Morreu Rudolf Brazda, último "gay" perseguido pelos nazis (1913-2011)

Rudolf Brazda, o último gay perseguido pelos nazis, morreu ontem em França.

Foi espancado e humilhado num campo de concentração na Alemanha onde era obrigado a usar um triângulo rosa na roupa. 

Rudolf Brazda confere atentamente a edição brasileira de suas memórias. 
A foto foi tirada por seu biógrafo, Jean-Luc Schwab, 
poucos meses antes do falecimento de Rudolf.


Morreu Rudolf Brazda, o último sobrevivente conhecido dos "Triângulos Rosa" deportados por homossexualidade pelos nazis. A morte do autor de "Itinerário de um Triângulo Rosa", aos 98 anos, somente hoje foi anunciada.

O funeral deste checo nascido na Alemanha e naturalizado francês em 1960 realiza-se na segunda-feira em Mulhouse, ao sul de Bantzheim, leste de França.

10 mil homossexuais deportados

Rudolf Brazda fez parte dos cerca de 10.000 homossexuais deportados sob o regime de Hitler devido à orientação sexual. Os nazis consideravam a homossexualidade uma ameaça à perpetuação da raça.

Nascido a 26 de junho de 1913 na Saxónia, leste da Alemanha, descendente de uma família checa de língua alemã, esteve por duas vezes detido nas prisões nazis.

Por ter mantido relações homossexuais, foi deportado em 1942 para o campo de concentração de Buchenwald, centro da Alemanha - onde usava o triângulo rosa, que identificava os homossexuais, como a estrela amarela identificava os judeus -, de onde foi libertado em 1945.

Em coautoria com o seu biógrafo, Jean-Luc Schwab, escreveu "Itinerário de um triângulo rosa", contando os 32 meses que passou num campo de concentração, o trabalho forçado, a morte omnipresente, os espancamentos, os abusos.


Foto: https://aminoapps.com/c/leitores-br/page/blog/resenha-triangulo-rosa/PJmp_20zsmu64RPl1jLDodevZX0BqpL0kXn



Cavaleiro da Legião de Honra

Brazda saiu do anonimato em 2008, quando foi inaugurado na Alemanha um monumento para homenagear os "Triângulos Rosa". Soube-se, então, que era o único sobrevivente.

Vestido com uma camisa rosa, depositou uma flor no novo memorial aos gays vítimas do regime nazi, numa cerimónia presidida pelo presidente da Câmara da capital alemã, Klaus Wowereit, também ele homossexual.

Um mês depois, foi o convidado de honra da Marcha do Orgulho Gay de Berlim.
Recebeu ainda o título de cavaleiro da Legião de Honra.

Nos últimos anos, viveu em Kingersheim, perto de Mulhouse, com o companheiro.
Segundo a família, Rudolf morreu pacificamente durante o sono na madrugada de ontem no hospital para pessoas idosas dependentes, em Bantzenheim", na Alsácia (leste de França), para onde foi levado no passado mês de junho.

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