Mostrando postagens com marcador fim de ano. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador fim de ano. Mostrar todas as postagens

2021: O pesadelo não acabou, mas já podemos sonhar



2021: O pesadelo não acabou,

mas já podemos sonhar



Por Sergio Viula



Já são praticamente três anos redondos usando máscaras, álcool gel e, finalmente, tomando as duas doses da vacina - tudo isso enquanto contamos os mortos e torcemos para esse pesadelo acabar.

A esperança, no tocante à vacina, se concretizou: Ela teve sua eficácia comprovada na prática. Basta verificar a vertiginosa queda no número de mortes - de 79.298 óbitos em março de 2021 (o pior mês até agora) para 6.894 em novembro de 2021, que foi o mês com menos óbitos desde abril de 2020 até o momento desse post.

Vale ressaltar que a maioria esmagadora das mortes que ainda estão sendo contabilizadas é de pessoas não vacinadas. Em 05 de dezembro, a CNN destacou que 8 em cada 10 mortos por Covid no Brasil não estavam vacinados. Ou seja, se estivessem vacinados, poderíamos ter reduzido o número de mortos para 20% do total.

Negar a eficácia da vacina e recusar-se a tomá-la é o maior atestado de burrice que alguém pode conferir a si mesmo. Na verdade, este pode ser apenas mais um passo para o atestado definitivo - o de óbito.


A fossa onde estamos mergulhados

Em meio a esse turbilhão, perdemos muitos e perdemos muito. Além dos CPFs cancelados, como disse o genocida com a faixa presidencial, tivemos muitos CNPJs cancelados também. Até julho de 2020, 716 mil empresas haviam fechado suas portas no Brasil por causa da pandemia. 

Se tomarmos somente estabelecimentos comercias com vínculo empregatício (somente lojas regulamentadas), os números são alarmantes. Os estados mais impactados foram São Paulo (20,30 mil lojas), Minas Gerais (9,55 mil) e Rio de Janeiro (6,04 mil).

Pessoalmente falando, nunca vi o Rio de Janeiro tão abandonado: lixo, violência, ruas inteiras que parecem ruas fantasmas - uma verdadeira vala a céu aberto - nem shopping center escapa.


Veja abaixo alguns dos casos recentes de assaltos e tiroteios dentro de shopping centers em todas as regiões da cidade. Para assistir a matéria, você precisa ter Globoplay.




Maior shopping do Rio (Barra Shopping)
https://globoplay.globo.com/v/5895707/?s=0s


Shopping na Zona Sul (Rio Sul)
https://globoplay.globo.com/v/4950096/?s=0s


Shopping da Zona Norte (Nova América)
https://globoplay.globo.com/v/6846610/


Shopping na Zona Oeste
https://globoplay.globo.com/v/4529119/?s=0s



Esses não foram os únicos casos. Houve assaltos em outros shopping centers também. Entre eles, o Fashion Mall em São Conrado e o Via Parque na Barra. Todavia, esses são absolutamente suficientes para ilustrar o que digo quando chamo isso aqui de Rio de Nojeira.



Neonazistas do Rio tinham usina nuclear como alvo

E quando você acha que o Rio de Janeiro já chegou no fundo da fossa, eis que surge mais bosta...


Informação publicada por Eduardo Michels e compartilhada na minha timeline no Facebook.



E nós aqui?

Felizmente, aqui em casa, ninguém foi atingido pela Covid. Nosso cuidado foi extremo, principalmente antes das vacinas chegarem até nós.

Meus pais, meu filho, meu marido e eu estamos todos vacinados. Minha filha, que está fora do Brasil, também foi vacinada, junto com o marido dela, e ambos me deram o prazer de ser avô de uma das coisinhas mais lindas que já pisaram nesse planeta - a Clara. Ela iluminou o nosso monótono 2021 no dia 22 de outubro.

Clara completa dois meses de vida hoje, mas ontem fez sua segunda visita mensal ao pediatra. Resultado: Ms Sunshine está 4kg e 630gr, medindo 56 centímetros, e com ótima saúde! Também está cada dia mais lindinha - e beleza nunca é demais. ^^

Outra coisa importante é que tanto Andre como eu conseguimos manter nossos empregos. Eu trabalhei a maior parte do tempo na modalidade do ensino remoto, exceção para esse semestre (já com a vacina), quando tive um grupo presencial. Andre trabalhou presencialmente e com alto nível de risco por contato, mas se cuidou muito bem e não pegou nada até agora. Que continue assim.

Se por um lado conseguimos nos manter livres de Covid esse tempo todo, por outro, pegamos a nova cepa do vírus Influenza A - essa que é chamada de Darwin (H3N2). Quando digo "pegamos", eu me refiro a mim mesmo, meu pai e meu filho. Felizmente, tivemos sintomas leves, apesar de termos passado algumas horas de cama ao longo de dois ou três dias de sintomas mais intensos, mas nada grave. Outras pessoas não tiveram a mesma sorte: Elas foram internadas ou vieram a óbito.

Minha mãe e Andre não pegaram essa gripe até o momento desse post, mas é desalentador pensar que 2021 tenha que computar mais essa desgraça, como se não nos bastasse o governo genocida que suportamos há três anos agora.



Família em BH

Ao longo desse tempo todo, ficamos sem poder ver a família do Andre em Belo Horizonte, inclusive tendo que cancelar uma viagem que faríamos para lá com meus pais. Teria sido um momento muito especial testemunhar o encontro de todos, mas não foi possível.

Com o surgimento da variante Ômicron, infelizmente, não faremos viagem para lá por um tempo ainda.

Aliás, ninguém deveria viajar para festas de natal, réveillon ou carnaval enquanto não for realmente seguro. Portugal e Alemanha já decidiram impor restrições às festas desse final de ano.

Claro que mesmo sabendo que é preciso se isolar o quanto possível, não dá para evitar a tristeza de saber que cada dia que se vai é um dia que não volta, e que as pessoas que amamos não são eternas, assim como nós também não somos. Quando será que estaremos finalmente livres dessa pandemia, Santa Cher?



Ciência e tecnologia

De qualquer modo, as tecnologias de comunicação têm nos valido nesse longo período. Tendo em vista que reuniões marcadas por beijos e abraços estão vetadas, os comunicadores das redes sociais, as transmissões públicas ao vivo, as videoconferências privadas e outras formas de contato têm sido fundamentais. Não é exagero dizer que em tempos de pandemia, no tocante à comunicação, só a Internet salva.

Assim como as ciências da vida estão derrotando o vírus pouco a pouco, as ciências da computação e das telecomunicações estão reduzindo as distâncias entre aqueles que não podem se encontrar presencialmente e garantindo tanto a subsistência de que quem depende de um emprego formal como de quem depende de trabalho informal.



2022 vem aí!

O que esperar de 2022? 

Mais do que qualquer outra coisa, viver para acabar com o pesadelo de termos um genocida no poder, cercado por promotores da morte, e da mentira, e do caos. 

Que esse período de densas trevas seja finalmente estancado pela realização do sonho de termos um governo que trabalhe para promover ações concretas que façam avançar a justiça social, a preservação ambiental, os direitos da pessoa humana e de outros animais, o avanço científico-tecnológico sustentável e uma economia que possa bancar o crescimento do país tanto no nível humano como no nível institucional.

A esperança vencerá a morte e o atraso nas urnas. Argentina e Chile já o fizeram. Nós também o faremos. Talvez ainda tenhamos o mesmo zé povinho atrasado espalhado por esse país falando merda aqui e ali, mas não necessariamente dando as cartas nos grandes centros de poder e nem atrofiando as instituições democráticas desse país.

Viva para fazer parte dessa virada!

Fim de período já é nostálgico. Fim de ano, então...

Girafales e sua turma: risada na certa


Uma das melhores coisas sobre ser professor é lidar com pessoas. E uma das piores também. hehehe

Enumero apenas quatro da muitas coisas que mais gosto sobre trabalhar com pessoas, especialmente em sala de aula:

1. Professor e aluno crescem juntos quando ambos estão dispostos a colaborar (trabalhar juntos);

2. Um professor competente provoca em seus alunos maneiras de ver o mesmo tema;

3. Um professor competente aborda qualquer tema com criatividade, boa vontade e com a maior abertura de mente possível;

4. Um professor que prioriza o aspecto humanista de seu trabalho não vê seu aluno como um repositório de conhecimentos "transmissíveis", mas como um interlocutor que merece respeito e que deve aprender a respeitar tanto o professor como os outros interlocutores da mesma forma.

Qual é a maior recompensa de um professor assim?

1. O crescimento pessoal e o aproveitamento máximo dos conteúdos trabalhados;

2. O reconhecimento de seus alunos quanto ao seu papel de facilitador da aprendizagem, fomentador de discussões relevantes e produtivas, orientador sensível às dificuldades que seus alunos enfrentam dentro ou fora de sala de aula.

Algumas experiências pessoais desses últimos dias:

Semana passada, algumas turmas minhas encerraram suas atividades. Essa semana, outras encerrarão. A última será no sábado, dia 19. Já na semana passada, pude receber muito carinho de vários alunos meus. Essa semana, comecei bem os trabalhos.

Minha turma de curso preparatório para o First Certificate in English (FCE), prova aplicada pela Universidade de Cambridge-ESOL, teve sua última aula hoje. Como a prova já foi feita, apenas dois alunos apareceram para "o apagar das luzes". Foi uma aula interessante por vários motivos:

1. Uma aluna comentou, quase ao final da aula, que tinha visto meu vídeo sobre um passarinho que se perdeu dos pais e veio parar no travessão da cortina da minha sala. 

2. O outro aluno ficou curioso e eu acabei contando rapidamente a história a ele. Isso acabou desencadeando uma conversa sobre as redes sociais, porque o vídeo foi colocado no Facebook.

Por causa disso, acabei sabendo que eles já tinham lido entrevistas minhas online. Uma delas foi essa aqui, publicada pelo site UOL:
 
https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2015/01/14/ex-pastor-que-pregava-cura-gay-e-homossexual-e-diz-e-uma-farsa.htm

Fiquei encantado com as coisas que eles me disseram. Uma das coisas que me deixaram mais feliz foi que esse meu aluno só viu a entrevista, porque um ex-aluno meu havia publicado na timeline dele, fazendo altos elogios a mim como professor e amigo, e o post acabou sendo visto por esse rapaz e outras pessoas. Fiquei tipo "on cloud nine" (feliz da vida) e me emocionei profundamente. O ex-aluno que publicou a matéria e fez comentários positivos esteve comigo em sala de aula por vários períodos. Tanto ele como essa turminha toda eram - e continuam sendo - muito especiais para mim.

Não bastasse isso, o aluno que comentou isso comigo hoje também é primo de uma ex-aluna minha, já formada, que eu amo de paixão. Quando ela soube que eu era professor dele, ela também teceu altos elogios.

Gente, longe de querer fazer aqui propaganda gratuita a meu próprio respeito, meu objetivo com esse post é registrar o carinho desses alunos. Essas atitudes demonstram que o trabalho de um professor vai muito além do âmbito "profissional", daquela relação professor-aluno. Professores e alunos interagem em nível pessoal, na qualidade de seres humanos que se enriquecem através das interações que travam dentro e fora da sala de aula. E nesse sentido, as redes sociais acabam facilitando essas trocas para além das paredes de qualquer classroom.

Também espero que esse compartilhamento meu aqui estimule outros professores LGBT ou não a viverem com autenticidade, sempre focando no trabalho que precisam realizar, mas sem perder de vista o "material humano" que está ali em sala de aula, mas que não é mero "receptáculo" de informações. É claro que nem todos aproveitarão as oportunidades de ampliação de horizontes e de apoio mútuo nessa árdua caminhada que é qualquer processo de aprendizagem, mas muitos nunca mais se esquecerão do que aprenderam, especialmente no nível mais pessoal dessas trocas.

Nem tudo são flores, é claro. De vez em quando, ouço bobagens por parte de alunos que sabem ou não sabem que - entre zilhões de outras coisas - eu sou gay. Absolutely out and proud!

Esses dias, um aluno de 25 anos usou uma discussão em duplas, na qual eles deviam falar sobre uma celebridade ou pessoa pública que os tivesse influenciado de alguma maneira, para falar de Jair Bolsonaro. Quando perguntei a cada aluno quem era a pessoa pública ou celebridade que havia causado algum impacto positivo sobre eles, ouvi muita coisa interessante - de Michael Jackson a Marília Pera (hehehe). Mas, quando chegou a vez desse aluno, ele falou o nome desse "fóssil vivo" e deu uma risadinha. Talvez, até por ter ficado sem graça mesmo. Acho que ele não imaginava que eu perguntaria isso. E não dava para mentir, porque o trabalho foi em duplas - o que significava que seu parceiro sabia do que ele havia falado. Não foi a primeira vez que eu ouvi, ao passear pela sala monitorando os grupos, alguma citação ao renomado fascista. A turma prendeu a respiração. Todos ali sabem que sou gay. E acredito que saibam um pouco do que penso sobre essa figura, mesmo sem que eu jamais a tenha mencionado em sala. Uma aluna deu um suspiro e disse "não acredito". Eu fiz cara de quem nem se abalou e mantive o ritmo passando ao aluno seguinte, depois a outro, até o final da roda. Meu silêncio deve ter falado mais que 10 mil palavras.

Claro, as pessoas podem ter suas opiniões. Ninguém tem que concordar comigo, assim como eu não sou obrigado a concordar quem quer que seja. Todos devemos, porém, expressar nossas ideias respeitosamente. Foi o que ele fez e foi o que eu fiz. Mas, lá no fundo, sempre que alguém me diz que considera o Bolsonaro útil para alguma coisa que não seja promover o fascismo na sua mais estereotipada e ridícula versão, eu não consigo evitar o pensamento de que essa pessoa tem algum problema ou é muito limitada intelectualmente, independentemente do seu "grau de instrução".

Outra coisa que não não consigo entender é como gente religiosa pode apoiar um troglodita desses. Feliciano está sempre de braço dado com ele, mas Feliciasco é o tipo do religioso que o capeta adora, porque espalha ódio melhor do que qualquer diabo conseguiria fazer se estivesse realmente aí para isso.

Também não consigo entender como alguns ateus (felizmente, não são a maioria) apoiam ícone do mais retrógrado conservadorismo - daquele tipo que faria inveja aos inquisidores da Idade Média. No fundo, não sei como gente inteligente pode enxergar qualquer coisa que preste nesse sujeito, seja para fins políticos ou para a construção de uma sociedade mais livre, feliz e harmoniosa.

Mas não é só Feliciano, não. Bolsonaro se dá muito bem com fundamentalistas do quilate de Malafaia e Magno Malta. Veja a foto abaixo:



 
Esses meus dois alunos que foram à última aula hoje me surpreenderam positivamente. Ambos disseram - sem que eu tivesse puxado esse assunto - que querem distância de Bolsonaro. O nome da figura surgiu no contexto das coisas idiotas que vemos no Facebook. O mesmo rapaz que falou sobre a minha entrevista foi quem mencionou o dito cujo. Fiquei feliz em ouvir que eles eram completamente avessos a tudo o que ele representava, mas eles também citaram amigos ou parentes que acreditam que ali haja alguma coisa que preste para o bem do nosso país. Isso me faz pensar naqueles pais ou mães que, insatisfeitos com a babá, entregam o filho ao IT (aquele palhaço psicopata do cinema).

Em outras palavras, algumas pessoas insatisfeitas com o modo como certos governantes têm conduzido o país, são capazes de entregar a nação nas mãos de um BolsoMico desses. Sim, porque não tem micagem maior do que achar que esse IT seja uma alternativa razoável a quem quer que seja. Podemos alternar as mãos que governam sem precisar entregar o que temos de melhor nas mãos de figuras como ele.



De qualquer modo, é muito bom poder ver adolescentes, jovens e adultos despertando para coisas maiores e melhores em suas próprias vidas e nas relações que eles mantém com o mundo ao seu redor.

Sigamos em frente com o projeto republicano e democrático de liberdade, igualdade e fraternidade. E daí, para o alto e avante. Nunca para baixo e para trás, como querem fundamentalistas e conservadores fascistas.

Postagens mais visitadas