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O Triângulo Rosa: Quando o Amor Virou Crime na Alemanha Nazista

O Triângulo Rosa: Quando o Amor Virou Crime na Alemanha Nazista

Durante o regime nazista, milhares de homens foram perseguidos, presos e mortos por serem gays. A história do parágrafo 175 é uma ferida que ainda pulsa — e precisa ser contada.

Gays marcados com o triângulo rosa nos campos de concentração nazistas


Por Sergio Viula

Imagine viver em um país onde até o amor pode te matar. Na Alemanha nazista, o regime que pregava pureza e perfeição voltou seu ódio contra todos que não se encaixavam em sua ideia de normalidade. Homens acusados de homossexualidade foram caçados, presos e marcados com um triângulo rosa nos campos de concentração. Alguns foram submetidos a tratamentos brutais, outros a experimentos médicos que tentavam apagar quem eram. Muitos nunca voltaram.

Mesmo dentro dos campos, havia resistência silenciosa: amizades, gestos de humanidade, pessoas que se recusaram a desaparecer. O triângulo rosa, hoje símbolo da luta LGBTQIA+, nasceu como marca de exclusão e humilhação.


Berlim Antes da Tempestade: Liberdade em Foco


Um casal dança no "Eldorado", boate frequentada por membros da comunidade homossexual de Berlim. O local, assim como outros estabelecimentos similares, foi fechado pelo governo nazista na primavera de 1933. Berlim, Alemanha. Foto de 1929.

Nos anos 1920, Berlim era uma cidade pulsante. Cabarés fervilhavam, artistas quebravam regras, cientistas reinventavam a física. E a comunidade queer — sim, o termo se aplica — inventava a identidade moderna em tempo real. No El Dorado, homens dançavam com homens, mulheres com mulheres, e alguns com ambos. A vergonha parecia coisa do passado.

A poucos quarteirões dali, o Instituto para a Ciência Sexual de Magnus Hirschfeld oferecia aconselhamento sobre identidade de gênero, pesquisas médicas sobre sexualidade e textos que defendiam a legalidade da homossexualidade. Hirschfeld, médico judeu e gay, acreditava que o conhecimento podia curar o ódio. Por um tempo, quase funcionou.


O Ódio Se Organiza


Policiais fazem guarda do lado de fora do clube noturno Eldorado, conhecido por ser frequentado pela comunidade gay e lésbica de Berlim. Após a ascensão dos nazistas ao poder, o local foi rapidamente fechado e coberto com cartazes eleitorais pró-nazismo.  A cena ocorreu em 5 de março de 1933, em Berlim.


Enquanto Berlim celebrava a liberdade, Adolf Hitler discursava em cervejarias, alimentando o medo e a raiva dos veteranos. Para ele, cada beijo em um bar era uma ameaça à pureza alemã. Cada publicação do Instituto de Hirschfeld era um ataque à disciplina. Quando o medo veste uniforme, a história costuma marchar em fila.

A partir de 1930, a repressão se intensificou. Batidas policiais se tornaram frequentes. O riso nos cabarés virou nervoso. O Instituto passou a ser tratado como contrabando intelectual. Palavras como “perversão” voltaram aos jornais. A liberdade não morreu em silêncio — morreu em desvio de olhar.


Parágrafo 175: A Lei Que Criminalizava o Amor


Campo de concentração nazista


Em 1933, o parágrafo 175 do código penal alemão foi reescrito. Antes, punia atos sexuais entre homens. Agora, bastava uma suspeita. Um olhar, uma carta, um boato. Nem era preciso tocar alguém — pensar errado já era crime. A burocracia nazista transformou o desejo em delito.

Homens queimavam cartas de amor, destruíam fotos, casavam com mulheres que mal conheciam. Cada janela parecia um olho. Mesmo sem nunca ter ido a um bar, bastava alguém dizer que você foi. A lei tratava isso como prova.

No campo de concentração de Dachau, o triângulo rosa não era só um símbolo — era uma sentença. Os prisioneiros gays estavam no fundo da hierarquia. Até outros presos os evitavam, com medo de contaminação simbólica. Você não perdia só a liberdade — perdia o lugar na humanidade.

Em Buchenwald, a taxa de mortalidade entre prisioneiros homossexuais chegava a 60%. Doença, espancamentos, fome, experimentos. A castração era oferecida como “reabilitação”. Recusar significava dobrar as horas de trabalho. Aceitar não garantia liberdade.


A Máquina da Perseguição


O mito da raça pura alimentou o ódio contra toda diversidade


A SS e a Gestapo começaram a reunir arquivos, registros antigos, denúncias anônimas. Cartórios se enchiam de nomes, datas, endereços. A perseguição era silenciosa, metódica, impessoal. Não havia vilão de bigode retorcido — só um funcionário com óculos e carimbo.

A propaganda exaltava o homem ariano: forte, obediente, puro. Mas a mesma ideologia que glorificava a camaradagem masculina no exército criminalizava o afeto entre homens fora dele. A vida cotidiana virava teatro. Homens aprendiam a encenar masculinidade como atores decorando falas — sem espaço para improviso.


Friedrich-Paul von Grosch: Um Nome Entre Milhares


Friedrich-Paul von Groszheim


Friedrich-Paul von Groszheim nasceu em 1906 na cidade comercial de Lübeck, no norte da Alemanha. Perdeu o pai na Primeira Guerra Mundial aos onze anos e, após a morte da mãe, foi criado por duas tias idosas junto com a irmã, Ina. Formou-se como comerciante, mas sua vida tomou um rumo brutal sob o regime nazista. Aos 30 anos, em 1937, foi preso junto com outros 230 homens em uma operação das SS baseada no Parágrafo 175, que criminalizava relações entre homens. Passou dez meses na prisão. Em 1938, foi novamente detido, humilhado e torturado. 

Libertado sob a condição de aceitar a castração química, Friedrich-Paul se submeteu à operação. Em 1940, foi considerado fisicamente inapto para o serviço militar por conta da cirurgia. Três anos depois, foi preso novamente — desta vez como prisioneiro político por ser monarquista e apoiador do ex-Kaiser Guilherme II — e enviado ao campo de concentração de Neuengamme. Sobreviveu à guerra, mas nunca à memória. Manteve a cabeça raspada pelo resto da vida, como se os campos o tivessem seguido até em casa. Após a libertação, fixou residência em Hamburgo.


Resistência Codificada

Mesmo sob repressão, redes clandestinas surgiram. Mensagens codificadas circulavam em cartas disfarçadas de correspondência religiosa ou revistas de arte. Um triângulo desenhado em um guardanapo, uma melodia assobiada em um bar — sinais de segurança. A humanidade se adaptava.

Talvez o regime odiasse tanto o amor porque ele não pode ser controlado. Pode ser punido, ameaçado, enterrado em papelada — mas não pode ser regimentado como um desfile militar.


Ciência Como Arma

Médicos nazistas conduziam experimentos para “curar” a homossexualidade. Implantes hormonais, mutilações, testes psicológicos. O Dr. Carl Værnet, por exemplo, acreditava que poderia restaurar o “equilíbrio masculino” com glândulas artificiais. A medicina virava tortura com jaleco branco.

A humilhação também era método. Prisioneiros eram forçados a se despir, a beijar sob risos, a encenar vergonha. A ciência, sob o nazismo, não libertava — escravizava. Os estudos de Hirschfeld, antes usados para defender direitos, foram distorcidos como justificativa para extermínio.


A Memória Resiste

Joseph Kohout - Os Homens do Triângulo Rosa


Joseph Kohout, prisioneiro austríaco, sobreviveu e escreveu Os Homens do Triângulo Rosa, um dos poucos relatos em primeira pessoa que restaram. Ele desenhava escondido, registrando o horror em pedaços de papel roubados. Porque testemunhar era a única forma de resistir.

Alguns médicos e enfermeiras, em silêncio, falsificavam relatórios para salvar vidas. Mas para os prisioneiros do triângulo rosa, a misericórdia era rara. A morte vinha por omissão — não por doença, mas por design.


O Pós-Guerra e o Silêncio

Mesmo após a libertação dos campos, muitos sobreviventes gays não foram reconhecidos como vítimas. Em países onde a homossexualidade ainda era crime, o triângulo rosa continuava sendo tabu. A identidade das vítimas tornava sua memória inconveniente.

Enquanto alguns carrascos fugiam para a América do Sul e viviam confortavelmente, os sobreviventes enfrentavam o silêncio. A história oficial preferia esquecer. Mas a história real — feita de dor, resistência e humanidade — ainda precisa ser contada.


Da Perseguição ao Reconhecimento: A Alemanha Hoje


Manifestantes participaram, em 8 de julho, do evento “Mostre a bandeira: pela visibilidade queer no Bundestag”, em frente ao prédio do Reichstag, sede do parlamento alemão. O protesto ocorreu após a presidente conservadora do Bundestag anunciar que a bandeira do arco-íris não seria mais hasteada no topo do edifício durante o mês do Orgulho, que na Alemanha vai de 28 de junho a 27 de julho de 2025.


Décadas após o terror do triângulo rosa, a Alemanha se tornou uma das nações mais avançadas da Europa em termos de direitos LGBTQIA+. Desde 2017, o casamento igualitário é reconhecido, permitindo que casais do mesmo sexo se casem e adotem filhos. A legislação também contempla um terceiro gênero nos documentos oficiais e, desde 2024, pessoas com mais de 16 anos podem alterar legalmente seu gênero sem necessidade de avaliação médica.

A Lei Geral de Tratamento Igualitário proíbe discriminação por orientação sexual e identidade de gênero em áreas como trabalho, moradia e serviços públicos. O Plano Nacional de Ação contra o Racismo também passou a incluir a luta contra a hostilidade a pessoas LGBTQIA+, ampliando a proteção institucional.

Mas o progresso não é linear. Em julho de 2025, uma decisão da presidente do Parlamento alemão de suspender o hasteamento da bandeira do arco-íris durante o Dia do Orgulho gerou polêmica. O gesto, apoiado pelo chanceler, foi criticado por ativistas e parlamentares progressistas como um retrocesso simbólico.


Hoje, os principais direitos LGBTQIA+ na Alemanha incluem:

  • Casamento igualitário desde 2017
  • Direito à adoção conjunta por casais do mesmo sexo
  • Reconhecimento legal de terceiro gênero
  • Proteção contra discriminação por orientação sexual e identidade de gênero
  • Mudança de gênero legal sem avaliação médica a partir dos 16 anos (em vigor desde 2024)

Apesar dos avanços, a história mostra que direitos conquistados não são garantidos para sempre. O passado de perseguição e o presente de debate nos lembram que a vigilância democrática e a memória são ferramentas essenciais para que o amor — em todas as suas formas — nunca mais seja tratado como crime.

Vigília contra o fundamentalismo no Congresso





Por Cia Revolucionaria Triangulo Rosa

Hoje é dia de uma batalha histórica contra o fundamentalismo religioso:

A vigília pelo Estado Laico no gramado do Congresso.

Precisamos fortalecer a convocação. Existe muita gente que ainda nao esta sabendo do ato.

Coisas que podemos (e devemos!) fazer:

1 - escrever na nossa timeline sobre o ato

2 - mandar aquela boa e "velha" mensagem de celular para @s amig@s

3 - escrever para 10 amig@s que estejam online no bate papo do Facebook e pedir para eles/as escreverem pra mais 10 explicando a importância de estar presente no ato.

Vamos aumentar a pressão contra o mercador da fé e pregador do ódio!


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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO

Amigos e amigas, colaborem para a divulgação deste evento. Espalhem o link desse post pelas redes sociais. Se você mora em Brasília ou está na cidade nesse momento, participe pessoalmente desse protesto.

O Blog Fora do Armário apoia essa iniciativa e parabeniza a Cia. Revolucionária do Triângulo Rosa.

CIA. REVOLUCIONÁRIA TRIÂNGULO ROSA CONVOCA



CIA. REVOLUCIONÁRIA TRIÂNGULO ROSA CONVOCA:

O fundamentalismo religioso avança no Congresso Nacional: eleição de Marco Feliciano, projeto contra discriminação de heterossexuais (??), "cura gay", projeto de drogas que fortalecem as comunidades terapêuticas - que fazem proselitismo religioso junto a dependentes químicos...

O movimento social LGBT hegemônico demonstrou não ter capacidade de enfrentar essa onda conservadora!

E nós? Depois de 2 anos de fundação da Cia Revolucionaria Triangulo Rosa, até onde conseguimos avançar?

VEJA MAIS AQUI E CONVIDE SEUS AMIGOS:

Evento da Cia Revolucionária Triângulo Rosa

Por que comecei a gritar na Câmara dos Deputados? É tempo de guerra moral no Brasil.

 


Por que comecei a gritar na Câmara dos Deputados? 
É tempo de guerra moral no Brasil.


Publicado originalmente em: 07/03/2013 19:09:50


Por Tatiana Lionço

Doutora em Psicologia, ativista feminista e membro fundadora da Cia. Revolucionária Triângulo Rosa

Gostaria de compartilhar abertamente minhas reflexões sobre quando comecei a gritar na Câmara dos Deputados. Nunca foi um hábito ou predileção argumentativa, mas nas últimas vezes em que estive presente em atividades parlamentares nos plenários da câmara eu gritei. Nas últimas vezes em que fui à Câmara dos Deputados eu passei mal.

Em 2012 fui diversas vezes à Câmara. Primeiramente em maio, por ocasião do IX Seminário LGBT, convocado pelo Deputado Federal Jean Wyllys, em que me pronunciei publicamente sobre sexualidade na infância e adolescência e sua relação com a homofobia. Sou uma doutora em Psicologia e o tema da sexualidade infantil, pasmem se assim o quiserem, integra o currículo de todas as graduações do país, não consistindo em elocubrações descabidas de uma lésbica comprometida com uma ditadura gay. Sequer sou lésbica, perguntem isso ao movimento LGBT, que sempre me interpelou sobre não o ser e ainda assim lutar contra a homofobia. Pensar e reconhecer a sexualidade infantil serve também para o enfrentamento de abusos sexuais contra crianças, inclusive.

Após esta atividade profissional, tive que retornar inúmeras vezes à Câmara para buscar reagir à violação moral que me acometeu por atuação deliberada do Deputado Federal Jair Bolsonaro na edição de um video em que ele alerta a sociedade brasileira sobre os riscos psíquicos e sociais que pessoas como eu representam para as crianças nas escolas. Imediatamente após, blogs de fundamentalistas cristãos ou mesmo de conservadores assumidos se lançaram fervorosamente na violação de minha imagem e honra pública. Ganhei até a atenção de líderes do movimento pró-família, o movimento que desconsidera que família é direito humano universal e que não há gente neste mundo que não a tenha. Hoje, posso dizer convicta, dado que tenho uma pilha de matérias impressas, que eu, uma ativista feminista e que luta pelos direitos humanos, direitos sexuais e reprodutivos, consto na internet como pessoa que faz apologia da pedofilia, que luta pela sua descriminalização e deveria ser incriminada. Foi aí que eu comecei a gritar. Antes disso, eu apenas dispus por duas vezes meus argumentos acadêmicos em eventos da Camara dos Deputados, seguindo o cumprimento de meu compromisso social que marca minha própria trajetória intelectual.

Ontem especialmente, dia seis de março, eu gritei bastante durante a sessão de eleição do novo presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias – CDHM. Ao final da sessão, suspensa devido à evidente reprovação da indicação do Deputado Marco Feliciano tanto por parte dos movimentos sociais feministas, negro, e LGBT quanto por parlamentares que ainda integram a CDHM, gritei novamente após tomar uma braçada-empurrão em meu pescoço por uma mulher que estava acompanhada pelo Deputado Henrique Afonso. Continuei então gritando ao entrar na Ouvidoria da Câmara, estarrecida com minha memória de que na outra ocasião em que me queixei sobre a atuação do Deputado Jair Bolsonaro àquela instância de comunicação com a comunidade pouco resultado obtive senão a oportunidade de gritar por vias institucionalizadas a minha indignação. Gritava ali na ouvidoria também devido ao episódio há pouco relatado, eu queria gritar para que todo mundo ouvisse o que havia se passado. Foi quando escutei de um senhor lá dentro que eu gritasse lá fora, e assim eu decidi continuar gritando também de fora da Câmara dos Deputados e é isso que estou a fazer agora.

Me recordo agora de outro episódio em que passei mal na Câmara dos Deputados, ao escutar palavras do pastor Feliciano, o parlamentar indicado pelo Partido Social Cristão para presidir a CDHM e que tomou posse hoje enunciando que teve seus direitos como cidadão violados. Hoje ele afirma que é acusado injustamente de racismo e homofobia. Dizia ele palavras bonitas, na ocasião da audiência pública sobre o polêmico projeto de lei apelidado como “cura gay” pelo movimento social. Dizia ele que respeita homossexuais e que não estaríamos mais em uma Era de caça às bruxas, que seria injusto os evangélicos serem acusados de preconceituosos. Concordo. Nem estamos mais na Era da caça às bruxas, dado que hoje estão a caçar o próprio satanás, e concordo também que acusar de modo generalizado evangélicos de homofobia seria uma irresponsabilidade, algo que poderia se qualificar como crime de intolerância religiosa. Tenho convicção pessoal de que nem toda a comunidade evangélica e cristã é preconceituosa, conheço outras autoridades evangélicas e fiéis de várias igrejas que discordam da atuação de certos pastores deputados que adotam discursos fundamentalistas, por exemplo.

Enquanto eu escutava as palavras do pastor Feliciano dizendo que ele não era homofóbico eu me lembrava que ele mesmo, em pregação no Congresso dos Gideões Missionários da Última Hora a uma multidão no ano passado, fez menção aos ativistas do movimento LGBT como engendrados por satanás e incitou a multidão a agarrar o demônio pelos chifres e esfregar a cara dele no chão. Passei mal e me senti invadida simbolicamente pelo pastor. Eu, pessoalmente, sequer me apresento como lésbica. Tenho uma trajetória heterossexual e sou mãe de crianças. Mas isso não me exime de ser desqualificada moralmente ou mesmo desumanizada, posto que sendo uma ativista que luta contra a homofobia e pelos direitos de homossexuais, eu mesma, heterossexual, seria nas palavras do pastor engendrada por satanás.

Feliciano parecia também querer anular a nossa memória de que ele mesmo, ou ao menos com a sua anuência, editou e publicou um video distorcendo a voz do Reverendo Márcio Retamero, importante pastor de igreja inclusiva no Rio de Janeiro e ativista pró-LGBT, que teve a voz satanizada e a fala descontextualizada em relação ao seu pronunciamento no IX Seminário LGBT, como se este fosse um louco voraz pelo armamento de uma guerra. Bruxas? Isso é coisa datada historicamente, hoje estão a caçar demônios e satanás e estas bestas estão supostamente personificadas em pessoas como eu ou mesmo em pastores que pensam diferentemente daqueles que ocupam o parlamento na defesa explícita do que chamam moral cristã. Como eu estava presente, posso contra-argumentar e dizer que afirmava o Reverendo Retamero, naquela ocasião, que estávamos em uma espécie de guerra moral e que assim como na época da ditadura militar muitos pegaram em armas, inclusive supostamente a atual Presidenta da República, era porque diante da guerra é preciso escolher de que lado lutar. Estamos sim lutando em defesa dos ideias democráticos e contra o fundamentalismo religioso e somos muitos, ateus, cristãos, umbandistas, feministas, e muita gente de bem.

São muitas as notícias recebidas recentemente sobre assassinatos e violências homofóbicas. Sei bem que o meu caso em nada se compara ao assassinato de Lucas Fortuna, ou mesmo ao espancamento do ativista André Baliera em São Paulo. Não se compara ao homossexual espancado até a morte na última quarta-feira de cinzas, no Rio de Janeiro. Não se compara à lésbica que teve parte de dois dedos decepados porque a polícia de Valparaiso de Goiás resolveu que sendo lésbica, a trataria como homem. Sequer eu sabia que é assim que homens deveriam então ser tratados por policiais. Não se compara, mas também para mim pesa ser exposta como uma pessoa que faz apologia da pedofilia na internet, como uma degradação humana e criminosa. É o que eu chamo hoje de estupro moral, mas também tenho ciência de que mesmo há poucos séculos, quando se estava em pleno advento da secularização, argumentou-se já que se estupravam almas quando se violava a liberdade de consciência de outrem.

Li há poucos meses uma carta aberta que a missionária Marisa Lobo escreveu para o Deputado Federal Jean Wyllys sobre o que ela própria viveu na Câmara, na última audiência pública sobre o projeto de lei que visa sustar a resolução do Conselho Federal de Psicologia que veta o tratamento e patologização das homossexualidades. A missionária alega que foi violada pela atribuição de desvalor posto que foi vaiada, assim como hoje alegou Feliciano que foi violado. O que eu penso é que esta violência simbólica que Marisa Lobo sofreu e que hoje o pastor Feliciano também teve que suportar é um fato. Temos que rever seriamente as condições em que viremos a tratar de assuntos de interesse coletivo. Por outro lado, há uma discrepância entre ser caluniada como criminosa sem provas, e ser apontada/o como autor de infração sobre algum consenso historicamente datado sobre o que haveria de ser um veto. A missionária Marisa Lobo e o pastor Feliciano não são imorais, mas de fato infringem, no caso dela, um código de ética profissional, que é o que temos em vigência na Psicologia, e no caso dele, segundo análise da Deputada Erika Kokay, o próprio regimento da CDHM que ele virá a presidir, dado que é pessoa pública que faz afirmações racistas e homofóbicas e não representa as minorias organizadas ou não em movimentos sociais.

Pode parecer que o simples fato de uma mulher gritar é algo, em si, condenável. Haveriam outros modos menos extremistas de comunicar. Dado que cheguei ao limite de ser usada à minha revelia para fins opostos ao de minha própria luta política em defesa de direitos humanos, estou agora reivindicando minha liberdade de gritar e continuarei o fazendo até que eu mesma julgue necessário, ou até que calem a minha boca a força. A deslegitimação que se sucedeu à atuação do Deputado Bolsonaro, por parte de seus apoiadores é a da alegação de que uma doutora em Psicologia, que teve inclusive sua formação intelectual custeada pelo Estado, ou seja, pelos impostos de todas as pessoas, seja uma retardada, formada em universidade-hospício, uma pessoa que lutaria pela descriminalização da pedofilia e outros absurdos, que considero no mínimo uma violência simbólica contra toda a academia brasileira.

Ser mencionada na internet como pessoa asquerosa, criminosa, tudo isso me parece bem mais grave do que ser questionada publicamente, como é o caso da Marisa Lobo, como uma profissional advertida posto que viola publicamente o código de ética profissional que explicitamente veta a associação do exercício da profissão à fé religiosa, ou ao pastor Marco Feliciano, que deverá ele também assumir o peso de suas palavras sobre a comunidade. Imunidade parlamentar não garante o silêncio da comunidade que se sente atingida pelo que bem entende falar e fazer um parlamentar. Me parece também que o que os parceiros dessa luta política evangélica fazem, concretamente, com a vida de seus supostos opositores é bem mais danoso do que a nossa própria recusa pública de aceitar seus pleitos por romper a laicidade na Psicologia ou mesmo o risco disso vir a acontecer dentro do Parlamento. Somos paranóicas? Temos elementos da realidade para alimentar nosso delírio, se delírio for, e precisaremos que nos tragam a convicção de nosso erro de consciência para que nosso entendimento mude. Não acredito que será o caso.

De minha parte, após a dica do Deputado Federal Jair Bolsonaro aos fundamentalistas cristãos e da extrema direita de que as crianças estariam em perigo caso pessoas como eu participassem do processo democrático de construção de políticas de educação no país, o suposto erro moral a mim atribuído por auto-intitulados “cavaleiros, condes e reverendos” foi, principalmente, ter dito publicamente argumentos que nunca foram os meus. Ora um auto-intitulado atribui a mim suas próprias fantasias pedófilas, ora recusam explicitamente ouvir que o que eu mencionei como sendo a sexualidade infantil não é equiparável à sexualidade adulta. Insistem também que eu tenha defendido que as crianças deveriam brincar sexualmente em paz quando eu me referia de modo muito mais abrangente à patologização de crianças quando estas estariam apenas buscando dar sentido a si e ao mundo ao brincarem com brinquedos considerados inadequados para o seu gênero. Eu não disse para as crianças brincarem sexualmente em paz, eu disse que deixassem as crianças brincarem em paz. Estava naquele momento preocupada em evitar que crianças continuem a ser violentadas real e/ou simbolicamente por não corresponderem às normas de gênero. Disse também que mesmo quando as crianças se lançam em brincadeiras que eu qualifiquei como sexuais entre elas mesmas com outras crianças do mesmo sexo, brincadeiras que consistem na curiosidade sobre o próprio corpo e sobre o corpo de outra criança, que mesmo quando as crianças fazem isso ou vestem roupas do sexo oposto isso não significa que sejam, as crianças, nem homossexuais nem travestis ou transexuais. Disse, explicitamente, que do meu ponto de vista teórico sequer possamos afirmar que existam crianças homossexuais, travestis ou transexuais, uma posição que assumo mesmo diante do movimento LGBT, que em parte discorda de mim. Mesmo assim, me apresentam como pessoa que estimula o tal homossexualismo infantil. Não conseguem acompanhar o meu argumento? O ônus não pode ser meu. Digo também que o Deputador Jair Bolsonaro, um saudosista da ditadura militar e de práticas de tortura não está em condições mínimas de questionar moralmente a produção de conhecimento acadêmico que contrarie sua opinião moralmente questionável.

Sim, estamos em uma espécie de guerra moral no Brasil. Cabe a todas as pessoas medirem o valor e peso das próprias palavras, pois cada qual que desumanizar o outro na satanização e atribuição de criminalidade sem provas estará violando o direito humano à dignidade e incorrendo em violação moral. Cada qual que abusar do direito à liberdade de expressão reivindicando impunidade e liberdade na prática dos crimes da calúnia, da difamação, ou mesmo violando o direito universal à não discriminação, deverá ser punido na forma da lei pelo abuso do direito à expressão. Cada qual deverá atender à lei acordada no esforço da escuta recíproca entre diferentes, entre antagonistas, mas que fique bem claro que também reivindico que não nos exijam fingir que o que escutamos de parlamentares dentro da Câmara é tudo o que escutamos, pois também os escutamos em suas atividades fora da Câmara, e isso não podem desmentir. Lemos notas taquigráficas e também ficamos estarrecidas, saibam disso. Cada qual que, com base em suas próprias leis restritas a comunidades morais, infringir a lei de todos, deverá ter a sua própria lei não acordada coletivamente qualificada como violadora.

Basta de estupro moral, de satanização e de atribuição de desvalor a nós ativistas de movimentos sociais feministas, pelos direitos humanos e pelos direitos sexuais e reprodutivos. Perante a lei que nós mesmos acordamos, somos todos iguais, quer queiram ou não. Nessa guerra moral, estou passando mal por perceber que as violações simbólicas e concretas que eu e outros viemos sofrendo são banalizadas pelos opositores e nossa própria indignação tem sido muitas vezes significadas pela opinião pública como agressão. Insistem na violência mesmo quando pedimos para que parem. Basta, se estão de fato buscando o sacrifício e a redenção atentem para o modo como isso já acontece no mundo. Nós não temos benefício próprio em sermos violentados por vocês, nós somos bodes expiatórios de seu projeto homogeneizador e abolidor das diferenças humanas e de consciência.

Mas saibam que nós somos iguais ao menos em direito. Sejam, portanto, iguais. Paguem os impostos devidos, esta é uma reivindicação sobre a qual passaremos a nos pronunciar. Mantenham o limite entre a opinião e a injúria. Nós também pensamos, sentimos, cremos e sonhamos. Aceitem. Se virem com o fato de eu mesma ter ciência de meu direito à liberdade de consciência. Aceitem ou ao menos aguentem que eu finalize esta reflexão enunciando que eu mesma seja cristã. Digamos que eu seja uma cristã que não se deixa cooptar por religiões institucionalizadas, dessas envolvidas com a indústria bélica ou com o enriquecimento de pastor foragido no exterior, apenas para citar poucas das minhas críticas a certas igrejas cristãs de hoje. Vocês não podem desmentir a minha fé, não podem me atribuir injustamente imoralidade, não podem hoje, sequer, questionar que eu tenha gritado. Antes de começar a ser violada moralmente eu nunca havia elevado a voz para tratar destes assuntos. Hoje, eu grito, e espero não apenas que escutem mas que também não editem ou distorçam a minha mensagem nesta comunicação aberta.

Triângulo Rosa: Um Homossexual no Campo de Concentração Nazista.


Em 14/01/13 a Martins Fontes tinha o melhor preço.

Confira aqui:
https://www.martinsfontespaulista.com.br/triangulo-rosa-651320/p






"Eu li e recomendo" - Sergio Viula
Triângulo Rosa

FONTE: http://veja.abril.com.br/blog/meus-livros/tag/triangulo-rosa/


17/04/2011 às 8:44 

Leituras cruzadas

Entre os 10.000 homossexuais deportados pelo regime nazista, um sobrevive: Rudolf Brazda conta sua experiência

http://veja.abril.com.br/blog/meus-livros/secao/leituras-cruzadas/


Muito se fala sobre a perseguição aos judeus na Segunda Guerra Mundial, mas o sofrimento de outros grupos visados pelos nazistas, como os gays, ainda pode, e deve, ser mais bem narrado. Triângulo Rosa – Um Homossexual no Campo de Concentração Nazista (Mescla Editorial, tradução de Ângela Cristina Salgueiro Marques, 184 páginas, 48,90 reais), livro lançado nesta semana no Brasil – primeiro país estrangeiro a lançar uma tradução – é um esforço neste sentido. Ele conta a história de Rudolf Brazda, único sobrevivente entre os 10.000 homossexuais deportados pela ditadura de Adolf Hitler.
 
Rudolf Brazda se descobriu homossexual muito jovem. Antes dos 10 anos de idade, seus amigos já comentavam que era afeminado. Quando adolescente, mostrou ser um verdadeiro pé de valsa. As garotas disputavam entre si para ser seu par na pista de dança. Não eram poucas as vezes em que elas tentavam ir mais longe, mas ele não correspondia. Estava claro que preferia os garotos. Filho de pais checos, livres de qualquer tipo de preconceitos, Brazda não teve problemas ao levar seu primeiro grande amor para conhecê-los. Manteve umrelacionamento sério com Werner de 1933 a 1936, quando o companheiro foi convocado para o serviço militar. Eles não se veriam mais. Depois dele, porém, vieram outros amores.
 
Nascido no vilarejo de Brossen, perto Leipzig, na Alemanha, em 23 de junho de 1913, Brazda tinha apenas 20 anos quando os nazistas tomaram o poder. Especialmente em 1935, a legislação contra os homossexuais foi endurecida pelo regime. Os termos do parágrafo 175 do código penal foram reforçados: “A luxúria contra o que é natural, realizada entre pessoas do sexo masculino ou entre homem e animal é passível de prisão e pode também acarretar a perda de direitos civis”. Todos os gays passaram a ser cadastrados na Central do II Reich, com o objetivo claro da repressão. As estimativas da época apontam que cerca de 100.000 pessoas foram fichadas, entre elas Brazda e seus amigos.
 
Ele foi condenado pela primeira vez em 1937. Passou seis meses na prisão e acabou expulso da Alemanha. Esperava retomar a vida na Tchecoslováquia, mas, em 1938, o regime de Hitler atravessou o seu caminho mais uma vez. Com a anexação da província dos Sudetos pelos nazistas – onde fica a cidade onde morava, Karlsbad -, as leis alemãs passaram a ser aplicadas ali com o mesmo rigor. Em pouco tempo, Brazda foi preso novamente e condenado a 14 meses de prisão. Embora tenha cumprido a pena integralmente, não chegou a ser libertado. No auge do regime de Hitler, os campos de concentração se propagaram: abrigariam também prisioneiros de guerra, comunistas, social-democratas, judeus, testemunhas de Jeová, ciganos e homossexuais.

Mais um triângulo rosa - Em 8 de agosto de 1942, Brazda foi mandado para o campo de Buchenwald. Identificado com o símbolo de um triângulo rosa, afixado em sua roupa, Brazda era apenas mais um entre os 10.000 gays deportados para campos de concentração durante a II Guerra. Durante três anos, vivenciou todo tipo de atrocidade. A humilhação começava logo que os prisioneiros chegavam ao local, pois todos eram despidos para inspeção. Brazda, particularmente, ainda participou de uma briga feia com um SS. Levou um tapa no rosto depois de ter lhe respondido de maneira insolente e perdeu três dentes.
 
Sempre otimista, Brazda conta que, apesar de tudo, sua passagem pelo campo poderia ter sido pior. “Outros foram ainda mais prejudicados. Eu ao menos podia trabalhar. Eles me deixavam relativamente tranquilo, só era necessário prestar atenção para não me fazer notar pelos SS”, diz lenta e pausadamente, em entrevista por telefone ao site de VEJA. “Testemunhei diversos tipos de violência contra outros prisioneiros. Foram coisas que não me machucaram fisicamente, mas que me marcaram de forma profunda”, acrescenta. Brazda foi libertado em 11 de abril de 1945, quando fixou residência na França.
 
Para manter o sorriso no rosto, ele se recorda principalmente das fases felizes de sua vida, ou seja, antes de ser preso pela primeira vez e depois do período em que esteve no campo de concentração. Após nova pausa para reflexão, Brazda conclui que o melhor período foi aquele em que viveu com seu último companheiro, Eddi. Eles se conheceram em 1950 e a partir 1959 passaram a morar juntos na França. “Tínhamos uma boa vida, trabalhávamos. Éramos livres e podíamos nos deslocar como quiséssemos”, lembra. Permaneceram juntos por quase meio século – Eddi morreu em 2003. Hoje, aos 97 anos, Brazda é o último sobrevivente entre os homossexuais deportados pelos nazistas. Crente em Deus, ele define sua passagem no mundo como “plena”.
 
A reconstrução da história - Assumindo o papel de confidente de Brazda, o pesquisador e militante dos direitos dos homossexuais Jean-Luc Schwab pôde transformar seus depoimentos no livro Triângulo Rosa. Coincidentemente, havia entrado em 2008 para uma associação dedicada ao reconhecimento desse tipo de deportados na França quando descobriu que o último sobrevivente morava bem perto dele, na região de Mulhouse, na França. Para recompor a trajetória do personagem, Schwab recorreu a centenas de horas de entrevistas com diferentes fontes, pesquisas pessoais em arquivos alemães, checos e franceses e viagens aos antigos lugares ligados à vida e ao confinamento do biografado.
 
Leia a seguir trechos da entrevista com o co-autor Jean-Luc Schwab:
 
Como o senhor tomou conhecimento da história de Brazda? Ouvi falar de Rudolf num jornal local francês, em 2008. Pouco antes, havíamos inaugurado em Berlim o memorial às vítimas homossexuais do nazismo(Homosexuellen-Denkmal), em 27 de maio. Na inauguração, lamentamos que não havia um só sobrevivente para ver o monumento. Ao saber do fato pela TV, Rudolf – que até então achava que sua história não interessava a ninguém – resolveu avisar que estava vivo. Ele não se dava conta do valor histórico de seu testemunho. No fim de junho, então, ele foi convidado para o Gay Pride na Alemanha, e foi feita uma nova cerimônia em homenagem ao memorial, desta vez com uma das vítimas presente. Depois disso, a notícia se espalhou pelos meios de comunicação internacionais.
 
De que forma o senhor pôde coletar material histórico suficiente para a escritura do livro? Quando fui visitar Rudolf pela primeira vez, me dei conta de que sua história não tinha sido documentada. Então, comecei a entrevistá-lo, para recolher seu testemunho verbal ao menos, e depois gravar os depoimentos em vídeo. Na época, ele estava com 95 anos. E, quando se pede a alguém dessa idade para falar de algo que ocorreu há mais de 60 anos, as lembranças não são muito claras. Então, foi importante verificar nos arquivos se os fatos históricos correspondiam àquilo que ele dizia. Isso nos permitiu descobrir alguns pontos de que ele se esqueceu e precisar outros citados por ele, especialmente algumas datas.
 
Como nazistas faziam para descobrir quem era ou não era homossexual? No caso de Rudolf, seu nome foi evocado por seus amigos. Não tive acesso a arquivos de outras pessoas, mas, de uma forma geral, quando havia uma denúncia de homossexualidade, era aberto um inquérito policial e, depois disso, bastava provar que o acusado de fato teve relações “contra a natureza” com uma ou mais pessoas. Nesses inquéritos, faziam de tudo para descobrir o máximo possível de nomes envolvidos, para começar novas investigações e assim por diante.
 
Depois de tanta conversa, surgiu uma amizade entre o senhor e Brazda? No início, não passava de uma relação entre pesquisador e sujeito de estudo. Hoje em dia, me tornei um amigo e confidente. Eu o ajudo no cotidiano, como para preencher documentos ou garantir o contato com seus médicos e enfermeiros. Passo em sua casa frequentemente para visitá-lo, mas não mais para fazer perguntas. De um ano para cá, sua memória vem se desgastando. É bom saber que sua história pôde ser eternizada.
 
Cecília Araújo

MANIFESTO DA CIA. REVOLUCIONÁRIA TRIÂNGULO ROSA



MANIFESTO DA CIA. REVOLUCIONÁRIA TRIÂNGULO ROSA – CRTR


Publicado em 30/09/2012 por Sandro Candiles


Aos gays, lésbicas, transgêneros, bisexuais, transexuais , pessoas intersexo, travestis, crossdressers, t-lovers, homens e mulheres heterossexuais que simplesmente não correspondem aos estereótipos de gênero, ou simplesmente, SEXODIVERSOS.
 
Como podemos convencer a você que sua vida corre perigo?

Como podemos convencer que_ a cada dia que você acorda_ você está cometendo um ato subversivo, uma rebelião? E que, se você for um sexodiverso feliz, funcional, assumido e orgulhoso, simplesmente EXISTIR é um ato ainda mais subversivo?
 
Como podemos convencê-l@ que você é um@ REVOLUCIONÁRI@? Sim, porque ser feliz sendo sexodiverso é revolucionário, pois nos ensinam diaria e meticulosamente qu o que somos é errado, que devemos achar que somos errados e pecadores. Poucas são as coisas nesse país, que servem para nos proteger, ou que encorajam ou valiem a nossa existência. Sob a ótica dos conservadores e fundamentalistas, deveríamos estar mortos ou, no mínimo curados do desvio. E estar hoje aqui, vivo, rindo, feliz, confraternizando e junto com seus iguais, mostra a sua força!
 
Os números dos assassinatos motivados pela intolerância sexual estão aí para comprovar. Não se engane, pois nossas vidas ainda seguem em terreno minado. Não se deslumbre com o consume destinado aos sexodiversos e não se conforme com as opções de entretenimento, lazer, sexo fácil e sites recheados de divas pop. A vida da Rihanna não vai te dar consciência política. A pool party não vai te dar direitos civis.
 
Essa parada, num dia de domingo, com bate-cabelo nas alturas e muita colocação não vai mudar NADA na sua vida. Acorde! Nas celas dos opressores não vai tocar tribal house e você não poderá pendurar seu pôster da Lady Ga Ga. Enquanto você se preocupa em “se colocar”, em ficar sarad@, em comprar a roupa ideal, em ter um perfil atrativo nas redes sociais, nossos inimigos atacam sistematicamente e de forma violenta, qualquer possibilidade de ampliação de nossos direitos.
 
E somos fracos diante deles, ainda mais com suas emissoras de TV, suas rádios, jornais, púlpitos e seus milhões de reais e isenções fiscais. Eles estão no topo de um sistema heteronormativo que não quer permite que você tenha seus direitos divis plenos e que não lhe quer como ser humano autônomo e equiparado a eles.
 
Não temos muito com quem contar: uma legislação ainda incipiente, um governo que se diz amigável aos nossos direitos (mas que tem na base aliada deputados homofóbicos e chantagistas) e um movimento LGBT cooptado pelas verbas governamentais. Por outro lado, o que temos são nossos próprios corpos, a vontade dos militantes, a consciência de sermos pessoas revolucionárias natas e uma fé inabalável no AMOR. Somos os fundamentalistas do amor e da revolução sexual.
 
Por isso, pare e pense: como você está cooperando com a opressão dos sexodiversos e com a falsa democracia brasileira? Como você está repercutindo a mesma lógica segregacionista do Consumismo, do Patriarcado, do Machismo e da Homofobia? Como você está alimentando os trolls do fundamentalismo religioso e machista?
 
Mostre-se! Pendure um triângulo rosa na roupa que nos relembre todos os dias que, durante a Alemanha Nazista, cerca de 50 mil de nós fomos presos e mortos nos campos de concentração. Toda vez que você escutar ou ler o termo “gayzista”, sinta desprezo por quem o utilizou e retire-se do debate, pois não se dialoga com fundamentalistas religiosos e homofóbicos. Eles sofrem de uma dissociação cognitiva que os impedirá de enxergar a mais óbvia das verdades, de tão obcecados por reprimir seus próprios impulsos sexuais que estão.
 
Enxergamos o debate como uma arma para destruição do preconceito. Porém a realidade nos mostra que os fundamentalistas têm optado em permanecer cegos à violência que temos sofrido e quando Um não escuta o Outro, não há comunicação. Quando encontrar alguém disposto ao diálogo, debata, utilize bons argumentos, ensine sobre a importância do respeito e do amor, valores que somente serão obtidos quando for respeitada a livre expressão da afetividade e sexualidade de cada um.
 
Diante da homofobia, da violência a que estamos submetidos e dos discursos conservadores e fundamentalistas, Reaja!
 
1- Assuma-se! Esse é o mais revolucionário dos atos.
 
2- Não esconda seu afeto! O amor pode ser uma poderosa ferramenta política

3- Não reprima seu desejo! Sua expressão é um forte ato político.

4- Não se esconda nas salas de bate-papo! Vá para a rua, beije na boca, abrace e ande de mãos dadas!
 
5- Não dê trégua aos intolerantes! Denuncie sites homofóbicos ou que fazem apologia da violência contra feministas, mulheres, negros, religiões afro-brasileiras, ateus e sexodiversos pelo site https://new.safernet.org.br/

6- Se alguém te agredir, denuncie! Ligue para o Disque 100 ou, no caso de vítimas, escreva para o site www.denuncia197@pcdf.df.gov.br 

7- Não se deixe cooptar! Cuidado com a vida deslumbrada do consumo, da vida do “gay limpinho”.
 
8- Não sinta culpa pelos seus atos sexuais! A “culpa” é uma arma que eles utilizam para controlar sua mente e seu corpo.
 
9- Não despreze o gay afeminado, a lésbica masculinizada, @ travesti negr@, alguém gord@, a “bichinha pão com ovo”: você está repercutindo a mesma lógica daqueles que nos oprimem.
 
10- Deplore a homofobia horizontal, aquela cometida pelos próprios sexodiversos, que por algum motivo, se acham privilegiados por serem mais clarinh@s, ric@s, bem vestid@s, sarad@s ou esteticamente favorecid@s! Para o opressor, a bichinha bagaceira está no mesmo nível da top sarada que ferve no cruzeiro gay com sua sunga Gucci: são todos merecedores da morte ou da diminuição cívica.
 
11- ABOMINE as distinções de classe!
 
12- Entenda que a homofobia deve ser criminalizada e que ultrapassa os limites dos guetos gays: homens e mulheres heterossexuais já foram vitimas de homofobia, por simplesmente DEFENDEREM os sexodiversos ou por não se adequarem aos estereótipos de gênero ou ainda por expressar afeto a alguém do mesmo sexo. Exija a criminalização da Homofobia, a aprovação do PLC-122, pleno e abrangente, no mesmo nível dos crimes de Racismo.
 
13- Não vote em políticos que se aliem a fundamentalistas religiosos! Não vote em missionários, apóstolos, bispos, irmãos e irmãs, pastores, reverendos ou profetas! Não compre seus produtos e não os financie! Não assista as tevês onde compram horários para suas pregações falaciosas!

14- Entenda que sexodiversos, feministas, maconheiros, seguidores de religiões afro-brasileiras têm o mesmo adversário: o fundamentalismo religioso, o patriarcalismo, o machismo, a homofobia e o capitalismo e o capitalista de fundo religioso! Por isso, apoie as Marchas das Vadias, da Maconha e as ações para fazer do mundo um lugar menos intolerante e igualitário.
 
15- Lute pelo direito a indiferença sexual.
 
16- Seja você mesmo a revolução que você quer no mundo!
 
17- Leia e Estude sempre! Conheça a história da sexualidade, dos preconceitos, das religiões. Estude filosofia e pensamento lógico. Estude a Constituição e os direitos homoafetivos.
 
18- Tenha consciência política, seja militante, participe de algum grupo de sexodiversos, como a CRTR, ou crie o seu. Aja! Muitos de nossos opositores se reúnem semanalmente, nas missas e nos cultos, para escutar as mais falaciosas injurias contra nós, sem termos nenhum direito de resposta por nossa parte.
 
19- Indigne-se! Sim, não engula as piadinhas preconceituosas e não aceite manifestações de preconceito (Não! a fala preconceituosa da vilã da novela não é engraçada!), não aceite aquela pessoa religiosa falando mal dos diferentes em nome de um “respeito à fé”.
 
20- AME! Não aceite os argumentos de que sexodiversos não são capazes de amar, de constituir família, de serem fiéis e comprometidos com @ ser amad@.

21- Não aceite argumentos como: “amo você MESMO sendo homossexual”, ou “eu amo você MAS ODEIO o pecado”. Mande-os à merda!

Cia Revolucionaria Triangulo Rosa convoca para a Parada LGBT de Brasília hoje (23/09/12)


Cia Revolucionaria Triangulo Rosa



A Parada é hoje, xentchy! Todas preparadas para politizar essa festa linda e colorida, sempre com muito glamour e dando muito close?

Vamos fazer uma grande manifestação festiva, vamos fazer o nosso bloco subversivo-revolucionário com parceria da Subversiva Unb, do B&D e quem mais quiser, exigindo direitos e uma sociedade que não tenha como pilar a opressão daquel@s que divergem da heteronormatividade. Vamos nos rebelar contra o mercado pink, que só nos reconhece enquanto consumidor@s, mas nunca enquanto sujeitos de plenos direitos. Vamos nos rebelar contra os governos distrital e federal, que nada fizeram até agora para combater a homofobia no Brasil, o país onde mais se morre por homofobia. Pelo contrário, esses governos fizeram recrudescer nossos direitos: A Dilma vetou o Escola Sem Homofobia e o GDF permite que policiais ataquem sexodivers@s no Parque da Cidade e em outros lugares, tratando-nos como escória da sociedade.

É hora de mostrarmos nossa força! É hora de fazermos frente ao fundamentalismo religioso e à homofobia! Tudo bem se adoramos bater o cabelo na piXXta, mas se nada fizermos contra @s que querem nos ver mort@s, não teremos mais cebeça pra bater as madeixas. Vamos, com muita purpurina, à batalha! Sexodivers@s do DF e Entorno, UNI-V@S!

O Apelo de Luth Laporta: Eleições e Fundamentalismo

Luth Laporta
Ativista da Cia. Revolucionária Triângulo Rosa - Brasília



A quem for votar, um apelo.

A cada dia que passa, a cada vez que vejo o avanço d@s teocratas e o retrocesso do pouco que conquistamos, fico mais pessimista. As eleições estão aí e a massa das pessoas sexodiversas não dá a mínima. Vejam bem, eu sei que não se pode ter um discurso individualista que culpabilize as pessoas indiferentes à política. A Educação pública é precária, a mídia e a lógica do mercado inerente ao capitalismo são alienadoras.

Mas para quem vê o ascenso da direita fascista, do fundamentalismo, da teocracia, a apatia d@s aprimid@s é revoltante. Tod@s nós, sexodivers@s, sabemos que o Brasil é por demais homofóbico. A maioria de nós (e eu me incluo nela) já sofreu agressão verbal e física na escola, em casa, na rua, só por ser sexodivers@. Ainda assim, a maioria é apática ou cooptada por este governo demagogo, corrupto, omisso, homofóbico!

Isso acontece porque as discriminações por orientação sexual e identidade de gênero já estão naturalizadas. Nós apanhamos, somos xingad@s, discriminad@s e inferiorizad@s cotidianamente. Será que já nos consideramos tão pseudo-human@s para não lutarmos pela nossa sobrevivência? Será que somos tão cooptad@s pela lógica individualista do capitalismo que nem nos preocupamos em lutar por essas pessoas que morrem todos os dias no Brasil? Só no primeiro semestre desse ano, pelos dados antigos que pesquisei, sei que o GGB contabilizou mais de 165 assassinatos motivados por homofobia, um aumento de 28% em relação ao primeiro semestre de 2011.
Sabe o que eu acho? Que quando, finalmente, tudo estiver perdido e formos uma teocracia, aí sim @s sexodivers@s brasileir@s lutarão. Mas também, devo confessar, as vezes meu pessimismo faz achar que a maioria voltará pro armário e ficará calada!

Não permita que a teocracia se consolide! Ainda há tempo! Eu moro em Brasília, onde não há eleições municipais, mas estou tremendo as bases vendo o que se passa fora daqui, principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro. Não votem em quem faz parte de partidos que tenham fundamentalistas! Dê valor ao seu voto, PESQUISE ANTES DE VOTAR! Não vote em quem faz conchavo com lideranças evangélicas! Não vote em Russomano, não vote em Eduardo Paes! Páre, pense, LUTE! Depois das eleições, independente do resultado, MILITE e incite azamiga a militarem também! Nada impede de bater o cabelo na balada (eu também AMO), mas se não nos revoltarmos, se não nos tornarmos COMBATIV@S, se depender d@s fundamentalistas, em pouco tempo não teremos mais cabeça pra bater os cabelos.

Primeiramente postado por Luth Laporta no Facebook.

Igreja Universal, união civil homoafetiva e outros babados numa entrevista de Sergio Viula para o Conexão Jornalismo


Atualização em 13/01/2025:

Em 05 de setembro de 2012, fui entrevistado pelo Conexão Jornalismo para um podcast fantástico! Foi uma experiência incrível e repercutiu muito. Atualmente, a entrevista não encontra mais no site deles. Então, decidi atualizar esse post com outro bate-papo que eu tive o privilégio de travar com o querido Daniel Gontijo em 02/03/2022.


Assista nesse link: 
https://youtu.be/l6phzkfa-Mw
☝☝☝☝

Nota pública da ABEH – Associação Brasileira de estudos da homocultura - Tatiana Lionço

Cia Revolucionaria Triangulo Rosa


29 de Agosto de 2012 11:02

A Associação Brasileira de Estudos da Homocultura (ABEH), organização que reúne pessoas que pesquisam a diversidade sexual e de gênero no Brasil, vêm a público repudiar os ataques que vêm sendo realizados por fundamentalistas religiosos brasileiros contra pesquisadores e pesquisadoras da área em nosso país. Falas de pesquisadores/as reconhecidos/as no Brasil e no exterior têm sido editadas de forma a modificar completamente o sentido dos seus pronunciamentos públicos.

As falas das pesquisadoras Tatiana Lionço e Marina Reidel e do pesquisador Alexandre Bortolini, do Secretário de Educação Continuada, Albetização e Diversidade do Ministério da Educação, André Lázaro, da deputada Fátima Bezerra, do deputado Jean Wyllys e do religioso Marcio Retamero e de outros/as participantes do 9º Seminário LGBT, realizado no último dia 15 de maio de 2012, na Câmara dos Deputados, com o tema Respeito à diversidade se aprende na infância, foram explicimente editadas com o objetivo de dar outro sentido para as mensagens dos/as palestrantes, desqualificar as pesquisas e impedir o avanço da implementação de políticas públicas que combatam a homo, lesbo e a transfobia em nosso país.

A ABEH manifesta sua solidariedade aos/às pesquisadores/as e solicita que as autoridades competentes tomem as devidas providências.

Salvador, 27 de agosto de 2012

A direção da ABEH

Mix Brasil anuncia Encontro do Triângulo Rosa em Brasília (Sergio Viula falará sobre sua experiência com o MOSES e a "cura gay")




30/07/2012 - 13h09
Por : Redação Grupo de Brasília discute terapias de cura gay

Ex-pastor conta em Brasília sua experiência na tentativa de curar gays





Sergio fala sobre sua experiência no MOSES



A cidade de Brasília vai receber no dia 18 de agosto, um sábado, a partir das 18h, uma conversa franca e direta sobre as polêmicas terapias de reversão sexual, aquelas que prometem “curar” homossexuais e transformá-los em heterossexuais. É a palestra “As Falácias da Reversão Sexual”, uma iniciativa da Cia. Revolucionária Triângulo Rosa.


O convidado do bate papo é o teólogo e filósofo Sergio Viula, que vai contar sobre sua experiência como ex-pastor Batista e fundador do grupo de conversão para homossexuais MOSE. Ele fala ainda sobre fundamentalismo religioso e o controle do corpo, a reversão sexual nas igrejas, a "rendição" do Exodus (grupo internacional que pregava a "cura" gay) e também sobre ex-ex gays.



A conversa rola em um momento onde a Câmara dos Deputados discute se libera ou não tais terapias a serem realizadas por profissionais da Psicologia. A palestra tem mediação da psicóloga e professora do CEUB Tatiana Lionço e tem entrada aberta e gratuita no Balaio Café, que fica na Cln 201 Bl B, s/n LJ19, em Brasília.


Mais informações pelo e-mail ciatriangulorosa@gmail.com.

Morreu Rudolf Brazda, último "gay" perseguido pelos nazis (1913-2011)

Rudolf Brazda, o último gay perseguido pelos nazis, morreu ontem em França.

Foi espancado e humilhado num campo de concentração na Alemanha onde era obrigado a usar um triângulo rosa na roupa. 

Rudolf Brazda confere atentamente a edição brasileira de suas memórias. 
A foto foi tirada por seu biógrafo, Jean-Luc Schwab, 
poucos meses antes do falecimento de Rudolf.


Morreu Rudolf Brazda, o último sobrevivente conhecido dos "Triângulos Rosa" deportados por homossexualidade pelos nazis. A morte do autor de "Itinerário de um Triângulo Rosa", aos 98 anos, somente hoje foi anunciada.

O funeral deste checo nascido na Alemanha e naturalizado francês em 1960 realiza-se na segunda-feira em Mulhouse, ao sul de Bantzheim, leste de França.

10 mil homossexuais deportados

Rudolf Brazda fez parte dos cerca de 10.000 homossexuais deportados sob o regime de Hitler devido à orientação sexual. Os nazis consideravam a homossexualidade uma ameaça à perpetuação da raça.

Nascido a 26 de junho de 1913 na Saxónia, leste da Alemanha, descendente de uma família checa de língua alemã, esteve por duas vezes detido nas prisões nazis.

Por ter mantido relações homossexuais, foi deportado em 1942 para o campo de concentração de Buchenwald, centro da Alemanha - onde usava o triângulo rosa, que identificava os homossexuais, como a estrela amarela identificava os judeus -, de onde foi libertado em 1945.

Em coautoria com o seu biógrafo, Jean-Luc Schwab, escreveu "Itinerário de um triângulo rosa", contando os 32 meses que passou num campo de concentração, o trabalho forçado, a morte omnipresente, os espancamentos, os abusos.


Foto: https://aminoapps.com/c/leitores-br/page/blog/resenha-triangulo-rosa/PJmp_20zsmu64RPl1jLDodevZX0BqpL0kXn



Cavaleiro da Legião de Honra

Brazda saiu do anonimato em 2008, quando foi inaugurado na Alemanha um monumento para homenagear os "Triângulos Rosa". Soube-se, então, que era o único sobrevivente.

Vestido com uma camisa rosa, depositou uma flor no novo memorial aos gays vítimas do regime nazi, numa cerimónia presidida pelo presidente da Câmara da capital alemã, Klaus Wowereit, também ele homossexual.

Um mês depois, foi o convidado de honra da Marcha do Orgulho Gay de Berlim.
Recebeu ainda o título de cavaleiro da Legião de Honra.

Nos últimos anos, viveu em Kingersheim, perto de Mulhouse, com o companheiro.
Segundo a família, Rudolf morreu pacificamente durante o sono na madrugada de ontem no hospital para pessoas idosas dependentes, em Bantzenheim", na Alsácia (leste de França), para onde foi levado no passado mês de junho.

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