
Dois dias com Harry Potter!
Sim, mas não em Hogwarts... Foi sábado no UCI do New York City Center (Barra Shopping) e domingo, lá no Unibanco Artplex (Botafogo). A primeira sessão, eu vi com quatro alunas minhas, que me convidaram para ir ao cinema depois do final da aula de sábado. A segunda sessão, eu vi com o Emanuel depois de umas comprinhas no Botafogo Praia Shopping. ;)
Sempre que eu vejo um filme mais de uma vez, acabo vendo detalhes que haviam passado direto pelo meu "detector de detalhes". :)
Harry Potter — é desnecessário dizer — é um sucesso de público tanto nas livrarias como no cinema; um sucesso que só mesmo a magia de J.K. Rowling conseguiu criar até hoje! Mas, antes que alguém pense que acredito que exista magia de verdade, quero deixar claro que refiro-me à genialidade dela para reunir numa mesma obra (dividida em 7 volumes) tantos elementos cativantes, surpreendentes, misteriosos, apaixonantes.
Nunca fui um fã ardoroso de Harry Potter. Assisti aos filmes, sim. No entanto, não cheguei a me render desfalecidamente como alguns fãs amigos meus. Isso não quer dizer que não goste. Aliás, posso dizer que adorei "Harry Potter e o Enigma do Príncipe", e que, ao contrário de alguns amigos meus, gostei deste mais do que dos anteriores. Só fiquei triste por um motivo, e quem assistir ao filme certamente saberá a que me refiro. Não vou estragar a sessão de vocês antes mesmo de começar, é lógico. ;)
E enquanto bilhões de fãs no mundo inteiro deleitam-se com as travessuras de Harry, Hermione e Ron, existem sempre aqueles crentes idiotinhas que querem ver forças malignas reais atrás de cada porta, debaixo de cada cama. Fico besta como tem gente que pode acreditar mesmo que J.K. Rowling seja satanista, adoradora do capeta ou coisa assim. É muita estupidez!
Primeiro, porque parte do princípio de que Satanás exista de fato. Segundo, porque acredita que alguém possa fazer acordos vantajosos com ele. Terceiro, porque a maioria não se dá nem a chance de ter contato com outras coisas além da Bíblia, e por isso não consegue nem pensar, exceto dentro dos minúsculos quadradinhos que a Bíblia vai desenhando na mentalidade deles.
Aliás, que diferença faria se ela adorasse o diabo? Isso não a tornaria necessariamente maligna. Da mesma forma que os adoradores do suposto "Deus de amor" não são necessariamente benignos. Ser satanista não significa ser assassino, promotor de sacrifícios humanos ou coisa assim. Se há quem faça isso, nem por isso eu poderia ser a favor de uma perseguição aos adoradores do capiroto. Quem cometer crime, pague pelo que fez. Isso, sim. Mas proibir as pessoas de cultuar este ou aquele deus é um absurdo. E por falar em absurdo, também é um absurdo crer neste ou naquele deus — se me permitem ir até o fim deste raciocínio. Falando em sacrifícios humanos, ninguém matou mais do que o cristianismo em termos de religião, e mesmo assim qualquer um pode adorar nas igrejas do "Galileu S.A.", com filiais espalhadas por toda parte.
Apesar de Harry Potter não ser meu tipo de literatura (assisto aos filmes, mas nunca li os livros), tenho que reconhecer que J.K. Rowling, ex-professora primária e uma das maiores riquezas do mundo hoje, ficou inacreditavelmente rica com uma coisa que a maioria consideraria impossível: fazendo crianças do mundo inteiro lerem livros que praticamente não têm ilustrações, são grandes e cheios de palavras difíceis, e caríssimos para a média salarial mundial! Detalhe: alguns alunos meus fazem questão de ler os livros da edição inglesa. Poderia um professor de inglês ser indiferente a isso? E os professores de português, em relação aos milhões de leitores das edições de Harry Potter em nossa língua materna, ficariam eles indiferentes? Não é fantástico saber que estas crianças e adolescentes estão lendo, e lendo uma coisa que exige imaginação, interpretação, etc.?
Parabéns à J.K. Rowling que, "sem querer querendo", demonstrou, graças ao sucesso de sua obra, que nosso velho e querido livro pode superar aquela fascinação viciante que os videogames parecem exercer sobre crianças e adolescentes, tirando deles o interesse pela leitura!
E quanto aos "demonizantes de tudo em volta", seria bom que lessem outras coisas além da mitologia bíblica. Existe muita riqueza, inclusive na mitologia de outros povos que não os judeus, porque até mesmo em se tratando de deuses, os gregos e os romanos estavam muito mais em sintonia com a vida do que os judeus. Pobres cristãos que judaizaram os elementos greco-romanos da cultura clássica só para estragarem tudo... E ainda se ressentem quando a população mundial ignora o eco de suas palavras mórbidas!
Felizes os que não têm ouvidos para ouvir as balelas daqueles que alegam serem profetas do Espírito Santo, mas que parecem, na verdade, terem ouvido ou lido algum "espírito-de-porco" mal-amado e ressentido da grandeza de povos que não adotavam sua pequena e doentia visão de mundo.
O mundo de Harry Potter é um mundo imaginário no meio do mundo real (Londres). É melhor, mas não muito diferente do mundo imaginário dos crentes, esse mundo que eles alegam ser povoado por demônios, anjos, espíritos, etc.
Lógico que o de Harry é muito mais interessante, uma vez que não aspira status de verdade ou de realidade. Já o mundo imaginário dos crentes tem causado muitas tragédias ao longo da história, uma vez que os crentes o tomam como verdadeiro ou real, e querem impô-lo pela pregação ou pela espada, como testemunha fartamente a História.
Felizes são aqueles que, sabendo que ambos os mundos não passam de um exercício da imaginação humana (tanto Hogwarts como a Nova Jerusalém, tanto Voldemort como o Diabo, tanto Harry Potter quanto Cristo), escolhem viver de modo belo, prazeroso e construtivo aqui e agora, porque o que passa disso é pura perda de tempo!
Se funcionasse de fato, o único feitiço que eu proferiria sobre aqueles que foram enredados pelo fanatismo seria: "Finite Incantatem!" Etimologia: do latim finite, "terminar (fim)", e incantatem, do latim incantato, encantamento, feitiço. Como seria bom se findasse todo tipo de fanatismo no mundo, especialmente o religioso!
Finite Incantatem!
P.S.: Quando me refiro aos crentes, incluo aqui os católicos e os protestantes.
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