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EXCLUSIVO: Entrevista com Alexander Mello, produtor do Rio Festival de Gênero e Sexualidade no Cinema.

Alexander Mello, produtor do Rio Festival Gênero & Sexualidade no Cinema


Fora do Armário: Alexander, como você veio a se envolver com cinema e como surgiu a ideia de fazer o Festival de Gênero e Sexualidade no Cinema? Se não me engano, o festival tinha outro nome anteriormente, certo?

Alexander: Sou formado em cinema pela UNESA e desde então trabalho com a realização e curadoria de mostras e festivais de cinema no Brasil e no exterior. Com a abertura da minha produtora Cromakey, comecei a investigar os assuntos relacionados aos gêneros e sexualidades. A minha fascinação por esse assunto e a ideia de criar um evento com uma cara bem especial fez com que o Rio Festival Gay de Cinema nascesse.

Fora do Armário: Vocês projetam filmes de todos os lugares do mundo. Eu mesmo já vi filmes de Israel, Austrália, Alemanha, Canadá, Argentina, além dos filmes nacionais. Como você e sua equipe selecionam as obras que serão apresentadas? Dos filmes já projetados pelo Cinclube Gêneros & Sexualidades ou pelo Rio Festival Gênero e Sexualidade no Cinema, qual é o seu predileto de todos os tempos? Por quê?


Foto: cena do filme "A Paixão de JL".
Alexander: A curadoria é conectada com os festivais internacionais e brasileiros de cinema e com as informações atuais mais importantes relacionadas aos gêneros e às sexualidades. A qualidade cinematográfica e a filmografia do diretor também são levadas em conta na hora da seleção. Os filmes são selecionados para mostras específicas conforme seu conteúdo e proposta. Gosto de muitos filmes. É estranho escolher um só depois de anos de festival, mas o Paixão de JL é um dos filmes recentes que destaco, pela simplicidade na realização e pelo roteiro voraz. 


Fora do Armário: Na sua opinião, qual é o papel do cinema com temática LGBTQIA (lésbicas, gay, bissexuais, transgênero, queer, intersexual e assexual)? Você poderia contar alguma experiência marcante nesse sentido?

Alexander: O principal papel é a representação dos LGBTQIA... e de todos os outros que não se encaixam: os fluidos, os não binários etc. Acompanhar essas transições e transformações de conceitos relacionados aos gêneros e às sexualidades nos filmes é a experiência mais marcante que tive, e continuo tendo.

Fora do Armário: O Brasil ainda precisa avançar muito no que diz respeito ao financiamento de projetos culturais. Você considera que a arte que tematiza a diversidade sexual e de gênero enfrenta maiores dificuldades hoje ou já está em pé de igualdade com as que abordam outros temas?

Alexander: Acredito que a questão gênero e sexualidade está atraindo a atenção de muitas pessoas, instituições e empresas. O tema deixou de ser polêmico para ser essencial na cultura.

Fora do Armário: Fale um pouco sobre o Rio Festival G&S no Cinema para esse ano. Quais serão as novidades ou os pontos altos dessa edição? As inscrições para filmes ainda estão abertas, certo? Como é que os diretores ou produtores podem submeter suas obras e quais são os critérios básicos?

Alexander: As inscrições abrem dia 1 de fevereiro no site www.riofgc.com. A ficha de inscrição e o regulamento estarão disponíveis online. A inscrição de filmes é gratuita. Esta edição terá muitas novidades relacionadas à programação, à maior interação e à interferência do público com os filmes. Nessa edição do festival, esse será o ponto alto.

Fora do Armário: Você acredita que as representações da comunidade LGBT na mídia (cinema e TV, principalmente) podem ajudar a construir uma cultura de diversidade e inclusão? Considera que isso já está acontecendo? Poderia citar um exemplo?

Alexander: Todos os meios de comunicação têm sua parcela de colaboração em relação à inclusão do tema gênero e sexualidade na nossa sociedade.  No cinema os assuntos são problematizados e colocados ao extremo, enquanto a TV por sua vez encontra formas de imprimir os conceitos básicos sobre o assunto. Acredito que todas as formas de divulgação do tema são importantes, e isso já acontece em todas as vertentes.

Fora do Armário: Você, sua equipe, o Cineclube LGBT ou o Festival G&S no Cinema já enfrentaram algum tipo de perseguição por parte de fundamentalistas e outros conservadores? Como foi e qual foi o desfecho?

Alexander: Já aconteceu um caso em que o cartaz do festival Diversidade em Animação foi levado para um programa de entrevistas na TV com intuito de difamar o cinema de animação por estar relacionado às questões de gênero e sexualidade. Foi um caso que fez com que mais pessoas fossem para a sala de cinema ver o festival.

Fora do Armário: Eu (Sergio Viula) lembro de ter visto esse programa. Fiquei horrorizado com a cara de pau do indivíduo. Eu fui a todas as edições de animação. Não lembro se todas foram promovidas pela sua produtora, mas eu sempre curti muito. Que bom que o oponente virou promotor do evento sem querer. (risos)

Antes de encerrarmos, gostaria que você falasse um pouco de si mesmo. Vamos trabalhar as perguntas e respostas em forma de ping pong, certo?

Ping Pong

Fora do Armário: Onde nasceu? 

Alexander: Nasci no Rio de Janeiro.

Fora do Armário: Seus hobbies favoritos? 

Alexander: Amo assistir filmes no cinema e em casa, e reeditar cenas de outros filmes.

Fora do Armário: Cidade predileta para passar férias? 

Alexander: Adoro passar as férias em lugares calmos e com beleza natural. 

Fora do Armário: Casado, solteiro, enrolado? 

Alexander: Sou casado.

Fora do Armário: Um sonho pessoal? 

Alexander: Tenho o sonho de tornar o festival muito maior.

Fora do Armário: Planos para os próximos cinco anos? 

Alexander: Tornar o festival muito maior - esse é o meu plano para os próximos 5 anos.

Fora do Armário: O que te faz rir? 

Alexander: Conversar com amigos sobre casos que aconteceram na vida me faz rir.

Fora do Armário: O que te faz chorar? 

Alexander: Bons filmes me fazem chorar.

Fora do Armário: O que te deixa furioso? 

Alexander: Falta de bom humor nas pessoas me deixa furioso.

Fora do Armário: O que te move?

Alexander: O cinema e o amor me movem, juntos.


O Blog Fora do Armário agradece ao querido Alexander Mello pelo tempo dedicado a responder essa entrevista e pela carinhosa autorização para que fosse publicada aqui nesse espaço. 

Aproveito para lembrar às queridas leitoras e aos queridos leitores do Blog Fora do Armário a data da próxima edição do festival. Fica a dica: curtam a página no Facebook para serem atualizados sobre o evento. Um abraço a todxs! ;) 


Rio Festival de Gênero e Sexualidade no Cinema

7 a 17 de julho de 2016
Rio de Janeiro
Produtor: Alexander Mello

Curta www.facebook.com/RioFGC


MARQUE PRESENÇA TAMBÉM NA PÁGINA DO EVENTO: 

https://www.facebook.com/events/936460793066377/




SOBRE O CINECLUBE G&S DURANTE O ANO DE 2016:




CINECLUBE GÊNEROS E SEXUALIDADES
Estreias e retrospectivas de filmes sobre gênero e sexualidade, sessões comentadas pelos diretores dos filmes e performances.

DATAS (Todo último sábado do mês*):
30 JAN
27 FEV
26 MAR
30 ABR
28 MAI
25 JUN
30 JUL
27 AGO
29 OUT
26 NOV
03 DEZ.

HORÁRIOS DAS SESSÕES: 17h e 19h

LOCAL: Centro Cultural Justiça Federal
(Av. Rio Branco 241, Centro, Rio de Janeiro. Tel.: 3261-2550)

INGRESSO DA SESSÃO: R$ 8 e R$ 4 (meia)

* Exceto no mês de dezembro. Excepcionalmente, não haverá sessão no mês de setembro.

APOIO INSTITUCIONAL
Centro Cultural Justiça Federal

REALIZAÇÃO
Cromakey Cinema

CONTATO: contato@riofgc.com
https://www.facebook.com/events/1687581901458856/

Como foi o Cineclube G&S "Flamejante" - a última de 2015

Fonte das fotos: https://www.facebook.com/RioFGC 
(online em 05/12/15)



FLAMEJANTE

Esse foi o tema do Cineclube de hoje, 05/12/15, com os melhores curtas drags do festival. Foi também a última edição de 2015. Agora, só ano que vem...



Ravena Creole
https://www.facebook.com/ravenacreoledragqueen/
(foto conceito retirada da página pessoal dela)


Logo na porta, o público foi recebido pela Drag Hostess Ravena Creole. A sessão começa e o primeiro filme apresentado contava com a presença do diretor, Allan Ribeiro. O nome do filme era O Clube, que falava sobre a Turma OK e seu aniversário de 53 anos de existência. O setting do filme foi a própria sede da Turma OK, ainda na Rua do Senado.


- O CLUBE

O Clube


De acordo com o diretor do filme, a Turma OK está se reunindo agora na Rua dos Inválidos, Centro do Rio de Janeiro. Enquanto ainda era na Rua do Senado, eu estive duas vezes lá - uma a convite do Rio sem Homofobia para uma reunião de ativistas e outra por causa de um Sarau de poesia com apresentação musical por mulheres lésbicas. Era o Dia da Visibilidade Lésbica.

Eu fui à sessão das 16h10, mas foram apresentadas outras duas - uma às 18h10 e outra às, 20h10. Encontrei meu amigo Edson Amaro na saída da primeira sessão. Ele chegava para assistir a segunda sessão e eu tinha acabo de assistir a primeira.

Edson, pena que nos desencontramos em relação ao horário, mas ainda vamos ter oportunidade de bater papo no meio desse espaço lindo que é o Centro Cultural da Justiça Federal, certo, amigão?

O Cineclube G&S acontece todo primeiro sábado, exceto em Janeiro, no Centro Cultural Justiça Federal - https://www.facebook.com/CCJFRJ/
O endereço é: Avenida Rio Branco 241, Centro, Rio de Janeiro.

Visite, curta e acompanhe a programação de cada mês: http://www.riofgc.com/cineclubegs.html

Os curtas que eu assisti lá foram:
O clube (Allan Ribeiro/ Brasil)
A turma OK comemora 53 anos.


Cena de O Clube - Premiado no Festival de Paulínia 2014, 
Festival de Gramado 2014 e 25º Festival Internacional 
de Curtas-Metragens de São Paulo.


Foi bastante emocionante ver a Turma OK homenageada com esse curta. O clube atende o público LGBT e provavelmente é um dos mais antigos do mundo ainda em funcionamento - talvez seja o mais velho de fato. Aliás, o envelhecimento das pessoas que acompanham essa história de perto era visível na telona e deu o que pensar. Aquelas pessoas parecem resistir às mudanças de paradigmas no modo de se reunir e de se relacionar dentro da própria comunidade LGBT. Eles sobrevivem a todas essas mudanças e ocupam palco e cadeiras, vivendo amores e desamores desde os mais simples até os mais glamourosos momentos.


- GOLDEN AGE OF HUSTLERS


Golden age of hustlers
 BFI Flare: London LGBT Film Festival 2015.

Golden age of hustlers (Erin Greenwell e Silas Howard/ EUA) "The Golden Age of Hustles" captura a cena da prostituição gay na década de 70 em Polk St em São Francisco com a experiência de um “insider”. Cantada por Justin Vivian de Bond com base no poema de Bambi Lake.

Esse filme também foi bem interessante, porque as cenas se desenrolam ao longo de uma música cantada por uma drag queen estilosa com outros artistas no palco.


Tú. Yo. Baño. Sexo. Ahora.
Tú. Yo. Baño. Sexo. Ahora 
(Francisco Lupini Basagoiti/ Espanha, Venezuela e EUA)
Premiado no North Carolina Gay & Lesbian Film Festival, 
Short Film Corner of Cannes Festival.


Um homem tenta esquecer do amor em lugares errados.

Esse curta foi engraçadíssimo. Uma drag queen é uma bar tender e vai servindo drinks e dialogando com os poucos clientes que ainda frequentam seu bar, mas nessa noite havia alguns corações quebrados querendo afogar as mágoas, quando "babados" se desenrolam de modos inesperados e divertidos. Ri bastante entre uma fala e outra.


- PEPPER

Pepper (Craig Young/ EUA)
Melbourne Queer Film Festival, Frameline 38 - San Francisco International LGBT Film Festival, The Art of Brooklin Film Festival.

Pepper é a história do envelhecimento de uma drag em seus momentos finais. Depois de um encontro casual com um menino de 8 anos de idade, Charlie, os dois embarcam em uma jornada e assim encontram a única coisa que Pepper tem procurado durante anos... coragem e aceitação.

Foi emocionante ver esse filme. A drag queen, já com idade, era cobrada por sua performance fraca na boate em que se apresentou durante anos, mas também tinha um filho que a desprezava. Graças ao encontro com esse garotinho que estava perdido na rua procurando pelo irmão mais velho, também rejeitado, só que pelos pais, ela toma um táxi, aproveitando que era época de natal para encontrar o filho e sua família. No táxi, ela vai substituindo as roupas e acessórios femininos por outros mais masculinos, mas os traços femininos estão em seu rosto envelhecido. Ela sofre uma terrível decepção e o filme se encerra com essa sensação de fim da linha. Isso me fez lembrar de muita coisa da vida real. Não se pode obrigar ninguém a amar ninguém, seja um filho que rejeita o pai ou um pai que rejeita o filho. Isso vale para qualquer outra relação familiar ou romântica. Por mais difícil que seja, é preciso enfrentar a vida a despeito dessas terríveis decepções.


- EN VOGUE


En Vogue (Jenn Nkiru/ EUA e Reino Unido)
Parte de uma série da nova diretora britânica Jenn Nkiru, “En Vogue” é um olhar conceitual da beleza, energia e exuberância de uma das últimas subculturas subterrâneas de NYC: Voguing & Ballroom.


Sheffield International Documentary Film Festival, Hamptons International Film Festival in New York, The Festival of Contemporary Visual Art - Videonale in Germany, 9th Pravo Ljudski Film Festival in Sarajevo e The Toronto International Film Festival in Canada.

De fato, achei todos os personagens e a ambientação belíssimos! E o filme é basicamente isso: corpos bem transados e bem vestidos dançando numa balada e se expressando com ousada autoconfiança, mas o filme é só isso mesmo. Ele se encerra de repente sem que a balada termine. Mas, a gente sabe que a vida não é uma balada sem fim, é claro. Vale pelo colírio que é ver tanta gente bela, mas também faz a gente pensar em quanta gente fica de fora desse recorte que inclui beleza, tempo ocioso, roupas descoladas, maquiagem caríssima, cabelos super estilosos e habilidades para dançar que causariam inveja em Lady Gaga e Madonna.


STARLADY


Queen of the Desert
(Alex Kelly/ Austrália)

Premiado no Bloody Hero Film Festival Phoenix/ USA, Transcreen Amsterdam, Translations Film Festival Seattle, Rio Festival Gay de Cinema, Berlin Film Festival, Brisbane Queer Film Festival, Queer Aussie Shorts e Canadian International Film Festival.

Mas nenhum filme me emocionou mais o do que Starlady. Na verdade, os dois filmes que eu mais gostei foram o primeiro (O Clube) e o último que foi justamente Starlady.

Extremamente humano e sensível. Tocante ver o carinho dela pela comunidade aborígine, que sofre rejeição tanto quanto ela, mesmo que por razões aparentemente diferentes, e o carinho da comunidade por ela. Uma anciã diz a última frase do filme, depois de falar da importância do trabalho de Starlady para resgatar a autoestima dos adolescentes da comunidade: "Nós amamos Starlady." E eu pensei comigo, emoção travada na garganta: Eu também...

Starlady é uma jovem trabalhadora de um dos lugares mais remotos e desafiadores da Austrália. Usando um conjunto de ferramentas, esta cabeleireira flamejante gasta seu tempo viajando milhares de quilômetros através do deserto central. Como uma Priscilla da vida real, Starlady nos leva a sua própria jornada "Rainha do Deserto" até Areyonga, uma comunidade indígena na Austrália Central. Aqui ela trabalha com alguns dos adolescentes mais isolados da Austrália usando um pouco de clareador e um monte de cores, na esperança de espalhar a confiança e o orgulho. Há muita coisa acontecendo neste salão de cabeleireiro improvisado por Starlady.

A aceitação e amizade reinam onde alguns poderiam ver como o mais improvável dos lugares.


O Cineclube G&S conta com o apoio institucional do Centro Cultural Justiça Federal.

PARCERIA
Cineclube Laerte
Cineclube LGBT
Drag-se

REALIZAÇÃO
Cromakey

Foto: En Vogue.

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