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Junho: Orgulho LGBT. A luta continua!

Junho - mês do Orgulho LGBT


Por Sergio Viula


Junho é o mês do Orgulho LGBT. E, felizmente, isso já não é novidade para muita gente.

Graças a muita coragem e resiliência por parte da comunidade LGBT e aliados, a visibilidade dessa luta por direitos fundamentais, que não admite a assimilação compulsória ditada pela heteronormatividade através das mais diversas instituições, especialmente a família, a escola e a religião (e por religião, refiro-me especialmente ao discurso religioso dominante), ganhou espaço em praticamente todos os lugares.

Porém, o que muitas pessoas ainda não compreendem é que a celebração do Orgulho LGBT, por si só, indica que ainda temos lutas a travar. Trata-se de demandas por coisas geralmente consideradas como dadas e garantidas por boa parte das pessoas heterossexuais e cisgêneras. Mas, não. Essas coisas não estão automática e igualmente garantidas às pessoas LGBT.

Primeiro, porque todo direito precisa ser garantido por meio de leis que o assegurem e que punam aqueles que os violarem.

Segundo, porque associada a essa legislação que garante os direitos, é preciso educar para a igualdade de direitos na diversidade de sujeitos. É preciso, outrossim, fomentar uma atmosfera cultural que ensine todo cidadão a valorizar, exigir e respeitar esses direitos desde cedo, seja para si mesmo, seja para outro, independentemente de quem ele seja.

No Brasil, graças a conchavos com setores homofóbicos e transfóbicos, principalmente com os segmentos fundamentalistas - político vai, político vem -, a gente continua tendo que recorrer aos tribunais para garantir o cumprimento da Constituição.

Foi exatamente isso que se deu com a legalização das uniões civis homoafetivas. Foi preciso que o STF evocasse o princípio constitucional da isonomia de direitos para que as uniões civis homoafetivas fossem reconhecidas juridicamente, culminando no reconhecimento do casamento plenamente igualitário, como regulamentado pelo Conselho Nacional de Justiça e estabelecido como regra para os cartórios em todo o país.

Novamente, é isso que estamos vendo no tocante à criminalização da homofobia e da transfobia, levada à corte máxima do país para que tais crimes (não tipificados no código penal por má vontade e morosidade do Congresso) sejam equiparados aos crimes de racismo, matéria que já conta com seis votos a favor dessa demanda entre os ministros do STF.

Mas até mesmo nessa esfera de poder, geralmente considerada técnica e centrada na obediência à Constituição em sua letra e espírito, vê-se claramente a interferência de setores fundamentalistas e de outros anacronicamente conservadores. É visível a condescendência do ministro Tófoli para com lobistas dos setores evangélicos e para com o próprio presidente da república, homofóbico contumaz e capaz de dizer que preferia ter um filho morto a ter um filho gay, entre outras peças de estupidez para além de qualquer limite, até mesmo para um completo ignorante como ele.

Outros ministros do STF têm reagido à covardia de Tófoli. Covardia inexplicável, diga-se de passagem, uma vez que a maioria dos ministros já votou pela criminalização da homofobia e da transfobia. Tófoli poderia simplesmente fazer como Pilatos, e lavar as mãos, mas não. Parece que ele prefere se vender como Judas a um sinédrio de satanás, metáfora para o que veio a ser conhecido como bancada evangélica no Congresso. A pergunta que não quer calar: a troco de quê?

O projeto civilizatório não pode parar, especialmente diante de forças tão obscurantistas como estas que se encontram no poder executivo e legislativo em nível federal atualmente. Mas, não é só lá. Em termos de Rio de Janeiro, estamos cercados de incompetência e banditismo nos poderes executivo e legislativo. E pela omissão diante de tantos desmandos por aqui, é possível que até mesmo o judiciário, em nível estadual e municipal, também esteja comprometido. O que dizer de outras cidades menores e menos visíveis?

Por essas e outras, celebremos o mês do Orgulho LGBT com mais vigor ainda!

Lotemos as ruas, as praças, os calçadōes à beira-mar com as cores do arco-íris, com nossas bandeiras lindas e tremulantes, com nosso povo cantante e dançante, com nossos gritos de "chega de homofobia", "basta de transfofobia", "criminaliza, STF", com nosso afeto em forma de abraços entre amigos, beijos apaixonados entre ficantes, namorados, casados, etc., com nossos filhos e filhas, nossos pais e mães, nossos avôs e avós. Celebremos a força e a coragem para resistir e para viver plenamente omc todas as cores que compõem o nosso arco-íris.

Mas, cuidado! NÃO NOS ALIEMOS A PARTIDOS OU FIGURAS POLÍTICAS ESPECÍFICAS em nossas marchas. A esmagadora maioria deles, mesmo dizendo que nos defende, não dá a mínima para a nossa luta de fato.

Que esses partidos entendam a força do arco-íris da diversidade sexual e das identidades e/ou expressões de gênero não serão usadas por manipuladores hipócritas e vendidos.

Que todos entendam claramente que não nos fazem favor algum quando apoiam nossas demandas, pois é obrigação de qualquer partido ou político, eleito ou aspirante a um mandato, estar genuinamente comprometido com a democracia e com os direitos humanos, e abraçar as demandas da comunidade LGBT por igualdade na diversidade.

Vale lembar que muitos do que já passaram pelo poder - e que por isso mesmo, tiveram a oportunidade de legalizar o casamento igualitário e de criminalizar a homofobia - NÃO o fizeram por causa de acordos igualmente escusos com essa corja fundamentalista que diz estar coberta (imaginariamente) pelo sangue de Jesus, enquanto ajuda a derramar o sangue de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e outros transgêneros através de discursos que desumanizam essas pessoas por todos os meios possíveis. Não apenas desumanizam, mas demonizam essas pessoas e seus afetos.

Se Jesus estiver correto quando supostamente diz que "o diabo veio para matar, roubar e destruir", então essa gente é que faz as vezes de diabos de fato, pois promovem a morte, o roubo e a destruição de pessoas conhecidas e desconhecidas cada vez que se mobilizam para difamá-las ou impedir a reconhecimento de seus direitos.


28 DE JUNHO: DIA DO ORGULHO LGBT.
PONHA SUAS CORES NA RUA!

E QUE SEJAM AS DO ARCO-ÍRIS.

Ministra Damares, diálogo só ser for para isso aqui.

Por Sergio Viula


Aliança Nacional LGBTI promove reunião com a ministra Damares Alves em 19/12/18.


Uma polêmica que certamente interessa e beneficia muito ao governo fascista que se inicia em 01/01/19 instalou-se no seio do Movimento LGBT. Sem qualquer proposta pró-LGBT e com muito discurso de ódio contra lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros, a representante do governo Bolsonaro para os Direitos Humanos, quase tão caluniados quanto a comunidade LGBT e suas demandas, Damares Alves, espertamente conseguiu ficar literalmente 'bem na foto' depois que alguns ativistas LGBT se reuniram com ela semana passada.

A propaganda positiva e gratuita para esse governo fascista despertou a fúria de muitas pessoas LGBT e heterossexuais cisgêneras nas redes sociais.

Sem qualquer contrapartida que beneficiasse a comunidade LGBT, o governo colheu louros olímpicos sem ter percorrido um centímetro no velódromo dos direitos humanos aplicados aos humanos LGBT, enquanto pôde degustar a contemplação de um cisma entre quem batalha por avanços reais nas pautas dos Direitos Humanos.

Alguns acreditam que uma reunião com gente como a pastora e ministra Damares seja sinônimo de diálogo produtivo. Entre os tais, existem os otimistas, os desesperados, os ingênuos e os oportunistas - só para citar quatro.

Os otimistas sempre acham que tudo tende a melhorar, não importa o que aconteça. Até mesmo um presidente fascista e promotor de ódio poderia ser útil em alguma medida.

Os desesperados querem se agarrar a qualquer suposto fio de esperança. É como se qualquer chinelo flutuando numa enchente já fosse um bote salva-vidas. Portanto, um mero aceno da ministra é compreendido como interesse genuíno numa causa que ela sempre execrou.

Os ingênuos são como ovelhas que confundem lobos com cães pastores, apesar de eu mesmo nunca ter ouvido que tal coisa tenha acontecido no mundo dos ovinos e dos canídeos. Sentem-se seguros ao lado de quem vai devorá-las na primeira oportunidade.

Os oportunistas, como o termo mesmo indica, tiram partido das circunstâncias para obtenção de algo. Esse 'algo' pode ser de interesse geral ou de interesse meramente particular.

No caso da foto em questão e da participação de Toni Reis, com direito à bandeira do arco-íris, penso que tenha acontecido uma combinação dessas quatro atitudes. Quero crer - pelo belo histórico de luta que Toni Reis e seu marido David Harrad têm construído - que ele e os ativistas que o acompanhavam tenham sido otimistas demais, estejam desesperados por reverter o estrago que foi a eleição de um fascista como novo presidente, sejam suficientemente ingênuos para acreditar no canto dessa sereia carnívora que é a fundamentalista Damares, e que tenham sido oportunistas no melhor sentido - aquele que se refere a tirar partido das circunstâncias (a suposta abertura de Damares ao diálogo) para a obtenção de algo que nos interesse como segmento populacional.

De qualquer modo, é inegável o estrago que uma foto como aquela já nos causou.

Que tipo de diálogo seria do interesse de grande parte da comunidade LGBT, então?

1) Queremos o diálogo que esteja disposto a afirmar os direitos das pessoas LGBT no espaço escolar. Os estabelecimentos de ensino precisam reconhecer as pessoas LGBT na comunidade escolar e promover sua segurança, sejam alunos, pais ou mães de alunos, professores e outros profissionais que atuam para o seu bom funcionamento. O novo presidente sempre desprezou e difamou qualquer esforço nesse sentido. Sua oposição ao Projeto Escola sem Homofobia é conhecida de todos, especialmente depois de todas as fakes news sobre um suposto 'kit gay homossexualizador de criancinhas' promovidas por ele e seu clã.

2. Queremos o diálogo que esteja disposto a promover a inclusão das pessoas LGBT no mercado de trabalho, especialmente as pessoas travestis e transexuais. Empresas que promovem políticas de inclusão e crescimento profissional para LGBT deveriam receber algum tipo de incentivo, enquanto empresas que discriminam candidatos ou funcionários com essas características ou que toleram a discriminação por parte de outros colaboradores e/ou fornecedores deveriam ser penalizadas. Fundamentalistas e fascistas geralmente alegam que querem ter o direito de empregar quem bem entenderem, mas isso geralmente significa não empregar pessoas LGBT mesmo que sejam competentes e aptas, simplesmente porque são LGBT.

3. Queremos o diálogo que esteja disposto a garantir o direito à moradia de pessoas sexodiversas e/ou transgêneras, bem como famílias compostas por casais homoafetivos e/ou pessoas trans. O novo presidente já disse que pessoas LGBT morando na vizinhança desvalorizam os imóveis adjacentes.

4. Queremos o diálogo que esteja disposto a garantir e facilitar a formação de famílias homoparentais ou formadas por pessoas trans como entidades jurídicas com direitos plenos - o que inclui o reconhecimento desburocratizado de dois pais ou de duas mães nas certidões dos filhos adotados ou gerados por uma das partes apenas. Precisamos de leis que protejam os acordos firmados entre casais homoafetivos e mulheres interessadas em prestar o serviço de 'barriga solidária' ou de doação de óvulo, bem como de homens interessados em doar esperma, vetando qualquer recurso para reivindicação de maternidade ou paternidade por parte destes. O novo presidente já disse que preferiria um filho bandido a um filho gay - o que nos permite imaginar que ele também preferisse um pai bandido a um pai gay. Como acreditar que seu governo trabalhará para garantir os direitos dessas famílias?

5. Queremos o diálogo que esteja disposto a promover o resgate e a inclusão social da população LGBT de rua, muitas vezes alijada de casa por LGBTfobia doméstica. O novo presidente já disse que ter filho gay é falta de porrada e que surra pode mudar 'filho gayzinho'. É justamente esse tipo de violência doméstica, entre outros, que leva muitas crianças e adolescentes à situação de rua. Os agressores domésticos devem ser responsabilizados juridicamente e as vítimas devem ser conduzidas a casas de apoio preparadas para atender a esse segmento populacional, uma vez que as casas e abrigos existentes muitas vezes reproduzem LGBTfobia contra esses abrigados. Treinamento para atendimento à população LGBT desabrigada e supervisão para garantir que tais pessoas sejam devidamente atendidas devem ser uma constante.

6. Queremos o diálogo que esteja disposto a promover políticas de saúde voltadas para as pessoas LGBT, principalmente pessoas trans com suas especificidades. O novo presidente apoiou a PEC da redução de investimentos em saúde pública e nunca retirou esse apoio. Seu plano de governo, de 81 páginas, não diz nada sobre saúde da mulher trans ou do homem trans. Pelo contrário, em discurso sobre a 'superioridade' das escolas militares, o novo presidente (ainda candidato) disse que "a malfadada ideologia de gênero [diz] que ninguém nasce homem ou mulher, que isso é uma construção da sociedade. Isso é uma negação a quem é cristão e acredita no ser humano." Ele chama de 'ideologia de gênero' qualquer pensamento ou ação que vise a reduzir as restrições para a livre expressão de gênero por parte de qualquer cidadão, especialmente menores de idade.

7. Queremos o diálogo que esteja disposto a garantir a vida da população carcerária LGBT. Prisioneiras e prisioneiros LGBT correm graves riscos quando convivem com outras prisioneiras ou prisioneiros, muitos dos quais LGBTfóbicos, especialmente quando estes pertencem a facções criminosas, sejam traficantes ou milicianos. A ideia de que bandido bom é bandido morto é força motriz para o descaso diante da tortura e do assassinato de prisioneiros em geral. Como esperar algo melhor quando se trata da tortura e/ou da morte de prisioneiros LGBT, sejam elas perpetradas por funcionários do próprio sistema prisional ou por prisioneiros LGBTfóbicos?

8. Queremos o diálogo que esteja disposto a investir na prevenção ao HIV-AIDS e na qualidade de vida das pessoas HIV+ no que se refere à assistência de saúde por meio de atendimento com infectologistas e amplo acesso aos retrovirais, mesmo nas regiões mais remotas do país. Chega de atendimento com clínicos gerais em unidades de saúde totalmente desvinculadas de qualquer 'cultura' relacionada às necessidades dos portadores do vírus HIV, profundamente ignorantes em relação às melhores práticas nesses atendimentos. Em entrevista à apresentadora e atriz Mônica Iozzi, o novo presidente (ainda deputado) disse o seguinte: "Uma pessoa que vive na vida mundana depois vai querer cobrar do poder público um tratamento que é caro... Se não se cuidou, o problema é deles". Além de descabida e incompatível com as funções de um político, se esse princípio absurdo for aplicado a qualquer outro quadro de saúde, inclusive o de alguns tipos de câncer, muitos deles preveníveis, a maioria da população ficará relegada ao abandono, apesar de pagar impostos que deveriam garantir esse e outros serviços públicos a todos os cidadãos.

9. Queremos o diálogo que esteja disposto a criar e manter centros de apoio à cidadania de pessoas LGBT ou de setores voltados para tal em centros já existentes, de modo que cidadãos LGBT que estejam em busca de orientação sobre os serviços públicos possam ser orientados e encaminhados em suas demandas e necessidades, estejam elas enquadras nos oito itens acima ou não. Esses centros precisam apoiar principalmente pessoas vítimas de LGBTfobia ou que estejam contemplando o suicídio por causa das pressões a que são submetidas por serem lésbicas, gays, bissexuais ou transgêneras. O novo presidente, quando ainda era deputado e articulava sua eleição como presidente, afirmou que tinha orgulho de dizer que é homofóbico e que em seu governo os LGBT "não terão sossego".

Diante de tudo isso, a pior coisa que nos poderia acontecer antes da posse do novo presidente seria conceder à pastora fundamentalista e substituta de Magno Malta, inúmeras vezes flagrada vociferando contra a comunidade e o movimento LGBT, uma foto segurando o bandeira do arco-íris com os dentes amostra como um jacaré que já sente o gosto da garça que ignora o perigo. Damares Alves precisa fazer mais do que dizer meia-dúzia de palavras (agora) simpáticas às pessoas LGBT. Enquanto isso, o Grupo Gay da Bahia (GGB) registrou 34,7 casos de homofobia por mês, entre janeiro e outubro de 2018, ou seja, uma média de 1,15 casos por dia.



Jacaré americano captura com sucesso uma "garça nevada" (Egretta thula)


O diálogo, que não deve ser recusado, vai muito além de um aceno demagógico por parte da ministra representante do presidente fascista e de uma inconsequente foto que mais parece apoio gratuito a um governo suspeito em tudo o que diz respeito aos Direitos Fundamentais da Pessoa Humana.

Um recado para o novo presidente: https://www.recado.alloutbrasil.org/

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