Já a presidência da comissão, de acordo com Hugo Leal, também é objeto de acordo e será ocupada pelo deputado João Campos (PSDB-GO), que coordena a bancada evangélica e que ficou mais conhecido em todo país por ser autor da proposta que permite psicólogos fazer a “cura gay”.
No Senado, onde tramita o PLS 236/2012, com o mesmo objetivo, os evangélicos conseguiram seu objetivo na comissão especial. O relator, Pedro Taques (PDT-MT) acatou os argumentos dos religiosos e retirou do texto a possibilidade de aborto nas 12 primeiras semanas em razão da incapacidade psicológica da gestante de arcar com a gravidez.
 
A única mudança admitida pelo senador no caso de aborto é a que acrescenta na legislação penal as atuais exceções para os casos de anencefalia, ponto já pacificado pelo Supremo Tribu
nal Federal. Em relação à eutanásia, Taques também manteve a prática como crime de homicídio.

FUNDAMENTALISMO AMEAÇA A DEMOCRACIA BRASILEIRA

Bancada evangélica age para barrar mudanças polêmicas no Código Penal



Ilustração por Latuff Cartoons,
mas não era parte do artigo originalmente



A bancada evangélica traçou como estratégia de atuação para este ano impedir a reforma do Código Penal. O temor é que, no rol das mudanças, atualmente analisadas por uma comissão especial no Senado, o Congresso flexibilize a legislação sobre temas que são caros aos religiosos, como aborto, eutanásia e a questão da homofobia, por exemplo.“Não vamos admitir nada que atente contra a família, a vida ou a liberdade de expressão ou religiosa”, disse o deputado Marcos Rogério (PDT-RO), um assíduo membro da frente parlamentar.

O esboço da reforma do Código Penal já havia sido feito uma seleção de juristas que durante sete meses se debruçaram sobre cada ponto. O anteprojeto foi entregue ao então presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), em julho do ano passado. A partir disso começou a tramitar como projeto de lei do Senado (PLS 236/2012).

O relator, senador Pedro Taques (PDT-MT), que não faz parte da bancada religiosa, tem dado prosseguimento às discussões antes de fechar seu texto. Já fez inclusive convite ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, para emitir opinião sobre a reforma em audiência pública no Senado. O convite, segundo o senador, já foi aceito.

Na contramão das discussões, os evangélicos querem que tudo fique como está. O receio é de que a reforma aponte para rumos menos conservadores.

O senador Magno Malta (PR-ES) apressou-se em colocar em prática a estratégia tratada. Ele conseguiu aprovar na comissão especial um requerimento para se ouvir em audiência pública, o presidente do Conselho Federal de Medicina, Roberto Luiz D’Ávila. O senador quer cobrar explicações do médico sobre a proposta apoiada pelo CFM na qual o aborto não se configuraria crime caso fosse realizado até a décima segunda semana de gestação.

Essa seria mais uma exceção diante das já previstas na lei brasileira que admite o aborto em casos de gravidez resultante de estupro, quando há risco de morte para a mãe, ou diante da impossibilidade de vida do feto após o nascimento, como é o caso da anencefalia, questão julgada pelo STF.

Na discussão sobre a criminalização da homofobia, os evangélicos são acusados pelos movimentos sociais de tentarem manter o direito à discriminação em suas pregações, dentro e fora da igreja. Eles rebatem os argumentos dizendo que a criminalização da homofobia, como ocorre atualmente com o racismo, fere o direito de expressão e de culto religioso, expressos na Constituição. “Dizer que o homossexualismo não é aprovado por Deus faz parte da homilia, da pregação. Estamos falando e liberdade de expressão e religiosa. Isso não pode ser considerado um incentivo ao crime”, argumentou o deputado Marcos Rogério.

No discurso dos evangélicos, a reforma, como está sendo pensada, poderá até “legalizar a pedofilia”. “Não queremos essas mudanças. Essa reforma vai legalizar a pedofilia. Antes a punição para quem fazia sexo com crianças ou adolescentes referia-se a 16 anos, depois baixaram para 14 e agora querem baixar para 12”, apontou Marcos Rogério.

Embate com o governo

A forte atuação da bancada tem causado preocupação ao governo. Um dos temas que coloca os evangélicos contrários ao Planalto é o que trata dos castigos físicos impostos por pais aos filhos. A proposta é de autoria da ministra de Direitos Humanos, Maria do Rosário, foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCL) da Câmara no ano passado em caráter terminativo.

No entanto, falta votar a redação final para que o projeto siga para o Senado. Toda semana, a tropa evangélica se articula para não retirar o texto da pauta. Na alegação dos religiosos, acabar com a possibilidade de impor castigos físicos às crianças também acaba com o “pátrio poder”.

Outro tema que preocupa o governo é mudança na Constituição proposta pelo coordenador da bancada, deputado João Campos (PSDB-GO) que inclui as instituições religiosas entre as entidades com competência para questionar leis junto ao Supremo Tribunal Federal (STF). Essa possibilidade seria útil aos evangélicos para entrarem com Adins (Aguição de Inconstitucionalidade) em relação a leis aprovadas no Congresso.

Também é de autoria do deputado João Campos a proposta tenta invalidar duas resoluções do Conselho Federal de Psicologia que estabelece punições para profissionais que tratam a homossexualidade como doença. A proposta ficou conhecida como a que permite a “cura gay”.


Poder pentecostal

A contar pelo tamanho da bancada, nunca os religiosos tiveram tanto poder no Congresso. Nessa legislatura 73 parlamentares evangélicos tomaram posse, 70 deputados e três senadores. Eles conseguiram reverter o desfalque que amargaram nas eleições de 2006 quando a bancada se viu reduzida a 36 integrantes.

As últimas eleições demonstraram que a atuação religiosa rende votos. Dos 36 deputados, 34 foram reeleitos e a eles se somaram 39 novos parlamentares evangélicos. Após as eleições municipais do ano passado, o grupo se assentou em 68 deputados e 3 senadores.

Neste ano, dois dos seus representantes assumiram cargos de liderança de suas bancadas. O líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), da igreja Sara Nossa Terra, é um dos principais articuladores do grupo e da chegada do polêmico deputado Pastor Marco Feliciano (PSC-SP) à presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara. O ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho assumiu a liderança de seu partido, o PR.

Além das lideranças partidárias, o poder dos evangélicos também se faz forte no comando da Comissão de Legislação Participativa, sob a presidência do deputado federal Lincoln Portela (PR-MG), que tem grande trânsito junto a líderes de outros partidos e ao Palácio do Planalto.

O grupo também ficou com 18 das 132 vagas da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Um número que não representa a maioria, mas que faz diferença ao se aliarem a outra bancada poderosa, a ruralista, nas votações de matérias que tratam da questão territorial, principalmente envolvendo comunidades indígenas e quilombolas. Na comissão de Ciência e Tecnologia, responsável por analisar as concessões de rádio e televisão, a bancada evangélica ocupou 14 das 42 vagas.

O grupo é liderado pela Assembleia de Deus que tem 22 representantes e a coordenação da bancada nas mãos do deputado João Campos (PSDB-GO). A bancada conta ainda com 11 representantes da Igreja Batista, 8 da Igreja Presbiteriana, um da Igreja Universal, 3 da Igreja Quadrangular e 3 da Igreja Internacional da Graça de Deus. Outros 14 deputados pertencem a outras instituições religiosas menores.



FONTE:
http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2013-04-14/bancada-evangelica-age-para-barrar-mudancas-polemicas-no-codigo-penal.html


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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO

EXCELENTE MATÉRIA DO IG ÚLTIMO SEGUNDO. PARABÉNS AOS EDITORES.

PLC 122/06 não foi anexado à proposta de reforma do Código Penal

Mais de cem projetos foram anexados à proposta de reforma do Código Penal


Por Augusto Castro e Paola Lima






A Comissão Especial de senadores que analisa o projeto de reforma do Código Penal Brasileiro (PLS 236/2012), proposto por um grupo de juristas, ganhou tarefa adicional. Os senadores vão analisar 101 outros projetos de lei que tramitavam no Senado e que foram anexados à proposta de reforma do Código.
 
A medida está prevista no Regimento Interno do Senado. Tão logo é protocolado na Casa um projeto de reforma de código, todas as matérias relacionadas a esse código passam a tramitar em conjunto com ele.
Entre os projetos que passam a ser analisados juntamente com a proposta de reforma do Código Penal está o PLS 232/2012, de iniciativa do senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), que aumenta as penas para condenados por fraudes em concursos e exames públicos. Atualmente, a lei prevê para esses casos reclusão de um a quatro anos e multa. Pela proposta, passaria a reclusão de dois a seis anos e multa. O projeto estava em discussão na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ).
 
Também na CCJ estava o PLS 310/1999, que aumenta o tempo de cumprimento da pena privativa de liberdade. O mais antigo dos projetos apensados à proposta do novo Código Penal eleva de 30 para 60 anos a pena máxima de prisão no Brasil. De autoria do senador Alvaro Dias (PSDB-PR), a matéria estava sob relatoria de Aloysio Nunes (PSDB-SP) e já havia recebido emendas baixando o limite máximo para 50 anos de reclusão. Na hipótese de o condenado ter mais de 50 anos no início do cumprimento da pena, esta não poderá ser superior a 30 anos.
 
Mais trabalho
 
Apesar do aumento no volume de trabalho, o presidente da comissão que analisa o projeto do novo Código Penal, senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), está confiante. Ele explicou que as matérias serão agrupadas por assunto, anexadas quando convergirem com o código e incorporadas, ou não, quando trouxerem sugestões diferentes das propostas apresentadas pelos juristas. Eunício também não está preocupado com o tempo a mais que o apensamento dessas propostas poderá exigir da comissão.
- Não podemos fazer nada de forma açodada. Nosso Código Penal tem 70 anos, é composto de mais de 120 leis e sua revisão vai disciplinar a convivência entre pessoas. Isso não pode ser definido em 70 dias – enfatizou, lembrando que a comissão, que teve esta semana o prazo de conclusão dos trabalhos prorrogado para o início de novembro, pode ter essa data prorrogada outras três vezes.
 
Tramitação independente
 
Mesmo tratando de alterações no Código Penal, no entanto, oito projetos de lei ficaram de fora do apensamento ao PLS 236/2012. Em comum eles têm o fato de que alteram ou acrescentam artigos não somente do Código Penal, mas também de outras normas jurídicas que não estão sob análise da Comissão Especial. É o caso, por exemplo, do Projeto de Lei da Câmara 122/2006, que criminaliza a homofobia.
 
Uma das proposições mais polêmicas que passaram pela Casa, o PLC 122/06, mais conhecido como a lei anti-homofobia, altera o Código Penal para incluir orientação sexual no rol de discriminações criminosas como cor de pele, etnia, origem nacional ou religião. A proposta faz alterações semelhantes também na Lei do Racismo (Lei 7.716/1989) e na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
 
O projeto está em discussão na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), sob relatoria da senadora Marta Suplicy (PT-SP). A relatora trabalha para conseguir um relatório de consenso entre os senadores, que atendam militantes do movimento LGBT e evangélicos. Os dois segmentos têm tido atuação apaixonada no caso. Os militantes pelos direitos LGBT lutam para acabar com os constantes episódios de violência com motivações homofóbica.
 
Outra proposta desapensada da reforma do Código Penal é o Projeto de Lei do Senado 38/2012, de autoria do senador José Sarney (PMDB-AP). O texto propõe um endurecimento das leis que tratam de homicídio, tipificando homicídio simples como crime hediondo e igualando-o ao homicídio qualificado ou praticado por grupo de extermínio.
 
A proposição altera o Código Penal e a Lei de Execução Penal (Lei 7.210/84) e aumenta automaticamente o limite de cumprimento da pena no regime fechado necessário para que presos tenham direito aos benefícios, como regime semiaberto, liberdade condicional, prisão domiciliar. O projeto trata também do aumento das penas para homicidas. O homicídio simples, que atualmente tem pena de seis a 20 anos, passaria a ter de pena de reclusão, de oito a 24 anos. Já a o homicídio culposo, que hoje tem pena de detenção, de um a três anos, passaria a pena de reclusão, de dois a cinco anos.
 
O PLS 38/2012 está pronto para ser votado na CCJ, onde já recebeu voto favorável do relator, Flexa Ribeiro (PSDB-PA).
 
Também terão tramitação independente da reforma do Código os PLSs 404/2008, de autoria do ex-senador Renato Casagrande, e 176/2009, de autoria do ex-senador Artur Virgílio, que transformam em o crime o “trote vexatório” em instituições de ensino, inclusive academias militares; e os PLSs 177/2009, 660/2011 e 111/2012.
 
Enviado por:
Thiago G. Viana

Advogado

Presiddente do Conselho Jurídico da Liga Humanista Secular do Brasil - LiHS
Twitter: https://twitter.com/#!/Thiago_Fiago

Blog: http://frutoproibido.ligahumanista.org/


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COMENTÁRIO DO DR. JORGE MARCOS FREITAS
(VIA E-MAIL)


A decisão de desapartar o PLC122/2006 do PLS236/2012 – Reforma Código Penal - foi uma decisão técnica.

O regimento interno do Senado art. 374, que trata da reforma de código d elei, estabelece no inciso II que serão a ela apensados todas as matérias que tratem de alteração no código.

O PLC 122/2006, embora pretenda alterar dispositivos do Código Penal, também se propõe a alterar outros dispositivos de lei, por exemplo, a Lei do racismo e a CLT, institutos que não estão sendo objeto da Comissão Especial.

O PLC 122/2006 seguirá sua tramitação regular, sem qualquer prejuízo. Ao contrário, poderemos atacar a questão das condutas homofóbicas em duas frentes, quais sejam: no PLC122 e na PLS 236.

Aquele que for aprovado em primeiro prejudica o remanescente naquilo que for coincidente, por isso a desapensação.

Imaginem o PLSS236 aprovado, restaria pendente no PLC 122 as modificações que tratam da lei do racismo e da CLT.

Evidentemente que o texto contido na proposta do projeto de reforma pode não agradar, neste caso há a possibilidade de emendamento.

Politicamente ambas as propostas são objeto de rejeição dos fundamentalistas, mas considero que tenhamos maior possibilidade de aprovar a criminalização da homofobia, via PLS236, afinal, cai por terra o argumento da inconstitucionalidade, que verdade nunca existiu, muito usado pelos religiosos, pois uma comissão de notáveis, presidida por um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, não iria propor ao Senado uma projeto de lei com vício de inconstitucionalidade.

A senadora Marta está atenta a ambos os movimentos, inclusive estudando a possibilidade de apresentar emendas, sendo que já estou determianndo pela senadora, AA acolher as sugestões que forem enviadas até o final de setembro.

Grande abraço;

Jorge Marcos

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