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Minha resenha de It’s Not Over, de Michelangelo Signorile

Minha resenha de It’s Not Over, de Michelangelo Signorile (versão atualizada)


Disponível no Amazon: https://www.amazon.com.br/Its-Not-Over-Tolerance-Homophobia/dp/1494563134

Eu ouvi o livro no Audible.



Por Sergio Viula


Eu já tinha tentado comprar a versão física de It’s Not Over: Getting Beyond Tolerance, Defeating Homophobia, and Winning True Equality, do jornalista e ativista Michelangelo Signorile, mas o preço para importar o livro dos EUA para o Brasil era tão alto que acabei desistindo. Só agora, depois de assinar o Audible, consegui finalmente ouvir o livro. E valeu a espera. A obra é poderosa, urgente e extremamente bem construída. Pena que ainda não exista uma tradução para o português.

E antes de mergulhar no conteúdo, vale situar quem é o autor. Signorile é uma das vozes mais influentes do movimento LGBTQ+ norte-americano desde os anos 1990: jornalista pioneiro no ativismo queer, colunista de longa data, apresentador da SiriusXM e autor de livros que moldaram debates nacionais sobre política, mídia e direitos civis. Ele escreve como quem conhece o terreno por dentro, com precisão de repórter e sensibilidade de militante.

Ao ouvir It’s Not Over, percebi que Signorile não está interessado em embalar ninguém com otimismo barato. O livro constrói, passo a passo, o argumento de que a sensação de vitória que tomou parte da comunidade — especialmente depois do casamento igualitário — acabou criando o que ele chama de “victory blindness”. Essa cegueira coletiva faz parecer que a batalha terminou, quando na verdade muitos inimigos dos direitos LGBTQ+ apenas trocaram de estratégia. Em vez do ataque explícito, adotaram discursos de “liberdade religiosa”, “valores familiares” e políticas sofisticadas, aparentemente neutras, desenhadas para corroer direitos pelas beiradas.

O livro está longe de ser uma simples coletânea de opiniões. Pelo contrário, Signorile apresenta casos concretos e referências sólidas para sustentar cada uma de suas afirmações. A obra funciona como um farol para quem deseja se aprofundar em qualquer um dos subtemas que compõem a ideia central: não acabou.

Enquanto eu seguia o audiolivro, não pude evitar comparar esse cenário com o Brasil. Por mais paradoxal que pareça, o Brasil oferece garantias, proteções e serviços — graças ao Judiciário e, em grande parte, ao Executivo — que os Estados Unidos ainda não oferecem. Em vários pontos, eles caminham atrás de nós, apesar da imagem de país progressista. Essa comparação só reforça a percepção de que os avanços americanos nunca estiveram tão consolidados quanto pareciam.

E o mundo real tratou de confirmar a tese central de Signorile. A eleição de Donald Trump e a cruzada aberta de sua administração contra a comunidade LGBTQ+, especialmente contra pessoas trans, demonstraram exatamente aquilo que o autor advertia com tanta clareza: não acabou. 

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