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SERGIO VIULA NA REVISTA SOU MAIS EU: Resposta aos comentários feitos nos dois primeiros dias.

Por Sergio Viula
Atualização em 05/02/2020


Essa foi a capa da revista impressa que publicou 
minha primeira entrevista para 'Sou Mais Eu!'



Acredito que a matéria não esteja mais disponível online, pois me parece que a revista foi encerrada.

Essa postagem se referia à revista Sou Mais Eu, que publicou uma entrevista comigo sob o seguinte título: Fui pastor e tentei curar gays... Até que saí do armário! 

Isso foi em 2017, se não me engano, e foi a segunda vez que eles me entrevistaram. A primeira foi para a edição impressa da revista.

Felizmente, eu tenho por hábito guardar os textos das entrevistas para veículos online. Por isso, pude resgatar essa. Leia abaixo:


Fui pastor e tentei curar gays... Até que saí do armário!

Após 18 anos de luta contra meus desejos, percebi que não se deixa de ser gay. Me assumi e parei de doutrinar outros homossexuais


Reportagem: Luiza Furquim (com colaboração de Luiza Schiff)

Me aceitar do jeito que sou me fez ver beleza na vida e nas pessoas. Sinto como se vivesse num canto iluminado do mundo. 

Crédito: Reportagem: Luiza Furquim (com colaboração de Luiza Schiff)

Não existe cura gay. 

Ex-gay é uma coisa tão real quanto vaca que voa. Vai por mim! Lutei contra o meu desejo por mais de 18 anos, tempo que dediquei à obra de Deus. Sim, eu sou gay. Mas também estudei teologia e virei pastor. Dei meu tempo e dinheiro à Igreja evangélica. Sempre que achava que estava curado, o desejo voltava. Fui até conselheiro de um grupo de “reversão de homossexualidade” por sete anos e nunca vi nenhum gay virar hétero. Muito pelo contrário: vários homens lá de dentro acabavam se envolvendo.

É sério. Já houve vários casos em que membros do Moses (Movimento pela Sexualidade Sadia), do qual eu fazia parte, confessaram ter transado com outros. E hoje eu sei que isso não é prova de devassidão. Imagina um grupo cheio de homens belos, abrindo sua vida e chorando. Eles acabavam criando intimidade, um dia se abraçavam e rolava... Aconteceria o mesmo se fosse um grupo de homens e mulheres.

Tentei me curar por 18 anos

Claro que, na época, eu tentava separar esses casais. Isso foi nos anos 90, quando eu ainda me debatia contra minha própria homossexualidade. Nasci em uma família católica tradicional e cresci acreditando que ser gay fazia de mim uma pessoa de segunda categoria. Achava que iria para o inferno. Por isso, fiz o que estava ao meu alcance para me reprimir e cumprir o que se esperava de mim: casar e ter filhos. 

A verdade é que sei que sou gay desde criança. Eu não sabia o nome que isso tinha, mas já achava os meninos muito mais interessantes que as meninas. E não tinha nada de sexual nisso, porque aos 9 anos de idade eu nem sabia para que servia meu pintinho. Era só para fazer xixi mesmo. Com medo do meu comportamento, meus pais me levaram para a terapia e acabei me entregando num dos jogos da sessão. Na hora, percebi que a terapeuta sabia e também soube que ela ia contar para a minha mãe.

Fiquei com medo porque desde criança sabia que era feio ser gay. Que bicha era tudo pervertida, moralmente degenerada. Toda minha educação foi machista e homofóbica: em casa, na escola e na igreja. E, se dependesse disso, eu seria hoje o macho alfa. Mas não dá para lutar contra o desejo.

Minha primeira experiência sexual foi aos 12 anos. Estava brincando com amigos e, de repente, vi um garoto. Era como olhar um tesouro. Que menino lindo! Quando ele me chamou para brincar separado, senti que ali tinha alguma coisa, que eu não sabia o que era, mas queria. A gente transou. Foi consensual e muito gostoso.

Aos 16 anos, abandonei o catolicismo e fui para a igreja evangélica. Trabalhava como office-boy numa empresa com vários evangélicos e começou a doutrinação. Gostei do entusiasmo que eles tinham com a palavra de Deus. Conheci um pastor e fiquei maravilhado com sua educação. Aquilo tudo me encantou.

Evangélico, fiquei dois anos sem ligar para sexo

Cheguei à igreja evangélica carregando o fardo de ser gay, mas não revelei meu “problema”. Os irmãos me ofereceram conforto e acolhimento. “Deus vai cuidar de você. Ele perdoa.” A partir do dia da minha “conversão” à igreja evangélica, vivia atarefado, e até meus pais se juntaram ao culto. Por dois anos, fiquei tão envolvido com a obra que parei de pensar em sexo. Achei que estava curado. Mas meu desejo não deu trégua por muito tempo. Conheci um rapaz na igreja e ficamos. Tentei me afastar, mas estava apaixonado. Chorava toda noite perguntando a Deus por que tinha nascido assim e, já que tinha, por que isso era errado. Ficamos outra vez, mas eu achava que tinha que me esforçar mais para virar heterossexual.

Na minha cabeça da época, essa “recaída” se devia ao fato de eu ser novo na igreja. Acreditei que o que me faltava era uma relação sexual adequada, ou seja, com uma mulher. Mas, pelas leis da igreja, eu não poderia transar namorando. “Tenho que casar”, pensei. Pouco tempo depois, comecei a namorar a mulher que viria a ser minha esposa. Para mim, era a redenção. Eu ficaria livre da “tentação da carne”, da “abominação” que era ser gay.

Casei antes dos 20 anos. Minha esposa também era da igreja, uma mulher ótima.

Eu a amava e conseguia, sim, me excitar e ter relações com ela. Nós dois chegávamos ao orgasmo, inclusive, porque não sou besta. Sabia como dar prazer a ela. Achei que estava livre da homossexualidade. Curado, como se diz. Mas, aos poucos, fui percebendo que o tesão que eu sentia por ela era diferente do que eu sentia por homens.

Entrei para o seminário aos 22 anos e fui estudar teologia para virar pastor da igreja batista – diferentemente da católica, ela permite que os pastores/padres se casem. Trabalhei para a congregação de graça por anos, porque achava que aquilo dava sentido à minha vida. Recusei ofertas de emprego e até aumento de salário para conciliar meu trabalho como professor com a vida religiosa. Não falo isso para me vangloriar, mas para mostrar que tentei, de coração, seguir os princípios da religião.

Estudar teologia me ajudou a acordar. 

Antes, eu lia a Bíblia como uma verdade absoluta, sem contestação. Mas, no seminário, a gente se aprofundava a ponto de saber que a Bíblia não é uma coisa que Deus entregou pronta na mão de alguém. Foram vários textos e alguém decidiu “este serve”, “este não serve”. Um dos livros supostamente escritos por Moisés narra a morte dele. Como é que ele poderia ter escrito depois de morrer? Psicografou?!
Demorei para formular esses questionamentos, porque a pior coisa para o crente é ser blasfemador. E duvidar dos dogmas é pecar em pensamento. Eu dizia para mim: “Não vou pensar nisso. Ainda não sou teólogo formado nem com experiência o suficiente. Depois volto a essa questão.” Mas não conseguia deixar totalmente pra lá.

Os caras do grupo de cura gay se pegavam

O grupo para curar a sexualidade, o Moses, só agravou meu sentimento de que alguma coisa não estava certa. Um dos líderes do grupo era nosso garoto-propaganda, um ex-gay que teria se curado ao entrar para a igreja e arrumado uma noiva. O que pouca gente sabe é que os dois se separaram sem terem tido relações e ele continua solteiro até hoje. Eu via gays de todos os tipos. Uma vez veio um cara trazendo o sobrinho, que era uma bicha daquelas afetadas. Tive pena dele, um alvo fácil para o preconceito. Depois que o tio saiu da sala, ele me contou que tinha sido abusado por todos da família! Depois de sofrer tanto, o “demônio” era ele.

Escondíamos as recaídas dos “ex-gays”

Depois de saber de mais uma de muitas escapadas, uma das organizadoras me disse: “Sergio, será que estamos nos enganando? As pessoas não mudam!”. Nosso discurso era “Deus transforma. Deus te cura”. Só que isso não acontecia! E tinha muita má-fé envolvida, já que o grupo costumava usar como casos de sucesso os gays que se “tornavam” héteros, mas nunca mostrava o contrário. E, de 50 ex-gays que a gente via, 51 voltavam à vida de antes!

Mesmo com todas essas evidências, só resolvi me assumir e abandonar o grupo Moses depois de uma viagem a Cingapura, em 2000, pela igreja. Eu estava tentando reprimir sonhos que andava tendo com homens e só orar e jejuar não estava resolvendo. Passei um mês rezando com líderes da igreja evangélica. Ao fim da viagem, conheci um filipino por acaso e tivemos uma noite intensa. Eu estava cansado de brigar com quem eu era, mas ainda levaria dois anos para me assumir.

Saí do armário e da igreja!

Em 2002, me abri para minha mulher e passei a dormir no quarto do meu filho. Ela não aceitava. Fui à minha primeira boate gay, sozinho, e passei a noite ouvindo Madonna. Eu adorava, mas era outra coisa que eu não podia assumir na igreja. O problema é que me senti desamparado e sem amigos. Todo mundo que eu conhecia era da igreja. Me vi privado de contar histórias para meus filhos à noite antes de dormir. Aí, minha esposa pediu para voltar e topei.

Tentei essa vida hétero por mais dois anos, mas não dava certo. Saí do armário de vez em 2004, após 14 anos de casamento. Meus filhos e meu sogro foram os únicos que encararam a situação numa boa. Dessa vez consegui me adaptar porque encontrei um antigo aconselhado, gay, que me ajudou na transição ao me apresentar pessoas novas.

Vivo fora do armário há dez anos. Tive um casamento com um homem, o Emanuel, que durou sete anos e terminamos em um divórcio amigável. Levei quatro anos para ser tolerado pela minha ex e aceito pelos meus pais. Eles achavam que casa de gay tinha porta giratória, de tanto homem que entra e sai. Também pensavam que as camisinhas usadas ficavam espalhadas no corredor. Tudo bobagem!

Foi difícil superar a separação, mas em fevereiro de 2016 conheci o André no carnaval e renasci. Fui viajar para Belo Horizonte e nos apaixonamos. Em março, um mês depois, ele jogou tudo para o alto e se mudou para o Rio de Janeiro. Foi lindo. Hoje estamos vivendo juntos e muito felizes. Nossa relação é formada por parceria. E não me arrependo. Me aceitar do jeito que sou me fez ver beleza na vida e nas pessoas. Sinto como se vivesse num canto iluminado do mundo. E o melhor é que não tenho que pagar o dízimo para entrar.

Sergio Viula, 47 anos, professor, Rio de Janeiro, RJ

Fonte: http://soumaiseu.uol.com.br/noticias/superacao/fui-pastor-e-tentei-curar-gays-ate-que-sai-do-armario.phtml#.WPaH2vkrIdW

Nota: Esse link não funciona mais. Ele redireciona o leitor para a revista Caras.


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LEIA EM BUSCA DE MIM MESMO

Quem estiver interessado nessa história com muito mais profundidade poderá ler o livro EM BUSCA DE MIM MESMO, disponível no Amazon: 

https://www.amazon.com.br/Busca-Mim-Mesmo-Sergio-Viula-ebook/dp/B00ATT2VRM 




Pregadores em sala de espera só não são mais chatos por falta de espaço...



Por Sergio Viula

Fui ao escritório de direitos autorais da Biblioteca Nacional registrar uma obra e ouvi quatro crentes falando sobre suas crenças. Os quatro eram daquele tipo bem fanático. Um sabia meia-dúzia de versículos, que recitava sem o menor senso crítico. Os outros o ouviam e concordavam como se aquela fosse a mais absoluta verdade. Só que não.

Fiquei pensando em como as pessoas ‘papagaiam’ o que ouvem sem investirem o menor tempo em raciocinar sobre a validade disso tudo. E o pior é a falsa humildade pretextada cada vez que o cara diz “não sou eu que digo, é a Bíblia” ou “eu não sou nada, sou só um servo”. Na verdade, ele se acha o porta-voz de deus – o que supostamente o coloca numa posição mais elevada que os outros.

E a repetição da frase “…porque não somos bastardos, somos filhos”? É muita carência emocional. Muita necessidade de pai, carai! Vê se cresce, bebezão.

É engraçado que todo mundo se veja como intérprete fiel da Bíblia e que acredite ter a verdade final sobre cada letra posta ali. Gente que é incapaz de interpretar corretamente uma questão do Enem, mas se sente doutor em textos antigos, traduzidos a perder as contas, cheio de pontos controversos, que encontram contradições, sobras ou faltas quando se comparam manuscritos antigos – o que não significa ‘originais’, como dizem muitos indoutos no assunto. Não existem originais. Nem mesmo um sequer. Os mais antigos são cópias, de cópias de cópias e apresentam várias discrepâncias entre si.

Stephen Fry: A Igreja Católica não é uma Força para o Bem

O brilhante Stephen Fry: ator, autor, 
produtor de cinema, comunicador
 

Neste dia 17/07/13, a Rainha Elizabeth concedeu sua aprovação ao casamento igualitário na Inglaterra e no País de Gales. A lei passou por todo o processo legislativo na Casa dos Comuns e na Câmara dos Lords. Pensando nisso e pensando na visita do Papa Francisco ao Brasil por ocasião da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), decidi tomar o tempo necessário para traduzir e legendar esse vídeo de 2009, no qual Stephen Fry fala diante de clérigos e leigos sobre por que a Igreja Católica não é uma força para o Bem.

Como você verá, há um momento no vídeo em que ele fala sobre a homossexualidade de modo tocante e belo. Você certamente verá por que me refiro à vitória da igualdade na Inglaterra hoje e à expectativa da visita do chefe máximo do Vaticano.

Assista com atenção até o final. Vale cada minuto.

VIDEO AQUI:

https://youtu.be/kDOGMM9IaT0

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Veja uma transcrição em português e em inglês abaixo:


Português

Contextualizção:


Este discurso foi proferido por Stephen Fry, ator, escritor e intelectual britânico, durante um debate realizado em 2009 na Universidade de Oxford, promovido pela organização Intelligence Squared. O tema debatido era: "A Igreja Católica é uma força para o bem no mundo?". Ao lado de Fry, o jornalista e crítico Christopher Hitchens também argumentou contra a moção, enquanto Ann Widdecombe e John Onaiyekan, arcebispo católico, defenderam a posição pró-Católica. Esse evento foi marcado por um debate caloroso sobre a influência histórica, social e política da Igreja Católica, abordando temas como abuso de poder, controle sobre questões morais e sexuais, e o impacto de suas doutrinas na vida de pessoas ao redor do mundo.


Por favor, leia o discurso abaixo:

Existem ocasiões, como Gwendolyn observou em A Importância de Ser Prudente, em que se torna mais do que um dever moral expressar o que pensamos; torna-se um prazer. E esta é uma dessas ocasiões, com meu confiável parceiro ao meu lado. Estou muito orgulhoso de estar aqui, mas também muito nervoso, muito preocupado. Estive nervoso o dia todo, e a razão disso é bastante simples: esta moção é importante para mim. Ela importa profundamente. Não é uma piada, não é um jogo, não é apenas um debate. Eu genuinamente acredito que a Igreja Católica não é, para dizer o mínimo, uma força para o bem no mundo. E, portanto, é importante para mim tentar organizar meus argumentos da melhor maneira possível para explicar por que penso assim.

Mas quero, antes de tudo, dizer que não tenho nenhuma desavença, nenhum argumento, e não desejo expressar nenhum desprezo por membros devotos e piedosos dessa Igreja. Eles têm direito a seus sacramentos, às suas relíquias e à sua Bem-Aventurada Virgem Maria. Eles têm direito à sua fé, à importância que atribuem a ela, ao conforto e à alegria que recebem dela. Tudo isso é absolutamente aceitável para mim. Seria impertinente e errado expressar qualquer antagonismo contra qualquer indivíduo que deseje encontrar salvação na forma que escolher. Isso, para mim, é tão sagrado quanto qualquer artigo de fé é sagrado para qualquer pessoa de qualquer igreja ou crença no mundo. Isso é muito importante.

Também é muito importante para mim, como acontece, que eu tenha minhas próprias crenças. Elas estão enraizadas no Iluminismo. São uma crença na eterna aventura de tentar descobrir a verdade moral no mundo. Descobrir. É uma palavra terrivelmente importante à qual podemos retornar. É uma luta. É uma luta empírica. É uma luta que começou no meio do último milênio. Recebeu o nome de Iluminismo. E não há nada, infelizmente, que a Igreja Católica e seus hierarcas gostem mais de fazer do que atacar o Iluminismo. Fizeram isso na época. Foi mencionada a referência a Galileu e ao fato de que ele foi torturado por tentar explicar a teoria copernicana do universo.

A história, como nos lembrou Ann Widdicombe, é irrelevante. Não é importante. Tudo o que importa agora é que bilhões de libras saem desta extraordinária instituição para aliviar os pobres ao redor do mundo e tornar o mundo um lugar melhor. A história não tem importância alguma. Bem, eu discordo. A história ressoa e vibra em todos nós nesta sala, neste quilômetro quadrado. Vamos pensar sobre este quilômetro quadrado. Voltarei a isso em um momento.

Mas primeiro, Christopher mencionou o limbo. Parece tão tedioso e tão bobo, um daqueles pequenos jogos casuísticos que tomistas e outros jogam. Tomás de Aquino e Agostinho de Hipona propuseram essa ideia extraordinária de que bebês que não eram batizados não conheceriam o céu. Também propuseram a ideia do purgatório, que não existe na Bíblia. Não há absolutamente nenhuma evidência para isso. No entanto, que golpe extraordinário e brilhante imaginar algo como o purgatório, que uma alma precisa de orações para ir ao céu, para virar à esquerda ao entrar no avião do céu e conseguir um assento na primeira classe. Que precisa ser rezado por ela e... durante muitos séculos, de fato mais de mil anos, você ficaria surpreso com as condições generosas dessas orações. Às vezes, apenas dois terços do salário de um ano podiam garantir que um ente querido morto iria para o céu. E o dinheiro podia garantir que seu bebê, seu filho morto, seu tio morto, sua mãe morta pudessem ir para o céu. E se você fosse rico o suficiente, poderia construir uma capela e monges cantariam orações permanentemente para que aquela existência no céu subisse, subisse, até que estivessem à mesa do Senhor.

Agora, tudo isso está no passado e é irrelevante. Concedo a Ann Widdicombe o quão irrelevante isso é, exceto por uma coisa. Esta igreja é fundada no princípio da intercessão. Somente através da sucessão apostólica, somente pela imposição das mãos daquele carpinteiro galileu, a quem todos podemos admirar, pela imposição das mãos em seus apóstolos, em São Pedro, nos outros bispos, até todos os consagrados nesta sala, qualquer um ordenado aqui sabe que tem esse poder extraordinário de transformar as moléculas do vinho em sangue, literalmente, de transformar as moléculas do pão em carne, literalmente, e de perdoar os pecados dos camponeses e pobres que eles rotineiramente exploram ao redor do planeta.

Somente esta igreja tem esse extraordinário princípio de que é por meio desses padres homens, e apenas homens, que isso é concedido. Isso é um fato doutrinário. É mais do que um fato doutrinário. É um dogma. Extra Ecclesiam Nulla Salus. Fora da igreja, não há salvação. Este é um dogma da igreja que tem sido usado para justificar todo o zelo missionário, todo o estupro e tortura dos astecas e incas, todos os horrores da América do Sul, África, Filipinas e o restante do mundo, aos quais outras igrejas e culturas também têm suas culpas a admitir. Não é exclusivo da Igreja Católica, e nunca disse que era, e a moção não diz que era, ou pelo menos a oposição à moção não atribui exclusivamente à Igreja Católica este pecado.

No entanto, a natureza particular da exploração dos pobres, dos vulneráveis e dos jovens. Se eu fosse falar com um padre agora, acredite, esse padre seria o mais mundano, encantador, autodepreciativo e esnobe, no estilo de Ronald Knox ou Alfred Gilbey. Ele seria adorável. Fumaria, veja só, que ousado. Seria um tipo de "ha-ha-ha, que maravilha", e a superstição e os absurdos que lemos sobre a igreja seriam completamente minimizados. Não dê atenção, diriam. Apenas se junte à Farm Street ou à Brompton Oratory e tenha um tempo maravilhoso como católico, e tudo será encantador e esplêndido. Mas seja pobre e ignorante... Ah, meu Deus, aí cada detalhe de condenação, pecado original e qualquer possibilidade de pensar por conta própria será incansavelmente imposto sobre você.

Disse para pensarmos neste quilômetro quadrado. Imagine quantas pessoas foram queimadas por lerem a Bíblia em inglês. E um dos principais responsáveis por queimar e torturar aqueles que tentaram ler a Bíblia em inglês aqui em Londres foi Thomas More. Talvez você saiba, se leu o romance Wolf Hall, vencedor do Man Booker Prize recentemente. Isso foi há muito tempo e, segundo alguns, não é relevante. Exceto que foi apenas no último século que Thomas More foi declarado santo, e somente no ano 2000 o último papa, João Paulo II, o proclamou padroeiro dos políticos.

Este é um homem que colocou pessoas no cavalete de tortura por ousarem possuir uma Bíblia em inglês. Ele as torturou por terem uma Bíblia em sua própria língua. A ideia de que a Igreja Católica existe para disseminar a palavra do Senhor é um absurdo. Ela se apresenta como a única detentora da verdade para os bilhões que gosta de ostentar. E esses bilhões são, em sua maioria, pessoas sem educação e pobres, como a própria Igreja gosta de apontar. Mas são eles que a Igreja pode intimidar, dominar e controlar.

E aí chegamos às crianças. Bem, é fácil dizer que o mundo não sabia melhor, que não tinha conhecimento do perigo que o abuso infantil representava. Quero ler algumas palavras de Ratzinger, o atual papa. É impressionante admitir que ele é chefe de estado de um país. A propósito, Ann Widdicombe disse que a Igreja não tem o poder de um estado-nação. Sim, tem. Vocês são um estado-nação. Sim, anotei. Você mencionou isso.

Fiz três documentários sobre a AIDS na África. Meu amor especial é o Uganda, um dos países que mais amo no mundo. Estive lá muitas vezes. Entrevistei Joseph Kony, Museveni e sua esposa, Janet, antes de ela, infelizmente, "ver Deus". Houve um período em que Uganda tinha a maior incidência de HIV/AIDS do mundo. Fui a Rakai, a vila onde a doença foi identificada pela primeira vez. Mas, através de uma iniciativa incrível chamada ABC — Abstinência, Fidelidade e Uso Correto de Preservativos —, essas três abordagens tiveram um impacto significativo. Não nego que a abstinência seja um método eficaz de evitar a AIDS. Realmente é. Funciona. Assim como a fidelidade. Mas os preservativos também funcionam. E não se deve negar isso.

Este papa, este papa... não satisfeito em dizer que os preservativos são contrários à sua religião, espalha a mentira de que os preservativos aumentam a incidência de AIDS. Ele garante que a ajuda seja condicionada à rejeição dos preservativos. Estive em um hospital em Bwindi, no oeste de Uganda, onde faço bastante trabalho. É inacreditável a dor e o sofrimento que se vê lá. Sim, é verdade: a abstinência pode prevenir. Mas o estranho desta igreja é que ela é obcecada por sexo. Absolutamente obcecada. Eles dirão que nós, com nossa sociedade permissiva e piadas atrevidas, somos obcecados. Não, temos uma atitude saudável. Gostamos de sexo. É divertido. É alegre porque é um impulso primário. Pode ser perigoso, sombrio e complicado. É um pouco como comida nesse sentido, embora mais emocionante. As únicas pessoas obcecadas por comida são os anoréxicos e os obesos mórbidos. E isso, em termos eróticos, é a Igreja Católica em poucas palavras.

Tudo o que quero dizer é que estamos aqui no Methodist Hall. Não estou tentando argumentar contra a religião nesta ocasião. Entendo o desejo de qualquer pessoa de buscar recompensas espirituais em um mundo complexo e difícil de entender. Não sabemos por que estamos aqui ou para onde estamos indo. Queremos respostas. Adoramos a ideia de respostas. Como seria maravilhoso! Mas existem outras escolhas. Existem os Quakers. Quem poderia discutir com um Quaker? Com seu pacifismo, sua abertura, sua simplicidade, sua recusa em impor dogmas? Até mesmo com os Metodistas. Não estou dizendo que o Protestantismo seja a resposta contra o Catolicismo. Estou apenas dizendo que há várias maneiras de buscarmos a verdade. Você não precisa dessa panóplia imperial de mármore e ouro.

Você sabe quem seria a última pessoa aceita como príncipe da igreja? O carpinteiro galileu, aquele judeu. Eles o expulsariam antes mesmo que ele tentasse atravessar a porta. Ele se sentiria tão desconfortável na igreja. Esse homem simples e notável — se realmente disse as coisas que lhe atribuem — o que pensaria? O que pensaria de São Pedro? O que pensaria da riqueza, do poder, da autolegitimação e das desculpas evasivas? O que pensaria de um homem que se chama de "pai", um celibatário que ousa pregar sobre valores familiares? O que pensaria de tudo isso? Ele ficaria horrorizado.

Mas há uma solução. Há uma resposta. Há redenção disponível para todos nós e para cada um de nós. E para a Igreja Católica, curiosamente, acho que é algo como o que Maurice West sugeriu em um romance: o Papa poderia decidir que todo esse poder, toda essa riqueza, essa hierarquia de príncipes, bispos, arcebispos, padres, monges e freiras poderia ser enviada ao mundo, com dinheiro e tesouros de arte devolvidos aos países que outrora foram saqueados e violados, cujos sistemas originais de crença e simplicidade foram condenados como caminhos diretos para o inferno. Eles poderiam doar esse dinheiro e concentrar-se na essência aparente de sua crença.

E então, eu me levantaria aqui e diria que a Igreja Católica pode ser, de fato, uma força para o bem no mundo. Mas até esse dia chegar, ela não é.


English:


Contextualization:

This speech was delivered by Stephen Fry, a British actor, writer, and intellectual, during a 2009 debate at the University of Oxford, organized by Intelligence Squared. The debate's motion was: "The Catholic Church is a force for good in the world?" Fry, alongside journalist and critic Christopher Hitchens, argued against the motion, while Ann Widdecombe and Catholic Archbishop John Onaiyekan defended the pro-Catholic stance. The event became a heated discussion on the historical, social, and political influence of the Catholic Church, touching on topics such as abuse of power, moral and sexual doctrines, and the Church's impact on people’s lives globally.


Please find the speech below:


There are occasions, as Gwendolyn remarked in The Importance of Being Earnest, when it becomes more than a moral duty to speak one's mind; it becomes a pleasure. And this is one such occasion with my trusty hitch by my side. I am very proud to be here, but also very nervous, very worried. I've been nervous all day, and the reason I've been nervous is quite simple, and that is that this motion matters to me. It matters to me greatly. It's not a joke, it's not a game, it's not just a debate. I genuinely believe that the Catholic Church is not, to put it at its mildest, a force for good in the world. And therefore, it is important for me to try and marshal my facts as well as I can to explain why I think that.

But I want first of all to say that I have no quarrel, no argument, and I wish to express no contempt for individual devout and pious members of that Church. They are welcome to their sacraments, to their reliquaries, and to their Blessed Virgin Mary. They're welcome to their faith, to the importance they place in it, to the comfort and the joy that they receive from it. All of that is absolutely fine by me. It would be impertinent and wrong of me to express any antagonism towards any individual who wishes to find salvation in whatever form they wish to express it. That to me is sacrosanct as much as any article of faith is sacrosanct to anyone of any church or any faith in the world. It's very important.

It's also very important to me, as it happens, that I have my own beliefs. They are a belief in the Enlightenment. They are a belief in the eternal adventure of trying to discover moral truth in the world. Discover. It's a terribly important word to which we might return. It's a fight. It's an empirical fight. It's one that was begun in the middle of the last millennium. It's given the name the Enlightenment. And there is nothing, sadly, that the Catholic Church and its hierarchs like to do more than to attack the Enlightenment. It did so at the time. Reference was made to Galileo and the fact that he was tortured for trying to explain the Copernican theory of the universe.

History, as Miss Widdicombe has reminded us, is irrelevant. It's not important. All that matters now is that billions of pounds go out of this extraordinary institution to relieve the poor around the world and make the world a better place. History is of no importance whatsoever. Well, I beg to differ. History whinnies and quivers and vibrates in all of us in this hall, in this square mile. Let's think about this square mile. I'll come back to it in a moment.

But first, Christopher made mention of limbo. It seems so tedious and so silly, one of those little casuistic games that Thomists and others play. Aquinas and Augustine of Hippo both proposed this extraordinary idea that babies who were unbaptized would not know heaven. They also proposed the idea of purgatory, which doesn't exist in the Bible. There's absolutely no evidence for it. However, what an extraordinary, brilliant coup to imagine such a thing as purgatory, that a soul needs to be prayed for in order to go to heaven, in order to turn left when he enters the aeroplane of heaven and get a first-class seat. That he needs to be prayed for, and... for many hundreds, indeed over a thousand years, you'd be amazed what generous terms those prayers came at. Sometimes as little as two-thirds of a year's salary could ensure that a dead loved one would go to heaven. And money could ensure that your baby, your dead child, your dead uncle, your dead mother, could go to heaven. And if you were rich enough, you could have a chantry built, and monks would permanently sing prayers so that that existence in heaven for the child would go up and up and up until they were at the table of the Lord themselves.

Now all this is in the past and is irrelevant. I accede to Ann Widdicombe how irrelevant it is, except in one thing. This church is founded on the principle of intercession. Only through the apostolic succession, only through the laying on of hands from this Galilean carpenter, whom we can all admire, only from the laying on of hands to his apostles, to St. Peter, to the other bishops, all the way down to everyone consecrated in this room, anyone ordained here will know they have this extraordinary power to change the molecules of wine into blood, literally, to change the molecules of paste bread into flesh, literally, and to forgive the sins of the peasants and the poor whom they routinely exploit around the planet.

Only this church has this extraordinary principle that it is through these male priests, and only male priests, that this is given. It is a doctrinal fact. It is more than a doctrinal fact. It is a dogma. Extra ecclesiae nulla salus. Outside the church, there is no salvation. That is a dogma of the church that has been used to excuse all the missionary zeal, all the rape and torture of the Aztecs and the Incas, all the horrors of South America and Africa and the Philippines and the rest of the world, to which other churches and other cultures have also their guilt to admit. It's not unique to the Catholic Church, and I never said it was, and the motion doesn't say it was, or at least the opposition of the motion does not arrogate to the Catholic Church uniquely this sin.

However, the particular nature of the exploitation of the poor, the vulnerable, and the young. If I were to talk to a priest now, believe me, that priest would be the most worldly, charming, self-deprecating, snobbish, snobbish in a Ronald Knox, Alfred Gilbey sort of way. He would be lovely. He would smoke. Gosh, how daring. He would be a sort of ha-ha-ha priest, and the superstition and the nonsense that we read about of the church, it's absolute. Don't pay any attention, Stephen. Just join Farm Street or the Brompton Oratory and have a marvellous time as a Catholic, and everything is lovely and splendid. But be poor and ignorant... My goodness me, every single detail of damnation and original sin and of any possibility of your complaining or asking to think for yourself.

I said, let's think of this square mile. Just imagine in this square mile. How many people were burned for reading the Bible in English. And one of the principal burners and torturers of those who tried to read the Bible in English here in London was Thomas More. You may know if you've read the novel Wolf Hall, which won the Man Booker Prize just the other day. Now, that's a long time ago, it's not relevant, except that it was only last century that Thomas More was made a saint, and it was only in the year 2000 that the last pope, the Pole, he made Thomas More the patron saint of politicians.

This is a man who put people on the rack for daring to own a Bible in English. He tortured them for owning a Bible in their own language. The idea that the Catholic Church exists to disseminate the word of the Lord is nonsense. It is the only owner of the truth for the billions that it likes to boast about. Because those billions are uneducated and poor, as again it likes to boast about. But they are the ones it can tell and bully and domineer. And then we come to children. Well, it's all very well to say the world didn't know better. The world had no knowledge of how dangerous a crime child abuse was. I want to read you some of the words of Ratzinger, the current pope. It staggers me to admit that he is the head of state of a country. Incidentally, Anne Widdicombe said, we don't have the power of a nation state. Yes, you do. You are a nation state. Yes, I wrote it down. You mentioned that. You are a nation state.

I’ve made three documentary films on the subject of AIDS in Africa. My particular love is the country of Uganda. It’s one of the countries I love most in the world. I’ve been there many times. I’ve interviewed Joseph Togirwiri Museveni and his wife Janet before, unfortunately. She suddenly saw God. There was a period when Uganda had the worst incidence of HIV-AIDS in the world. I went to Rakai, the village where it was first spotted. But through an amazing initiative called ABC—abstinence, be faithful, correct use of condoms—those three approaches made a significant impact. I’m not denying that abstinence is a very good way of not getting AIDS. It really is. It works. So does being faithful. But so do condoms. And do not deny it.

This Pope, this Pope... not satisfied with saying condoms are against our religion, spreads the lie that condoms actually increase the incidence of AIDS. He makes sure that aid is conditional on saying no to condoms. I have been to a hospital in Bwindi, in the west of Uganda, where I do quite a lot of work. It is unbelievable, the pain and suffering you see there. Now, yes, it is true—abstinence will stop it. It’s the strange thing about this church: it is obsessed with sex. Absolutely obsessed. They will say that we, with our permissive society and our rude jokes, are obsessed. No, we have a healthy attitude. We like it. It’s fun. It’s jolly because it’s a primary impulse. It can be dangerous, dark, and difficult. It’s a bit like food in that respect, though even more exciting. The only people who are obsessed with food are the anorexic and the morbidly obese. And that, in erotic terms, is the Catholic Church in a nutshell.

All I want to say, really, is that we’re here in the Methodist Hall. I’m not trying to argue against religion on this occasion. I understand the desire of anybody to seek spiritual rewards in a complex and difficult-to-understand world. We don’t know why we’re here or where we’re going. We want answers. We love the idea of answers. How marvelous it would be. But there are other choices. There are Quakers. Who could possibly quarrel with a Quaker? With their pacifism, their openness, their ease, their simplicity, their refusal to tell anybody what is dogma and what isn’t? Even with Methodists, also. I’m not saying Protestantism is the answer against Catholicism. I am merely saying there are all kinds of ways we can search for the truth. You do not need this imperial panoply of marble and gold.

Do you know who would be the last person ever to be accepted as a prince of the church? The Galilean carpenter, that Jew. They would kick him out before he tried to cross the threshold. He would be so ill at ease in the church. That simple and remarkable man—if he said the things that he was said to have said—what would he think? What would he think of St. Peter’s? What would he think of the wealth and the power, the self-justification, and the wheedling apologies? What would he think of a man who calls himself the father, a celibate who dares to lecture people on what family values are? What would he think of any of that? He would be horrified.

But there is a solution. There is an answer. There is redemption available for all of us and any one of us. And for the Catholic Church, funnily enough, I think it’s a novel by Maurice West. The Pope could decide that all this power, all this wealth, this hierarchy of princes and bishops and archbishops and priests and monks and nuns could be sent out into the world with money and art treasures to return to the countries that they once raped and violated, whose original systems of animism and belief and simplicity they condemned as leading straight to hell. They could give that money away and concentrate on the apparent essence of their belief.

And then I would stand here and say the Catholic Church may well be a force for good in the world. But until that day, it is not.

Uma seleção de posts para quem se interessa pelo tema "Homossexualidade e Religião"




Tradução: ALGUNS CRISTÃOS SÃO GAYS. SUPERE ISSO!

Fonte: https://diversidadecatolica.blogspot.com/2012/04/dicotomias-lutas-fe-e-amor-gays-versus.html

Conheça o Diversidade Católica.
Página deles no Facebook: 

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O que Jesus não faria (FANTÁSTICO!) - dublado em português


Cansado(a) daquelas pregações cansativas que ficam exaltando a sabedoria divina supostamente revelada nas Escrituras Cristãs? Então, assista a animação logo abaixo e divirta-se!


PARQUE GOSPEL COM DINHEIRO PÚBLICO NO ACRE: DESABAFO DE "INTELECTUALÓIDE" ATEU

Sergio Viula: Só falta transformar a turma do Mickey e concorrentes em santos agora... Sorria, o Mickey te ama! hehehe



DESABAFO DE "INTELECTUALÓIDE" ATEU

https://www.altinomachado.com.br/2011/10/desbafo-de-intelectualoide-ateu.html


POR THIAGO FIAGO


O jornalista Altino Machado publicou em seu blog matéria revelando que o governador do Acre, Tião Viana (PT), pretende criar um Parque Gospel com verbas públicas, com ajuda do deputado federal Henrique Afonso (PV).

A matéria foi espalhada pelo Twitter, Facebook e a saraivada de críticas não demorou chegar.

Recomendando proselitismo e dinheiro público postagem da Maria Fro sobre o assunto, quero aqui analisar o muxoxo da Srª "advogada, evangélica e jornalista" Rachel Moreira no post "Desabafo a uma Sociedade Hipócrita":

1. Deixando de lado o apelo sentimentalista e pessoal das primeiras linhas (04 parágrafos!), ela afirma que nós, defensores das minorias, que levantamos a bandeira da igualdade (ahh, a generalização!) massacramos o governo de Tião Viana porque somos hipócritas: não nos posicionamos contrariamente à reforma da Catedral de Rio Branco, bancada com verbas públicas estaduais; o financiamento pelo Estado de todas as edições da Semana da Diversidade; os apoios financeiros ao Santo Daime e a reconstrução da Igreja Santa Inês (cujo estacionamento construído com verbas públicas é cobrado como se privado fosse).

Em primeiro lugar, é falácia de falsa analogia comparar a Semana da Diversidade (ou mesmo Paradas da Diversidade Sexual) ao Parque Gospel. O primeiro trata de políticas públicas como mecanismo de respeito e garantia de Direitos Humanos de LGBTs - o mesmo se dá com relação a eventos que discutam violência doméstica, criança e adolescente, idoso, raça etc.; já o segundo traz uma inconstitucional e promíscua aliança entre Estado e religião proibida pelo texto constitucional.

Em segundo, o erro (se houve) do financiamento público dessas obras não explica tampouco justifica o erro do financiamento do Parque Gospel. O fato de ela não considerá-lo errado também não o faz, magicamente, algo correto.

É verdade que "ações e políticas [estatais] devem atender aos interesses de todos os grupos sociais, étnicos, religiosos e políticos", mas na exata medida dos limites que a Constituição impõe: no tocante às religiões, o Estado pode, no máximo, travar uma colaboração de interesse público (como a assistência religiosa em presídios, da qual discordo, mas não vem ao caso analisar).

Eu não sou acreano e desconhecia esses financiamentos. Terei prazer de mandar uma representação ao Ministério Público do Acre para tomar as medidas cabíveis.

2. A jornalista, bem como o líder do PT acreano, LeonardoBrito, alegam que está justificado o financiamento público do parque porque 50% dos habitantes do Acre são evangélicos, segundo uma pesquisa da Secretaria de Segurança Pública. 

Desconheço qualquer outro estado em que uma Secretaria de Segurança Pública faça as vezes de instituto de pesquisa ou de IBGE para fazer esse tipo de levantamento. Tenho a leve impressão que talvez, apesar de a criminalidade ser equilibrada, o aumento de 187,3% na taxa de homicídios no estado não preocupe as autoridades acreanas. 

Particularmente, prefiro confiar nos dados da Fundação Getúlio Vargas, que no seu " Novo mapa das religiões" (2011), com base na Pesquisa de Orçamentos Familiares (2008-2009) - IBGE, aponta que os evangélicos petencostais (24,18%) e mais os evangélicos de outras denominações (12,46%) somam apenas 36,64% da população. O Acre é o estado mais evangélico do Brasil, mas não chega a 50% da população - ou seria o milagre da multiplicação dos números não explicável pela matemática? 

Ainda que assim fosse, o fato de a esmagadora maioria da população brasileira ser cristã não autoriza que o Estado deixe de lado o laicismo.

3. Quando alguém se refere a seus opositores como intelectualóide", a expressão diz mais de quem fala do que a quem se refere.

O "lóide" lembra "debilóide", "mongolóide", que remete aos que têm síndrome de Down. Não é questão de ser politicamente correto, mas com certeza para quem tem síndrome de Down (ou ter um filho portador) não é nada prazeroso ouvir esse tipo de expressão infeliz e ofensiva. E isso vale para outras palavras que remetam a esse sentido, como é o caso de "intelectualóide".

4. O apelo à divindade de Jesus ou qualquer coisa que o valha não é
argumento racional para se colocar numa discussão pública, em que está em jogo dinheiro público (não só de evangélicos!), mas a jornalista desconhece os mais básicos princípios de um debate racional, tantas e tão sofríveis são as falácias, os argumentos.

O que merecia refutação era isto. O resto é tão descartável quanto o texto todo.

É de causar, no mínimo, indignação que num Estado onde certamente há muitos problemas a ser resolvidos (educação, segurança, saúde, habitação, saneamento básico etc.) o governo de um histórico petista (cadê os princípios do partido? Por que a vista grossa dos dirigentes petistas?) se proponha a encampar tal projeto.

As igrejas evangélicas são isentas de tributos (impostos, por exemplo) e arrecadam milhões e milhões de reais todo ano com essa isenção e com o dízimo, maliciosamente se aproveitando, em regra, do sofrimento, angústia e fé dos fieis, com direito a aulas de como extorqui-los. A arrecadação é tamanha que dá para fazer lavagem de dinheiro; a grana também viaja em jatinho em malas de bispos que também são parlamentares no Brasil e no exterior.

Desde a eleição de 2010, o fundamentalismo religioso (não compartilhado por todos os religiosos, deixo claro!) tem mostrado suas asinhas no Legislativo. Está na hora de abrir os olhos e agir contra essa investida que deseja tomar o poder e sacrificar qualquer um que não compartilhe de sua crença - uma talebanização do país. Como bem diz o pastor Ricardo Gondim, "Deus nos livre de um Brasil evangélico".


Thiago Fiago é jurista e escreve no blog "Comendo o fruto proibido"

10 Grandes Problemas da Bíblia


Texto escrito por Sergio Viula para o Blog Fora do Armário

Muita gente acha que a Bíblia é inerrante, ou seja, não contém erro de qualquer espécie; que ela é infalível, ou seja, todas as suas profecias se cumprem; e que isso se deve ao suposto fato de que ela é inspirada por Deus. Se assim é, a Bíblia deveria ser testemunho de belas e boas obras de Deus e fonte de inspiração para os sentimentos mais nobres entre os homens. Não é isso que acontece, porém. Vejam apenas 10 dos grandes problemas da Bíblia aqui. Lógico que existem passagens bonitas e nobres na Bíblia, talvez não muitas, mas existem. O que provoca injustiça, violência, separatismo no mundo não são as partes que falam, por exemplo, que Deus é amor, mas aquelas que demonstram o contrário e que são sistematicamente usadas por crentes e pregadores para justificar atos desumanos em nome da fé. Vejamos alguns:



OBS: Sempre que eu disser Deus disse, Deus fez, Deus quis ou coisas semelhantes não é porque eu pense que haja um Deus que realmente disse, fez ou quis. É apenas a repetição do relato que é apresentado pela Bíblia, caso contrário um linha se tornaria um parágrafo inteiro só para justificar o uso das expressões.



I. Xenofobia (ódio a outros povos)

Desde o Gênesis, Deus já diz para Abraão que ele vai ser pai de um povo especial, eleito por Deus para ser seu povo especial. Ele também recebe promessas de que seu povo (Israel) terá o direito de invadir, matar, saquear e dominar as terras de outros povos. Para demonstrar na própria carne que Israel seria um povo à parte, Deus manda Abraão praticar a circuncisão de todos os homens e meninos. Assim, um pedaço de pele que cobre a cabeça do pênis, arrancado à faca, seria a prova de que Israel era propriedade de Jeová.

Daí em diante, odiar outros povos era somente consequência da crença nessas supostas promessas divinas. A aliança de Deus com Abraão significava que os dias de muitos povos e culturas estavam contados. Veja apenas algumas das passagens em questão:



E estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência depois de ti em suas gerações, por aliança perpétua, para te ser a ti por Deus, e à tua descendência depois de ti.

E te darei a ti e à tua descendência depois de ti, a terra de tuas peregrinações, toda a terra de Canaã em perpétua possessão e ser-lhes-ei o seu Deus.

Disse mais Deus a Abraão: Tu, porém, guardarás a minha aliança, tu, e a tua descendência depois de ti, nas suas gerações.

Esta é a minha aliança, que guardareis entre mim e vós, e a tua descendência depois de ti: Que todo o homem entre vós será circuncidado.

E circuncidareis a carne do vosso prepúcio; e isto será por sinal da aliança entre mim e vós.

O filho de oito dias, pois, será circuncidado, todo o homem nas vossas gerações; o nascido na casa, e o comprado por dinheiro a qualquer estrangeiro, que não for da tua descendência.

Com efeito será circuncidado o nascido em tua casa, e o comprado por teu dinheiro; e estará a minha aliança na vossa carne por aliança perpétua.

E o homem incircunciso, cuja carne do prepúcio não estiver circuncidada, aquela alma será extirpada do seu povo; quebrou a minha aliança.  (
Gênesis 17:7-14)

Veja que Deus diz a Israel que vai lhes dar cidades que já existiam, construídas por outros povos, e que se esses povos os influenciassem a seguir seus costumes, eles deveriam ser impiedosamente destruídos. Mesmo que apenas uns poucos homens destes povos houvessem agido assim, o povo inteiro seria trucidado. Um ataque desse tipo é igualmente violento seja no caso do Vietnã (foto) ou de qualquer cidade antiga. A diferença é que a tecnologia que os americanos (um país formado por protestantes, e que se gaba de ser uma "nação sob Deus") conquistaram maior poder destrutivo. Veja:

Quando ouvires dizer, de alguma das tuas cidades que o SENHOR teu Deus te dá para ali habitar:

Uns homens, filhos de Belial, que saíram do meio de ti, incitaram os moradores da sua cidade, dizendo: Vamos, e sirvamos a outros deuses que não conhecestes;

Então inquirirás e investigarás, e com diligência perguntarás; e eis que, sendo verdade, e certo que se fez tal abominação no meio de ti;

Certamente ferirás, ao fio da espada, os moradores daquela cidade, destruindo a ela e a tudo o que nela houver, até os animais.

E ajuntarás todo o seu despojo no meio da sua praça; e a cidade e todo o seu despojo queimarás totalmente para o SENHOR teu Deus, e será montão perpétuo, nunca mais se edificará.

Também não se pegará à tua mão nada do anátema, para que o SENHOR se aparte do ardor da sua ira, e te faça misericórdia, e tenha piedade de ti, e te multiplique, como jurou a teus pais; (Deuteronômio 13:12-17)





A ideia de que Israel é povo especial de Deus é reforçada em várias passagens, e essa mesma ideia de superioridade nacional e racial foi adotada por ditadores como Hitler (ao lado de Mussolini) na foto acima. Temos o testemunho da História de quanta desgraça pode fazer uma nação que se considera especial, acima das demais, e que não tolera a existência das demais. Israel continua sendo intolerante (vide a situação dos Palestinos), e o mesmo fazem aqueles povos do Oriente Médio, os quais têm sido influenciados através dos séculos por essa mentalidade messiânica:
Porque povo santo és ao SENHOR teu Deus; o SENHOR teu Deus te escolheu, para que lhe fosses o seu povo especial, de todos os povos que há sobre a terra. (Deuteronômio 7:6)


Por isso, destruíram cidades inteiras, culturas inteiras, povos inteiros. O que os crentes tanto se gabam a respeito de Jericó é um absurdo total. Se tivesse acontecido em qualquer cidade contemporânea teria desencadeado as mais diversas reações - de reprovação à vingança. Veja o que Israel fez com o povo de Jericó, que nunca os havia provocado, sequer conhecido. Nem criança, velho ou animal escapou:

E tudo quanto havia na cidade destruíram totalmente ao fio da espada, desde o homem até à mulher, desde o menino até ao velho, e até ao boi e gado miúdo, e ao jumento. (Josué 6:21)

E aí vem o livro de Salmos bajular Israel, sim porque esse versículo não diz respeito a povo nenhum, nação nenhuma, além dos judeus, os quais tinham por Deus Jeová e haviam supostamente sido escolhidos para serem sua propriedade especial. É isso o que quer dizer o verso abaixo:

Bem-aventurada é a nação cujo Deus é o SENHOR, e o povo ao qual escolheu para sua herança. (Salmos 33:12)

II. Machismo (em termos gerais, a ideia de que o homem é superior à mulher)





Muita gente acha que os problemas da Bíblia estão todos no Velho Testamento, e que depois de Jesus, tudo fica lindo, suave, amoroso nas Escrituras. Engano de quem pensa assim. O machismo é defendido no Novo e no Velho Testamentos.


Mas quero que saibais que Cristo é a cabeça de todo o homem, e o homem a cabeça da mulher; e Deus a cabeça de Cristo.
(1 Coríntios 11:3-4)


O homem, Cristo e Deus são a cabeça de alguém. A mulher não é cabeça de ninguém. Fica estabelecida a superioridade do homem. Machismo! E tem mais:

O homem, pois, não deve cobrir a cabeça, porque é a imagem e glória de Deus, mas a mulher é a glória do homem.

Porque o homem não provém da mulher, mas a mulher do homem.

Porque também o homem não foi criado por causa da mulher, mas a mulher por causa do homem.
(1 Coríntios 11:7-9)

Aqui, então, fica muito claro o machismo neotestamentário:

A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição.

Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio.

Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva.

E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão.

Salvar-se-á, porém, dando à luz filhos, se permanecer com modéstia na fé, no amor e na santificação.
(1 Timóteo 2:11-15)




Por causa desse reforço do machismo, a Bíblia dá margem para a dominação da mulher pelo homem, inclusive com violência, porque quando a mulher se recusa a submeter-se, o homem acha que Deus está do lado dele na exigência de submissão e age até agressivamente. Sem contar, que o machismo além de afetar as mulheres, torna a vida dos homens um inferno, porque ele se sente obrigado a agir de um modo chauvinista, mesmo quando isso não condiz com sua personalidade. E outro problema é que os homens que exibem feminilidade em algum grau acabam sendo alvo de preconceito e perseguição por homens que pretendem manter a hegemonia do macho como forma de dominação. O machismo extremado já causou o espancamento e a morte de muita gente, principalmente mulheres.




III. Escravidão (Deus não tem nada contra e ainda fornece regras para que ela seja praticada)

Quando Deus fala sobre a circuncisão como sinal de aliança entre ele e o povo de Israel, ele manda circuncidar até o escravo (o comprado por dinheiro), ou seja, nenhum problema em ter escravo desde que seu pênis não tenha a pele do prepúcio preservada. E veja que Israel diz ter sido escravizado no Egito (há muitas dúvidas sobre isso historicamente falando), mas escraviza sem o menor escrúpulo.

O filho de oito dias, pois, será circuncidado, todo o homem nas vossas gerações; o nascido na casa, e o comprado por dinheiro a qualquer estrangeiro, que não for da tua descendência.

Com efeito será circuncidado o nascido em tua casa, e o comprado por teu dinheiro; e estará a minha aliança na vossa carne por aliança perpétua.
 (Gênesis 17:12-13)


Espancar o escravo pode; matar não. Se ele for espancado e sobreviver, tudo bem, porque Deus diz que é dinheiro do dono do escravo, portanto ele tem o direito de agredi-lo. Quantos escravos foram espancados, violentados, torturados sem que seus donos tivessem pena deles, porque Deus nunca disse uma palavra contra a escravidão...



Se alguém ferir a seu servo, ou a sua serva, com pau, e morrer debaixo da sua mão, certamente será castigado;

Porém se sobreviver por um ou dois dias, não será castigado, porque é dinheiro seu.
(Êxodo 21:20-21)




IV. Governo de Ungidos (Sacerdotes influenciando ou controlando Governantes)

Veja nos versos abaixo que Samuel (profeta que agia como sacerdote) declara que Saul é o rei escolhido por Deus e que Samuel escreve um livro sobre como o reino funcionaria, ou seja, uma espécie de Constituição escrita por um líder religioso para servir de cartilha para um governo de um país inteiro.



Então disse Samuel a todo o povo: Vedes já a quem o SENHOR escolheu? Pois em todo o povo não há nenhum semelhante a ele. Então jubilou todo o povo, e disse: Viva o rei!

E declarou Samuel ao povo o direito do reino, e escreveu-o num livro, e pô-lo perante o SENHOR; então despediu Samuel a todo o povo, cada um para sua casa.
(1 Samuel 10:24-25)





O mesmo procedimento será feito por Samuel na escolha do substituto de Saul. Ele foi à casa de Jessé, pai de Davi, e ali o ungiu rei para ficar no lugar de Saul.



Disse mais Samuel a Jessé: Acabaram-se os moços? E disse: Ainda falta o menor, que está apascentando as ovelhas. Disse, pois, Samuel a Jessé: Manda chamá-lo, porquanto não nos assentaremos até que ele venha aqui.

Então mandou chamá-lo e fê-lo entrar (e era ruivo e formoso de semblante e de boa presença); e disse o SENHOR: Levanta-te, e unge-o, porque é este mesmo.

Então Samuel tomou o chifre do azeite, e ungiu-o no meio de seus irmãos; e desde aquele dia em diante o Espírito do SENHOR se apoderou de Davi; então Samuel se levantou, e voltou a Ramá. 
(1 Samuel 16:11-13)




Com esse tipo de pensamento em mente é que muitos pastores e padres tentam tirar proveito da política para seus projetos pessoais e para as ambições de suas igrejas por poder. Ao invés de agirem como cidadãos que desejam o engrandecimento da democracia e de uma sociedade plural com direitos iguais, eles procuram manter as segregações que aprenderam com seus Deuses. O Estado Laico é uma das maiores conquistas no campo da política e do direito, portanto devemos fazer o melhor que pudermos para mantê-lo livre de sacerdotalismos.



V. Segregação (Deus é separatista. Ele segrega pelos mais absurdos motivos)

1. Leprosos: Não estamos falando apenas de Hanseníase, a qual assustou a humanidade por muito tempo e que, graças à ciência, não à fé, tem cura hoje. Não era só por causa de hanseníase que as pessoas eram segregadas. Qualquer mancha na pele ou secreção poderia ser considerada lepra. Quem fazia o diagnóstico não era obviamente um médico. Eram os sacerdotes. Agora, imaginem esses homens que não conheciam nada sobre o diagnóstico de hanseníase tentando definir quem era leproso ou não naquela época. Muita gente com uma simples impinge foi lançada em colônia de leprosos e exposta a todo tipo de infecção por absoluta falta de higiene do local. Levítico 13 é um capítulo inteiro sobre como deve proceder o sacerdote em relação à lepra, por isso coloco só os três primeiros versículos que oferecem um resumo do que depois é desdobrado:


Falou mais o SENHOR a Moisés e a Arão, dizendo:

Quando um homem tiver na pele da sua carne, inchação, ou pústula, ou mancha lustrosa, na pele de sua carne como praga da lepra, então será levado a Arão, o sacerdote, ou a um de seus filhos, os sacerdotes.

E o sacerdote examinará a praga na pele da carne; se o pêlo na praga se tornou branco, e a praga parecer mais profunda do que a pele da sua carne, é praga de lepra; o sacerdote o examinará, e o declarará por imundo. 
(Levítico 13:1-3)



2. Mulheres (eram consideradas imundas no período menstrual e no pós-parto)

A) Menstruação:

Mas a mulher, quando tiver fluxo, e o seu fluxo de sangue estiver na sua carne, estará sete dias na sua separação, e qualquer que a tocar, será imundo até à tarde.

E tudo aquilo sobre o que ela se deitar durante a sua separação, será imundo; e tudo sobre o que se assentar, será imundo.

E qualquer que tocar na sua cama, lavará as suas vestes, e se banhará com água, e será imundo até à tarde.

E qualquer que tocar alguma coisa, sobre o que ela se tiver assentado, lavará as suas vestes, e se banhará com água, e será imundo até à tarde.

Se também tocar alguma coisa que estiver sobre a cama ou sobre aquilo em que ela se assentou, será imundo até à tarde.

E se, com efeito, qualquer homem se deitar com ela, e a sua imundícia estiver sobre ele, imundo será por sete dias; também toda a cama, sobre que se deitar, será imunda. 
(Levítico 15:19-24)




B) Pós-Parto (até nisso tem machismo, pois o período considerado imundo para filhos homens é metade do tempo que para filhas)

Falou mais o SENHOR a Moisés, dizendo:

Fala aos filhos de Israel, dizendo: Se uma mulher conceber e der à luz um menino, será imunda sete dias, assim como nos dias da separação da sua enfermidade, será imunda.

E no dia oitavo se circuncidará ao menino a carne do seu prepúcio.

Depois ficará ela trinta e três dias no sangue da sua purificação; nenhuma coisa santa tocará e não entrará no santuário até que se cumpram os dias da sua purificação.

Mas, se der à luz uma menina será imunda duas semanas, como na sua separação; depois ficará sessenta e seis dias no sangue da sua purificação. 
(Levítico 12:1-5)

3. Homens (ejaculação involuntária)

Também o homem, quando sair dele o sêmem da cópula, toda a sua carne banhará com água, e será imundo até à tarde.

Também toda a roupa, e toda a pele em que houver sêmem da cópula se lavará com água, e será imundo até à tarde. 
(Levítico 15:16-17)





VI. Homofobia (ódio aos homossexuais)


Muita gente não sabe, mas o verso abaixo que fala sobre um homem se deitando com outro, como se fosse com mulher, não ocupa nenhum lugar especial, como se fosse uma categoria terrível de "pecado". Não. A palavra abominação usada aqui no Levítico, é utilizada para falar até de comer camarões, ostras, mexilhões. Porém, quando interpretada por mentes desequilibradas, essa passagem pode dar margem para perseguição aos homossexuais, especialmente quando reforçada pelo imaginário do conto de Sodoma e Gomorra, e pelo rancor de Paulo na carta aos Romanos. A homofobia apresentada aqui deve ser vista como mais um sintoma do machismo exacerbado dos judeus que escreveram a Bíblia. 

Detalhe: TODOS os escritores da Bíblia eram judeus.

Quando também um homem se deitar com outro homem, como com mulher, ambos fizeram abominação; certamente morrerão; o seu sangue será sobre eles. (Levítico 20:13)

Então o SENHOR fez chover enxofre e fogo, do SENHOR desde os céus, sobre Sodoma e Gomorra;

E destruiu aquelas cidades e toda aquela campina, e todos os moradores daquelas cidades, e o que nascia da terra. 
(Gênesis 19:24-25)


Por isso Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza.

E, semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, homens com homens, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro.
(Romanos 1:26-27)


Graças ao marketing negativo que as igrejas mais fanáticas fazem de passagens como essas, a impressão que o leigo em Bíblia tem é que a Bíblia realmente dá muita ênfase negativa à homossexualidade, mas isso nem se compara com os incentivos que ela dá à xenofobia, ao machismo, à guerra santa, e outras coisas que os homens mais racionais reprovam, condenam e trabalham para erradicar. O mesmo precisa ser feito com a homofobia: erradicação completa por meio da educação, das leis e da vigilância da própria sociedade sobre aqueles que praticam ou estimulam atos homofóbicos.



VII. Pena de Morte (pelo motivos mais banais)

Veja bem essa lei sobre o estupro. Se a mulher não gritar (e sabe lá por que não gritou; poderia estar amordaçada, com um faca na garganta), ela é condenada à morte junto com o estuprador:


Quando houver moça virgem, desposada, e um homem a achar na cidade, e se deitar com ela,

Então trareis ambos à porta daquela cidade, e os apedrejareis, até que morram; a moça, porquanto não gritou na cidade, e o homem, porquanto humilhou a mulher do seu próximo; assim tirarás o mal do meio de ti. 
(Deuteronômio 22:23-24)



Apedrejamento na Somalia recentemente. O país segue o Islamismo. Maomé copiou a ideia de apedrejamento da tradição judaica.




Médiuns como Chico Xavier não teriam tido a menor chance. E é por isso que os crentes também perseguem pais-de-santo, mães-de-santo e tudo o que tenha a ver com os cultos de matriz africana:

Quando, pois, algum homem ou mulher em si tiver um espírito de necromancia ou espírito de adivinhação, certamente morrerá; serão apedrejados; o seu sangue será sobre eles. (Levítico 20:27)



É muito feio um filho xingar ou amaldiçoar os pais. Mas, veja sé é motivo para pena de morte? Um simples "Vai pro inferno" na hora da raiva poderia desencadear a morte do filho, mas não há nenhuma proibição quanto aos pais amaldiçoarem os filhos, e vários personagens bíblicos fizeram isso (Noé e Jacó são dois grandes [maus] exemplos de pais que amaldiçoaram filhos) :

Quando um homem amaldiçoar a seu pai ou a sua mãe, certamente morrerá; amaldiçoou a seu pai ou a sua mãe; o seu sangue será sobre ele. (Levítico 20:9)



Incesto por livre e espontânea vontade entre adultos dava pena de morte:



Quando também um homem se deitar com a sua tia descobriu a nudez de seu tio; seu pecado sobre si levarão; sem filhos morrerão.
(Levítico 20:20)




E por aí vai...

VIII. Culpa e Expiação (A ideia de que se há culpa, há castigo)


A ideia de culpa e castigo acabou gerando a ideia de expiação, que seria um meio de escapar do castigo. 


O problema é que como os castigos divinos são associados a tragédias, qualquer movimento da natureza que oferecesse perigo aos seres humanos já era considerado castigo divino. Por isso, os culpados deviam ser punidos. Assim, já se matou mulheres, gays, os próprios judeus, ciganos, etc. com a intenção de aplacar a ira de Deus ou de preveni-la. 


Deus vincula o sucesso à obediência cega a seus mandamentos, e o fracasso a qualquer falha em fazer o que ele quer, o que inclui todos os sete absurdos discutidos anteriormente.



Guardai, pois, todos os mandamentos que eu vos ordeno hoje, para que sejais fortes, e entreis, e ocupeis a terra que passais a possuir;

E para que prolongueis os dias na terra que o SENHOR jurou dar a vossos pais e à sua descendência, terra que mana leite e mel.

Porque a terra que passas a possuir não é como a terra do Egito, de onde saíste, em que semeavas a tua semente, e a regavas com o teu pé, como a uma horta.

Mas a terra que passais a possuir é terra de montes e de vales; da chuva dos céus beberá as águas;

Terra de que o SENHOR teu Deus tem cuidado; os olhos do SENHOR teu Deus estão sobre ela continuamente, desde o princípio até ao fim do ano.

E será que, se diligentemente obedecerdes a meus mandamentos que hoje vos ordeno, de amar ao SENHOR vosso Deus, e de o servir de todo o vosso coração e de toda a vossa alma,

Então darei a chuva da vossa terra a seu tempo, a temporã e a serôdia, para que recolhais o vosso grão, e o vosso mosto e o vosso azeite.

E darei erva no teu campo aos teus animais, e comerás, e fartar-te-ás.

Guardai-vos, que o vosso coração não se engane, e vos desvieis, e sirvais a outros deuses, e vos inclineis perante eles;

E a ira do SENHOR se acenda contra vós, e feche ele os céus, e não haja água, e a terra não dê o seu fruto, e cedo pereçais da boa terra que o SENHOR vos dá.

Ponde, pois, estas minhas palavras no vosso coração e na vossa alma, e atai-as por sinal na vossa mão, para que estejam por frontais entre os vossos olhos.

E ensinai-as a vossos filhos, falando delas assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te;

E escreve-as nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas;

Para que se multipliquem os vossos dias e os dias de vossos filhos na terra que o SENHOR jurou a vossos pais dar-lhes, como os dias dos céus sobre a terra.

Porque se diligentemente guardardes todos estes mandamentos, que vos ordeno para os guardardes, amando ao SENHOR vosso Deus, andando em todos os seus caminhos, e a ele vos achegardes,
Também o SENHOR, de diante de vós, lançará fora todas estas nações, e possuireis nações maiores e mais poderosas do que vós.

Todo o lugar que pisar a planta do vosso pé será vosso; desde o deserto, e desde o Líbano, desde o rio, o rio Eufrates, até ao mar ocidental, será o vosso termo.

Ninguém resistirá diante de vós; o SENHOR vosso Deus porá sobre toda a terra, que pisardes, o vosso terror e o temor de vós, como já vos tem dito.

Eis que hoje eu ponho diante de vós a bênção e a maldição;

A bênção, quando cumprirdes os mandamentos do SENHOR vosso Deus, que hoje vos mando;

Porém a maldição, se não cumprirdes os mandamentos do SENHOR vosso Deus, e vos desviardes do caminho que hoje vos ordeno, para seguirdes outros deuses que não conhecestes.

(Deuteronômio 11:8-28)



IX. Oposição deliberada ao conhecimento "profano" (não-sagrado na opinião dos escritores bíblicos)

Até hoje existem movimentos cristãos fanáticos que se opõem ao conhecimento científico em nome de crenças ultrapassadas, fábulas e mitos religiosos. Isso já atrasou, mas não impediu o avanço da ciência que nos deu as vacinas, os remédios, os instrumentos cirúrgicos, o conhecimento sobre o corpo humano, o planeta terra, o espaço exterior. 


Há muito para se descobrir e inventar, mas grandes avanços já foram feitos. Agora precisamos usar esses conhecimentos para o bem da humanidade e não para disputas idiotas em cima de riquezas e territórios. Isso os cristãos, os judeus e os muçulmanos já fizeram por muito tempo.


Ninguém se engane a si mesmo. Se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para ser sábio.

Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; pois está escrito: Ele apanha os sábios na sua própria astúcia.

E outra vez: O Senhor conhece os pensamentos dos sábios, que são vãos.

(1 Coríntios 3:18-20)



X. A ideia de que a felicidade dever ser adiada para o mundo vindouro em nome da fé.



Quem ama a sua vida perdê-la-á, e quem neste mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna.  (João 12:25)

Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado.  (1 Coríntios 9:27)

Porque qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, mas, qualquer que perder a sua vida por amor de mim e do evangelho, esse a salvará.  (Marcos 8:35)


Ele parece pobre?

O líder máximo do catolicismo mora num palácio riquíssimo, veste roupas suntuosas e exclusivas, come da mão dos melhores gourmets, tem os melhores médicos do mundo, sua segurança pessoal envolve até exército sob seu comando... E tudo isso sustentado pela fé dos outros, da mesma maneira que os pastores evangélicos que exploram  milhões de brasileiros. E tudo isso começa com a ideia de que Deus existe, tem um livro, um filho e um bando de homens escolhidos para "guiarem" homens e mulheres que nasceram livres, mas orgulham-se se viver sob uma escravidão mental que afeta tudo em suas vidas e até mesmo as vidas de outros (muitos outros!!!), como testemunham a história antiga, recente, e o jornal de hoje.

Para que as igrejas deixem de ser agentes de segregação e ódio, elas precisam abandonar completamente os pressupostos acima, fazer uma reavaliação humanista de suas crenças e mudar seu discurso e sua prática em relação à liberdade e dignidade humana. Caso contrário, ela viverá hipocritamente o que alguns extremistas têm a coragem de assumir:


Igreja Batista de Wesboro

Nas placas: "Deus odeia você"; "Você está indo para o inferno".

Na camisa: "Deusodeiaviados.com"


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Leia EM BUSCA DE MIM MESMO.

Leitura refrescante em tempos de fundamentalismo religioso e embates heroicos em prol das liberdades civis. 
Veja como:

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