O Básico sobre Bissexualidade

Bandeira bissexual





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O que é bissexualidade?

Bissexualidade é o potencial de sentir-se atraído (sexualmente, romanticamente, emocionalmente) e engajar-se em relacionamentos sensuais ou sexuais com pessoas de ambos os sexos. Uma pessoa bissexual pode não se sentir atraída pelos dois sexos do mesmo modo, e o grau de atração pode variar com o tempo.

A auto-percepção é a chave para a identidade bissexual. Muitas pessoas envolvem-se em atividade sexual com pessoas de ambos os sexos, ainda que não se identifiquem como bissexuais. Do mesmo modo, outras pessoas se envolvem em relações com pessoas de um sexo, ou não se envolvem em atividade sexual alguma, mas consideram-se bissexuais. Não há “teste” comportamental que determine se alguém é bissexual.

Identidade Bissexual

Algumas pessoas acreditam que uma pessoa nasce heterossexual, homossexual, ou bissexual (por exemplo, devido a influências hormonais pré-natais), e que sua identidade é inerente e imutável. Outras acreditam que a orientação sexual dê-se a partir da socialização (por exemplo, por imitação ou rejeição de modelos parentais) ou escolha consciente (por exemplo, escolher o lesbianismo como parte de uma identidade política feminista). Outros acreditam que esses fatores interagem. Porque fatores biológicos, sociais, e culturais são diferentes para cada pessoa, a sexualidade de todo mundo é profundamente individual, sejam elas bissexuais, gays, lésbicas, ou assexuais. O “valor” é colocado sobre a identidade sexual não deve depender de sua origem. Muitas pessoas pressupõem que a bissexualidade seja apenas uma fase que as pessoas atravessam. De fato, qualquer orientação sexual pode ser uma fase.

Humanos são diversos, e sentimentos sexuais individuais e comportamento mudam ao longo do tempo. A criação e consolidação de uma identidade sexual é um processo contínuo. Uma vez que somos geralmente socializados por heterossexuais, a bissexualidade é um estágio que muitas pessoas experimentam como parte do processo de reconhecimento de sua homossexualidade. Muitos outros vêm a se identificar como bissexuais depois de um considerável período de identificação como gays ou lésbicas
.
Um estudo realizado por Ron Fox de mais de 900 indivíduos bissexuais descobriu que 1/3 tinha se identificado previamente como gay. Uma orientação que pode não ser permanente ainda é válida pelo período em que é experimentada.  A bissexualidade, assim como a homossexualidade, pode ser tanto uma experiência de passagem no processo de descoberta sexual, ou uma experiência de identidade estável e de longo prazo.

Quão comum é a bissexualidade?

Não é fácil dizer quão comum é a bissexualidade, uma vez que pouca pesquisa tem sido feita sobre o tema; a maioria dos estudos sobre sexualidade tem focado sobre heterossexuais e homossexuais. Baseado em pesquisa feita por Kinsey nas décadas de 1940 e 1950, 15-15% das mulheres e 33-46% dos homens podem ser bissexuais, baseado em suas atividades e atrações. Bissexuais estão escondidos de muitas maneiras em meio à população. Em nossa cultura, geralmente se pressupõe que uma pessoa seja heterossexual (pressuposto padrão) ou homossexual (baseado na aparência ou em dicas comportamentais). Porque a bissexualidade não se encaixa nessas categorias padrão, ela e frequentemente negada ou ignorada.

Quando é reconhecida, a bissexualidade é frequentemente vista como sendo “parte heterossexual e parte homossexual”, em vez de uma identidade à parte. A bissexualidade desafia a maneira aceita de olhar o mundo apelando para a validade de categorias sexuais rígidas, e encoraja o reconhecimento da existência de uma série diversa de sexualidade. Uma vez que não há aparência bissexual ou modos de agir estereotipados, os bissexuais são geralmente vistos como sendo heterossexuais ou homossexuais. Para aumentar a consciência [da bissexualidade], os bissexuais começaram a criar suas próprias comunidades visíveis.


Relacionamentos bissexuais

Relacionamentos bissexuais, como com todas as pessoas, têm uma ampla variedade de estilos. Contrário ao mito comum, uma pessoas bissexual não precisa estar sexualmente envolvida tanto com um homem quanto com uma mulher simultaneamente. De fato, algumas pessoas que se identificam como bissexuais nunca se envolvem em atividade sexual com um ou outro (ou qualquer) gênero. Como é o caso dos heterossexuais, dos gays e das lésbicas, a atração não significa agir a partir de cada desejo. Como os heterossexuais e as pessoas gay, muitos bissexuais escolhem ser sexualmente ativos com um parceiro(a) apenas, e mantém relacionamentos monogâmicos de longa duração Outros bissexuais podem manter casamentos abertos que permitam relacionamentos com parceiros do mesmo sexo, relacionamentos a três, ou uma série de parceiros do mesmo e do outro gênero (sozinhos ou simultaneamente). É importante ter a liberdade de escolher que tipo de relacionamentos afetivos e sexuais são certos para as pessoas envolvidas, qualquer que seja sua orientação.


Bifobia

Mulheres e homens homossexuais não podem ser definidos por seu parceiro ou parceiro em potencial, e por isso são lançados à invisibilidade dentro de uma moldura heterossexista. A invisibilidade (bifobia) é um dos aspectos mais desafiadores da identidade bissexual. Viver numa sociedade que é baseada e se mantém em oposição, sobre reafirmações e polaridades dicotômicas “equilibradas”, afeta o modo como vemos o mundo, e como negociamos nossas próprias vidas e as vidas de outras pessoas para as encaixarmos na “realidade”.

A maioria das pessoas não tem consciência de suas pressuposições homossexuais ou heterossexuais até que uma pessoa bissexual fale ou assuma e desafie seus pressupostos.  Muito frequentemente, os bissexuais são dispensados, e ouvem que estão “confusos” e que “simplesmente têm que se decidir e escolher”. Para pessoas que se identificam como bissexuais, manter sua integridade numa sociedade heterossexista e homo-odiadora, demanda um forte senso de “self” e coragem e convicção para viverem suas vidas em desafio ao que passa por “normal”.


Com o que se parece a Bifobia?

  1.  Assumir que todo mundo que você encontra é heterossexual ou homossexual.
  2.  Apoiar e compreender uma identidade bissexual para jovens porque você se identificava “desse modo”  antes de chegar à sua verdadeira identidade lésbica/gay/heterossexual.
  3.  Esperar que um bissexual se identifique como heterossexual quando forma um par com o sexo/gênero “oposto”.
  4.  Acreditar que homens bissexuais espalham AIDS/HIV  outras DSTs para heterossexuais.
  5.  Pensar que pessoas bissexuais não se decidiram ainda.
  6.  Pressupor que uma pessoa bissexual quereria realizar suas fantasias e curiosidades sexuais.
  7.  Pressupor que bissexuais quereriam “passar” por outra coisa que não bissexuais.
  8.  Sentir que pessoas bissexuais são muito declaradas e abusadas a respeito de sua visibilidade e direitos.
  9.  Automaticamente assumir que casais românticos de duas mulheres sejam lésbicas, ou que dois homens sejam gays, ou que um homem e uma mulher seja heterossexuais.
  10.  Esperar que pessoas bissexuais obtenham serviços, informação e educação de agências de serviço heterossexuais para seu “lado heterossexual” e que depois se dirijam a agências de serviço gay e/ou lésbico para seu “lado homossexual” (sic).
  11.  Sentir que bissexuais são simplesmente gulosos, querendo o bolo todo para si.
  12.  Acreditar que mulheres bissexuais espalham AIDS/HIV e outras DSTs para lésbicas.
  13.  Usar termos como “fase” ou “estágio” ou “confuso” ou “em cima do muro” ou “bissexual” ou “gilette” ou “vira-casaca” como modo de ofender ou acusar.
  14.  Pensar que bissexuais só tenham relacionamentos comprometidos com parceiros do sexo/gênero “oposto”.
  15.  Olhar para uma pessoa bissexual e automaticamente pensar na sua sexualidade ao invés de vê-la como uma pessoa completa, inteira.
  16.  Acreditar que bissexuais estejam confusos sobre sua sexualidade.
  17.  Pressupor que bissexuais, se tivessem escolha, prefeririam estar com o sexo/gênero “oposto” para usufruírem os benefícios sociais de um par “heterossexual”.
  18.  Não confrontar uma declaração bifóbica ou piada por medo de ser identificado como bissexual.
  19.  Pressupor que bissexual signifique “disponível”.
  20.  Pensar que pessoas bissexuais terão seus direitos quando lésbicas e gays tiverem os deles.
  21.  Ser gay ou lésbica e perguntar ao seu amigo bissexual sobre seu amante quando aquele amante for do mesmo sexo/gênero.
  22.  Sentir que não pode confiar num bissexual porque eles não são realmente gays nem realmente heterossexuais.
  23.  Pensar que as pessoas se identificam como bissexuais porque é “moda”.
  24.  Esperar que um bissexual se identifique como gay ou lésbica quando estiver em relacionamento com alguém do “mesmo” sexo/gênero.
  25.  Esperar que ativistas bissexuais e organizadores minimizem os assuntos bissexuais (i.e. HIV/AIDS, violência, direitos civis básicos, lutar pelo Direito, vida militar, casamento entre pessoas do mesmo sexo, custódia de filhos, adoção, etc.) e que priorizem a visibilidade de temas “lésbicos e/ou gays”.
  26.  Evitar mencionar aos amigos que você está envolvido com um bissexual ou que trabalha com um grupo bissexual porque tem medo de que eles pensem que você seja bissexual.
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Fonte de outros recursos - http://www.biresource.org

Esse panfleto foi reproduzido e adaptado de UC Riverside LGBT Resource Center “Bissexual Basics”. Revisado em agosto/11.

Tradução para a língua portuguesa: Sergio Viula para o blog Fora do Armário


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