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Movimento Mães pela Igualdade discute avanços nas políticas em defesa da população LGBT

Brasília


Movimento Mães pela Igualdade discute avanços nas políticas em defesa da população LGBT

04/10/2013 

Cidadania

Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil


Brasília - Onze anos após a morte do filho, brutalmente assassinado em Montes Claros (MG) por ser homossexual, Marlene Xavier comemora a condenação do réu, ocorrida em agosto deste ano. Ela lamenta, no entanto, que muitas pessoas continuam sofrendo violência física e discriminação pelo mesmo motivo.

Ao participar, hoje (4), da abertura do 1º Encontro Nacional do Movimento Mães pela Igualdade, em Brasília, Marlene defendeu avanços mais rápidos nas políticas públicas voltadas a essa parcela da população. Até domingo (6), dezenas de mães de homossexuais e especialistas vão discutir, durante o evento, a diversidade sexual em vários contextos e trocar experiências.

"As coisas mudaram muito pouco [desde a morte de Igor Xavier, aos 29 anos, morto ao ser baleado com cinco tiros], mas aos poucos a gente vai avançando. As pessoas precisam entender que a homossexualidade não é doença e que os homossexuais são pessoas absolutamente normais", disse.

Graça Cabral, uma das fundadoras do Movimento Mães pela Igualdade, explicou que a partir dos debates que ocorrerão nos próximos dias será elaborada uma carta pública com propostas concretas, entre elas a garantia de alteração do registro civil para homossexuais. O documento será encaminhado a parlamentares e representantes dos três níveis de governo.

Mãe de um rapaz homossexual, ela também manifestou preocupação em relação à violência contra lésbicas,gays, bissexuais e transgêneros [LGBT]. "Quando meu filho vai a uma festa, eu ligo no dia seguinte. Se ele não atende, já fico imaginando o que poderá ter acontecido. Nós, pais e mães de homossexuais, vivemos uma tensão diária porque a discriminação é assustadora e infelizmente ocorre, muitas vezes, dentro das próprias famílias", disse. Ela enfatizou que um dos objetivos do grupo, criado em 2011, é sensibilizar as famílias que vivem esse tipo de preconceito.

O advogado Luis Arruda, de 36 anos, não enfrenta esse problema em casa, onde é reconhecido e valorizado independentemente de sua orientação sexual. Ele lamentou, no entanto, que sua situação ainda seja exceção entre seus amigos gays. "Muitos deles vivem situações de constrangimento dentro de casa, o que é horrível. Precisam, por exemplo, chamar seus namorados de amigos eternamente", disse o rapaz, filho de Lília Arruda, de 73 anos, integrante do Movimento Mães pela Igualdade.

Ainda durante o encontro, promovido em parceria com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, o secretário nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos da pasta, Biel Rocha, declarou que a Constituição de 1988, que amanhã (5) completa 25 anos desde a promulgação, trouxe pela primeira vez um conjunto de medidas de proteção ao direito de grupos vulneráveis. Em sua opinião, as discussões dos próximos dias servirão para nortear políticas públicas.

"A Constituição, que amanhã completa 25 anos, estabeleceu um mapa de proteção aos direitos fundamentais para assegurar a dignidade humana de diversos grupos vulneráveis, como indígenas, quilombolas, crianças e idosos. [No caso dos homossexuais] ainda falta muito, mas tenho certeza que esse diálogo é fundamental para buscarmos inspiração e sugestões para as nossas políticas", disse.

A violência contra a população LGBT no mundo foi discutida, pela primeira vez, no fim do mês passado, por ministros durante um evento da Organização das Nações Unidas (ONU). Na ocasião, foi adotada a Declaração Ministerial sobre a Eliminação da Violência e da Discriminação contra indivíduos com base em sua orientação sexual e identidade de gênero, endossada pela Argentina, pelo Brasil, pela Croácia, por El Salvador, pelos Estados Unidos, pela França, por Israel, pelo Japão, pela Noruega, Nova Zelândia, pelos Países Baixos e pela União Europeia.

No Brasil, os dados da violência contra homossexuais ainda são imprecisos, o que levou a presidenta Dilma Rousseff a determinar, no Dia Mundial do Orgulho LGBT, em 28 de junho, que o governo busque dados estatísticos mais exatos sobre o assunto. O levantamento feito pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), no entanto, indicam que foram mortos, no ano passado, 338 integrantes do grupo LGBT. Desde 2005, quando foram registrados 81 casos, o número aumentou mais de 300%. Criado em 1980, o GGB é a mais antiga organização de defesa de homossexuais no país.


Edição: Aécio Amado
Fonte: Agência Brasil

Mortes de gays motivam mães a pedir providências ao Governo federal

Mães de gays pedem proteção às pessoas LGBT após oito mortes em uma semana


Fonte: Mix Brasil


O Brasil registrou somente na última semana pelo menos oito assassinatos de pessoas LGBT, o que motivou a iniciativa “Mães Pela Igualdade” formulasse uma carta pública para dar um basta à tanta violência homofóbica. Na mensagem, elas reconhecem que “não é fácil passar por isso, mas essa violência é fato, e acontece todos os dias em nosso país”.

A carta também será enviada à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e ao Ministério da Justiça pedindo providências quanto à questão da violência homofóbica. As Mães Pela Igualdade são mães de LGBT que decidiram dar suas caras em uma campanha que pede mais tolerância e respeito. 

Confira a carta das Mães Pela Igualdade:

Carta às Mães e Pais Brasileiros

Nós, Mães pela Igualdade, gostaríamos de pedir dois minutos de silêncio e atenção para refletirmos sobre o Brasil que queremos. Dois minutos para lembrar nossos filhos e filhas. Durante esses minutos, busquem em suas memórias o momento em que viram pela primeira vez o bebê tão esperado e desejado com amor por sua família. Os pequenos olhos, a boca, os pezinhos. Lembre-se daquele instante mágico em que, após meses de espera, a pequenina pessoa esteve em seus braços.

Lembram-se do balbuciar das primeiras palavras e dos primeiros passos? O primeiro dia na escola; as festas de aniversário, as noites mal dormidas quando adoeciam; o carinho com que prepararam os presentes na escola, no dia das mães ou no dia dos pais? Lembram da janelinha no sorriso banguela?

Mal nos damos conta e as nossas crianças crescem e passam a ter vida social própria: os piqueniques, os churrascos, tardes no shopping, as baladas, a faculdade ou a escola noturna. Jovens, lindos, sensíveis, solidários, cheios de vida e de alegria.

Agora imaginem que um dia, voltando para casa, seu filho ou filha é vítima de um ataque covarde na calçada, sem motivo nenhum além de ser quem é. Você pode ouvir seus gritos clamando ‘’Mãe, me ajuda!’’, mas aquelas pessoas não param de bater, chutar, pisar e escarnecer; outras pessoas passam ao lado e nada fazem. Sua criança grita por ajuda enquanto sua pele é rasgada, seus dentes arrebentados, seus olhos feridos, seus ossos quebrados até a morte, banhada em sangue, e você impotente do outro lado da rua, ou mesmo em outra cidade. Aquele rostinho de outrora, agora deformado pelas pancadas. Essa imagem não sai da nossa cabeça. O sentimento é de desespero, angústia e vazio absoluto.

Respirem. Não é fácil passar por isso, mas essa violência é fato, e acontece todos os dias em nosso país. Nossas filhas e filhos têm sido agredidos, torturados e mortos. Nossas ‘’crianças’’, tem sido humilhadas, discriminadas, ofendidas, xingadas nas ruas simplesmente porque têm orientação sexual ou identidade de gênero diferente da maioria. Não escolheram ser lésbicas, gays, transexuais, travestis ou bissexuais, não se trata de uma opção. Simplesmente são assim: pessoas corajosas, dignas e honradas que assumem quem são, não sabem ser de outra forma e não querem viver atrás de máscaras.

As palavras de Marlene Xavier, uma Mãe pela Igualdade, resume com precisão o resultado extremo da homofobia descontrolada no Brasil: "Quando perdemos um filho, nos tornamos eternamente mutiladas e a nossa imagem é o reflexo da dor e da saudade, que serão nossas eternas companheiras". Algumas de nós carregamos no peito essa cicatriz, por isso pedimos que cada um e cada uma de vocês que estão lendo esta carta se pergunte: “e se meu filho ou filha fosse gay, lésbica, travesti ou transexual? Compreenderiam então a insegurança em que nós, mães de homossexuais e pessoas trans, vivemos cada vez que nossos filhos e filhas saem às ruas, viajam, vão ao cinema ou à escola. E, se amam seus filhos como nós amamos os nossos, entenderão a dor de uma mãe que perdeu seu rebento para a homofobia.

—Mães pela Igualdade de todo o Brasil

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