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Sobre "curas" e "terapias" para "correção" da orientação sexual e da identidade de gênero de pessoas LGBTI+ no Brasil




Por Sergio Viula


Hoje, dia 30/06/21, recebi da All Out um convite para ler um relatório de pesquisa sobre as chamadas "terapias de conversão" (a famigerada "cura gay"). Esse trabalho é de um valor imenso, pois essas terapias são uma verdadeira violência contra a psiquê das vítimas.

O relatório completo pode ser acessado aqui:

https://s3.amazonaws.com/s3.allout.org/images/All_Out_Instituto_Matizes_Relatorio_Completo_Entre_Curas_E_Terapias.pdf

Também na data de hoje, foi feito um painel com as pessoas que organizaram o relatório. Esse painel pode ser assistido aqui:

https://www.youtube.com/watch?v=DvGhjGrVKyE

Não deixe de acessar essas informações. Elas são fundamentais para que a nossa capacitação e empoderamento contra essa série de violências contra a pessoa LGBT+, especialmente na infância e na adolescência.

Grupos identitários e empoderamento



Por Sergio Viula


Quando a gente olha para as redes sociais, especialmente o Facebook, que oferece inúmeras maneiras de compartilhamento e comentários facilmente multiplicados por um sem-número de pessoas, a gente pode tomar três rumos: entrar na dança e fazer a mesma coisa, ignorar tudo isso como uma grande perda de tempo, ou produzir conteúdo na contra-mão dessa onda macabra. É preciso multiplicar as notícias, as imagens e os comentários positivos e construtivos, aqueles que estimulam um viver mais leve e dono de si sem perder de vista o que precisa ser modificado nas estruturas que nos cercam e que nos constituem sem que o percebamos. 

Em outras palavras, não se trata de vivermos em estado de 'Poliana', sempre achando que tudo é bom e faz bem e que inevitavelmente acabará bem. Por outro lado, não podemos fazer a hiena Hardy, personagem dos desenhos infantis que só sabia dizer "Oh, vida! Oh, azar!".

Por isso, procuro equilibrar a participação nos debates dos quais tomo parte com uma atitude que seja ao mesmo tempo firme, mas gentil e até mesmo bem-humorada. Procuro evitar que vozes rancorosas me levem a falar do mesmo jeito. Algumas chegam ao ponto do xingamento para tentar extrair o pior de seus interlocutores. Não vai rolar comigo. 

Ainda que em mim haja bem e mal, como em qualquer um - não como algo metafísico -, não cultivarei o mal para o alimentar a satisfação dos maldosos mordendo a isca (risos). Antes, procurarei promover o que é belo, bom e justo, na medida das minhas forças, para o bem de todos, inclusive daqueles que não percebem que há mais sabedoria em multiplicar o que fortalece uma existência alegre e produtiva, ainda que perpassada por tristezas em alguns momentos, do que fazer o incendiário ou a incendiária que quer mesmo que tudo se exploda.

Claro que a vida não é só alegria, mas se tem uma coisa que torna a vida mais forte e mais gostosa é a alegria. Quando a tristeza se apresenta, sua fonte tem que ser identificada e corrigida no melhor das nossas forças. Nenhum de nós viverá sem experimentar sofrimento, mas não sobreviverá se for dominado pela tristeza.

O sofrimento não dignifica ninguém automaticamente


Esse falando em sofrimento, é importante reconhecer que há sofrimentos que não dependem de nossa vontade ou ação, mas boa parte do que sofremos poderia ser evitado (e tomara que ainda possa ser superado), como é o caso do que sofremos como fruto de decisões ruins, atitudes negativas diante da vida e de outros seres humanos, dos quais dependemos mais do que imaginamos, ou mesmo de mal funcionamento físico e mental. 


Algumas das fontes de sofrimento são constituídas pelo círculo social mais imediato e, graças às redes sociais, pode ser provocado por interações com pessoas que nem conhecemos. 

Felizmente, não dependemos de todas essas pessoas. Por outro lado, não podemos viver absolutamente sós e soberanos. Não somos soberanos nem mesmo sobre nossos desejos, alguns deles facilmente driblados, enquanto outros são praticamente donos de nós mesmos.

Na verdade, a hostilidade e a toxidade que rolam nas redes sociais podem agravar o estado de angústia, ansiedade e depressão em pessoas que são mais suscetíveis a tais sentimentos devastadores.

Em contrapartida, compartilhar coisas boas pode produzir o efeito contrário em muitas pessoas. A felicidade alheia pode ser inspiradora. Todavia, até isso não é tão simples quanto parece. Há quem fique angustiado, ansioso e deprimido por ver a felicidade alheia, muitas vezes porque mede a própria vida pela do outro e pensa que a sua não vai tão bem se a do outro está tão boa. É muita falta de maturidade, mas é mais comum do que imaginamos. Como lidar com gente assim? Se esconder? Não. Para que fingir viver mal ou fingir que está tudo bem para agradar gente neurótica? As duas coisas seriam uma estupidez, para dizer o mínimo.


O que me impressiona é o número de pessoas que ainda têm aquela crença em 'olho gordo', 'inveja', 'olho grande' - seja lá o nome que se dê -, que impede muita gente de vivenciar tranquilamente algum momento especial e até de compartilhá-lo tranquilamente. Fica aquele 'medinho' de que algo possa dar errado se alguém colocar o tal 'olho gordo'. Isso, porém, não passa de superstição - e como todas elas - sem o menor fundamento. 

Não é do olho alheio que o ser humano deve ter receio, mas da língua (a sua própria e a dos outros). Essa, sim, pode destruir muita gente, inclusive sem que o dono da língua mexa um dedo. Basta fomentar o ódio por meio de mentiras e calúnias, pois sempre haverá algum idiota mais suscetível a esse tipo de manipulação disposto a passar a faca no alvo da calúnia e da difamação sem a menor noção de respeito à dignidade alheia. 



No Facebook, por exemplo, muita gente está só esperando uma oportunidade para colocar sua má índole em ação em nome dos 'bons costumes', ou da família, ou mesmo de um ou outro grupo minoritário. Sim, existem extremistas em toda parte e não se pode alimentá-los. 

Gente ressentida, recalcada e revoltada vai continuar sendo assim, não importa o que se faça ou o que se diga com a intenção de tornar o mundo menos cinzento, porque o cinza está dentro dessas pessoas. Mas isso não deve nos impedir de vivermos a nossa vida independentemente do que pensam os outros, desde que o nosso modus vivendi não viole os direitos de ninguém.

No meu caso, não tenho medo ou constrangimento de comentar sobre minhas alegrias e tristezas. Claro que há coisas muito pessoais que a gente não compartilha com ninguém ou que só compartilha com aqueles que são escolhidos como muito cuidado para serem nosso amigos com A maiúsculo.



A vida não é só alegria. Mesmo quando a tristeza dura pouco, ela incomoda muito. Ano passado, por exemplo, eu fui demitido de uma empresa onde trabalhei por 10 anos. Não tive o menor problema em compartilhar isso com os amigos, mesmo não sabendo ainda como seria meu futuro mais imediato. 

Mas, em vez de ficar chorando ou de explodir quando recebi o comunicado da demissão, fui buscar minhas coisas na minha sala e transferir alguns arquivos para um pen drive por serem pessoais, apesar de relacionados ao trabalho. 

Ali mesmo, enviei uma carta para uma empresa que já havia demonstrado interesse no meu trabalho uns quatro anos antes. Ou seja, no mesmo dia em que fui demitido de uma, busquei outra e recebi resposta positiva para participar do processo seletivo que começaria dali a alguns dias. Resumindo: Não fiquei desempregado mais do que o mês que já seria meu mês de férias. 

E o que quero dizer com tudo isso? 

Quero dizer que não basta ter qualificação e experiência. É preciso ter iniciativa e inteligência para se mover por esse mercado cada vez mais complexo que configura as relações de trabalho no Brasil.


Qualificação sem iniciativa não garante nada, 
mas iniciativa sem qualificação pode ser extremamente extenuante.


Infelizmente, por causa da discriminação contra LGBT e de outros tipos de preconceitos violentos, muita gente deixa de frequentar a escola e acaba ficando à margem do mercado de trabalho formal. Não podemos fechar os olhos para a necessidade de oferecer a essas pessoas condições reais de conclusão de seus estudos básicos e médios para que possam conseguir um emprego formal e fazer um curso técnico, politécnico ou em nível de bacharelado acadêmico para terem oportunidades melhores. 

Se não houver oportunidade, elas terão muita dificuldade ou até mesmo completa impossibilidade de conquistar um espaço nesse mercado. 

Por outro lado, se houver oportunidade, mas faltar iniciativa, persistência, ambição saudável por parte dessas mesmas pessoas, elas não chegarão a lugar algum. 

Há casos, porém, nos quais as coisas não são tão simples assim. Um morador de rua, mesmo que tenha uma capacitação profissional e esteja de banho tomado e relativamente bem vestido para uma entrevista de emprego não passará se não tiver documentos em dia e residência. Quando lhe perguntarem onde mora, se ele disser "ali embaixo do viaduto tal na avenida tal com a rua tal", esse desabrigado não vai passar nem da primeira fase. Nesses casos, é preciso mais do que apenas vontade de vencer - o que já é raro quando se trata de gente que perdeu tudo há muito tempo e não tem mais esperança. O discurso que chama esse indivíduo de vagabundo é outra forma de ignorância virulenta e violência.

Não somos uma ilha, pois precisamos de uma rede de colaboradores para podermos crescer. Mas também não somos indispensáveis ao funcionamento do mundo. Por isso, não podemos nos dar ao luxo de esperar que o mundo nos carregue no colo. É preciso manter isso em mente. Também é preciso manter em mente que ninguém precisa pisar nos outros para chegar onde deseja - o outro não é pavimento. Eu nunca pisei nem admiti ser pisado por ninguém porque sempre tive em mente que trabalho é, antes de tudo, uma relação de troca e de respeito. Se não for, não vai rolar. E como o mundo é muito grande, ninguém tem que aceitar o chicote para ter acesso ao cocho.

Aqui em casa, por exemplo, os dois trabalham muito, mas a renda familiar está longe de ser grande. Dividimos as despesas mensais e precisamos planejar muito para podermos curtir alguns bons momentos em nosso tempo livre. 

Para cada momento de lazer que a gente curte ou para cada coisa que a gente compra, muita coisa tem que ser deixada para depois. Há divertimentos que muita gente curte todo final de semana (e que não tem nada de errado) que reduzimos e até cortamos totalmente para que pudéssemos fazer o que realmente nos interessa mais. Não dá para ter tudo, mas não precisamos ter tudo para termos o suficiente.

Para se ter alguns pequenos prazeres, será preciso aumentar a renda familiar ou reduzir as despesas que imperceptivelmente vão minando os recursos, afetando até momentos que deveriam ser muito tranquilos, como é o caso das férias.

Andre e eu estivemos em Gramado durante a semana passada. Um dos lugares mais lindos onde almoçamos foi um restaurante todo amadeirado, com lareira acesa, cadeiras de madeira maciça revestidas de peles de carneiro, buffet livre sem qualquer ressalva sobre a quantidade de carne consumida - um luxo! Sabe quanto custou o almoço de cada um de nós nesse lugar fantástico? Meros 26 reais, ou seja, mais barato que um Big Mac com Coca-Cola e fritas, mas incomparavelmente melhor. A pergunta que fica é a seguinte: Será que é preciso gastar muito para se ter qualidade? Não. É preciso ser inteligente e paciente para encontrar o que se deseja pelo preço que se pode pagar, ou simplesmente chegar à conclusão de que não se precisa daquilo e seguir adiante.


Viena Fondue - Gramado-RS


Cito isso como exemplo do que podemos fazer quando planejamos, pesquisamos e nos disciplinamos em termos de gastos financeiros.

É claro que para muitas pessoas, até esse pouco que nos dá tanta alegria ainda é inacessível. E isso é sintoma de vários outros problemas enfrentados por essas pessoas na sociedade. Problemas que podem ser perpassados por restrições baseadas em racismo, homofobia, transfobia, etc.


Lugar de fala ou de falácias?


Antes de tudo, é importante garantir que todos entendam que é preciso ouvir atentamente as pessoas que falam sobre sua identidade e as delícias e dores de ser quem é. Isso, porém, não dá a ninguém o monopólio discursivo sobre o que quer que seja. Tomemos, a título de exemplo, Jean Wyllys e Fernando Holiday. Os dois são gays e são políticos, mas qual dos dois realmente acrescenta algo à comunidade gay e demais comunidades identitárias quando usam seu 'lugar de fala' para discutir assuntos relacionados à comunidade gay? A resposta parece óbvia, mas é possível que nem mesmo aqui estejamos todos de acordo. A pergunta que salta é: Basta ser gay para ter razão no tocante às pautas da comunidade gay?

Isso pode ser aplicado a todos os outros grupos identitários e os indivíduos que se inserem neles.

Infelizmente, muitas das pessoas afetadas por esses preconceitos reproduzem as mesmas discriminações sofridas quando se trata do relacionamento com os outros. A internalização do ódio acaba se traduzindo em motivação para odiar também. Se o indivíduo não trabalhar isso em si mesmo, muitas vezes com a ajuda de outras pessoas, entendendo de onde vem seus sentimentos e procurando erradicá-los, superá-los mesmo, ele ainda será escravo daquilo que combate ou do que reclama.

Além disso, a estratégia de usar o jargão 'lugar de fala' para calar o outro só funciona com nossos aliados, não com nossos verdadeiros oponentes. O resultado é que as pessoas que nos ouvem e defendem se calam e as que nos desprezam e atacam continuam falando. 




Quando alguém diz "o grupo X é muito discriminado, por isso temos que ter paciência com algumas atitudes de quem faz parte do grupo X quando se exacerba", eu penso: 

É verdade que o grupo X é discriminado e é verdade que a pessoa que faz parte dele tem razões para estar revoltada, mas não é pelo ataque ao "grupo Y" ou ao "grupo W" que as injustiças praticadas contra o "grupo X" serão resolvidas ou desfeitas. Pelo contrário, praticar injustiça contra outras pessoas, sejam quais forem suas características identitárias, só aumenta os níveis de injustiça e infelicidade de um modo geral, em vez de reduzir os níveis de violência, injustiça e tristeza. E se o "grupo X" é vítima dessas coisas, estará dando um tiro no próprio pé ao promovê-las, ainda que pareça estar levando a melhor em relação a outros naquele determinado momento.

Existe um maniqueísmo horroroso em andamento. É algo que funciona assim: Se ele é heterossexual, deve ser homofóbico; se é homem, deve ser machista; se é branco, deve ser racista; se gay, deve ser transfóbico ou bifóbico; se não é miserável, deve ter culpa pela miséria alheia. Quem adota esse tipo de pensamento presume que todos são culpados até que se prove o contrário - o que é um contrassenso às noções mais básicas do Direito. Não percebem que o que é preciso fazer, na verdade, é modificar as estruturas sociais que perpetuam injustiças, em vez de apedrejar quem luta árdua e honestamente para manter a cabeça fora d'água e ainda encontra tempo e forças para se solidarizar com pessoas de fora de seu próprio grupo identitário. 

Se você ainda tem um emprego e depende dele, você não é um privilegiado, mas um lutador que ainda consegue se manter em pé. De um dia para o outro, você pode estar desempregado e não conseguir sequer alugar um minúsculo quarto na parte mais pobre do bairro. 



Classe média com CLT e salário baixo?

O que é essa tão propalada classe média que os mais desprovidos consideram rica e que, infelizmente, também pode cair no engano de pensar que é realmente rica? Ora, se você não pode ficar desempregado por um ano sem cair na mais absoluta miséria, você não está longe do cara que mora embaixo da ponte. Ele já pode ter estado exatamente no lugar onde você se encontra hoje, enquanto come uma pizza com seu vale-restaurante num shopping center popular. Amanhã, você pode estar no dele. Tudo o que a gente considera muito seguro é muito mais frágil do que a gente pensa. 

Não é preciso ser muito inteligente para perceber que, graças ao racismo existente na cabeça de muitos e nas estruturas sociais, um negro tem menos chances de conseguir um emprego do que um branco com as mesmas qualificações. Às vezes, o negro tem mais qualificações do que o branco, mas, ainda assim, o empregador o dispensa. Isso é racismo, é claro. Mas o candidato branco, apesar de ter levado vantagem, não favoreceria o negro se desistisse da vaga. Mais ainda: Estaria desempregado depois disso sem causar um só arranhão na estrutura racista que ele mesmo repudia. Não se pode culpar esse candidato branco pela não contratação daquele candidato negro, mas também não se pode cruzar os braços e dizer que é assim mesmo. Esses maniqueísmos é que não resolvem o problema.

Esse caso hipotético tão comum poderia ser ilustrado por outros indivíduos: um homem e uma mulher, um homem cis gay e um homem trans, uma mulher cis lésbica e uma trans. As pessoas cis levam vantagem nesse processo, mas isso não as torna inimigas daquelas que são preteridas. Ambas estão sujeitas às mesmas estruturas e relação de forças, cada qual com suas especificidades. E muitas pessoas cis, só para citar um grupo, estão cientes disso e querem oportunidades iguais, mesmo que isso não as afete diretamente. 

Homens e mulheres gays também ficam em desvantagem diante de homens e mulheres heterossexuais na maioria das vezes.

Agora pense numa pessoa de classe média diante de outras que estão em situação de pobreza extrema. Ao contrário do que pensam alguns que repetem jargões sem reflexão mais séria, esse homem ou mulher de "classe média" não é responsável pela miséria daquele que está desabrigado ou sobrevivendo como catador de latinhas ou de papelão. Pelo contrário, muitas vezes são essas pessoas consideradas 'classe-média' que se solidarizam com os que estão na mais absoluta miséria. É mais fácil ver gente de classe média-baixa socorrendo gente que é vítima de calamidades naturais ou de guerra do que gente de classe realmente alta, mas até mesmo entre os super ricos, existem aqueles que se mobilizam em prol de causas humanitárias, como já vimos muitas vezes entre celebridades e grandes empresários. Nenhum de nós é só vítima ou só culpado pelo que acontece no mundo, mas alguns de nós estamos tirando água da canoa, enquanto outros estão perfurando o casco.

É uma falácia pensar que a pobreza não possa ser erradicada ou que para ser erradicada, é preciso atacar quem tem mais. O que é realmente preciso é criar acesso e garantir que todos possam usufruir dos mesmos.

Muitas vezes, as pessoas sabotam a si mesmas. Os motivos são os mais variados, mas a maioria deles tem a ver com falta de educação. Por exemplo, muitas pessoas não se dão conta de coisas tão simples como os custos para se criar um filho. Muita gente pobre acaba tendo três, quatro, cinco filhos! Alguns muito cedo na vida. 


Não romantize tanto a realidade: isso aqui não dura um ano.
Filho é para o resto da vida.


Duvida que filhos custem uma fortuna? Olhe o quadro a seguir:


Fonte: https://www.mongeralaegon.com.br/blog/dinheiro/artigo/quanto-custa-criar-um-filho


Agora, veja só. Em 2016, nasceram no Brasil 2.790.000 bebês. Para 2018, a estimativa do IBGE aponta que o Brasil vai fechar o ano com 3.003.585. Segura o tchan, amarra o tchan

Filho tem que ser programado e já chegar com ninho garantido. Mesmo assim, nada garante que vai ser fácil. Há muitas variáveis - desde o jogo da genética até o desenvolvimento de uma psiquê saudável em meio a uma sociedade tão doente, especialmente doente de fundamentalismos ignóbeis e mortíferos.


Neuroses de estimação são igualmente destrutivas

E falando nas neuroses que caracterizam as relações sociais, está se tornando cada vez mais comum ouvir pessoas contrapondo figuras como 'gay branco de classe média' à 'travesti preta proletária' (ou vice-versa). O que muitos não percebem é que estão falando de uma abstração. Quem são as pessoas rotuladas dessa maneira? Será que o bem-estar de uma exclui o da outra? O que desejam aqueles ou aquelas que pretendem estabelecer antagonismos entre os indivíduos assim rotulados ou relações de causalidade entre a felicidade de um e as dores do outro, seja qual for o grupo identitário (ou social)?

Será que há especificidades em cada caso? Claro que há. Mas para cada grupo que você nomeia como gay, lésbica, bissexual ou transgênero, existem inúmeras variáveis. Nenhum deles é um bloco monolítico. E um não precisa ser minimizado para que o outro seja respeitado, seja quem for.

A quizumba chega a tal ponto que as pessoas ficam querendo controlar até mesmo com quem o outro vai se relacionar. Lésbicas feministas extremistas recriminam lésbicas que amam mulheres trans, alegando que estas são homens disfarçados que desejam violá-las (como assim, Lombardi?). 





Algumas mulheres transexuais que se identificam como trans heterossexuais nutrem rancor contra homens gays, fazendo questão de se distanciar deles ao máximo, muitas vezes, como sintoma das injúrias que sofreram nas mãos de homofóbicos que as chamavam de "viadinhos", reportando-se a noções de masculinidade nelas por parte de gente que não faz diferença entre gênero e orientação sexual, misturando homofobia e transfobia na prática. 

Alguns homens gays são recriminados por outros gays porque amam homens transexuais. Os gays que os recriminam fazem o mesmo que fazem homofóbicos contra todos eles: Focam na genitália. No caso desses gays, a recriminação é porque um homem trans não tem pênis. O mesmo falocentrismo que leva mulheres lésbicas feministas radicais a rejeitarem mulheres trans não operadas age aqui de modo reverso na cabeça dos gays que recriminam o amor entre um gay cis e um trans.

Bissexuais, considerados por alguns gays, lésbicas e transexuais, os quais se identificam como heterossexuais em seu desejo, são considerados enrustidos, covardes, confusos ou promíscuos - nada mais longe da verdade! Bissexuais são apenas pessoas que podem se apaixonar por uma pessoa de um gênero ou de outro, com pênis ou vagina - o que não significa que não possam amar uma pessoa intensa e fielmente em relacionamentos estáveis e satisfatórios para ele(a) e seu parceiro(a). 

Agora, sabe quem adora esse pandemônio todo? Fundamentalistas religiosos, gente ultraconservadora de direita e/ou de esquerda, e pessoas que juram que não estão associadas aos tais, mas que reproduzem os mesmos discursos daqueles e que são incapazes de ouvir os que as alertam sobre esses equívocos.

Mas se engana quem pensa que é todo mundo igual no que diz respeito à ignorância, ao ódio ou à indiferença. A solidariedade entre pessoas de todos esses grupos identitários é visível sob diversas formas. Mulheres lésbicas e homens gays cisgêneros que se solidarizam com mulheres e homens trans, e vice-versa. Pessoas bissexuais cisgêneras ou transgêneras que são abraçadas por mulheres e homens homossexuais cis ou trans. E a força que essa solidariedade produz é muito maior do que muitos imaginam.

Mas é importante que não confundamos amizade, simpatia, empatia e cooperação com a obrigação de ter que dizer 'amém' para tudo que o outro faz por palavras ou atos. Ser amigo, aliado ou simpatizante não dispensa o senso crítico, a coragem e a gentileza de dizer aos amigos/amigas que estão errados quando se equivocarem.

Sofia Amer sobre a mentalidade arcaica do fundamentalismo cristão





Por Sofia Amer
https://www.facebook.com/profile.php?id=100011801416182



Não existe uma movimentação GLBTT contra cristãos, pelo contrário, muitos GLBTT's são cristãos, o que é existe é uma reação GLBTT contra essa mentalidade arcaica de uma parcela, grande parcela, aliás, de um fundamentalismo cristão que busca impedir conquistas dos GLBTT's, e pior, ajuda a perpetuar o GLBTTfobia.


Os GLBTT's não querem privilégios, quem diz isso é ignorante ou mau caráter, o que os GLBTT's querem é um Estado que seja capaz de proteger gays, lésbicas, trans, travestis, e quando digo protege, não me refiro só à proteção física, mas, também uma proteção que coíba qualquer manifestação de ódio, qualquer discurso que ataque os GLBTT's em suas dignidades, isso inclui coibir o discurso de ódio disfarçado de liberdade de religiosa, pois, é por conta dessa visão atrasada que a GLBTTfobia se alimenta, além do que, não se pode tolerar que a religião no século XXI ache que ideias de preconceito sejam coisas a serem toleradas, quando trás em si o mal, e fomenta a GLBTTfobia.

Não são números, eles têm rostos: Os mortos na Pulse em Orlando

Por Sergio Viula

Sempre que falamos em números nos referindo a pessoas corremos o risco de perder algo da humanidade por trás deles. Muita gente falou nos que morrem no atentado homofóbico contra os frequentadores da boate Pulse em Orlando, mas você não imagine quantas semelhanças existem entre eles e você.

Esses rostos não podem ser esquecidos. As pessoas LGBT e seus amigos e parentes que estavam na boate são mais do que números frios ou nomes numa lista. Na verdade, elas eram mais do que essas fotos, mas se tem alguma coisa que as representa melhor do que números e nomes, são as imagens que ficaram, sejam fotos, vídeos ou recordações na memória dos que as conheceram.

Pelo fim da violência LGBTfóbica, diga não ao preconceito e à discriminação e trabalhe seus próprios preconceitos mais velados até que não sobre nem sinal deles.



Diga não a homofobia, lesbofobia, bifobia e transfobia.

Diga não à violência!


251,285

13 Coisas que não se deve dizer às pessoas bissexuais

13 Coisas que não se deve dizer às pessoas bissexuais

Sim, pessoas bissexuais realmente existem, mas não são mais — ou menos — promíscuas, monogâmicas ou indecisas que quaisquer outras pessoas.

por ELIEL CRUZ 
The Advocate 
02 de junho de 2014
https://www.advocate.com/bisexuality/2014/06/02/13-things-never-say-bisexual-people

Traduzido por Sergio Viula para o blog Fora do Armário


Como um homem bissexual orgulhoso de si mesmo, há anos tenho navegado pela área cinzenta e complicada que minha identidade ocupa no espectro da sexualidade. Apesar de todos os ganhos que a comunidade LGBT conquistou, bissexuais ainda são vistos com dúvidas — ou rechaço direto — por gays, lésbicas e heterossexuais igualmente. Desde pessoas me perguntando se eu já sou um "gay completo" até outras questionando minhas motivações, eu já devo ter ouvido de tudo.





Infelizmente, o pensamento binário daqueles que negam a existência da bissexualidade oprime a todos, perpetuando padrões inabaláveis de identidade, sejam heteronormativos ou homonormativos. Ser íntimo de alguém do mesmo sexo não significa que você seja gay, exatamente como ser íntimo de alguém do sexo oposto não significa que você seja heterossexual — simplesmente significa que você se encontra em algum lugar do lindo e fluido espectro da sexualidade.

Então, aqui estamos nós no supostamente iluminado ano de 2014, e todavia, a bifobia persiste. Sem obedecer qualquer ordem em particular, aqui vão algumas das mais cansativas mentiras que a sociedade realmente precisa parar de contar sobre a comunidade bissexual.


1. Bissexuais não existem.




Essa é a primeira e mais difundida mentira sobre a bissexualidade. Algumas pessoas simplesmente não compreendem uma sexualidade na qual os indivíduos sejam atraídos por mais de um gênero. Você pode testar as águas, mas você em algum momento vai escolher um lado, segue o raciocínio. Mas pessoas bissexuais não precisam de ciência  —  ou da aprovação daqueles que se sentem atraídos por apenas um dos gêneros  — para provar que existem.


2. Bissexuais estão apenas passando por uma fase. 

Sim, é verdade que existem muitos gays e lésbicas que usaram a bissexualidade como uma forma de reduzir o impacto de se assumirem para seus pais conservadores. Muitos podem ter se identificado como bi por um tempo, enquanto estavam ainda tentando compreender sua própria orientação. E ao mesmo tempo que se assumir é uma decisão intensamente pessoal, as estratégias de alguns não deveriam invalidar as identidades da maioria, para a qual a bissexualidade não foi uma "pedra de apoio", mas um destino concreto e final. 


3. Bissexuais são sexualmente gulosos.

Pessoas bissexuais não são automaticamente mais promíscuas do que qualquer outra pessoa — gay ou heterossexual. Ser atraído por mais de um gênero realmente atrai mais parceiros em potencial, mas não aumenta as probabilidades de se conectar física e emocionalmente com o dito parceiro em potencial. E assim como ter um gosto eclético não torna alguém em alcoólatra, ser bissexual não faz de ninguém um guloso.


4. Bissexuais são traidores.



Um traidor é um traidor. Pessoas bissexuais traem, e o mesmo fazem pessoas que se identificam como heterossexuais, gays, transexuais, ou o que quer que seja. A sexualidade de uma pessoa ou sua identidade de gênero não a obrigam a trair.


5. Todos os bissexuais são poliamorosos.

Enquanto o poliamor parece se mostrar mais prevalente na comunidade queer, não há informação consistente que conecte o poliamor mais diretamente aos bissexuais do que às pessoas de quaisquer outras orientações sexuais. Buscar esse tipo de estrutura de relacionamento não está ligado a uma ou outra sexualidade especificamente.


6. Bissexuais tem medo de compromisso.

Ser atraído por ambos os gêneros não tem nada a ver com compromisso. Alan Cumming abordou essa concepção errônea numa cândida entrevista no ano passado. "Eu tenho um apetite sexual saudável e uma imaginação saudável" - disse Cumming à revista Instinct. "Eu ainda me defino como bissexual apesar de ter escolhido estar com Grant. Eu sou sexualmente atraído pela forma da fêmea apesar de estar com um homem e acho apenas que os bissexuais têm uma reputação ruim."


7. Todas as mulheres são bissexuais.




A sexualização da mulher não conhece fronteiras na cultura contemporânea. Mas só porque a mídia do mainstream continua a explorar a sexualidade feminina, numa clara tentativa de vender produtos, não significa que todas as mulheres transitem entre os dois lados, a la Shakira e Rihanna em "Can't Remember to Forget You." Desculpe, Shakira, não vamos comprar o que aqueles quadris estão vendendo.


8. Bissexuais são atraídos por qualquer coisa que se mova.


Ah, por favor. Só porque alguém é bissexual não significa que ele não tenha padrões. Essa é a mesma lógica que os caras homofóbicos usam para explicar porque não querem dividir um vestiário com homens gays. Você bem que gostaria que estivéssemos olhando para o seu material, querido.   


 9. Bissexuais não são atraídos por gêneros binários.


Robyn Ochs


A respeitada ativista bissexual Robyn Ochs descreve a bissexualidade como o potencial "de ser atraído — romântica e/ou sexualmente — por pessoas de mais de um sexo e/ou gênero, não necessariamente ao mesmo tempo, não necessariamente do mesmo modo, e não necessariamente com a mesma intensidade." Então, não, não tem nada a ver com binarismos, minha gente.


10. Bissexuais espalham HIV.

Homens que fazem sexo com homens não estão em risco desproporcional de infecção por HIV. Os bissexuais também não estão mais propensos a espalhar a doença do que os outros — tomar as devidas precauções é necessário, independentemente de sua orientação sexual. Sempre use proteção, conheça o estado sorológico de seu parceiro e o seu próprio.


11. Bissexuais vivem para sexo a três.

Sexo a três não é uma marca do estilo de vida bissexual  — é apenas uma opção, do mesmo modo que o são para qualquer outro ser sexuado.


12. O apagamento dos bissexuais é um mito.




De fato, a Comissão de Direitos Humanos de San Francisco publicou um relatório de cinquenta páginas em 2011 sobre a invisibilidade bissexual dentro da comunidade LGBT, demonstrando que o fenômeno está vivo e em boa forma. Como detalhado pela comissão,  palavreado como  "casamento gay" ou "homossexualidade" não é inclusivo e apaga a identidade das pessoas bissexuais. E mesmo os principais festivais do Orgulho objetivando ser inclusivos parecem ignorar a mensagem. 


13. Bissexuais são uma comunidade pequena.

Em 2007, uma pesquisa com 768 autoidentificados lésbicas, gays e bissexuais descobriu que um total de 48,9 por cento se identificava como bissexual — aproximadamente metade. Os bissexuais podem não falar tanto quanto seus irmãos gays e lésbicas, mas isso deve-se mais a estigmas persistentes do que à falta de força numérica. Gostem ou não, a comunidade bissexual está aqui, e está aqui para ficar. 

O Básico sobre Bissexualidade

Bandeira bissexual





Center for Social Justice Education and LGBT
Communities
247 Tillett Hall (LC) ↔ 848-445-4141
socialjustice.rutgers.edu


O que é bissexualidade?

Bissexualidade é o potencial de sentir-se atraído (sexualmente, romanticamente, emocionalmente) e engajar-se em relacionamentos sensuais ou sexuais com pessoas de ambos os sexos. Uma pessoa bissexual pode não se sentir atraída pelos dois sexos do mesmo modo, e o grau de atração pode variar com o tempo.

A auto-percepção é a chave para a identidade bissexual. Muitas pessoas envolvem-se em atividade sexual com pessoas de ambos os sexos, ainda que não se identifiquem como bissexuais. Do mesmo modo, outras pessoas se envolvem em relações com pessoas de um sexo, ou não se envolvem em atividade sexual alguma, mas consideram-se bissexuais. Não há “teste” comportamental que determine se alguém é bissexual.

Identidade Bissexual

Algumas pessoas acreditam que uma pessoa nasce heterossexual, homossexual, ou bissexual (por exemplo, devido a influências hormonais pré-natais), e que sua identidade é inerente e imutável. Outras acreditam que a orientação sexual dê-se a partir da socialização (por exemplo, por imitação ou rejeição de modelos parentais) ou escolha consciente (por exemplo, escolher o lesbianismo como parte de uma identidade política feminista). Outros acreditam que esses fatores interagem. Porque fatores biológicos, sociais, e culturais são diferentes para cada pessoa, a sexualidade de todo mundo é profundamente individual, sejam elas bissexuais, gays, lésbicas, ou assexuais. O “valor” é colocado sobre a identidade sexual não deve depender de sua origem. Muitas pessoas pressupõem que a bissexualidade seja apenas uma fase que as pessoas atravessam. De fato, qualquer orientação sexual pode ser uma fase.

Humanos são diversos, e sentimentos sexuais individuais e comportamento mudam ao longo do tempo. A criação e consolidação de uma identidade sexual é um processo contínuo. Uma vez que somos geralmente socializados por heterossexuais, a bissexualidade é um estágio que muitas pessoas experimentam como parte do processo de reconhecimento de sua homossexualidade. Muitos outros vêm a se identificar como bissexuais depois de um considerável período de identificação como gays ou lésbicas
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Um estudo realizado por Ron Fox de mais de 900 indivíduos bissexuais descobriu que 1/3 tinha se identificado previamente como gay. Uma orientação que pode não ser permanente ainda é válida pelo período em que é experimentada.  A bissexualidade, assim como a homossexualidade, pode ser tanto uma experiência de passagem no processo de descoberta sexual, ou uma experiência de identidade estável e de longo prazo.

Quão comum é a bissexualidade?

Não é fácil dizer quão comum é a bissexualidade, uma vez que pouca pesquisa tem sido feita sobre o tema; a maioria dos estudos sobre sexualidade tem focado sobre heterossexuais e homossexuais. Baseado em pesquisa feita por Kinsey nas décadas de 1940 e 1950, 15-15% das mulheres e 33-46% dos homens podem ser bissexuais, baseado em suas atividades e atrações. Bissexuais estão escondidos de muitas maneiras em meio à população. Em nossa cultura, geralmente se pressupõe que uma pessoa seja heterossexual (pressuposto padrão) ou homossexual (baseado na aparência ou em dicas comportamentais). Porque a bissexualidade não se encaixa nessas categorias padrão, ela e frequentemente negada ou ignorada.

Quando é reconhecida, a bissexualidade é frequentemente vista como sendo “parte heterossexual e parte homossexual”, em vez de uma identidade à parte. A bissexualidade desafia a maneira aceita de olhar o mundo apelando para a validade de categorias sexuais rígidas, e encoraja o reconhecimento da existência de uma série diversa de sexualidade. Uma vez que não há aparência bissexual ou modos de agir estereotipados, os bissexuais são geralmente vistos como sendo heterossexuais ou homossexuais. Para aumentar a consciência [da bissexualidade], os bissexuais começaram a criar suas próprias comunidades visíveis.


Relacionamentos bissexuais

Relacionamentos bissexuais, como com todas as pessoas, têm uma ampla variedade de estilos. Contrário ao mito comum, uma pessoas bissexual não precisa estar sexualmente envolvida tanto com um homem quanto com uma mulher simultaneamente. De fato, algumas pessoas que se identificam como bissexuais nunca se envolvem em atividade sexual com um ou outro (ou qualquer) gênero. Como é o caso dos heterossexuais, dos gays e das lésbicas, a atração não significa agir a partir de cada desejo. Como os heterossexuais e as pessoas gay, muitos bissexuais escolhem ser sexualmente ativos com um parceiro(a) apenas, e mantém relacionamentos monogâmicos de longa duração Outros bissexuais podem manter casamentos abertos que permitam relacionamentos com parceiros do mesmo sexo, relacionamentos a três, ou uma série de parceiros do mesmo e do outro gênero (sozinhos ou simultaneamente). É importante ter a liberdade de escolher que tipo de relacionamentos afetivos e sexuais são certos para as pessoas envolvidas, qualquer que seja sua orientação.


Bifobia

Mulheres e homens homossexuais não podem ser definidos por seu parceiro ou parceiro em potencial, e por isso são lançados à invisibilidade dentro de uma moldura heterossexista. A invisibilidade (bifobia) é um dos aspectos mais desafiadores da identidade bissexual. Viver numa sociedade que é baseada e se mantém em oposição, sobre reafirmações e polaridades dicotômicas “equilibradas”, afeta o modo como vemos o mundo, e como negociamos nossas próprias vidas e as vidas de outras pessoas para as encaixarmos na “realidade”.

A maioria das pessoas não tem consciência de suas pressuposições homossexuais ou heterossexuais até que uma pessoa bissexual fale ou assuma e desafie seus pressupostos.  Muito frequentemente, os bissexuais são dispensados, e ouvem que estão “confusos” e que “simplesmente têm que se decidir e escolher”. Para pessoas que se identificam como bissexuais, manter sua integridade numa sociedade heterossexista e homo-odiadora, demanda um forte senso de “self” e coragem e convicção para viverem suas vidas em desafio ao que passa por “normal”.


Com o que se parece a Bifobia?

  1.  Assumir que todo mundo que você encontra é heterossexual ou homossexual.
  2.  Apoiar e compreender uma identidade bissexual para jovens porque você se identificava “desse modo”  antes de chegar à sua verdadeira identidade lésbica/gay/heterossexual.
  3.  Esperar que um bissexual se identifique como heterossexual quando forma um par com o sexo/gênero “oposto”.
  4.  Acreditar que homens bissexuais espalham AIDS/HIV  outras DSTs para heterossexuais.
  5.  Pensar que pessoas bissexuais não se decidiram ainda.
  6.  Pressupor que uma pessoa bissexual quereria realizar suas fantasias e curiosidades sexuais.
  7.  Pressupor que bissexuais quereriam “passar” por outra coisa que não bissexuais.
  8.  Sentir que pessoas bissexuais são muito declaradas e abusadas a respeito de sua visibilidade e direitos.
  9.  Automaticamente assumir que casais românticos de duas mulheres sejam lésbicas, ou que dois homens sejam gays, ou que um homem e uma mulher seja heterossexuais.
  10.  Esperar que pessoas bissexuais obtenham serviços, informação e educação de agências de serviço heterossexuais para seu “lado heterossexual” e que depois se dirijam a agências de serviço gay e/ou lésbico para seu “lado homossexual” (sic).
  11.  Sentir que bissexuais são simplesmente gulosos, querendo o bolo todo para si.
  12.  Acreditar que mulheres bissexuais espalham AIDS/HIV e outras DSTs para lésbicas.
  13.  Usar termos como “fase” ou “estágio” ou “confuso” ou “em cima do muro” ou “bissexual” ou “gilette” ou “vira-casaca” como modo de ofender ou acusar.
  14.  Pensar que bissexuais só tenham relacionamentos comprometidos com parceiros do sexo/gênero “oposto”.
  15.  Olhar para uma pessoa bissexual e automaticamente pensar na sua sexualidade ao invés de vê-la como uma pessoa completa, inteira.
  16.  Acreditar que bissexuais estejam confusos sobre sua sexualidade.
  17.  Pressupor que bissexuais, se tivessem escolha, prefeririam estar com o sexo/gênero “oposto” para usufruírem os benefícios sociais de um par “heterossexual”.
  18.  Não confrontar uma declaração bifóbica ou piada por medo de ser identificado como bissexual.
  19.  Pressupor que bissexual signifique “disponível”.
  20.  Pensar que pessoas bissexuais terão seus direitos quando lésbicas e gays tiverem os deles.
  21.  Ser gay ou lésbica e perguntar ao seu amigo bissexual sobre seu amante quando aquele amante for do mesmo sexo/gênero.
  22.  Sentir que não pode confiar num bissexual porque eles não são realmente gays nem realmente heterossexuais.
  23.  Pensar que as pessoas se identificam como bissexuais porque é “moda”.
  24.  Esperar que um bissexual se identifique como gay ou lésbica quando estiver em relacionamento com alguém do “mesmo” sexo/gênero.
  25.  Esperar que ativistas bissexuais e organizadores minimizem os assuntos bissexuais (i.e. HIV/AIDS, violência, direitos civis básicos, lutar pelo Direito, vida militar, casamento entre pessoas do mesmo sexo, custódia de filhos, adoção, etc.) e que priorizem a visibilidade de temas “lésbicos e/ou gays”.
  26.  Evitar mencionar aos amigos que você está envolvido com um bissexual ou que trabalha com um grupo bissexual porque tem medo de que eles pensem que você seja bissexual.
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Fonte de outros recursos - http://www.biresource.org

Esse panfleto foi reproduzido e adaptado de UC Riverside LGBT Resource Center “Bissexual Basics”. Revisado em agosto/11.

Tradução para a língua portuguesa: Sergio Viula para o blog Fora do Armário


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