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Seis travestis recebem prêmio literário do Ministério da Saúde em São Paulo



Seis travestis recebem prêmio literário do Ministério da Saúde em São Paulo


28/01/2011 


SÃO PAULO - O DEPARTAMENTO DE DST, AIDS e Hepatites Virais do Ministério da Saúde entregou nesta sexta-feira à noite, em São Paulo , a seis TRAVESTIS, prêmio por relatos de pessoas que vivem ou convivem com o vírus do HIV. Eles participaram do concurso literário "Vidas em Crônicas", que recebeu textos de todo o país. O prêmio foi um netbook.

" Temos relatos bem variados, que vão do interior do Piauí a São Paulo "

- Temos relatos bem variados, que vão do interior do Piauí a São Paulo. São relatos que mostram os conflitos delas. Elas falam sob a perspectiva TRANSEXUAL - explicou Daniel Barbosa, secretário adjunto de DST, AIDS e Hepatites Virais do Ministério da Saúde.

Segundo ele, o objetivo foi mostrar as dificuldades e a superação dessas pessoas e ainda despertar a consciência para o fim da transfobia e pela inclusão social e redução das situações de vulnerabilidade. 

"Por volta dos 12 anos assistia a programas televisivos que apresentavam TRAVESTIS dançando em concursos de calouros. Transportei-me para esses sonhos. Aos 17 anos decidi ir pra São Paulo, de carona. Chegando lá, trafegando por via pública, fui presa por vadiagem e comecei a perceber que a realidade seria outra" - conta uma das premiadas, Raíssa Gorbachof, de Belém.

"Para sobreviver comecei a me prostituir e, juntamente com outras TRAVESTIS, resolvi aplicar silicone líquido de forma clandestina. Pouco tempo depois, soube que 5 amigas estavam infectadas pelo HIV. Fiz o teste e deu negativo. Porém, minha felicidade foi passageira, visto que ao repeti-lo, deparei-me com a soropositividade. A partir daí minha vida tomou outro rumo, o das drogas, do roubo e da imprudência."

Entre as crônicas premiadas, está também a de Lyah Correa, outra residente de Belém, que escreveu sobre sua experiência no texto "Dosagens de coragem":

"A violência e o medo da morte me conduziam a estados de alerta. No entanto, a sensação de invulnerabilidade sexual impedia que eu fosse capaz de me proteger. Saía com vários homens e sentia prazeres diversos. Mas a possibilidade de sentir o prazer pleno resultou na descoberta de minha sorologia positiva" - escreveu, para completar: "Não me culpo por ter vivido prazerosamente, mas confesso que me senti com a necessidade de repensar minha vida, meus valores. Mas é tão difícil pensar em seguir adiante quando não se tem uma família apoiadora, quando as portas de emprego se fecham ao saber que sou uma garota com pênis chamada Jônisson, e que minha única conselheira e amiga, a noite, indignara-se por não tê-la contemplado como devia".

Beth Fernandes, de Goiânia, escreveu a crônica "Cheiro de látex":

"Ela entra no carro e lembra da experiência do trem-fantasma, não sabe o que pode acontecer lá dentro. A bolsa no colo agora não pesava tanto e tinha finalidades como defesa e proteção e dentro dela um instrumento de uso seguro - o PRESERVATIVO. Abrir a bolsa e pegá-lo tem um efeito lento, o de enamorar, o abrir de modo correto. Tirar o látex do envoltório e colocá-lo no membro é como se embrulhasse um presente. Segurar a ponta, o depósito é uma nova sensação. O vai e vem frenético parece uma dança. Esse frenesi não é incomodado pela CAMISINHA, pelo contrário, é sentido com prazer, segurança e proteção. Um suspiro final. Com as mãos tremulas, segura o látex e o nó é para descartar, tudo como se fosse uma despedida. O cheiro do látex permanece na mão como uma lembrança de comer um fruto do cerrado. E o cheiro que não sai é uma acusação do sexo seguro. Sair do carro é muito fácil. Caminhando os olhos pela rua não enxerga as monas do bate-papo e, convencida de estar segura, volta para esquina."


Fonte:O GLOBO ONLINE

AIDS / CAMISINHA / DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSIVEIS / CONTRACEPTIVOS / LGBT

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