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Homem muda de sexo e casa com mulher 30 anos mais nova

Kerry Whybrow (dir.) - que já se chamou Roger Steed - 
durante a cerimônia de união civil com Alcia Evans



Após passar por três casamentos que não deram certo e trabalhar por 22 anos como bombeiro, o aposentado americano Roger Steed, que mora na Inglaterra, decidiu mudar de sexo aos 63 anos e passou a se chamar Kerry Whybrow. Abandonada pela maioria dos amigos, Kerry conheceu a jamaicana Alcia Evans - 30 anos mais nova - em um site de relacionamento. Três anos mais tarde, o resultado foi uma união civil entre os dois, na cidade de King's Lynn, no Reino Unido. As informações são do site do jornal britânico Daily Mail.

Alcia, que morava em Salt Lake City, nos Estados Unidos, foi em dezembro para o Reino Unido para a cerimônia de união civil. Entre os convidados estava a terceira ex-mulher de Kerry, Cindy Steed, que até ofereceu sua casa para fazer a recepção aos convidados.

"Foi um dia maravilhoso. (...)Havia alguns olhares estranhos dos moradores quando nós saímos do cartório, mas nós não nos importamos com isso. Alcia é uma mulher especial que me deu muita coisa ao estar comigo no frio da Inglaterra rural. Eu não acho que isso é o que ela sonhou na vida", diz Kerry.

A única filha de Kerry, Heather, 41 anos, não compareceu à cerimônia - ela renegou o pai em 2005 quando ele anunciou que iria mudar de sexo.


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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO


Acho fantásticas as pessoas que vão em busca do que desejam, independentemente do que pensam os outros, desde que não estejam violando o direito de ninguém. Foi o caso desse bombeiro. Talvez tenha passado a vida inteira pensando nos outros, trabalhando para criar a filha, tentando dar certo com as mulheres que conheceu e manter os amigos que fez. Bastou tomar a decisão de fazer uma coisa que realmente desejasse (mudar de sexo e assumir uma identidade feminina) para que os amigos sumissem e a filha o renegasse. Vale a pena viver pensando nos outros ou no que os outros vão dizer? Tem muita gente que não faz coisas muito mais simples por causa de mamãe, papai, filhinho, pastor, vizinho, e por aí vai. No final, que vive e quem morre é você.

Achei fantástico o fato da ex-mulher apoiá-lo(a) na nova fase de vida.

Não me causa estranhamento que ele tenha mudado de sexo e depois se casado com uma mulher. Acho muito bom, inclusive, que a história dela (não mais dele) tenha vindo a público. Nós temos que parar de pensar sempre de acordo com esse viciado binômio: gay ou hétero, macho ou fêmea, masculino ou feminino, homem ou mulher. Não existe só gay ou hétero. Existe o bi. Não existe só macho ou fêmea. Existe o hermafrodita. Não existe só o masculino ou o feminino. Existe o andrógino. Não existe só homem ou mulher. Existe o(a) trans.

Tomara que Kerry e Alcia sejam muito felizes! A identidade de gênero Kerry é feminina. Seu desejo, porém, não é por homem; é por mulher. Se Alcia é lésbica, Kerry encontrou o que desejava e de que precisava: uma mulher que a ame. Alcia provavelmente também encontrou a mulher dos seus sonhos. Afinal, Que outra mulher poderia ter mais de homem em embalagem feminina do que Kerry?

LIBERDADE é fazer o que você deseja, ser quem você deseja. FELICIDADE é sentir-se pleno em meio a tudo isso!

PARABÉNS AOS QUE AGEM DE ACORDO CONSIGO MESMOS, SENTEM-SE PLENOS, E NÃO PRECISARAM VIOLAR O DIREITO DE NINGUÉM PARA ISSO! Se os outros se ressentem... isso é problema deles. ;)

"Filho" de Cher feliz com a mudança de sexo

Chaz Bono: Antes e depois da transição

 

Chaz Bono: coragem, identidade e uma nova fase da vida


📅 20 de novembro de 2009


Nos Estados Unidos, um marco na visibilidade trans está acontecendo diante de nossos olhos. Chaz Bono, filho de Sonny Bono e da icônica cantora Cher, declarou publicamente que sua transição de gênero foi a melhor decisão da sua vida. Aos 40 anos, Chaz — que por muitos anos foi conhecido como Chastity Bono — está vivendo com autenticidade e coragem, enfrentando um processo de transição física e emocional, que inclui tratamento hormonal e já passou por cirurgia de redesignação sexual.

"Para mim, o sexo está entre as orelhas e não entre as pernas. Eu sempre me senti homem", afirmou em entrevista à rede ABC. Em outro momento, no programa Good Morning America, Chaz foi ainda mais direto:

“A vida é curta e preciosa. É isso que eu sou. Eu precisava finalmente ser quem eu verdadeiramente sou.”

A jornada de Chaz vem sendo acompanhada de perto pela mídia norte-americana, e a repercussão é intensa — tanto por sua condição de figura pública, quanto pela importância de seu gesto em tempos em que o debate sobre identidades trans ainda é embrionário na grande mídia. Em 1995, Chaz já havia se assumido como lésbica. Agora, dá um novo passo, não apenas por si, mas também por tantas outras pessoas trans que ainda não têm voz.

Cher, que sempre foi uma figura amada e admirada pela comunidade LGBT+, demonstrou publicamente apoio à decisão do filho, embora tenha admitido que o processo de aceitação foi desafiador: “Foi difícil no começo. Mas agora, estou orgulhosa dele e quero que ele seja feliz”. Essa postura, mesmo que marcada por suas nuances, ajuda a romper com preconceitos familiares que ainda isolam tantas pessoas trans.

📺 Em meio à repercussão, Chaz anunciou que pretende lançar um documentário sobre sua transição, que está em fase de gravação. O projeto terá direção de Fenton Bailey e Randy Barbato, os mesmos responsáveis por The Eyes of Tammy Faye, e deve ser exibido em 2010 pelo canal OWN, da apresentadora Oprah Winfrey. A ideia é mostrar de forma honesta e educativa os desafios e vitórias de sua trajetória, quebrando estigmas e humanizando uma vivência ainda pouco compreendida.

🌈 O caso de Chaz Bono acende luzes importantes num mundo que ainda tenta empurrar pessoas para dentro de caixinhas apertadas. Ao declarar que “essa foi a melhor decisão da minha vida”, Chaz nos convida a refletir sobre o que significa, de fato, viver em paz consigo mesmo.

Sua atitude é um ato político, pessoal e profundamente simbólico. Especialmente em 2009, um ano em que os direitos das pessoas trans ainda engatinham em muitos países — incluindo o Brasil. Aqui, ainda lutamos por leis que garantam o direito ao nome social, à saúde digna e à visibilidade sem estigmas.

Chaz Bono pode estar longe fisicamente, mas sua coragem ecoa mundo afora. Que sua voz inspire outras tantas pessoas a viverem suas verdades — e que o mundo aprenda, de uma vez por todas, que ser quem se é nunca deveria ser motivo de vergonha, medo ou marginalização.


#IdentidadeTrans #ChazBono #OrgulhoTrans #ForaDoArmário


Crianças Transgêneres: A diversidade

Mamãe, quero ser Menina...


Toda criança nasce com um sexo. Mas nem toda criança acha que nasceu no sexo certo. Quando isso acontece, estamos diante de um dos maiores desafios da medicina.

Quando Nick tinha 3 anos, seu pai John, achava estranho que o menininho gostasse tanto de vestir uma camiseta bem comprida e ficar andando com ela pela casa, como se estivesse de vestido. Também nao entendia a fascinação da criança por tudo que era cor-d-rosa ou porque ele só dava nomes femininos a seus animais de pelúcia. Um dia, John presenciou uma estranha. Junto com dois outros meninos, o filho brincava no jardim. Mas, enquanto os amiguinhos fingiam ser Batman ou Super-Homem, Nick imaginava ser uma fada-princesa. Aquilo disparou o alarme, o menino gostava demais de coisas de meninas, e ficava muito triste quando tinha de se vestir de acordo com seu sexo. A mãe, então, arriscou, "Nick você gostaria de comprar um vestido?" A reação do filho assustou os pais. Ele começou a tremer e a ofegar, de tanta felicidade. Foi aí que tudo ficou claro, Nick só seria feliz se vivesse como menina. E foi exatamente isso que os pais fizeram. Hoje aos 7 anos, Nick se chama Mary. Deixou o cabelo crescer, só usa roupas femininas e mudou de vida. Na escolinha, na Califórnia EUA, quase ninguém sabe que ela é um menino com variação de gênero, que especialistas estimam afetar 1 em cada 500 crianças. E ninguém imagina que ela mudou de sexo ainda durante a infância.

"É tão estranho quando as pessoas me perguntam como eu sei que sou um menino. É uma pergunta tão boba. A minha vida inteira eu soube que era menino" diz William, uma criança de 7 anos, que nasceu menina, mas vive como menino. É difícil levar a opinião de uma criança tão nova a sério. Pais, às vezes, entendem que talvez a criança seja gay ou lésbica, mas o caso não é esse. Para crianças transgêneres, não faz sentido algum dividir o mundo entre hétero e homo. Elas não se sentem atraídas pelo mesmo sexo, nem sabem o que é atração. O que querem mesmo é pertencer ao sexo oposto.

Geralmente é logo no começo da infância que os pais reparam no comportamento estranho, às vezes, tentam arrancar o próprio pênis e meninas não suportam a idéia de usar um vestido. "Só fui perceber que era um menino aos 3 anos de idade, quando a professora mandou os alunos se dividirem por sexo. Eu fiquei chateada, porque antes disso achava que era uma menininha como as outras", diz Luciana, uma paulistana de 28 anos, cujo nome no RG ainda é Luciano. Em crianças assim, a tendência é a situação só se agravar. Isso porque durante a infância é facil fazer uma criança se passar pelo sexo oposto, bastam umas roupas cor-de-rosa ou umas camisas de futebol, O problema é quando a puberdade se aproxima

Na adolescência, a criança começa a ter consciência da sua sexualidade e passa pelas maiores (e mais irreversíveis) mudanças fisiológicas da vida. Já não é um período fácil para quem está satisfeito com o seu gênero, imagine então, para quem rejeita o próprio corpo. Ter seios e menstruar, ou ter barba e engrossar a voz, são o pesadelo de qualquer criança com transtorno de identidade de gênero. "Metade dos adolescentes transgêneres tentam se matar entre a puberdade e a vida adulta" diz Stephanie Brill, autora do livro "The transgender child" (A criança transgênere, ainda sem tradução para o português). Luciana passou boa parte da sua vida sem fazer sexo, de tanta aversão que sentia a seu pênis. Se para essas pessoas a adolescência é tão traumática, o que pode ser feito? Segundo a sociedade internacional de endocrinologia, a resposta é bloquear a puberdade. A idéia parece radical, mas já está sendo feita na Europa e nos EUA desde o começo dos anos 2000. Quando uma criança é diagnosticada com transtorno de identidade de gênero, o tratamento começa entre os 10 e 12 anos. Nessa idade, prescrevem-se os bloqueadores de puberdade, originalmente criados para crianças que entram na adolescência muito cedo, aos 7 ou 8 anos. O mais comum deles é o hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH), que impede a testosterona e o estrogênio de agir. Sem esses hormônios, o corpo fica "congelado" numa infância eterna. Ele não se desenvolverá para nenhum gênero e ficará sexualmente neutro. O método foi imaginado para que as crianças tenham tempo de decidir a qual sexo pertencem, sem que seu corpo passe pelas mudanças sem volta da puberdade.

"Bloquear a puberdade é um tratamento totalmente reversível. Hormônios e criurgias, esses não têm volta." diz a psiquiatra Annelou de Vries, da Universidade Livre de Amsterdã, o primeiro lugar do mundo a oferecer esse tratamento. Lá, mais de 100 adolescentes estão neste momento tomando o GnRH para, aos 16 anos, começarem com os hormônios sexuais e aos 18, cogitarem a cirurgia de readequação sexual. Para John, pai da menina Mary (que nasceu Nick), os bloqueadores são um milagre. "Quero que minha filha passe apenas uma vez pela puberdade, e só no sexo feminino. Ela mal pode esperar para começar com os bloqueadores.

"Essa história faz todo o sentido na teoria, mas não na prática. Como é possivel diagnosticar com segurança o transtorno de identidade de gênero numa criança tão nova? Peguemos o exemplo de André, um produtor de moda homossexual, de 24 anos. Quando criança, seu brinquedo favorito era uma Barbie Lambada, e ele adorava usar uma toalha na cabeça para fingir ter cabelo comprido. André nem sequer sabia dizer se era menino ou menina. Hoje, ele namora um rapaz, mas jamais cogitaria mudar de sexo. Como saber, ainda na infância, que ele seria feliz em seu gênero de nascença? "Ainda não conseguimos ter 100% de certeza com crianças. O que avaliamos é a insistência dela em ser, se vestir e se comportar como o sexo oposto durante anos de acompanhamento psicológico", diz Vries. O importante nesses casos é a atitude irredutível. Se a criança um dia diz que é menino e no outro menina, é bem provável que a confusão de gênero não siga até a vida adulta. Mas, como tudo que envolve a mente humana, não há como ter certeza.

Um médico americano, Charles Davenport, tentou quantificar a longo prazo o comportamento de meninos afeminados. Dos 10 garotos que ele acompanhou até a vida adulta, 4 viraram héteros, 2 viraram gays, 3 ficaram incertos sobre sua orientação sexual e apenas 1 deles virou transexual e quis trocar de sexo. Isso também se comprova com estatísticas: na infância, 1 em cada 500 crianças pode apresentar alguma variação de gênero. Já entre adultos, o transexualismo é muito mais raro: calcula-se que sejam apenas 1 em cada 30 mil homens e 1 em cada 100mil mulheres. Ou seja, se você conhecer um menino que gosta de brincar de boneca, não há razão para se alarmar. E é justamente isso que torna o tratamento com bloqueadores de puberdade tão polêmico.

Joanne tinha 8 anos quando contou à mãe que, na verdade, era um menino e queria ser chamado de Jack. Sem que os pais soubessem, já dizia para os coleguinhas no colégio que só atenderia por "ele". Para a mãe, a mudança foi traumática, ela precisou de um ano para conseguir fazer a troca de pronomes. Em compensação, Jack deixou de ser uma menina deprimida para virar o menino contente que é hoje, aos 10. "Os seios de Jack estão começando a despontar, e eu sei que deveria pensar em bloqueadores e cirurgias, mas é muito difícil para mim", diz Anna, a mãe, no livro sobre crianças transgêneres.

Deixar o filho viver no sexo oposto inclui uma série de problemas que nenhum pai gostaria de enfrentar. É preciso contar à família que aquela menina agora atenderá pelo nome de Jack, é preciso pedir que o professor fique atento a provocações com o novo menino na escola e é preciso se despedir do sonho de ver a filha casar e ter filhos. "Eu sempre quis brincar de bola com meu filho, mas percebi que com Mary isso não se tornaria realiade", conta John, pai de Mary que até os 4 anos, era Nick.

No Brasil, até as leis atrapalham a mudança. O conselho federal de medicina proíbe qualquer intervenção com remédios antes dos 18 anos, e a cirurgia é vetade até os 21 anos. Além disso, não é simples convencer alguém de que o filho talvez precise trocar de sexo. "No Brasil, quando a família entende que a mudança logo cedo ajuda, os pais vão sozinhos atrás de remédios e hormônios para os filhos", diz Alexandre Saadeh, psiquiatra do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Tudo indica que as causas para o transtorno sejam biológicas. Em 2008, um estudo do Instituto Karolinska, na Suécia, mostrou que a estrutura e o tamanho de diversas áreas do cérebro são parecidas em homens gays e mulheres hetero, e o mesmo acontece em lésbicas e homens hetero. Assim, poderia haver uma mente masculina dentro de um corpo feminino e vice-versa. "Imagina-se que pode haver alguma influ~encia de hormonios durante a gestação. Por exemplo, se o feto é do sexo masculino, mas entrou em contato com hormônios femininos, é possível que o cérebro do bebê, se forme de maneira diferente." diz Carmita Abdo, do projeto sexualidade do Hospital das clínicas. Quando os pais percebem que não adianta forçar a barra para mudar o comportamento do filho, é geralmente tambem quando enxergam que são eles que precisam mudar.

Ninguém escolheria ser transexual. Eles são a minoria sexual mais discriminada, abaixo de gays, lesbicas, bissexuais e travestis. 73% deles sofrem assédio nas ruas e 45% rompem com a família quando anunciam seu verdadeiro gênero. Os bloqueadores de puberdade ajudam a aliviar o preconceito porque deixam a pessoa com uma aparência mais natural depois da troca de sexo. As contraindicações são muitas, há indícios de que atrapalham na calcificação dos ossos e se o tratamento for iniciado muito cedo, com bloqueadores e hormônios na puberdade, a pessoa quase certamente ficará infértil. Além disso, a dose do GnRH pode chegar a R$3mil. "Eu vejo que, aos poucos, os pais estão deixando seus filhos fazer essa transformação, mesmo que escondida. Eles preferem ver os filhos felizes e vivos, do que infelizes no sexo biológico" diz Brill. Há alguns anos, quem recomendasse bloqueadores de puberdade a crianças saudáveis seria chamado de louco ou radical. Hoje, alguns lugares já se acostumaram com o arco-íris da sexualidade humana. A Park Day School, em Oakland, nos EUA, é uma escola que dá as boas-vindas a essas crianças. Nos últimos anos, 8 aluninhos que nasceram num sexo, mas vivem no outro, passaram por lá. Na hora de ir ao banheiro, podiam escolher entre o feminino, o masculino e o neutro. Mas nem é preciso ir tão longe: no Mato Grosso do Sul, alunos da rede estadual que vivem no sexo oposto ganharam na justiça o direito de ser chamados pelo nome de sua preferência. A mudança já começou.


Autora: Karin Hueck

Fonte: Revista SuperInteressante Abril 2009, pag. 62

Emails para parabenizar a autora e a revista sobre a matéria (vamos escrever pessoal. Informação correta é libertação da ignorância um grande passo para a erradicação de preconceitos):  superleitor.abril@atleitor.com.br

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