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Casal de mulheres sofre ataque homofóbico em Botafogo — e as perguntas que não querem calar
Ocorrido em: terça-feira, 18 de novembro de 2025

No último dia 18 de novembro, Bruna Saavedra e sua namorada, Anna Carolina Rodrigues, sofreram um ataque homofóbico no coração de Botafogo. O agressor? Um taxista que, ao ver as duas passando na rua, desacelerou o veículo para lançar insultos, gritos e ofensas homofóbicas gratuitas — entre elas “filhas do capeta”, como mostrou o vídeo que circulou na imprensa.
As duas registraram a ocorrência na 10ª DP, que investiga o caso como crime de preconceito. Mas, como sempre, há um abismo entre registrar um crime e ver justiça acontecer. E, como sempre, sobram perguntas que ninguém está respondendo.
Botafogo é um dos bairros mais movimentados e policiados da Zona Sul. Então, fica a pergunta inevitável:
Se o ataque aconteceu em via pública e com gritos audíveis, por que nenhuma viatura se aproximou?
Até agora, tudo indica que ele estava circulando, não parado em ponto de táxi.
Ele passou, reduziu e atacou — gratuitamente.
Além das imagens captadas por elas, Botafogo tem câmeras por toda parte — do COR-Rio, de prédios, de comércios.
Ou seja: imagens existem. A polícia não pode dizer que não consegue identificar o criminoso.
A homofobia que Bruna e Anna sofreram não veio do nada. Ela é parte de um ecossistema de ódio que começa nos discursos religiosos fundamentalistas.
E o resultado é esse: Um taxista, sentindo-se moralmente autorizado por um discurso que legitima a violência, grita com duas mulheres na rua como se estivesse prestando um serviço divino.
Enquanto igrejas fundamentalistas continuarem transformando LGBT em inimigo espiritual, ataques físicos continuarão a acontecer.
E continuarão a acontecer impunemente, até que a sociedade pare de fingir que discurso de ódio religioso é “opinião”.
Até o momento, nenhuma ONG LGBT relevante do Rio se manifestou oficialmente sobre o caso.
Também não houve manifestação clara do programa “Rio Sem LGBTIfobia”.
Essa ausência de mobilização institucional deixa o casal — e toda a comunidade LGBT — ainda mais vulnerável.
O mínimo que poderia ser feito seria a convocação de um ato público no local do crime.
Por que a PM não apareceu, mesmo com policiamento intenso no bairro?
A Polícia Civil já usou as imagens de câmera e o vídeo das vítimas para identificar o criminoso?
Por que o taxista ainda não foi identificado?
Por que nenhuma organização LGBT se posicionou?
Até quando o discurso religioso de ódio será tratado como "liberdade de culto"?