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Mães lésbicas e bissexuais: a grandeza geralmente invisível dessas amazonas

Fonte da ilustração: Pará Diversidade



Por Sergio Viula


O Dia das Mães pode ser um misto de alegria e tristeza. Para os que ainda têm suas respectivas mães por perto e com saúde, é alegria. Do mesmo jeito, para as mães que sabem que seus filhos estão bem. Porém, para os filhos que perderam as mães ou vice-versa, é um dia de muita saudade. 

Todavia, uma realidade que passa despercebida por muitos é a da maternidade lésbica ou bissexual. 

O quadro é bem variado. Existem aquelas mulheres lésbicas ou bissexuais que adotaram e existem aquelas que geraram filhos biológicos depois de sua emancipação. Há também aquelas que tiveram filhos em casamentos 'heterossexuais' e que podem ter permanecido casadas ou terem se separado posteriormente.

Por causa da invisibilidade social e midiática que muitas dessas mulheres vivem, considero valiosa toda forma de publicização da maternidade lésbica ou bissexual. Esse vídeo é uma delas. Produzido pelo Hospital Albert Einstein, ele apresenta o depoimento de duas mães lésbicas casadas, que falam sobre suas experiências com a maternidade. 

Assista e emocione-se com esse casal fofo - Janaína e Lara, mães de Kaylla.





Nem só de mães 'comuns' se faz a invisibilidade da maternidade lésbica ou bissexual. Na verdade, existem mulheres famosas com essas orientações sexuais que são igualmente ignoradas por boa parte do público ou que quase totalmente são esquecidas no dia das mães. 

Veja essa lista publicada pelo Guia Gay São Paulo com 8 lésbicas ou bissexuais famosas que têm filhos. Outras mulheres poderiam ser acrescentadas aí. Afinal, cada vez mais casais homoparentais optam por ter filhos, seja qual for o método. 

Guia Gay São Paulo: http://www.guiagaysaopaulo.com.br/noticias/cidadania/8-maes-lesbicas-ou-bissexuais-famosas-para-celebrar!

Ah, e não podemos esquecer das lésbicas e dos gays solteiros que optam pela monoparentalidade. 


Avanços jurídicos no Brasil


O reconhecimento jurídico da maternidade por duas mães ao mesmo tempo foi concedido pela primeira vez em 2010 pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) do Rio Grande do Sul. 

O casal que protocolou a demanda já tinha 10 anos de vida em comum. As crianças em questão eram dois meninos, registrados como filhos de Luciana Maidana, que é psicóloga. Contudo, ela e a esposa Lídia Guterres, fisioterapeuta, desejavam obter autorização para alterar o registro civil dos meninos, de modo que ambos passassem a ser filhos das duas. 

O STJ concedeu o pedido e as duas crianças passaram a ter direitos assegurados em relação às duas mães, inclusive o direto à pensão, caso o casal se separasse, e, não menos importante, o direito à herança.

Fica aqui o lembrete: Foi graças ao Judiciário que essas e outras garantias jurídicas foram conquistadas. O Congresso Nacional, que deveria ser vanguardista nisso, tem se revelado uma das mais atrasadas instituições no que se refere a garantir os direitos das pessoas LGBT, com suas especificidades, justamente por estar profundamente contaminado com visões fundamentalistas e patologicamente conservadoras, promovidas por deputados e senadores eleitos por setores LGBTfóbicos. Esses parlamentares formam bancadas dispostas a burlar a Constituição com o objetivo de impedir avanços quanto à regulamentação dos direitos referentes às pessoas LGBT que ainda precisam ser assegurados por meio de leis.

Graças ao Poder Judiciário, entretanto, os processos protocolados por cidadãos e organizações LGBT têm sido brindados com decisões favoráveis. Porém, restam outros tipos de processo. Esses, sim, podem ser trabalhosos e dispendiosos. Trata-se dos procedimentos reprodutivos para a maternidade lésbica ou bissexual. Nesse sentido, vale a pena ler o artigo Maternidade intitulado A saga de lésbicas que querem ter uma família, publicado pelo site Sou Betina: https://soubetina.com.br/familialesbica/


Lésbicas de Portugal 
fazendo história 


Em Portugal, por exemplo, duas mulheres questionaram o Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida (CNPMA) a respeito da possibilidade de terem um filho por meio de "partilha biológica de maternidade". 

Em janeiro de 2017, o CNPMA, em resposta a essa demanda, publicou um parecer que dizia que se duas mulheres quiserem ter um filho através da “partilha biológica de maternidade”, elas poderão fazê-lo. 

A decisão, “completamente nova”, de acordo com o presidente do CNPMA, Eurico Reis, “seguramente”, abre as portas ao primeiro de muitos casos.

Conforme publicação do portal de notícia Público, a “partilha biológica de maternidade” é a possibilidade de as duas mulheres de um casal candidato à aplicação de técnicas de Procriação Medicamente Assistida (PMA) contribuírem biologicamente para a concepção da criança com o recurso dos ovócitos da “mulher A” e transferência embrionária — depois da inseminação com espermatozóides do dador — para o útero da “mulher B”.

De acordo com o artigo, o documento publicado pelo CNPMA não deixa dúvidas: “Não está legalmente vedada a possibilidade de atender a um projecto de maternidade biologicamente partilhado por um casal de mulheres através do recurso a fertilização recíproca.” 

Fonte: https://www.publico.pt/2017/05/06/sociedade/noticia/uma-crianca-pode-ter-duas-maes-biologicas-conselho-de-pma-nao-se-opoe-1771007

Enquanto essas mulheres fantásticas avançam com seus projetos de vida e conquistam direitos relativos à maternidade absolutamente inovadores, seja do ponto de vista jurídico ou do científico, muitas pessoas insistem em se perguntar, algumas vezes por ignorância, outras vezes por malícia, se uma criança educada e nutrida por uma mulher lésbica ou bissexual solteira, ou ainda por duas mães casadas, poderia carecer de algo importante para sua formação.

Todavia, os filhos de lésbicas vão muito bem, obrigado.

Graças a vários estudos realizados nos Estados Unidos a respeito da experiência da maternidade lésbica, já se pode responder com segurança a esse tipo de questionamento. 

E a resposta é simples: Ao contrário do que muitos lesbofóbicos gostariam de ver, filhos de mães lésbicas não apresentam qualquer comportamento fora do comum em função de sua filiação a uma ou a duas mães lésbicas ou bissexuais. 

Quem souber ler em inglês encontrará alguns desses estudos no National Longitudinal Lesbian Family Study: https://www.nllfs.org/publications/

Se não puder ler em inglês, não desanime. Existe uma tese de doutorado na Biblioteca Digital da USP que aborda a maternidade lésbica: "Duas Mães? Mulheres Lésbicas e Maternidade". Acesse aqui: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6136/tde-29042012-124625/pt-br.php


Nas telonas do cinema ou na telinha do Netflix


"Minhas Mães e meu Pai" é uma produção americana que estreou em 2010. O filme foi apresentado em diversos cinemas do mundo, colocando esse tema na telona e entrando na corrida pelo Oscar. Agora, o filme pode ser assistido no Netflix. Para saber mais sobre o filme, acesse a Folha de São Paulo: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/831948-filme-sobre-familia-com-maes-lesbicas-entra-na-corrida-do-oscar.shtml
  

E não deixe de procurar pelo filme no menu do Netflix.


Minhas Mães e Meu Pai: Estrelado por Annette Bening e por Julianne Moore.



Já é amanhã, garota!

O dia das mães está aí. Amanhã, dia 13 de maio de 2018, é o seu dia, mãe de qualquer orientação sexual! Parabéns a você que é mãe lésbica ou bissexual e está investindo seu tempo e amor para desenvolver seres humanos saudáveis e inteligentes, apesar de toda a ignorância e preconceito que ainda se apresentam aqui e ali nessa linda e árdua jornada de vocês.


Casal lésbico ganha mais de 3 milhões de dólares depois que o filho reclamado pelos pais biológicos foi assassinado pelo pai

Casal lésbico ganha mais de 3 milhões de dólares depois que o filho foi reclamado pelos pais biológicos e assassinado pelo pai

O casal disse que o advogado agiu negligentemente em não suspender os direitos parentais dos pais biológicos


O casal pensava que estava começando uma família, 
mas os pais biológicos tinham outros planos.



23 de agosto de 2017
Por Joe Morgan
Gay Star News
https://www.gaystarnews.com/article/lesbian-couple-wins-3-25m-adopted-son-reclaimed-birth-parents-killed-father/#gs.fKO3tqU

Tradução: Sergio Viula



Um casal lésbico ganhou milhões de dólares depois que seu filho adotivo foi reclamado pelos pais biológicos e morto pelo pai.

Heidi e Rachel McFarland, do estado de Iowa, levaram o menino Gabriel, com quatro meses de nascido, do hospital para casa, acreditando que aquele seria o começo de sua família feliz.

Depois que o casal ajudou a cortar o cordão umbilical, elas passaram cada momento acordadas com Gabriel até que ele foi devolvido aos pais biológicos.

"Era como se ele soubesse instantaneamente", disse Rachel McFarland, "que nós éramos suas mães".

Mas apenas 11 dias antes que elas pudessem finalizar a adoção, a mãe do menino, uma garota de 16 anos chamada Markeya Atkins mudou de ideia sobre abrir mão do filho.


Pai biológico mata o bebê


Em Iowa, pais biológicos têm até três meses para mudarem de ideia sobre a concessão de um filho para adoção.

O pai da criança, Drew James Wheeler-Smith, com 17 anos, ficou encarregado de cuidar da criança enquanto a mãe biológica foi dar um errado a alguém.

Menos de uma hora mais tarde, em April 22, 2014, a mãe biológica de Gabriel voltou e encontrou o bebê inconsciente em sua cadeira. O menino tinha espuma branca em volta da boca e o pai havia sumido.

Um perito médico identificou mais tarde que Gabriel morreu de trauma craniano.




Rachel disse que quando elas descobriram, "Heide gritava, e eu olhei para a papelada e lá estava o endereço. Eu enviei uma mensagem de texto para Markeya e ela confirmou que havia sido ele.’

O pai, Weehler-Smith, agora com 20, foi considerado culpado por assassinato em segundo grau em 2015 e sentenciado a 50 anos de prisão, de acordo com o registro.

Mas o casal McFarland decidiu processar o advogado formal da mãe biológica, Jason Rieper, por negligência processual. O juri decidiu a favor delas.

O casal disse que o advogado agiu negligentemente em não suspender os direitos parentais dos pais biológicos. O advogado de Rieper, David R Brown, questionou essa caracterização.

O advogado disse que está desapontado com o veredito do juri. Ele alega que o julgamento focou sobre o envolvimento de Rieper no caso de adoção e não na morte ocorrida posteriormente.

"Você não pode controlar as emoções de uma mãe biológica de 16 anos", disse Brown à revista People.


Advogado julgado por ter agido negligentemente


"Eu acho que se tivesse forçado a barra e a pressionado a abrir mão de seus direitos", acrescentou eIe, "Eu acho que alguém poderia alegar que teria sido inapropriado".

Em 2014, Atkins disse que queria Gabriel de volta porque ela sentia que as McFarlands haviam se distanciado desde que o receberam. Ela tinha medo de que ele deixasse de ser parte de sua vida para sempre.

E ao mesmo tempo que o casal nunca esquecerá seu amor por Gabriel, a família delas está crescendo.

Rachel e Heidi foram abordadas por outra mulher grávida logo depois da morte de Gabriel, e elas adotaram um bebê chamado London.

Heidi também deu à luz uma outra filha recentemente, chamada Vienna.

4 mitos sobre filhos de pais gays

4 mitos sobre filhos de pais gays

O gays lutaram e conquistaram direitos iguais no casamento. O próximo passo é pensar em família e filhos. Mas o que acontece com crianças que são criadas por gays? A resposta: algumas coisas - mas nenhuma daquelas que você imaginava


por Carol Castro





Começo de ano é sempre igual na escola de Theodora: cada aluno se apresenta e mostra as fotos da família. Pode ser que a menina da primeira carteira seja filha de um engenheiro e uma arquiteta e o pai do menino de cabelos vermelhos chefie a cozinha de um restaurante. Theodora, naturalmente, vai contar sobre a escola de cabeleireiros dos pais. Dos dois pais - Vasco Pedro da Gama e Júnior de Carvalho, juntos há quase 20 anos. Theodora não hesita em explicar para os colegas: não mora com a mãe e tem dois pais gays. Ela passou 4 anos num orfanato, até 2006, quando uma juíza de Catanduva, interior de São Paulo, autorizou a adoção. Nos próximos meses, a família vai crescer: o casal espera a guarda de uma nova menina, de apenas alguns meses de idade.


Na outra metade do mundo, a história com pais gays da americana Dawn Stefanowicz foi diferente. Por toda a vida, Dawn conviveu com a visita dos vários namorados do pai. Ele recebia homens em casa, embora ainda morasse com a mãe de Dawn- o casal já não se relacionava. Ela segurou as pontas em silêncio durante a infância, adolescência e início da fase adulta. Mas depois dos 30 se rebelou contra a situação. "A decisão do meu pai de não gostar mais de mulheres mudou minha vida. Os namorados dele sempre o afastaram, e ele colocava o trabalho e os namorados acima de mim", diz.

Dawn e Theodora fazem parte de um novo tipo de família. Somente nos EUA, segundo estimativa da Escola de Direito da Universidade da Califórnia, 1 milhão de lésbicas, gays, bissexuais e transexuais criam atualmente cerca de 2 milhões de crianças. E cada vez mais casais gays optam por criar seus próprios filhos. Segundo o mesmo instituto, em 2009, 21.740 casais homossexuais adotaram crianças - quase o triplo do número de 2000. A estimativa é que cerca de 14 milhões de crianças, em todo o mundo, convivam com um dos pais gays. Por aqui, onde mais de 60 mil casais gays vivem numa união estável (reconhecida perante a lei apenas no ano passado), a história é mais recente. O caso de Theodora foi a primeira adoção por um casal gay. E isso não faz tanto tempo assim - só 6 anos.

É justamente por ser tão recente que o assunto gera dúvidas, preconceitos e medos. Quais as consequências na personalidade de uma criança se ela for criada por gays? A resposta dos estudos é bem clara: perto de zero. "As pesquisas mostram que a orientação sexual dos pais parece ter muito pouco a ver com com o desenvolvimento da criança ou com as habilidades de ser pai. Filhos de mães lésbicas ou pais gays se desenvolvem da mesma maneira que crianças de pais heterossexuais", explica Charlotte Patterson, professora de psiquiatria da Universidade da Virginia e uma das principais pesquisadoras sobre o tema há mais de 20 anos.

Como, então, explicar as queixas de Dawn e a vida tranquila de Theodora? "O desenvolvimento da criança não depende do tipo de família, mas do vínculo que esses pais e mães vão estabelecer entre eles e a criança. Afeto, carinho, regras: essas coisas são mais importantes para uma criança crescer saudável do que a orientação sexual dos pais", diz Mariana Farias, psicóloga e autora do livro Adoção por Homossexuais - A Família Homoparental Sob o Olhar da Psicologia Jurídica. Enquanto Theodora mantém uma relação próxima dos pais, com conversas abertas sobre sexualidade, Dawn não teve a mesma sorte. Para piorar, ela cresceu em um ambiente ríspido e promíscuo (o pai levava diferentes homens para casa e não lhe deu atenção durante os anos mais importantes de sua formação). Mesmo assim, sobram mitos em torno da criação de filhos por pais e mães gays. Veja aqui o que a ciência tem a dizer sobre eles.

Mito 1. "Os filhos serão gays!"

A lógica parece simples. Pais e mães gays só poderão ter filhos gays, afinal, eles vão crescer em um ambiente em que o padrão é o relacionamento homossexual, certo? Não necessariamente. (Se fosse assim, seria difícil, por exemplo, explicar como filhos gays podem nascer de casais héteros.) Um estudo da Universidade Cambridge comparou filhos de mães lésbicas com filhos de mães héteros e não encontrou nenhuma diferença significativa entre os dois grupos quanto à identificação como gays. Mas isso não quer dizer que não existam algumas diferenças. As famílias homoparentais vivem num ambiente mais aberto à diversidade - e, por consequência, muito mais tolerante caso algum filho queira sair do armário ou ter experiências homossexuais. "Se você cresce com dois pais do mesmo sexo e vê amor e carinho entre eles, você não vê nada de estranho nisso", conta Arlene Lev, professora da Universidade de Albany. Mas a influência para por aí. O National Longitudinal Lesbian Family Study é uma pesquisa que analisou 84 famílias com duas mães e as comparou a um grupo semelhante de héteros. Ainda entre as meninas de famílias gays, 15,4% já experimentaram sexo com outras garotas, contra 5% das outras. Já entre meninos, houve uma tendência contrária: 5,6% nos adolescentes criados por mães lésbicas tiveram experiências sexuais com parceiros do mesmo sexo - mas menos do que os que cresceram em famílias de héteros, que chegaram a 6,6%. Ou seja, não dá para afirmar que a orientação sexual dos pais tenha o poder de definir a dos filhos.


Mito 2. "Eles precisam da figura de um pai e de uma mãe"

Filhos de gays não são os únicos que crescem sem um dos pais. Durante a 2ª Guerra Mundial, estima-se que 183 mil crianças americanas perderam os pais. No Brasil, 17,4% das famílias são formadas por mulheres solteiras com filhos. Na verdade, os papéis masculino e feminino continuam presentes como referência mesmo que não seja nos pais. "É importante que a criança tenha contato com os dois sexos. Mas pode ser alguém significativo à criança, como uma avó. Ela vai escolher essa referência, mesmo que inconsciente-mente", explica Mariana Farias. Se há uma diferença, ela é positiva. "Crianças criadas por gays são menos influenciadas por brincadeiras estereotipadas como masculinas ou femininas", diz Arlene Lev. Uma pesquisa feita com 56 crianças de gays e 48 filhos de héteros apontou a maior probabilidade de meninas brincarem com armas ou caminhões. Brincam sem as amarras dos estereótipos e dos preconceitos.

Mito 3. "As crianças terão problemas psicológicos por causa do preconceito!"


Elas sofrerão preconceito. Mas não serão as únicas. No ambiente infantil, qualquer diferença - peso, altura, cor da pele - pode virar alvo de piadas. Não é certo, mas é comum. Uma pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas com quase 19 mil pessoas mostrou que 99,3% dos estudantes brasileiros têm algum tipo de preconceito. Entre as ações de bullying, a maioria atinge alunos negros e pobres. Em seguida vêm os preconceitos contra homossexuais. No caso dos filhos de casais gays analisados pelo National Longitudinal Lesbian Family Study, quase metade relatou discriminação por causa da sexualidade das mães. Por vezes, foram excluídos de atividades ou ridicularizados. Vinte e oito por cento dos relatos envolviam colegas de classe, 22% incluíam professores e outros 21% vinham dos próprios familiares. Felizmente, isso não é sentença para uma vida infeliz. Pesquisas que comparam filhos de gays com filhos de héteros mostram que os dois grupos registram níveis semelhantes de autoestima, de relações com a vida e com as perspectivas para o futuro. Da mesma forma, os índices de depressão entre pessoas criadas por gays e por héteros não é diferente.

Mito 4. "Essas crianças correm risco de sofrer abusos sexuais!"


Esse mito é resquício da época em que a homossexualidade era considerada um distúrbio. Desde o século 19 até o início da década de 1970, os gays eram vistos como pervertidos, portadores de uma anomalia mental transmitida geneticamente. Foi só em 1973 que a Associação de Psiquiatria Americana retirou a homossexualidade da lista de doenças mentais. É pouquíssimo tempo para a história. O estigma de perversão, sustentado também por líderes religiosos, mantém a crença sobre o "perigo" que as crianças correm quando criadas por gays. Até hoje, as pesquisas ainda não encontraram nenhuma relação entre homossexualidade e abusos sexuais. Nenhum dos adolescentes do National Longitudinal Lesbian Family Study reportou abuso sexual ou físico. Outra pesquisa, realizada por três pediatras americanas, avaliou o caso de 269 crianças abusadas sexualmente. Apenas dois agressores eram homossexuais. A Associação de Psiquiatria Americana ainda esclarece: "Homens homossexuais não tendem a abusar mais sexualmente de crianças do que homens heterossexuais".

Dá para adotar no Brasil?

A lei de adoção brasileira deixa brechas para a adoção por gays sem fazer referência direta a esse tipo de família. Em 2009, quando houve mudanças na legislação, casais com união estável comprovada puderam entrar com pedido de adoção conjunta, sem o casamento civil. Em maio de 2011, o Supremo Tribunal Federal (STF) garantiu o reconhecimento de união estável entre pessoas do mesmo sexo, fazendo valer também a eles os direitos previstos para casais héteros. Apesar das conquistas, uma pesquisa do Ibope revelou que 55% dos brasileiros são contra a união estável e a adoção de crianças por casais homossexuais.

Para saber mais
Adoção por Homossexuais - A Família Homoparental sob o Olhar da Psicologia Jurídica


Mariana de Oliveira Farias e Ana Cláudia Bortolozzi, Juruá, 2009.
https://super.abril.com.br/comportamento/4-mitos-sobre-filhos-de-pais-gays/


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Justiça de São Paulo reconhece família formada por duas mães e uma criança

Fonte da Ilustração: Revista de Filosofia


Criança ganha o direito de ter duas mães, lésbicas

Justiça de São Paulo reconhece família formada por duas mulheres e uma criança



11/01/2012 - 18h38
Por : Hélio Filho


A Justiça de São Paulo deu um passo à frente no Direito Homoafetivo e julgou procedente o pedido de adoção de um casal lésbico para que a companheira que não era a mãe natural da criança pudesse também ser a mãe dela. A juíza da Vara da Infância e Juventude do Fórum da Lapa de São Paulo, Renata Bittencourt Couto da Costa, decidiu que as duas podem ser mães da criança de uma no e meio, oficializando as três como entidade familiar.

“Foi uma decisão bem rápida, entramos com o processo em julho e em outubro saiu o resultado”, conta ao Mix uma das advogadas do caso, Tatiana Pacheco. Ela conta ainda que durante o processo, a adoção da criança não encontrou empecilhos por parte da assistente social, da psicóloga e da juíza. “Se comprova a existência da família. É um avanço, com certeza.”

Segundo Tatiana, é o primeiro caso do tipo (onde uma é mãe biológica e a outra não) em São Paulo e não há mais a possibilidade de recurso porque o prazo para que o Ministério Público se manifestasse possivelmente contra já expirou. Para a juíza, “a família se constitui pela formação de laços afetivos pela convivência duradoura, pública e contínua; pela lealdade entre seus componentes; pelo respeito; pela disponibilidade para a assistência por e para cada um de seus componentes; e pela busca da felicidade em comum”.

Renata decidiu também que o registro de nascimento da criança deve conter o nome das duas mulheres, “sem qualquer menção a pai ou mãe”. O nome avós também deverão constar sem relacionar se eles são paternos ou maternos. “Dar a notícia para quem conseguiu o direito é gratificante”, comemora Tatiana.

Ela observa ainda que ouve um aumento na procura pelos direitos de homossexuais depois do reconhecimento das uniões estáveis entre pessoas do mesmo sexo em maio de 2011 pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Adoção por casais gays aumenta à medida que caem restrições legais nos Estados Unidos



NOVA YORK - Há dois domingos, Farid Ali Lancheros e George Constantinou reuniram 164 parentes e amigos em Nova York para o chá de bebê de seus filhos gêmeos que nascerão de uma barriga de aluguel nos próximos dias. Gustavo e Milena, os bebês gerados por inseminação artificial, vão participar do fenômeno de transformação da família americana, com crescente número de adoções e gestações de crianças que vão viver em famílias nas quais os pais são homossexuais. Na festa, Constantinou disse que eles são a verdadeira família moderna, brincando com o nome do seriado "Modern family", um hit da TV, no qual um casal gay adota uma menina. Nos Estados Unidos, estima-se que 1,2 milhão de crianças vivam em famílias com pai ou mãe homossexual.

- Sei que estamos rompendo barreiras, mas todo o amor e o apoio que estamos recebendo são medidas da aceitação social que uma família gay pode receber. Nossos pais estão eufóricos, minha mãe virá da Colômbia passar o primeiro mês dos bebês com a gente - disse Farid Ali.

Juntos há dez anos, Farid, de 47 anos, e George, de 35, são sócios no restaurante Bogotá Bistro, no Brooklyn, e começaram a planejar uma família há dois anos. A opção inicial foi pela adoção, mas os dois se sentiram inseguros com a falta de informações sobre a saúde da criança e de sua família biológica.

- Era uma aposta muito alta. Fiquei nervoso com a ideia de não saber o histórico dessa criança, da possibilidade de ela ter sofrido, de não ter sido bem alimentada durante a gravidez, um monte de problemas. Aí surgiu a ideia da barriga de aluguel - conta Farid Ali.

Sei que estamos rompendo barreiras, mas todo o amor e o apoio que estamos recebendo são medidas da aceitação social que uma família gay pode receber

O casal procurou uma agência especializada em Boston e levou adiante o projeto, que custou US$ 160 mil, entre o valor pago à gestante e à doadora dos óvulos (uma mulher latina), mapeamento genético, plano de saúde, despesas de viagem, pagamento de advogados.

"Você realmente se sente no fim da fila"

O processo enfrentado por Farid e George foi curto, se comparado aos sete anos que Jeff Friedman e Andrew Zwerin esperaram para adotar Joshua, hoje com 8. Friedman, advogado, e Zwerin, gerente de firma de computação, são casados no papel e moram juntos há 26 anos em Long Island, Nova York. Apesar da estabilidade, viveram a experiência de muitos casais gays, que se sentem preteridos por agências de adoção.

- Você realmente se sente no fim da fila. Como gay, você se acostuma a atravessar a vida com uma dose de vergonha, com a sensação de ser um cidadão de segunda classe - disse Friedman, de 43 anos.

O caso de Joshua confirma uma das principais conclusões do estudo mais recente sobre o assunto, uma pesquisa divulgada no mês passado pelo Evan B. Donaldson Adoption Institute: 60% das adoções feitas por gays são interraciais. Os homossexuais tendem a adotar mais as crianças que estão nos abrigos, crianças mais velhas (10% dos adotados por gays têm mais de 6 anos), negras ou com algum problema de saúde.

- Uma assistente social deixou claro que casais heterossexuais teriam preferência sobre crianças "mais desejáveis". Mas não poderíamos estar mais felizes com o Joshua. Desde o dia em que o pegamos nos braços, recém-nascido, sentimos que ele era o nosso filho, e ele não poderia estar mais bem ajustado - disse Friedman.

As adoções por casais gays vêm crescendo significativamente, ao passo que caem as barreiras legais. No Censo de 2009, as crianças adotadas por gays eram cerca de 32 mil, em comparação com 8.300 no anterior, de 2000. Segundo estimativas do demógrafo Gary Gates, da UCLA (Universidade da Califórnia), o número de crianças e adolescentes em famílias onde o pai ou a mãe é gay chega a 1,2 milhão.

- A grande maioria não é adotada, provavelmente filha de relações anteriores, de antes de a pessoa se assumir como gay. Mas, como hoje as pessoas estão se assumindo mais jovens, a tendência é o número dessas situações diminuir, e o de adoções aumentar - disse Gates.

Leia a íntegra desta reportagem no Globo Digital (somente para assinantes)


Leia mais sobre esse assunto em:

https://oglobo.globo.com/mundo/adocao-por-casais-gays-aumenta-medida-que-caem-restricoes-legais-3216482#ixzz1cx8KvMrN

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