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Aquela velha noção de espaço pessoal faz uma falta...

Ele poderia ter apenas ficado no seu quadrado 



Por Sergio Viula 


Ando extremamente impaciente com a falta de noção do que é o espaço público por parte de um considerável número de cariocas e fluminenses. Um exemplo, entre muitos, foi o que me aconteceu há alguns minutos.

Eu estava lendo o livro DYSPHORIA MUNDI, que está longe de ser mero passatempo ou entretenimento. Existe atenção e pensamento aguçado. Escolhi um lugar onde ninguém passaria atrás de mim ou sentaria colado comigo. Já fiz isso outras vezes e deu certo. Dessa vez, porém, um grupo de adolescentes uniformizados de uns 15 ou 16 anos "sentou" no banco perpendicular ao meu, ou seja, se pensarmos num L, eu estava numa linha e eles na outra do L. Espaço suficiente.

De repente, eu sinto um cutucão no meu braço. Um adolescente decidiu se DEITAR no banco, invadindo o meu espaço do outro lado.

Ele pediu desculpas. E eu disse que estava tudo bem, ainda que por dentro, eu já estivesse me sentindo contrariado. Mais um carioca que não tem noção do seu quadrado.

Não satisfeito, ele me perguntou o que eu estava fazendo. Eu tinha um livro diante de mim e óculos de leitura no rosto. Era óbvio. Em vez de dizer "estou lendo", decidi dizer "estou estudando". Intuitivamente, eu sabia que isso seria provocativo em alguma medida. Eles estavam de uniforme, mas estudam? Dito e feito.

Ele responde com uma pergunta: Estudando?

A pergunta revela uma certa perplexidade. Um homem velho com um livro e estudando em seu tempo livre? Isso é, provavelmente, tudo o que aquele jovem não quer fazer na vida. Não era uma opção para ele.

Querendo reorganizar interiormente o que eu havia desorganizado com a minha resposta, ele pergunta se eu vou à igreja. Aposto que ele pensou: Só pode ser um livro evangélico, algum estudo bíblico.

Eu respondi: Graças a Deus, não.

Lógico que eu estava sendo irônico. A ideia se Deus não corresponde a qualquer realidade comprovada, mas ele mordeu a isca.

Como assim? - perguntou ele.

Respondi com outra pergunta: Você vai?

Ele disse: Vou.

Eu disse: Que pena.

Ele retrucou: " Pena por quê, com tom de perplexidade de novo.

Eu já estava num misto de incômodo pela interrupção interminável e pena por imaginar o desperdício de tempo e oportunidades que esse rapaz vai vivenciar por se agarrar a crenças castradoras, redutoras e negacionistas em tantos sentidos que falta-me espaço para enumerar.

Então, eu disse o seguinte para encerrar: Você devia estar orando, então, em vez de vir interromper a minha leitura, não acha?

Um colega dele o chamou de volta ao grupo porque viu que eu não estava mesmo a fim de papo. 

Fiquei pensando no desperdício de gerações inteiras, especialmente, nos últimos 30 anos com a renovação do fervor fundamentalista nesse país, especialmente nessa cidade onde até o narcotráfico diz que é de Jesus. Haverá fim para esse inferno algum dia? E onde estará esse rapaz daqui a 10 ou 20 anos sem a menor ideia do que significa "aprendizado pela vida toda" ou "estudar como meio de entender o mundo e tudo o que ele contém"? A crença em qualquer conjunto de lendas, mitos e parábolas como sendo a verdade final e absoluta sobre tudo é antídoto contra o conhecimento verdadeiro sobre tudo e qualquer coisa que esteja ao nosso alcance.

Repito o que disse a ele quando ele me respondeu que ia,  sim, à igreja: Que pena!

E tudo isso porque ele simplesmente não soube ficar em seu quadrado numa praça de alimentação vazia.

Pregadores em sala de espera só não são mais chatos por falta de espaço...



Por Sergio Viula

Fui ao escritório de direitos autorais da Biblioteca Nacional registrar uma obra e ouvi quatro crentes falando sobre suas crenças. Os quatro eram daquele tipo bem fanático. Um sabia meia-dúzia de versículos, que recitava sem o menor senso crítico. Os outros o ouviam e concordavam como se aquela fosse a mais absoluta verdade. Só que não.

Fiquei pensando em como as pessoas ‘papagaiam’ o que ouvem sem investirem o menor tempo em raciocinar sobre a validade disso tudo. E o pior é a falsa humildade pretextada cada vez que o cara diz “não sou eu que digo, é a Bíblia” ou “eu não sou nada, sou só um servo”. Na verdade, ele se acha o porta-voz de deus – o que supostamente o coloca numa posição mais elevada que os outros.

E a repetição da frase “…porque não somos bastardos, somos filhos”? É muita carência emocional. Muita necessidade de pai, carai! Vê se cresce, bebezão.

É engraçado que todo mundo se veja como intérprete fiel da Bíblia e que acredite ter a verdade final sobre cada letra posta ali. Gente que é incapaz de interpretar corretamente uma questão do Enem, mas se sente doutor em textos antigos, traduzidos a perder as contas, cheio de pontos controversos, que encontram contradições, sobras ou faltas quando se comparam manuscritos antigos – o que não significa ‘originais’, como dizem muitos indoutos no assunto. Não existem originais. Nem mesmo um sequer. Os mais antigos são cópias, de cópias de cópias e apresentam várias discrepâncias entre si.

Emanuel e a grávida



Aconteceu ainda há pouco.


Emanuel vinha de um longo dia de trabalho. Morto de fome, já havia me ligado dizendo que jantaria em casa. Seu plano foi interrompido quando uma mulher grávida começou a passar mal dentro do ônibus. Todo mundo no ônibus viu que a mulher estava passando mal, porém ninguém se propôs a ajudá-la. Emanuel, então, desceu do ônibus com ela ali, sem a ajuda de mais ninguém. Ligou para a emergência, mas não conseguiu falar. Deixou a mulher aguardando no ponto, enquanto foi buscar ajuda de uma patrulha policial próxima. Os policiais levaram os dois para o Hospital Salgado Filho (hospital que tem emergência), no Méier, bairro de classe média na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro.

Chegando lá, o hospital informou que não podia atender a coitada da mulher, porque não tem maternidade. A mulher ficou desamparada: Ela não tinha plano de saúde e o marido não estava ali. Emanuel me disse que ficou pasmo quando soube que ela sequer havia feito pré-natal até então.

Não podendo fazer mais nada, ele ajudou a mulher a falar com o marido pelo telefone. E ela ficou ali na entrada do hospital aguardando o esposo chegar.

Emanuel voltou para casa perplexo por vários motivos:

1. Ninguém se sensibilizou em ajudar a pobre mulher.
2. O telefone de emergência não funcionou.
3. O hospital não titubeou em recusar a entrada dela, mesmo que fosse apenas para transferi-la de ambulância para outro lugar.

Eu, além de tudo isso, me pergunto: Onde estavam os supostos 'filhos de deus', os ditos 'salvos', sejam eles evangélicos ou católicos? Num país onde os ateus perfazem apenas 1% da população, às 19h num dia de trabalho, o ônibus devia estar cheio de religiosos, mas foi o VIADO que NÃO ACREDITA EM DEUS(ES) que ajudou a mulher grávida. Onde estavam os que combatem o aborto? Esses mesmos que falam tanta bobagem quando se trata de um feto acéfalo, por exemplo, mas são incapazes de apoiar uma grávida sofrendo ao vivo e a cores.

Alguém pode se perguntar: Se o Emanuel não acredita em recompensas futuras, o que ele espera em troca disso? Nada. Foi apenas um ato de humanismo. E o que torna esse ato ainda mais genuíno é que não espera nada em troca. É humanismo por si e sem sequer fazer essa reflexão. Fui eu que levantei isso depois que ele me contou a história.

Fica aqui a lição: mulheres grávidas, não andem sozinhas por aí. Ah, e garantam-se com um bom plano de saúde antes de engravidar, porque senão vocês podem morrer na porta do hospital. Antes que eu esqueça: Não contem com a ajuda de deus, deuses ou seus auto-proclamados representantes. A primeira categoria não existe mesmo e a segunda - salvo raríssimas e geralmente nada ortodoxas exceções - não fede nem cheira.

Os 10 argumentos favoritos dos criacionistas

Tirinha por Carlos Ruas - criador de Um Sábado Qualquer


1. A Complexidade Irreducível

Argumento Criacionista: Muitos sistemas biológicos são tão complexos que não poderiam ter evoluído gradualmente, pois perderiam sua funcionalidade se uma parte fosse removida. Isso sugeriria um "designer inteligente".

  • Refutação Científica: A ideia de "complexidade irreducível" foi popularizada por Michael Behe, mas a ciência mostrou que sistemas complexos podem evoluir gradualmente. Muitos exemplos de complexidade irreducível, como o olho, têm ancestrais que funcionam de maneira mais simples. No caso do olho, por exemplo, organismos primitivos tinham células sensíveis à luz, que com o tempo evoluíram para formas mais complexas. A evolução pode modificar sistemas existentes para aumentar sua funcionalidade, uma prática comum chamada "exaptação". Isso demonstra que a complexidade pode surgir de processos evolutivos sem necessidade de um designer inteligente.

2. Fósseis de "espécies estáticas"

Argumento Criacionista: Fósseis de animais encontrados em camadas geológicas distintas mostram que certas espécies nunca mudaram ao longo do tempo, o que implicaria que não houve evolução.

  • Refutação Científica: As afirmações sobre "espécies estáticas" são equivocadas. Fósseis encontrados em diferentes camadas geológicas de fato apresentam variações genéticas dentro das populações. Além disso, a teoria da evolução reconhece que nem todas as espécies precisam passar por mudanças visíveis em cada geração. Algumas espécies podem permanecer relativamente inalteradas ao longo de um período geológico, mas isso não significa que a evolução não esteja ocorrendo em níveis genéticos. Um exemplo disso é o peixe-cavalo-marinho, cujas variações morfológicas não se refletem nas camadas fósseis de maneira dramática, mas é perfeitamente possível observar mudanças graduais em populações específicas.

3. A Falta de Transição Completa

Argumento Criacionista: Não há fósseis "transicionais" que mostrem uma mudança gradual entre espécies.

  • Refutação Científica: A ideia de que "não há fósseis transicionais" é um mito. Fósseis intermediários são abundantes, e exemplos como Archaeopteryx (entre répteis e aves) e Tiktaalik (entre peixes e anfíbios) demonstram claramente transições entre grandes grupos de seres vivos. Além disso, a evolução é um processo gradual e contínuo, e a ideia de que transições completas devem ser vistas de maneira linear e instantânea está equivocada. A diversidade de fósseis de hominídeos, como Australopithecus, Homo habilis, e Homo erectus, mostra uma linha clara de transição de ancestrais primatas para os primeiros humanos.

4. A Segunda Lei da Termodinâmica

Argumento Criacionista: A segunda lei da termodinâmica afirma que a entropia de um sistema fechado sempre aumenta, o que significa que a ordem não pode surgir espontaneamente e, portanto, a evolução não pode ocorrer.

  • Refutação Científica: A Terra não é um sistema fechado, mas sim um sistema aberto, com energia constante proveniente do Sol. A entrada dessa energia permite que sistemas biológicos locais aumentem sua ordem, o que é totalmente compatível com a evolução. A segunda lei da termodinâmica descreve a entropia em sistemas fechados, mas em um ambiente aberto como o da Terra, a entrada de energia externa permite que processos evolutivos criem complexidade sem violar essa lei. Além disso, a evolução não cria "ordem" no sentido absoluto, mas sim adaptações que melhoram a sobrevivência das espécies em seu ambiente.

5. O "Argumento da Probabilidade"

Argumento Criacionista: A probabilidade de a vida ter surgido por acaso é tão baixa que deve ter sido projetada por um criador inteligente.

  • Refutação Científica: A origem da vida, ou abiogênese, é complexa, mas não é um evento aleatório sem explicação. Experimentos como os de Stanley Miller e Harold Urey, que simularam as condições da Terra primitiva, mostraram que compostos orgânicos básicos necessários para a vida, como aminoácidos, podem se formar espontaneamente a partir de substâncias simples. A probabilidade de a vida surgir "por acaso" é, de fato, pequena, mas isso não significa que seja impossível. Além disso, a evolução não depende de um evento único de origem da vida, mas de um processo contínuo de mudanças graduais ao longo de bilhões de anos.

6. O Argumento do Design Inteligente

Argumento Criacionista: O universo e a vida são tão complexos que precisam de um designer inteligente.

  • Refutação Científica: O "design inteligente" não é uma explicação científica testável, mas uma tentativa de explicar o complexo sem investigar as causas naturais. A evolução oferece uma explicação robusta e testável para a complexidade da vida, baseada em princípios de seleção natural, mutação e deriva genética. A presença de imperfeições, como o nervo laríngeo recorrente (que passa por caminhos subótimos no pescoço de vertebrados), evidencia que a evolução funciona por ajustes graduais e não por um plano perfeito.

7. O Argumento da Perfeição de Design

Argumento Criacionista: O corpo humano e outras criaturas são tão bem adaptados ao ambiente que isso prova um "designer inteligente".

  • Refutação Científica: A adaptação biológica é um processo natural de seleção natural, onde as variações genéticas que conferem vantagens de sobrevivência se tornam mais comuns na população. O fato de que existem muitos exemplos de imperfeições no corpo humano, como o apêndice (um órgão vestigial) ou o nervo laríngeo que percorre um caminho subótimo no pescoço de vertebrados, sugere que a evolução não cria "designs perfeitos", mas adaptações feitas a partir de estruturas preexistentes. Essas imperfeições são incompatíveis com a ideia de um "design perfeito" e indicam um processo de adaptação gradual.

8. O Argumento da "Inexistência de Evidência de Evolução"

Argumento Criacionista: Não há evidências claras de evolução acontecendo em tempo real.

  • Refutação Científica: A evolução pode ser observada em tempo real. Exemplos incluem a evolução de bactérias resistentes a antibióticos, como o caso de Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA), e a mudança de características morfológicas e comportamentais em populações de peixes e aves. Esses exemplos mostram como as populações se adaptam rapidamente a mudanças ambientais, demonstrando a continuidade do processo evolutivo.

9. A Origem de Espécies na "Natureza Intacta"

Argumento Criacionista: Espécies que permanecem inalteradas em ambientes isolados demonstram a criação divina e a imutabilidade das espécies.

  • Refutação Científica: A adaptação e especiação ocorrem continuamente, mesmo em ambientes isolados. O conceito de "espécies estáticas" ignora o fato de que as espécies podem permanecer relativamente inalteradas quando estão em ambientes estáveis e não enfrentam pressões seletivas significativas. A especiação ainda pode ocorrer em ambientes naturais isolados, e exemplos de microevolução e adaptação contínua são visíveis em populações de peixes, aves e insetos.

10. A Falta de Evidência de "Macroevolução"

Argumento Criacionista: A macroevolução (mudança de uma espécie para outra) nunca foi observada diretamente.

  • Refutação Científica: Embora a macroevolução ocorra ao longo de longos períodos de tempo e não possa ser observada em tempo real, há muitas evidências fósseis e genéticas que comprovam que ela aconteceu. O estudo do DNA mostra como as espécies compartilham ancestrais comuns, e a comparação genética entre seres humanos e chimpanzés, por exemplo, demonstra uma relação direta entre as duas espécies. A comparação dos registros fósseis e os estudos de linhagens evolutivas também corroboram a existência de macroevolução.

Essas refutações baseadas em evidências científicas demonstram que os argumentos criacionistas não explicam de modo algum a complexidade da vida de maneira testável e consistente, enquanto a teoria da evolução oferece uma explicação robusta e comprovada para a diversidade biológica.

UMA ESCOLA BÍBLICA BEM DIFERENTE!!! Vale a pena ver de novo... sob outra perspectiva!!! (CONTINUA NO POST SEGUINTE)

Assista e divirta-se






O Mito do Gênesis: Um Entre Muitos


Muita gente lê o livro de Gênesis, no Antigo Testamento, como se sua narrativa fosse a única versão antiga sobre a origem do mundo e da humanidade. Mas a verdade é que o mito bíblico da criação não surgiu isolado: ele é apenas um entre inúmeros mitos de criação que circulavam no Oriente Médio e no norte da África muito antes e durante a redação dos textos bíblicos.

Por que isso?

Porque todos os povos antigos buscavam respostas para as mesmas perguntas:


  • De onde viemos?
  • Como surgiu a vida?
  • Qual é o papel da humanidade no universo?

E, à medida que povos se encontravam, guerreavam, faziam comércio ou conviviam lado a lado, mitos eram trocados, adaptados e reinterpretados conforme a religião, a política e a cultura local.

As raízes mais antigas: Mesopotâmia

As influências mais evidentes vêm da Mesopotâmia, a “terra entre rios” (Tigre e Eufrates), berço de algumas das primeiras civilizações do mundo.


Enuma Elish (Babilônia): Narra como o deus Marduque derrota a deusa do caos, Tiamat, e cria o mundo a partir do corpo dela. Lembra de Gênesis 1:2? “A terra era sem forma e vazia.” A ideia do caos primordial vem daqui.

Épico de Gilgamesh: Contém uma história de dilúvio muito parecida com a de Noé, inclusive com um barco, animais e um herói que escapa das águas.

Quando os hebreus foram exilados na Babilônia (século VI a.C.), essas histórias já eram conhecidas há séculos — e provavelmente influenciaram a forma como Gênesis foi escrito ou editado.

A influência do Egito

No Egito Antigo, mitos falavam de um oceano primordial (Nun) e de um deus criador (Atum) que traz ordem ao mundo pelo poder da palavra. Esse detalhe aparece em Gênesis: “Disse Deus: haja luz.” A criação acontece pela ordem verbal de Deus — não por guerras entre deuses rivais, como nos mitos mesopotâmicos.

O toque israelita: um Deus único e supremo

  • O que torna o Gênesis diferente não é a história em si, mas a teologia por trás dela.
  • Em vez de vários deuses, há apenas um Deus.
  • O sol, a lua e as estrelas — divindades em outros povos — aqui são simples criações.

E o ser humano, feito à “imagem e semelhança de Deus”, recebe dignidade especial, não existindo apenas para servir aos deuses, mas como parte central da criação.
Um mito, muitas versões

O mito do Gênesis, portanto, faz parte de uma tradição muito mais ampla de mitos de criação. Ele traz elementos mesopotâmicos, egípcios e cananeus, mas adapta tudo para transmitir a fé monoteísta do povo hebreu.

Assim, quando lemos Gênesis, não estamos vendo a “primeira” nem a “única” versão de uma narrativa de criação — e sim uma adaptação feita para afirmar a identidade religiosa de Israel em meio a um mundo cheio de deuses, mitos e cosmogonias. Apenas mais uma entre muitas narrativas míticas de origem.

UMA ESCOLA BÍBLICA BEM DIFERENTE!!! Vale a pena ver de novo... sob outra perspectiva!!!

Assista e pense sob novos pontos de vista










A Bíblia: Narrativa Literária e Tradições de Origem Duvidosa


Muita gente encara a Bíblia como se fosse um livro único, coeso e imutável, caído do céu pronto e perfeito. Mas quando olhamos para ela sem o filtro da fé, descobrimos que a Bíblia é, na verdade, uma coleção de textos humanos — narrativas, poemas, leis, profecias e lendas — reunidos e editados ao longo de muitos séculos.

Como literatura, ela é fascinante. Mas como “verdade histórica absoluta”? A história de sua composição mostra algo bem diferente.

A Bíblia como narrativa

A Bíblia é formada por livros muito distintos:

Pentateuco (Gênesis a Deuteronômio): mistura mitos de criação, histórias dos patriarcas, leis e lendas tribais.

Livros históricos (Josué, Juízes, Reis, Crônicas): relatos sobre guerras, reis e profetas, geralmente escritos com tons nacionalistas e religiosos.

Poéticos e sapienciais (Salmos, Provérbios, Jó): cânticos, provérbios e reflexões filosóficas.

Profetas: textos com forte conteúdo político, religioso e moral.

Como narrativa, a Bíblia combina mito e memória, poesia e política, religião e identidade nacional — e essa mistura revela muito mais sobre os povos que a escreveram do que sobre a “palavra direta de Deus”.


Tradições de origem bem discutível

Os estudos modernos mostram que a Bíblia foi escrita, reescrita e editada em períodos diferentes, por mãos diversas, com objetivos teológicos e políticos claros. Alguns pontos essenciais:


Fontes múltiplas e contraditórias

O Pentateuco contém relatos duplicados e até conflitantes — como os dois relatos da criação em Gênesis 1 e 2. Isso levou à Hipótese Documentária, que identifica pelo menos quatro fontes principais: Javista (J), Eloísta (E), Deuteronomista (D) e Sacerdotal (P).


Influência de outros povos

Elementos de mitos mesopotâmicos, como o Enuma Elish e o Épico de Gilgamesh, aparecem claramente em Gênesis e na história do dilúvio.


Tradição oral antes da escrita

Durante séculos, as histórias foram transmitidas oralmente — e sabemos que tradições orais sofrem adaptações, acréscimos e interpretações antes de virarem texto.


Edição tardia e interesses políticos

Muitos livros foram reunidos ou editados durante o exílio babilônico (século VI a.C.) para reforçar a identidade nacional e religiosa dos judeus. Outros, como o Deuteronômio, serviram para centralizar o culto em Jerusalém — uma decisão tanto política quanto religiosa.


Cânon definido muito depois

A lista de livros considerados “inspirados” só foi fixada séculos depois. Antes disso, diferentes grupos judeus e cristãos tinham coleções de textos diferentes.


Por que tudo isso importa

Não temos os textos originais: apenas cópias tardias com variações significativas.

Muitos eventos não têm comprovação histórica: o Êxodo, por exemplo, carece de evidências fora do texto bíblico.

A mistura de política, teologia e literatura mostra que a Bíblia é obra humana, moldada por interesses e contextos específicos.


Pense seriamente nisso

Ler a Bíblia como mera narrativa nos liberta da obrigação de tomá-la como verdade literal. Podemos apreciá-la como patrimônio cultural e literário, entendendo suas contradições, influências externas e motivações políticas — sem precisar enxergá-la como “palavra sagrada”.

Afinal, a Bíblia não caiu do céu: ela foi escrita, editada e adaptada por pessoas, com todas as limitações, interesses e visões de mundo que qualquer ser humano carrega.

A Anti-Arte de Encher o Saco Alheio



Não sei se é só comigo, mas parece que tem gente se especializando na anti-arte de encher o saco alheio!!! São aquelas pessoas que só sabem meter o nariz onde não são chamadas. Ao invés de desfrutarem seu próprio tesão, ficam fiscalizando o tesão alheio. Às vezes ficam incomodadas só por saberem que, além de não trepar do mesmo jeito que elas (quando trepam!!!), existem pessoas que não acreditam no que elas apostam ser verdade. Digo isso, porque em menos de 24h eu tive que suportar três pessoas enchendo meu saco em três situações diferentes.

A primeira foi uma colega de trabalho que teve a péssima ideia de vir com papo de bíblia pra cima de mim num intervalo do trabalho. Para encurtar assunto, basta dizer que depois de me dizer meia dúzia de bobagens, ela ficou sem palavras diante de dois simples argumentos meus. Como são refutáveis estes crentes! Ótimo, porque o intervalo já havia se esgotado e eu tinha mesmo que entrar em sala de aula.

O segundo "enchedor de saco" foi um ex-aluno meu, dos tempos em que eu dava aulas de educação religiosa como parte do meu então ministério pastoral. Ele escreveu um longo scrap no meu orkut cheio de palavras de "evangelização". Ele disse que passou um tempo em claro durante a madrugada de ontem pensando em mim (!!!!). Respondi curta e objetivamente. Ele não deve ter gostado muito do retorno.

O terceiro foi ainda há pouco aqui no blog mesmo. Uma pessoa que visitou esse espaço decidiu deixar um comentário. Adoro comentários!!! O problema é a mania de "analista de última hora" que alguns especialistas em encher o saco alheio insistem em manifestar em quase tudo o que dizem ou fazem. Coloco o comentário abaixo e aproveito para respondê-lo:

Comentário: "Olá Sérgio, muito interessante seu blog, igualmente interessante é sua história, e seus atributos, engajado, lutador, persistente, não fosse pela controvérsia apresentada por vc no que refere a DEUS, talvez eu conseguiria te entender melhor."

Minha resposta: Não sei de onde as pessoas tiram a ideia de que eu esteja esperando que elas me entendam ou, mais ainda, que concordem comigo. Primeiro, eu não sou pregador. Pregadores querem assentimento irrestrito e incondicional. Eu, porém, falo, escrevo e vivo o que penso. Se as pessoas compreendem, ok. Se não compreendem, não o perco o sono. Se concordam, ok. Se não concordam, não dou a mínima. Então, quando esse comentarista diz que me entenderia melhor se eu fosse crente, ele está jogando conversa fora. Não existe a mínima possibilidade de eu condescender com uma proposta dessas.

Comentário: "Como pode alguém que durante anos a fio defende uma tese e em um determinado momento se retroage em seu princípios a ponto de voltar ao marco inicial da vida e negar todo o processo quando se diz ateu."

Minha resposta: Primeiro, o maior tolo é aquele que mantém uma tolice só porque um dia a disse. Se alguém pensava estar certo e descobre que estava iludido, o melhor a fazer é abandonar a ilusão, e não continuar afirmado aquilo que (AGORA) ele sabe não passar de um delírio. Tendo isso em mente, não é difícil entender porque tanta gente que é ateia hoje já foi religiosa um dia. Além disso, sempre existe um pai ou mãe ou avó que levam os pequeninos aos templos (quaisquer que sejam) desde cedo, e alguns até levam porrada se não forem. Não é difícil entender por que tanta gente foi religiosa antes de se reconhecer ateia.

Comentário: "Não sei se estou enganado mas parece que seu coração está cheio de rancor com relação a evangélicos e vc usa DEUS como meio de expressar sua indignação."

Minha resposta: Realmente você está enganado. Primeiro, o que me irrita nos evangélicos é sua insistência em encher o saco alheio. Um budista me incomoda pouco ou nada. Ele não prega em trem, não bate à porta domingo de manhã, não canta nas alturas até tarde ou à noite toda (nas vigílias) sem o menor respeito à vizinhança, ele não usa os meios de comunicação para ridicularizar tudo o que possa diferir de suas ideias, portanto um budista me incomoda pouco. Além disso, eles não acreditam em deuses, infernos e céus. Agora os evangélicos e católicos carismáticos me incomodam por todos os motivos relacionados acima e mais alguns outros. Mais que isso, se eu estivesse usando deus como você diz para expressar minha suposta "indignação rancorosa contra os crentes", eu seria um idiota que dá murro em ponta de faca ou "coa um mosquito e engole um camelo". Se eu acreditasse que deus existe e dissesse o contrário só para irritar os crentes, por favor, eu seria um imbecil. Vc me subestima....

Comentário: "Melhor ainda existem pessoas que defendem teses por toda a vida sem ao menos conhecer seu verdadeiro objeto. Talvez vc não tenha tido experiência com DEUS obviamente não pôde conhecê-lo, ou pior ainda, num tempo em que a religião está desacreditada, se auto-intitular adepto do ateismo é uma boa forma de atrair pra si notoriedade. Nada e ninguém, acreditando ou não na existência DIVINA conseguirá ofuscar a onipotência do todo criador. Um grande abraço. que DEUS te abençoe. Desculpe vc não acredita em DEUS."

Minha resposta: Dizer que eu não conheci o verdadeiro objeto da fé cristã é uma contradição. Primeiro, o objeto da fé cristã não pode ser verificado de fato (Deus, céu, inferno, anjos, etc) e o que poderia ser verificado de alguma forma (o homem Jesus) se mostra contraditório e sem evidência histórica fora das escrituras cristãs, sem falar nas contradições internas dessas mesmas escrituras. Segundo, se os crentes supostamente conhecem a deus por meio da fé (e fé nada mais é do que pensamento carregado de afetividade sublimada) e das escrituras cristãs, não há dúvida de que eu conheci tudo o que havia para ser conhecido. E é por isso mesmo que eu digo que a fé cristã é um absurdo fundado na imaginação de um punhado de judeus e não na realidade. Dizer que eu me auto-intitulo ateu para atrair notoriedade para mim é a maior das besteiras que vc disse até agora. Primeiro, porque eu era muito querido e tinha mais atenção do que precisava no círculo eclesiástico. Segundo, porque essa suposta notoriedade não me dá nada, exceto trabalho, como o de responder a vc aqui, por exemplo. Terceiro, se é a mídia que vc tem em mente ao dizer isso, afinal seu comentário apareceu numa matéria da revista A Capa,  eu nunca pedi para dar entrevista a nenhum dos canais que já me entrevistaram. A revista A Capa não foi a primeira e nem a de maior alcance. Todas as vezes que fui entrevistado, as pessoas interessadas na minha história me procuraram, e até insistiram em realizar a entrevista quando resisti a investir mais do meu tempo pessoal nisso. Nunca recebi um centavo por nada disso. Então, para de querer achar chifre em cabeça de burro...

Dizer que ninguém vai ofuscar a onipotência divina é hilário. Nada mais obscuro do que essa crença. Eu cago para essas ideias. Estou interessado em viver. E quando falo sobre qualquer assunto é porque de alguma forma ele se apresentou diante de mim no transcorrer da vida. É o caso do seu comentário. Apareceu. Não o busquei. Mas quando surgiu provocou alguma ação - desta vez foi a da resposta. Mas numa outra, poderá ser a da indiferença total. Depende do que eu desejo fazer de cada coisa que me acontece. 

Agora, convenhamos: eu tenho muito peito para assumir o que digo. Sempre  assino em baixo, mostro a cara!!! Já vc, até para fazer esse comentário preferiu se manter no anonimato. Medo é uma merda mesmo... kkkk E não tem deus que te livre dessa pequenez.

Ah, e antes que eu me esqueça, aos "enchedores de saco" de plantão, uma última palavrinha: Vão caçar uma rola, uma boceta*, ou as duas!!! Estou ocupado em viver... Não me interessa a neurose da vossa crença!!! 

P.S.: Boceta é a grafia tradicional, mas convenhamos "buceta" soa muito mais sacana... 😂

Harry Potter e o Enigma do Príncipe


Dois dias com Harry Potter!


Sim, mas não em Hogwarts... Foi sábado no UCI do New York City Center (Barra Shopping) e domingo, lá no Unibanco Artplex (Botafogo). A primeira sessão, eu vi com quatro alunas minhas, que me convidaram para ir ao cinema depois do final da aula de sábado. A segunda sessão, eu vi com o Emanuel depois de umas comprinhas no Botafogo Praia Shopping. ;)

Sempre que eu vejo um filme mais de uma vez, acabo vendo detalhes que haviam passado direto pelo meu "detector de detalhes". :)

Harry Potter — é desnecessário dizer — é um sucesso de público tanto nas livrarias como no cinema; um sucesso que só mesmo a magia de J.K. Rowling conseguiu criar até hoje! Mas, antes que alguém pense que acredito que exista magia de verdade, quero deixar claro que refiro-me à genialidade dela para reunir numa mesma obra (dividida em 7 volumes) tantos elementos cativantes, surpreendentes, misteriosos, apaixonantes.

Nunca fui um fã ardoroso de Harry Potter. Assisti aos filmes, sim. No entanto, não cheguei a me render desfalecidamente como alguns fãs amigos meus. Isso não quer dizer que não goste. Aliás, posso dizer que adorei "Harry Potter e o Enigma do Príncipe", e que, ao contrário de alguns amigos meus, gostei deste mais do que dos anteriores. Só fiquei triste por um motivo, e quem assistir ao filme certamente saberá a que me refiro. Não vou estragar a sessão de vocês antes mesmo de começar, é lógico. ;)

E enquanto bilhões de fãs no mundo inteiro deleitam-se com as travessuras de Harry, Hermione e Ron, existem sempre aqueles crentes idiotinhas que querem ver forças malignas reais atrás de cada porta, debaixo de cada cama. Fico besta como tem gente que pode acreditar mesmo que J.K. Rowling seja satanista, adoradora do capeta ou coisa assim. É muita estupidez!

Primeiro, porque parte do princípio de que Satanás exista de fato. Segundo, porque acredita que alguém possa fazer acordos vantajosos com ele. Terceiro, porque a maioria não se dá nem a chance de ter contato com outras coisas além da Bíblia, e por isso não consegue nem pensar, exceto dentro dos minúsculos quadradinhos que a Bíblia vai desenhando na mentalidade deles.

Aliás, que diferença faria se ela adorasse o diabo? Isso não a tornaria necessariamente maligna. Da mesma forma que os adoradores do suposto "Deus de amor" não são necessariamente benignos. Ser satanista não significa ser assassino, promotor de sacrifícios humanos ou coisa assim. Se há quem faça isso, nem por isso eu poderia ser a favor de uma perseguição aos adoradores do capiroto. Quem cometer crime, pague pelo que fez. Isso, sim. Mas proibir as pessoas de cultuar este ou aquele deus é um absurdo. E por falar em absurdo, também é um absurdo crer neste ou naquele deus — se me permitem ir até o fim deste raciocínio. Falando em sacrifícios humanos, ninguém matou mais do que o cristianismo em termos de religião, e mesmo assim qualquer um pode adorar nas igrejas do "Galileu S.A.", com filiais espalhadas por toda parte.

Apesar de Harry Potter não ser meu tipo de literatura (assisto aos filmes, mas nunca li os livros), tenho que reconhecer que J.K. Rowling, ex-professora primária e uma das maiores riquezas do mundo hoje, ficou inacreditavelmente rica com uma coisa que a maioria consideraria impossível: fazendo crianças do mundo inteiro lerem livros que praticamente não têm ilustrações, são grandes e cheios de palavras difíceis, e caríssimos para a média salarial mundial! Detalhe: alguns alunos meus fazem questão de ler os livros da edição inglesa. Poderia um professor de inglês ser indiferente a isso? E os professores de português, em relação aos milhões de leitores das edições de Harry Potter em nossa língua materna, ficariam eles indiferentes? Não é fantástico saber que estas crianças e adolescentes estão lendo, e lendo uma coisa que exige imaginação, interpretação, etc.?

Parabéns à J.K. Rowling que, "sem querer querendo", demonstrou, graças ao sucesso de sua obra, que nosso velho e querido livro pode superar aquela fascinação viciante que os videogames parecem exercer sobre crianças e adolescentes, tirando deles o interesse pela leitura!

E quanto aos "demonizantes de tudo em volta", seria bom que lessem outras coisas além da mitologia bíblica. Existe muita riqueza, inclusive na mitologia de outros povos que não os judeus, porque até mesmo em se tratando de deuses, os gregos e os romanos estavam muito mais em sintonia com a vida do que os judeus. Pobres cristãos que judaizaram os elementos greco-romanos da cultura clássica só para estragarem tudo... E ainda se ressentem quando a população mundial ignora o eco de suas palavras mórbidas!

Felizes os que não têm ouvidos para ouvir as balelas daqueles que alegam serem profetas do Espírito Santo, mas que parecem, na verdade, terem ouvido ou lido algum "espírito-de-porco" mal-amado e ressentido da grandeza de povos que não adotavam sua pequena e doentia visão de mundo.

O mundo de Harry Potter é um mundo imaginário no meio do mundo real (Londres). É melhor, mas não muito diferente do mundo imaginário dos crentes, esse mundo que eles alegam ser povoado por demônios, anjos, espíritos, etc.

Lógico que o de Harry é muito mais interessante, uma vez que não aspira status de verdade ou de realidade. Já o mundo imaginário dos crentes tem causado muitas tragédias ao longo da história, uma vez que os crentes o tomam como verdadeiro ou real, e querem impô-lo pela pregação ou pela espada, como testemunha fartamente a História.

Felizes são aqueles que, sabendo que ambos os mundos não passam de um exercício da imaginação humana (tanto Hogwarts como a Nova Jerusalém, tanto Voldemort como o Diabo, tanto Harry Potter quanto Cristo), escolhem viver de modo belo, prazeroso e construtivo aqui e agora, porque o que passa disso é pura perda de tempo!

Se funcionasse de fato, o único feitiço que eu proferiria sobre aqueles que foram enredados pelo fanatismo seria: "Finite Incantatem!" Etimologia: do latim finite, "terminar (fim)", e incantatem, do latim incantato, encantamento, feitiço. Como seria bom se findasse todo tipo de fanatismo no mundo, especialmente o religioso!

Finite Incantatem!

P.S.: Quando me refiro aos crentes, incluo aqui os católicos e os protestantes.

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