Os moralistas e seus esqueletos no armário: 15 vezes em que eles morderam a própria língua
Quinze vezes em que moralistas morderam a própria língua

Por Sergio Viula
É curioso — e ao mesmo tempo profundamente revelador — observar como alguns dos mais barulhentos fiscais da sexualidade alheia acabam tropeçando nos próprios discursos moralistas. São políticos, padres, pastores e líderes espirituais que ergueram bandeiras de “defesa da família tradicional”, que demonizaram a população LGBT+, que tentaram ditar regras sobre quem pode amar quem, mas que, quando as cortinas caíram, mostraram uma realidade de abusos, mentiras, exploração, crimes e contradições.
Há um padrão. E ele se repete com uma frequência que não pode mais ser ignorada.
Nesta postagem, reunimos 15 casos documentados, brasileiros e internacionais, envolvendo figuras públicas que se posicionaram contra os direitos LGBT+ — e que depois foram acusadas, flagradas ou condenadas em escândalos sexuais, muitos deles violentos. O objetivo não é sensacionalismo; é deixar evidente a hipocrisia de quem tenta restringir direitos enquanto comete, nas sombras, exatamente aquilo que condena publicamente ou algo ainda pior.
Porque, felizmente, a verdade sempre encontra uma brecha para sair do armário.
1) Pastor Marco Feliciano (Brasil)

Deputado federal e pastor, conhecido nacionalmente por declarações contra pessoas LGBT+. Em agosto de 2016, foi denunciado pela estudante Patrícia Lélis, que o acusou de tentativa de estupro e cárcere privado. A denúncia rendeu investigação policial e enorme repercussão. O caso gerou disputas judiciais, versões conflitantes e novos episódios em 2022, quando a denunciante voltou a falar sobre o episódio nas redes. Apesar das controvérsias processuais, o episódio marcou profundamente sua imagem e expôs contradições dentro do discurso moralista que sempre adotou.
2) Padre Frederico Cunha (Brasil/Portugal)

Condenado em Portugal em 10 de março de 1993 pelo homicídio do adolescente Luís Miguel, de 15 anos, em um caso permeado por relatos de abuso sexual. Após fugir da justiça portuguesa, viveu por anos no Brasil. Em 29 de fevereiro de 2024, o Vaticano publicou sua demissão do estado clerical. Seu caso é um dos mais emblemáticos da combinação entre violência sexual, abuso de poder religioso e um longo histórico de impunidade.
3) Pastor Marcos Pereira da Silva (Brasil)

Pastor e fundador da Assembleia de Deus dos Últimos Dias, famoso por discursos “contra o pecado” e por pregar supostas “curas espirituais”. Em 7 de maio de 2013, foi preso preventivamente após ser acusado por múltiplas fiéis de estupro e coerção espiritual. Em 12 de setembro de 2013, foi condenado em primeira instância a 15 anos de prisão. Seu ministério ficou marcado por denúncias de cárcere privado, agressões, ameaças e manipulação emocional.
4) João Batista dos Santos (Brasil)

Líder religioso condenado por praticar estupro contra uma adolescente de 13 anos sob justificativa de “cura” da sexualidade da vítima. Em 15 de setembro de 2020, recebeu pena de 20 anos e 6 meses pelo crime. O caso é particularmente chocante por envolver ideologia de “cura gay” como ferramenta de violência.
5) Pastor Ted Haggard (EUA)

6) Pastor Jimmy Swaggart (EUA)

7) Televangelista Jim Bakker (EUA)

Fundador do PTL Club e figura moralista da TV cristã norte-americana. Em 1987, explodiu o escândalo envolvendo pagamento secreto para silenciar Jessica Hahn, que o acusava de abuso. Em 1988, foi indiciado por fraude, e em 1989, condenado a 45 anos de prisão, posteriormente reduzidos. Apesar de a condenação principal ter sido financeira, o caso sexual desencadeou toda a queda pública.
8) Pastor Bill Hybels (EUA)

9) Líder evangélico Jerry Falwell Jr. (EUA)

10) Deputado Wes Goodman (EUA)

Deputado estadual de Ohio e ativista “pró-família”, com discurso explicitamente anti-LGBT+. Em novembro de 2017, foi flagrado mantendo relações sexuais com um homem em seu próprio gabinete legislativo. Renunciou imediatamente. Investigações posteriores mostraram outros casos de assédio e conduta sexual imprópria.
11) Evangelista Ravi Zacharias (Internacional)

Apologista cristão conservador com grande influência global. Após sua morte em maio de 2020, denúncias começaram a surgir. A RZIM encomendou uma investigação independente, cujo relatório, divulgado em fevereiro de 2021, confirmou múltiplos casos de abuso sexual, exploração e manipulação espiritual. O escândalo implodiu o ministério internacional.
12) Líder espírita Kléber Aran Ferreira da Silva (Brasil)

Líder espiritual brasileiro condenado por agressões e abuso sexual de seguidoras. Em 7 de novembro de 2024, foi condenado pela Justiça da Bahia a 20 anos e 5 meses de prisão. O caso ganhou destaque nacional pela estrutura hierárquica coercitiva criada em torno de seu nome, típica de líderes manipuladores que exploram vulneráveis.
13) Médium João de Deus — João Teixeira de Faria (Brasil)

Médium internacionalmente famoso, atraía multidões à cidade de Abadiânia. Em dezembro de 2018, dezenas de mulheres o denunciaram por estupro e abuso sexual. Foi preso em 16 de dezembro de 2018. Nos anos seguintes, acumulou diversas condenações, totalizando centenas de anos de pena em primeira instância. Seu caso se tornou um dos maiores escândalos de abuso espiritual e sexual da história do Brasil.
14) Pastor Sérgio Amaral Brito (Brasil)

Pastor, autodeclarado psicanalista e terapeuta. Preso em 16/12/2021, teve prisão preventiva decretada em 14/01/2022 por abusar sexualmente de ao menos oito mulheres durante supostas sessões terapêuticas. Utilizava o chamado “abraço terapêutico”, além de pedir fotos íntimas, lingerie e contato físico invasivo como suposto “tratamento”.
15) Ryan J. Muehlhauser (Estados Unidos)

Pastor de Minnesota ligado a organização cristã anti-gay. Preso em novembro de 2012, responde a oito acusações criminais por abusar sexualmente de dois homens durante sessões de suposta “cura gay”. Os abusos ocorreram entre 2010 e 2012. Casado e pai de dois filhos, usava seu papel religioso para manipular as vítimas, que acreditavam estar recebendo aconselhamento espiritual legítimo.
Conclusão: A máscara sempre cai — e o amor sempre vence
Cada um desses casos expõe algo profundo: não é sobre moral, nem sobre fé, nem sobre família. É sobre controle. É sobre usar a religião e a política como ferramentas para perseguir, humilhar e restringir direitos — enquanto, por trás das cortinas, esses mesmos “guardiões da moral” cometem abusos, mentem para seus seguidores e violam exatamente aquilo que dizem defender, mas o que defendem de fato é a exclusão de pessoas honestas que apenas querem viver suas vidas autenticamente, sejam elas lésbicas, gays, bissexuais, transgêneras, intersexuais, assexuais, etc. (LGBTQIA+).
A boa notícia?
Eles estão caindo.
Um por um.
Enquanto isso, a comunidade LGBT+ segue avançando, ocupando espaços, conquistando direitos, vivendo amores reais, construindo famílias reais — sem precisar esconder nada, sem mentir para ninguém, sem destruir vidas para preservar aparências.
No fim das contas, quem vive no armário da hipocrisia sempre será vencido pela luz da verdade.
E essa luz hoje se chama diversidade, igualdade, justiça e democracia.

Continuemos firmes contra o fascismo, contra o fundamentalismo — e sempre ao lado do amor em todas as suas formas. E contra os abusadores de qualquer espécie, a Lei!










Comentários
Postar um comentário
Deixe suas impressões sobre este post aqui. Fique à vontade para dizer o que pensar. Todos os comentários serão lidos, respondidos e publicados, exceto quando estimularem preconceito ou fizerem pouco caso do sofrimento humano.