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Parada LGBT, guerra de números e cobertura midiática

De Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais

Parada LGBT, guerra de números e cobertura midiática

Por Toni Reis*

16ª Parada LGBT de SP - fonte: www.muza.com.br

No dia último domingo, 10 de junho, a Avenida Paulista foi palco novamente da monumental e colorida Parada do Orgulho LGBT, já em sua 16ª edição. Parabéns aos organizadores pelo belo tema: "Homofobia tem cura: criminalização e educação".

Para nós, o mais importante é visibilidade massiva, a mobilização social. É o tema e o conteúdo das reivindicações da Parada LGBT o que de fato importa. Impressionante como parte da cobertura midiática, quase sempre, se perde em um grande número de superficialidades.

Ano após ano, assistimos a um debate fútil sobre os números de participantes da Parada, ou a publicação de dezenas de outros dados triviais (quilos de lixo, número de celulares roubados...) que ofuscam e desviam a atenção pública da verdadeira razão de ser da Parada.

Se o número de participantes tem alguma importância, é no sentido de destacar o tamanho da multidão e o fenômeno espetacular que é a Parada LGBT de São Paulo, considerada a maior do mundo.

As “guerras de números”, além de desviar do foco da Parada, acabam servindo de biombo para setores atrasados, conservadores e fundamentalistas fazerem ataques gratuitos contra as pessoas e o movimento LGBT.

Não queremos competir com ninguém. A Parada LGBT não é concurso de multidões. Não importa quantas pessoas participam da Parada LGBT: se um, dois ou três milhões - bem como de qualquer ou qualquer outra Marcha, passeata ou coisa que o valha, independente de seu propósito ou motivação.

Para recorremos ao nosso grande idealista, Gandhi: “uma civilização é julgada pelo tratamento que dispensa às minorias”. O que importa é o objetivo e a pauta da nossa manifestação. Nosso objetivo é muito nítido: queremos direitos iguais, nem menos, nem mais. Queremos o fim da violência e da discriminação contra a população LGBT e queremos políticas públicas de combate à homofobia em todas as áreas, inclusive na educação.

Queremos ser respeitados(as) como cidadãos e cidadãs deste país. Queremos cidadania plena para todos e todas. Por isso saímos às ruas para manifestar, da nossa forma própria, com alegria e festa, porque atualmente – apesar das garantias constitucionais – a população LGBT não vem sendo tratada com igualdade neste país e nem conta com a proteção jurídica já existente para as demais assim chamadas “minorias sociais”.

Parabéns a todos os líderes políticos presentes na Parada LGBT de São Paulo pelo exemplo de respeito que deram. Parabéns à nossa querida senadora Marta Suplicy, ao governador Geraldo Alckmin, ao prefeito Gilberto Kassab, ao Fernando Haddad que visitou a organização da Parada, ao deputado federal Jean Wyllis, ao ex-deputado Celso Russomanno, à ex-vereadora Soninha Francini, entre outros(as) parlamentares que se fizeram presentes, como o vereador Ítalo Cardoso.

Parabéns a todos e todas que querem um Brasil republicano, laico, que respeite a dignidade humana, independente da orientação sexual, identidade de gênero, das características ou peculiaridades de cada pessoa.

Com a decisão do Supremo Tribunal Federal do dia 5 de maio de 2011, reconhecendo a igualdade das uniões estáveis homoafetivas, ninguém perdeu qualquer direito, mas nós pessoas LGBT ganhamos muito. A decisão deu uma nova perspectiva: reconheceu os princípios da igualdade, da liberdade, da laicidade, da dignidade humana, e que a liberdade de expressão não seja utilizada como um salvo-conduto para agredir ou incitar o ódio.

Somos um movimento de paz e em defesa da pluralidade. Somos contra o preconceito, a discriminação e a violência.

Viva a diversidade humana, viva a cidadania plena de todos e todas.



*Toni Reis

Presidente da ABGLT – Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais

Doutor em Educação, Mestre em Filosofia, Especialista em Sexualidade Humana e formado em Letras pela UFPR

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